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História As herdeiras dos dragões - Tudo que você faz, eu posso fazer sangrando.


Escrita por: Macaria

Notas do Autor


Olá lindezas!!! Faz tempo né?
Bem, o fim está chegando! Não só da fic, mas como também da triologia. Mas por enquanto ainda estamos na luta! Em momentos tão polarizados como estes (do país no geral) espero que, ao mesmo tempo que esse capítulo seja um escape, também seja uma forma de trazer um pouco do universo feminino a tona! Não paremos de lutar pelo bem coletivo lindezas!

Capítulo 45 - Tudo que você faz, eu posso fazer sangrando.


— O que vão fazer com as crianças? — perguntou Soluço, encarando a carta em suas mãos, de costas pro casal Ingerman.

 Heather mordia as unhas olhando em volta totalmente desesperada.

— Vão junto! — disse Perna de Peixe.

— Não! — disse a morena.— Não podemos os levar nessa situação! 

— São nossos filhos! — choramingou Perna.

 Os olhos da morena finalmente encontraram os do marido, antes de enfiar os dedos nos cabelos, quase surtando de vez. 

 Soluço suspirou, todos sabiam que esse dia chegaria, só não sabia que seria tão cedo.

— Um de vocês pode ficar! — sugeriu Astrid, se sentando em cima da mesa principal.

— Eu queria! Mas a revolta só pode piorar se só um for! — murmurou Heather.

— Deveríamos estar prontos pra lutar? — perguntou Soluço. 

— Não! — disse Perna.

— Talvez! — disse Heather.— de qualquer forma é perigoso demais paras crianças!

 — O que é perigoso demais? — perguntou Alexandra entrando no salão.

 Eret entrou atrás dela com uma careta.

— A pequena descobriu! 

A morena revirou os olhos.

— Tenho 16! E o que estão escondendo?!

Heather suspirou se virando pra morena. 

— Filha.. eu e seu pai.. nós.. — a Berserker suspirou.— Precisamos ir embora!

— De Berk? — perguntou a pequena alarmada.— Mas gostamos daqui! 

— Não querida, você e seu irmao não vão!

— Alexandra você tem uma grande responsabilidade agora filha.. — Heather apoiou uma mão no ombro da pequena.— Lembra quando seu irmão nasceu? 

— Sim? — perguntou a jovem de cabelos presos em um rabo de cavalo.

— Se lembra do que eu disse? 

— Nós devemos proteger um ao outro! 

Heather sorriu passando o polegar pelo rosto dela.

— Sim! Pode fazer isso? 

 Alexandra assentiu ainda um pouco assustada, porém de um jeito maduro.

— Eu te amo! — disse Heather a puxando pra um abraço, Perna se aproximou participando do abraço e beijando a têmpora da esposa.

— Também amo vocês! — sussurrou a jovem.

 *

 Alexandra nunca se esquecera daquele dia. Um dos que têm mais de 24 horas, um dos que não parecem acabar, que cansam e são nebulosos como sonhos, mesmo que você tente marcar cada segundo na memória.

 Seus pais partiram numa noite fria e serena sem olhar pra trás, armados e em perigo. Não havia nada que ela pudesse fazer pra ajudá-los, se fosse homem, talvez poderia... Não seu gênero não mudaria nada. Pelo menos foi o que a ensinaram. 

Astrid apertou o braço que passava pelo ombro dela, as duas já tinham quase a mesma altura, a loira sempre fora como uma segunda mãe pra ela, e quando se inclinou para dar um beijo no topo de sua cabeça, a morena sabia que amor não iria faltar. Ela estava em casa. 

 Já o destino não garantia a mesma trilha por muito mais tempo. 

 

*4 anos depois* 

 

  O cheiro era forte, os homens eram nojentos, as vozes eram graves, a melodia ensurdecedora, o mar oscilava, as ondas indecisas (por que elas não escolhem um lado?) e... merda ela estava sangrando.

— Você está bem? — perguntou Erick. 

 Alexandra sorriu.

— Sim! 

 Seu útero protestou em forma de cólica: “Não”. 

