História As If It's Your Last - Sonhar Com Você

Com cada beijo, prometeremos isso:

Acharemos uma forma de iluminar a

escuridão que desejamos."

-Pocahontas

 Sonhos eram o que não faltavam em você.

 Em nós duas, na verdade.

 Nós tínhamos tantos sonhos que planejávamos realizá-los juntas, do mais bobo, como ter uma casa na árvore ,até o mais complexo, como o de viajar por cada país desse mundo.

 Você também tinha o sonho de ser cantora, Chaeyoung. Sua voz era tão doce, melodiosa e gostosa de se ouvir, eu amava sua voz.

 E naquele segundo dia você tinha me acordado com uma pequena canção baixa, enquanto fazia carinho em meu cabelo.

—Eu sou a pessoa mais feliz do mundo por acordar com uma voz dessa.—Sorri, ainda de olhos fechados.—Você deveria cantar mais pro mundo.

—Você é meu mundo, estou cantando pra você.—Você falou pra mim, meu coração se sentiu tão aquecido, você me fazia tão bem.

 Eu acho que nunca tinha dado tanto valor para uma ação tão simples como aquela. Todos os dias, você me acordava com uma canção, com um beijo, com um carinho, enquanto eu só resmungava algo e voltava a dormir.

 Mas eu quero que você saiba que era porque eu acordava com sua voz, Chaeyoung, que eu me sentia bem todos os dias.

 Porque mesmo que interrompesse meus sonhos mais incríveis, quando eu abria meus olhos e te encontrava do meu lado, sorrindo, com os cabelos bagunçados e a voz rouca, eu me sentia em outro sonho. O sonho de viver contigo, de ter você ao meu lado.

—Vamos sair hoje, ok?—Eu falei e você assentiu sem reclamar.—Que tal se passássemos no orfanato?

 Vi seu sorriso crescer nos seus lábios, você pulou rapidamente da cama e disse que iria tomar um banho rápido e se arrumar.

 Eu te acompanhei com meus olhos até você sair do quarto. Ir ao orfanato te deixava tão animada, você parecia se misturar em meio a tantas crianças, todas gostavam muito de você também.

 A maioria das crianças de lá, eram em torno de seus 5 a 7 anos, os mais velhos na faixa dos 13. Você brincava com todos.

 Toda vez que eu te via cercada de crianças e via o cuidado que você tinha com elas, me fazia pensar se você gostaria de ter um filho.

 Chaengie, você sonhava em ser mãe?

 Confesso que, as vezes, eu imaginava nossa vida junto a uma pequena criança. Imaginava ela correndo alegre pela casa, imaginava-nos brincando todos juntos na sala, fazendo uma sessão de cinema em casa, até mesmo de nós a levando ao seu primeiro dia de aula.

 Eu estaria sendo sonhadora demais em pensar que isso aconteceria?

—Lisa, vamos logo!—Você me apressou quando me viu ainda na sentada na cama.—Vou te deixar pra trás!

—Você nem pense em sair sem mim!—Corri em direção ao banheiro e tomei banho rápido.

 Saímos juntas, de mãos dadas como sempre. Lembro que foi difícil ficar segurando sua mão em público no início, você era tão tímida, ficava vermelha até mesmo quando eu te chamava por apelidos carinhosos.

—Vamos comprar algo para elas? Que tal doces? Ou balões?—Você começou a tagarelar o caminho todo, eu não reclamei claro, eu amava quando você ficava tão alegre assim.—Lalisa, você está me ouvindo?

—Claro, amor.—Menti, estava prestando atenção mais em você do que no que você falava.

 E claro que você sabia, só pelo olhar desconfiado que você me passou na hora. Quando chegamos no portão do orfanato, algumas crianças já tinham nos reconhecido e correram imediatamente para você.

 Você tinha que ficar ajoelhada para poder ficar do tamanho delas, abraçava todas e ouvia atentamente as histórias que eles tinham pra te contar.

 A assistente do lugar logo veio nos cumprimentar e com um sorriso no rosto, perguntou próximo a mim quando que iríamos adotar uma criança, que seríamos ótimas mães

 Meu sorriso foi inevitável, porém alguns segundos depois foi se desfazendo.

—Acho que não teremos muito tempo..

 Provavelmente ela entendeu errado. Provavelmente ela teria pensado que não teríamos tempo para cuidar de uma criança, ou para se organizar em nossa rotina.

