História As herdeiras dos dragões - Caçadores de fúria da noite

Kristen e Erick estavam cuidando do jantar, digamos que a ruiva não era boa nisso.
— aí! Desculpa! — murmurou ela, derrubando suco nele.
Erick sorriu, ele pegou um copo com um pouco de água e jogou nela, Kristen o encarou com raiva depois pegou uma torta de morango e passou na cara dele. Os dois riram.
Kristen olhou pra ele, ainda limpando o rosto de creme, ele se virou pra ela sorrindo.
— o que foi? — perguntou Erick.
— ainda tem glacê aqui! — disse ela colocando a mão em seu pescoço e o beijando, mordendo o lábio dele depois de se separarem. Erick sorriu.
— eu. Não. Acredito! — disse Lynae na porta, sorrindo, com Torresmo ao seu lado, de braços cruzados encarando os dois com uma sobrancelha levantada.
— Lynae! — gritou Kristen, corada.
— ok! Ok! Temos coisas mais importantes pra fazer agora! — disse Torresmo, entregando uma carta pra ruiva.
Kristen e Erick leram, fazendo uma careta.
— droga! — murmurou Kristen jogando a carta em cima da mesa e cruzando os braços.
— o que vamos fazer? — perguntou Erick.
— lutar contra os caçadores! — disse Kristen, cravando uma adaga na mesa.
— sozinhos? — perguntou Lynae.
— não! Não dá! — disse Erick.
Eles ouviram um bater de asas, e se viraram pra porta, Soluço. 
O ruivo desceu de Banguela e soltou um gemido, as costelas ainda doíam, Banguela o encarou triste.
— recebemos a carta de vocês! Estão bem? — perguntou o ruivo, Lynae o abraçou.
— não a Alexandra! — disse Torresmo, passando a mão no rosto.
— o que houve? 
— os caçadores nos seguiram! Pegaram ela! — disse Kristen entregando a carta pra ele.
— querem o Olho do Dragão! Não está destruído? — perguntou Erick, fazendo uma careta.
Soluço ficou com os olhos parados, encarando a carta, quase dava pra ouvir seu cérebro trabalhando.
— pai! Não foi destruído, depois que Viggo te deu? — disse Kristen, elevando o tom de voz.
Soluço levantou o olhar, pra Lynae, a loira suspirou.
— papai guardou! Não foi destruído! Mas pode ser muito perigoso pra qualquer um achar! — explicou Lynae.
— o que? Por que é perigoso? — perguntou Torresmo.
— abre portas pra achar outros dragões! Eles são raros! São valiosos e fazem maravilhas! — Soluço fez uma pausa, olhando pra carta novamente.— seriam extintos em pouco tempo! 
— o que vamos fazer? — perguntou Lynae.
— dar a eles o que querem! — disse Soluço.
— pai! O que vão fazer com os dragões? — perguntou Kristen.
— só os deuses sabem! — murmurou Soluço.
— então, onde está o Olho do Dragão? — perguntou Torresmo.
— eu pego! — disse Lynae.
— não filha! Eu vou voltar, vou convocar o conselho, sua mãe vai pegar o Olho do Dragão e vocês não vão intrometer! — disse Soluço.
— o conselho não vai te deixar entregar o Olho do Dragão! — disse Erick.
— nem eu deixaria! Imagina aqueles caras?! — murmurou Torresmo.
— pai! Eu pego! Depois dizemos que foi nossa culpa! Você dá um castigo pra todo mundo e eles só aceitam! — disse Lynae.
— pai se você for e voltar vão te seguir, vai causar brigas na ilha! — completou Kristen.
— tá legal! Vai com Flecha, chame sua mãe, explica tudo pra ela! — disse Soluço.
— tá legal! — Lynae pegou a carta e se virou pra Flecha, Torresmo segurou seu braço.
— toma cuidado! — disse o loiro, ela sorriu, o beijando rapidamente. Soluço desviou o olhar com as mãos na cintura, esse namoro ainda iria dar o que falar.
Lynae e Flecha saíram voando mais rápido ainda que Soluço e Banguela.
— e agora? — perguntou Kristen.
— preparem-se! Estamos em guerra! — disse Soluço, montando em Banguela, planejando ir pra sua antiga cabana.
— conta uma novidade! — resmungou Torresmo, se encostando na mesa.
*
Depois do jantar, Soluço ficou sentado na porta de sua cabana, que apesar de ser um penhasco ele não sentia medo.
Ele ouviu passos e sentiu Kristen sentar ao seu lado.
— por que escondeu de mim? — perguntou a ruiva, olhando pra longe.
— você sairia sem rumo, acharia o Domínio e arranjaria encrenca cada vez que montasse em Violeta! — disse ele.
— não adiantou nada! Arrumo encrenca do mesmo jeito! — murmurou ela, fazendo ela sorrir.
Eles ficaram em silêncio por um segundo.