— Estamos chegando! — disse ele pousando a mão em seu ombro.— Vai dar tudo certo! 

 Ela colocou a mão por cima da dele. Era bom saber que o trato de se protegerem valia pros dois lados.

— CASA! — gritou um Berserker do mastro, o convés comemorou, gritando tão alto e de forma tão bárbara que fez Erick envolver um braço pelo ombro da irmã, assustado.

— Vai dar tudo certo, Erick! — assegurou a morena, sorrindo pro medo iminente do irmão mais novo.

*

 — Alexandra, para trás! — disse Perna de Peixe colocando uma espada na bainha. 

— O que? — perguntou ela, encarando os homens descendo a escotilha.

— Atrás! Erick, você vem comigo! 

— Eu sou a mais velha! — exclamou Alexandra colocando uma mão na frente do peito de Erick, o impedindo de andar até seu pai.

— Você é mulher.

— Desde quando isso muda alguma coisa?! 

— Saudação ao capitão e nosso líder! — gritou um Berserker apresentando-os.

— Só obedeça! — disse Perna irritado e apreensivo. 

 Ela bufou e soltou Erick, em seguida caminhou até Oculto, subindo em cima dele.

 *

 Ela não se lembrava da última vez que havia visto a casa de seus pais. Mas a biblioteca nunca mudou. O cheiro, a poeira, a segurança ainda estava sempre lá. 

 Alexandra sorriu pro livro que Perna costumava ler quando era pequena, sobre uma guerreira viking que queria ser líder ele estava bem escondido no fundo da prateleira. 

  Duas horas depois uma senhora veio buscar a morena dizendo que ela deveria estar apresentável pra festa de boas vindas. Quem diria que estar apresentável era usar o vestido mais apertado de toda sua existência?

 O cabelo estava preso, o que tecnicamente deveria lhe deixar aliviada mas uma franja incomodava caindo nos olhos a cada segundo, o sapato empurrava seus dedos pra frente onde eram esmagados e tudo ardia como fogo. 

 O vestido era longo e extremamente “tropeçavel” por se espalhar pelo chão, da cor rosa e.. deuses ela parecia um porco. 

 Ela podia sentir as cordas do espartilho cortando suas costas, quando uma mão desconhecida apertou mais o local. 

— Vamos dançar? — não parecia um convite apesar que deveria. 

 Ele era alto, olhos escuros e cabelo loiro, pele bronzeada, cicatrizes de luta. 

— Não obrigada! — disse Alexandra se contorcendo pra se livrar do toque.

 Ele lhe abraçou, segurando sua costela, perto de seu seio.

— Vamos! Não é educado rejeitar uma dança! 

 Ela tinha uma faca na meia, colocara lá escondida, seria um escândalo muito grande cortar aquela mão asquerosa fora?

— Eu disse: não! — repetiu a morena com voz firme.

 O homem a encarou intrigado e zangado, uma veia em seu pescoço saltando, ele queria lhe dar um soco, e ela queria pegar sua faca. 

 — Alexandra! — gritou Erick se aproximando correndo, ele passou um braço pela irmã e lhe deu um beijo casto na têmpora.— Você está bem? 

— Estávamos prestes a ir dançar! — comentou o homem um pouco mais comportado na presença de Erick. 

 Alexandra o fuzilou com o olhar. Ele podia respeitar outro homem mas não uma mulher. 

 Erick assentiu e o ignorou completamente, se virando pra irmã.

— Onde está seu dragão? 

— Dormindo! 

 Erick concordou com a cabeça, os olhos azuis passando pela sala, enquanto homem saiu, certamente irritado com os Ingerman.  

— Tome cuidado! — suspirou o mais novo. 

— Sei me cuidar! 

— Kristen também sabia...

 Alexandra franziu o senho, confusa, seu irmão somente suspirou.

— Escute, vou sempre te proteger! 

— E eu a você! — sussurrou ela de volta e Erick estreitou os olhos, voltando a analisar a sua volta.— Agora o que foi? 

 Erick realmente estava incomodado e atento, algo de errado estava acontecendo, ela sabia. 

— Ouviu isso? 