 Espantei os motivos verdadeiros quando senti algo puxando minha blusa levemente. Olhei para baixo e encontrei com uma menina pequena e pálida, com cabelos negros e uma expressão tímida, parecia estar na faixa dos seus cinco anos de idade.

 Me abaixei para poder ouví-la.

—Olá.—Sorri gentilmente para a pequena.—O que posso te ajudar?

 Ela não respondeu, só ergueu duas flores rosa em minha direção, eu arregalei meus olhos, surpresa.

—Pra mim?—Perguntei, enquanto segurava hesitantes as flores.

 A menina assentiu timidamente e depois apontou para você, que estava distraída pelas demais crianças, e logo depois correu na direção oposta.

—Ela sempre quis falar com vocês, parece que finalmente teve coragem de dar o primeiro passo.—A mulher que cuidava das crianças falou, enquanto eu encarava as flores.—Ela sempre sorria quando via a Sra. Park entrando aqui, mas tinha vergonha de ir até ela.

 Sorri ao ver a pequena ficar escondida entre os brinquedos e ainda sim ficar olhando pra você.

—Amor..—Me agachei ao seu lado e entreguei as flores, você me olhou surpresa e com as bochechas vermelhas, eu sorri e acenei para a verdadeira remetente das flores.

 Você percebeu e sorriu de orelha a orelha para ela, chamando-a. Ela hesitou por alguns segundos, mas logo correu em vossa direção, então você a abraçou.

 Ver aquela cena foi tão incrível pra mim, Roseanne. Se você soubesse. Eu não conseguir resistir e abracei vocês também.

 Talvez, só talvez, naquele momento, o sonho de sermos uma família tivesse se realizado.

 No caminho para casa, eu te comprei mais flores. E você me contou seus desejos mais improváveis que tinhas quando menor, eu te contei os meus. Inclusive falei de ter uma família.

—Lalisa, eu quero te pedir uma coisa.

—Por você, eu faço tudo.

 Você parou em minha frente e segurou meu rosto com ambas mãos.

—Mesmo depois do sétimo dia, eu quero que você realize seu sonho.

 Franzi o cenho, em confusão. O que você estava me pedindo, Rosé?

—Amor, o que você está falando..

—Eu amo muito você, e dói saber que eu não posso realizar seu sonho de ter uma família.—Senti uma dor tão grande quando vi suas lágrimas caindo do seu rosto.—Então, você deverá arranjar outro alguém que te faça feliz e realize todos os seus sonhos, Lalisa. Faça isso depois que eu morr-

 Te puxei para um abraço forte, impedindo-lhe de continuar. Neguei várias e várias vezes com a cabeça e fechei fortemente meus olhos, impedindo as lágrimas.

—Você é meu sonho, Rosé.—Falei, firme.—Por favor, não me peça isso. Por favor, por favor, por favor.

—Lisa..

 Te beijei para impedir que continuasse. Não podia deixar você continuar a falar disso, eu te amava demais. Não quero ouvir você dizendo para mim ter outra pessoa além de você.

—Nós já somos uma família.—Puxei sua mão e caminhei rapidamente entre as ruas da vizinhança.—Você já realizou meu sonho!

 Você me olhou confusa, eu acho que naquele momento eu parecia desesperada. Talvez eu estivesse mesmo.

 Seguimos até um petshop, que tinha como dono um amigo dos seus pais. Ele tinha oferecido um cachorro para mim há uns meses, e naquela manhã eu havia o ligado aceitando-o.

—Vim buscá-lo.—Falei para a moça do balcão que pensou um pouco antes de sair e buscar o animal.

 Você me olhava confusa e triste ao mesmo tempo.

—Aqui, Sra. Manoban.—Eu segurei o cachorro pequeno e branco em meu colo e me virei para você.

—Lalisa!—Você cobriu a boca com as mãos e olhava para mim e para o pequeno animal em meus braços.

—Essa é nossa família agora.—Eu falei, sorrindo.—Dalgom, você e eu.

 Você me abraçou com carinho e levamos Dalgom para casa, cuidamos dele o resto do dia. Eu sei que aquilo era diferente do que queríamos, mas eu estava feliz, Roseanne.

 Só de ter você ali comigo, sonhando comigo. Já me fazia a melhor pessoa do mundo.

 Obrigada por ser meu sonho.