— confia mais na Lynae que em mim? — perguntou Kristen, fazendo Soluço olhar pra ela.
— não! Não! — disse Soluço, espantado.— se é por causa do Olho do Dragão, eu já..
— não pai! Você confia mais nela! Ela é mais responsável, mais racional.. Mais parecida com você! — disse a ruiva suspirando.
Soluço a encarou, ela mantinha a cabeça baixa, olhando pra mãos, que se mexiam nervosamente, um tique que ele tinha. O ruivo sorriu.
— mais parecida comigo? — ele voltou a olhar paras estrelas.— Lynae me obedece, bom geralmente, ela estuda o dia todo, ela não se mete em tanta encrenca quanto você, ela passou quase a vida toda com medo de dragões selvagens.. — a cada adjetivo que Soluço dava sobre Lynae, pior e mais triste Kristen se sentia. Ele olhou pra ruiva novamente.— então te pergunto, filha, Lynae é a mais parecida comigo?
Kristen o encarou, os olhos azuis marejados e confusos.
— ela é parecida comigo sim! Bem.. — ele sorriu.— ela é minha filha! Mas, eu era mais insano, mais aventureiro e mais encrenqueiro! 
Kristen sorriu.
— não confio em uma mais que a outra! — ele pegou uma das mãos de Kristen.— contei pra Lynae sobre o Olho de Dragão porque ela nunca pensaria em levá-lo e descobrir novos dragões! Mas você.. Você faria exatamente o mesmo que eu, Kristen! 
Kristen a perto a mão dele.
— eu pegaria e faria alguma besteira! — disse a ruiva, fazendo o ruivo rir.
— confio em vocês duas igualmente! Respeito as duas igualmente! Eu amo as duas igualmente! — ele se aproximou e beijou a testa dela, fazendo-a sorrir.
— eu também amo você e a mamãe igualmente! — brincou Kristen, Soluço sorriu, passando um braço pelo pescoço dela.
Eles ouviram passos e se viraram pra Erick subindo a escadas.
— bem, eu vou indo! — Soluço se levantou.— amanhã vai ser um dia cheio! 
Ele lançou um breve sorriso pra Erick, antes de passar pelo mesmo.
— tá preocupado com sua irmã? — perguntou Kristen, se levantando.
— é! Não sabemos nada sobre esses caras! — ele suspirou.— e se..
— não! Não termina! — disse Kristen pegando a mão dele.
— tomara que ainda dê tempo de evitar essa guerra! — disse Erick.
Kristen somente o abraçou, logo ele enterrou a cabeça no ombro dela.
*
No dia seguinte Astrid e Lynae chegaram cedo.
— tem certeza do que vai fazer? — perguntou Astrid descendo de Tempestade.
Soluço já as esperava na floresta.
— é a vida da Alexandra! — disse Soluço, pegando o Olho do Dragão.
Lynae tinha ido pra cabana de Torresmo dizer um "oi" antes deles irem para o encontro com os caçadores.
— o conselho pode nos expulsar! — disse Astrid.
Soluço levantou o olhar pra ela, com uma sobrancelha levantada.
— ok! Eu também odiava eles! Oh deuses! E as reuniões das quintas?! Eu odeio as quintas! — disse Astrid, fazendo o marido rir.— o que acha que querem com o Olho do Dragão? 
— não sei! Mas não vão achar algo muito interessante! — disse Soluço mexendo no objeto.— estudei ele por anos! Tentei a chama de todos dragões que pude! Girei todos botões, estudei todos os mapas.. 
Astrid revirou os olhos.
— e eu acabei sem a sua atenção por messes! Além das noites mal dormidas pra ficar estudando isso com você! — murmurou ela, Soluço sorriu.
— enfim, não achei mais nada além do que já conhecíamos! — disse ele.
Astrid forçou um sorriso.
— sinto muito!
— melhor assim! Eles não vão tirar tanto proveito!
Astrid passou os braços pelo pescoço dele, se aproximando.
— senti sua falta essa noite! — sussurrou ela, perto dos lábios dele.
O ruivo sorriu.
— isso é sério? — perguntou ele, abraçando a cintura dela.
— é claro! — Astrid se inclinou e lhe deu um beijo demorado.— eu estava com uma dor horrível nas costas e não tinha ninguém pra fazer massagem!
Soluço riu com a testa colada na dela.
— te recompenso quando acabarmos com isso! — disse ele.
— então é bom não demorar! — disse ela se afastando, pegando sua adaga e colocando na cintura.
***

Alexandra abriu os olhos com dificuldade, ela se sentiu zonza e sem forças, tentou se lembrar de algo.
Ela se lembrava de um homem, no meio da floresta, ela gritou, Oculto tentou a salvar, mas os dois foram atingidos por flechas com analgésicos.