 Uma flecha. Ponta de ferro, difícil de tirar, cabo de madeira. Erick podia reconhecer uma flecha em qualquer lugar, principalmente a centímetros dele, cravada nas costas de sua irmã.

 Alexandra berrou, perdendo o equilíbrio e tombando sobre ele confusa com a pontada. 

 Três homens apareceram, preocupados com a garota os cercando prontos pra luta, Batatão atacou o atirador com fúria, Perna correu em desespero até os filhos, as mãos de Erick se enchiam de sangue e ele só podia pensar: “você também não”. 

*

*

 

Pena de Peixe esfregou o rosto, andando de um lado pro outro. 

— É minha culpa! — sussurrou de repente.— Vocês queriam ficar em Berk, por que não deixei? 

— O que está escondendo pai? — perguntou Erick com voz forte.— Sabia que isso podia acontecer? 

 Perna encarou o filho nos olhos, sentindo lágrimas queimarem seus olhos, ele as engoliu “homem não chora”. 

— Sim! Não tão rápido mas.. sim! 

— Que tipo de pai você é?! — gritou o moreno, uma veia se exaltando no pescoço. 

 Um gemido veio do canto da sala, os dois encararam Alexandra sentada com uma camisola branca e uma faixa nas costelas.

— Pode sair! — murmurou pro curandeiro com os dentes cerrados.

 Ele a ignorou e continuou amarrando o curativo. 

 Perna limpou a garganta.

— Já basta, Kevin.

 O homem levantou os olhos enquanto amarrava o ferimento.

— Mas ainda não vai...

— Estou bem! — grunhiu Alexandra, irritada, fazendo com que aquele saísse da sala.

— Você deveria... — começou Erick, preocupado, mas foi cortado pela irmã. 

— Deveria ouvir o que ele tem a dizer! — disse a morena apontando pro pai com a cabeça. 

— Talvez amanhã... 

— Agora! — rosnou a morena. 

 Perna de Peixe suspirou. 

— Quando Oswand faleceu, sua mãe naturalmente era herdeira, mas as pessoas pediam por Daghur “o filho legítimo”. 

— Quando Daghur governou ele só trouxe guerra e crise! — contestou Alexandra confusa. 

— Nos tendemos a idealizar o passado, minha querida.. — suspirou Perna, encarando o chão.— E eles queriam que seu tio voltasse! 

— Mas ele estava morto! — disse Erick, cruzando os braços.

— Então qualquer um menos sua mãe deveria governar! Eles não a viam como parte do sangue sabe? Ela tinha um dragão, ela não existia até Stoico revelar que era uma Berserker e ela não queria guerra! — Perna de Peixe se sentou em uma cadeira, apoiando o braço no joelho e abaixando a cabeça sob a mão.— Uma revolta começou, até mesmo antes de seu vô morrer! Eles não aceitavam ela assumir, o legado já deveria ter acabado, outro clã assumiria! 

— Vocês contiveram a revolução? — perguntou Erick, tenso. 

— Filho, estamos em uma guerra civil há 5 anos! 

 Erick e Alexandra trocaram um olhar de pânico, como nunca souberam?  

— Não me admira escolherem Alexandra como alvo! Ela é mulher, forte e inteligente. Ela é uma ameaça! Como sua mãe era! 

— Pai? — chamou Erick, quando Perna abaixou a cabeça.

— Me desculpem! — sussurrou o homem tentando esconder as lágrimas, completamente envergonhado. 

 Alexandra sentiu pena, Perna de Peixe passara tanto tempo com bárbaros que esquecera a principal lição ensinada aos filhos: o amor. 

 Erick suspirou antes de começar a se mover para abraçar seu pai.

— Tudo bem, a gente te perdoa! — sussurrou o garoto. 

 Perna fungou, se sentindo idiota. 

— Vamos fazer algo! — murmurou Erick, determinado. 

 Alexandra se levantou da mesa, ela sentiu uma pontada no estômago, e o líquido vermelho de suas veias provavelmente ainda estava vazando de suas costas, mas ela não tinha tempo pra isso, precisava destruir alguns conservadores. 

 


Notas Finais


E aí? Me contem o que acharam por favor!


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