— O-Ocul.. To.. — ela sussurrou, ainda recobrando a realidade.— Oculto.. — ela começou a se levantar mas suas pernas estavam presas.
— logo vão vir te buscar! — disse a garota setada na frente de sua cela.
— quem.. Quem é você? — perguntou Alexandra, ficando de pé, zonza.
— alguém se importa com você? — perguntou a garota.
— s-sim.. — respondeu Alexandra, estranhando a pergunta.
— nós só queremos o mapa dos dragões! — explicou a garota.
— por que ? — perguntou Alexandra.
— eles querem aniquilar os fúrias da noite! — disse a garota, esclarecendo tudo.
— isso não faz sentido! — murmurou Alexandra.
— gosto não se discute! — disse a garota, forçando um sorriso.— é uma tradição idiota! 
Alexandra se sentiu horrível ao saber dessa tradição.
— onde colocaram o meu dragão? — perguntou Alexandra, por fim.
— devem estar usando a joia nele! — disse a garota, que Alexandra identificou como ruiva, de longos cabelos cacheados.
— joia? — perguntou a morena.
A garota bufou.
— você não sabe nada?! — murmurou a ruiva.
Se passou algum tempo até Alexandra parar de ver tudo embasado e perceber que a garota estava presa na cela ao lado da dela.
— não nos apresentamos,sou Alexandra! 
— e eu não perguntei! — devolveu a garota, ela suspirou e se virou pra morena. — desculpa! Eu estou com sono! — Alexandra forçou um sorriso. — sou Idum!
— deusa da juventude! — disse Alexandra surpresa.
— minha.. mãe gosta de ter um rostinho bonito! Ela queria agradar a deusa — explicou Idum.
— por que está aqui? 
— estou de castigo! — alguém abriu a porta, entrando na cadeia, com chaves na mão.— não quero matar um Fúria da Noite! 
Alexandra franziu a testa, enquanto o guarda abria a cela de Idum, a ruiva se virou pra Alexandra, ainda estava muito escuro pra ver o rosto da garota, ela deu um tchau acompanhado com um pequeno sorriso.
Alexandra ficou tentando entender, a joia e o papo de matar um Fúria da Noite..

Se passou algum tempo, até que um guarda abriu a cela de Alexandra a fuzilando com o olhar, ele a levou pra algum lugar com um saco na cabeça, eles entraram em um barco, onde a morena ficou um bom tempo em outra cela, ela tentou perguntar de Oculto, mas ninguém respondeu.
— Alexandra! — ela ouviu Erick gritar.
— Erick? — perguntou a morena, ela sentiu o irmão a abraçar, ele tirou as algemas e o saco da cabeça dela.
Kristen foi a próxima a abraçar-la.
— foi ótimo tratar de negócios! Haddock! — disse um homem levantando de uma mesa, ele estava de frente a Soluço e andava empapuçado.
Tinha caçadores por toda parte, apontando flechas pra Soluço e Astrid, que eram os únicos sentados na mesa agora.
Lynae estava atrás deles, Flecha se enrolou em volta dela, em posição de ataque, rosnando.
— cadê o dragão dela? — perguntou Astrid.
O Caçador de virou, tudo que se via de sua cara coberta era um sorriso sínico.
— eu não sei! — e voltou a andar.
— por favor! Reconsidere a guerra! — disse Soluço se levantando.
— que guerra? — perguntou o homem se virando mais uma vez.
— sabe o que vai acontecer se vier atrás dos nossos dragões! — respondeu Soluço. O homem sorriu.
— você está certo Sr. Haddock, não terá paz entre nossos clãs! A não ser que entregue sua cabeça, e a cabeças dos dois fúrias da noite, agora! Aí posso pensar em deixar sua esposa viva! — disse o caçador, lançando um olhar malicioso pra Astrid.
Um espinho de Tempestade acertou perto do pé do caçador e Banguela rosnou.
— isso é um não! — disse Lynae.
O caçador sorriu e entrou no barco, com seus guerreiros atrás.
— espera! O Oculto! — disse Kristen.
Soluço massageou a têmpora em um gesto de dor de cabeça.
— o que fizeram com Oculto? — perguntou Alexandra, pela milésima vez naquele dia.
— nós vamos acha-lo! — disse Kristen a abraçando mais uma vez.
Soluço e Astrid se levantaram da mesa.
— tio Sol! Desculpa eu.. — começou Alexandra mas foi interrompida por um abraço do casal.
— não precisa se desculpar! — disse Astrid, enquanto eles se afastavam.
— vamos! Temos que voltar pra Berk! — disse Soluço, montando em Banguela.
— acha que eles sabem a localização? — perguntou Torresmo.
— Leila mentiu! — disse Astrid, olhando pro marido.— eles sabem a localização! Vão atacar no melhor tempo pra pegar o Banguela!
Soluço colocou a mão na testa do amigo.
— não enquanto eu estiver vivo! — disse o ruivo.