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História As Irmãs Ferreto - Terça, 5 de Dezembro, 1967


Escrita por: BambinaInutil

Notas do Autor


Sujeito a revisão.

Capítulo 1 - Terça, 5 de Dezembro, 1967


Fanfic / Fanfiction As Irmãs Ferreto - Terça, 5 de Dezembro, 1967

O sol raiava numa calorosa tarde de quase-Primavera e Filomena aproveitou para passear pelos jardins da mansão de seus pais, admirando a beleza de um jardim primorosamente cuidado, com flores de todas as cores, exóticas e comuns, e uma enorme fonte com água sempre corrente, cujo som permeava por quase toda a propriedade. Propriedade, que um dia iria ser sua.

 

- Sabia que te iria encontrar por aqui...

 

A voz era familiar.

 

- Boa tarde, Adalberto, como vai? - Filomena sorriu levemente, sem se voltar.

 

- Agora muito melhor. - Adalberto apressou o passo para a acompanhar e fixou-a com o olhar.

 

Assim que o sentiu ao seu lado, Filomena finalmente o encarou. O sorriso travesso de Adalberto divertiu-a. Ela sabia exatamente o que ele queria, mas não estava disposta a lhe dar essa satisfação.

 

- Se está procurando a Carmela, ela saiu com a Romana e a mamma. E a Cesca deve estar na sala com o Giggio... ou com o Marcelo, dependendo da sua disposição.

 

Adalberto riu silenciosamente. Olhou-a durante alguns segundos e se aproximou, tocando-lhe no braço, sua mão descendo suavemente até pegar na mão dela.

 

- Não é a Cacá que eu estou procurando. Nem a Cesca.

 

Por mais que Filomena o tentasse negar, Adalberto tinha um efeito sobre ela. Ele sabia como ser galante, charmoso e convidativo, mas Filomena sabia muito bem que a única coisa que lhe interessava era entrar para a família, para os negócios, e não própriamente o amor das Ferreto. Mas isso não a impedia de se divertir ás suas custas.

Se havia alguém de quem ele gostava era de Francesca e mesmo assim era um sentimento um tanto ou quanto duvidoso. Também tinha um carinho especial por Carmela, provavelmente porque cada vez que ele lhe aparecia à frente ela suspirava e se derretia de amor, e isso lhe apaziguava o ego. Pazza. Ainda não se aprecebeu que ele não é flor que se cheire.

No entanto, Adalberto nutria uma fixação desconcertante por Filomena. Teria sido porque Francesca lhe havia dado um fora e ele via a possibilidade de entrar para a família em risco? Porquê vir atrás de Filomena quando tem Carmela a seus pés?

 

Adalberto notou o olhar pensativo de Filomena e se aproximou um pouco mais, a sua cara agora a meros centímetros da dela.

 

- Pára de analisar a situação, Filó...

 

- Só estou curiosa.

 

- Curiosa? Quer saber o que eu vou fazer com você? - Adalberto arriscou um beijo.

 

- O que você quer fazer comigo sei eu. Quero é saber o motivo. - Filomena sorriu.

 

- Eu sou apaixonado por você. Mas você sabe disso.

 

- Você não está me convencendo, Adalberto.

 

Beijou-a mais uma vez, agora com sofreguidão, um beijo digno de passar num filme Americano. Filomena sentiu um calafrio por todo o corpo quando os braços dele a envolveram num abraço apertado, uma de suas mãos no fundo das suas costas puxando-a o mais próximo possível do corpo dele. Com a cabeça ás voltas, Filomena deixou-se ficar naquele momento por alguns segundos, mas por mais paixão que sentisse por ele, não podia deixar que fossem vistos.

 

- Chega! - Com um movimento brusco, Filomena se soltou.

 

- Estava tão bom...

 

- Adalberto, eu estou com o Eliseu. Não é apropriado.

 

- Mas você gosta...

 

- É... até que você não beija mal. - Filomena sorriu, divertida.

 

- Você sabe que quando quiser... um pouco mais, é só me pedir. - o tal sorriso travesso ressurgiu.

 

Adalberto ia pegar na mão de Filomena mais uma vez mas ela se distanciou, pois havia avistado o mordomo saindo de casa, provavelmente à sua procura. Adalberto notou a deixa e colocou as mãos nos bolsos, dando a parecer que ambos estavam conversando.

 

- Signorina Filomena...

 

- Sim?

 

- Il Signore Giardini è arrivato, vi aspetta in soggiorno.

 

- Grazie, Lorenzo, já estou indo. Adalberto? - Filomena olhou para ele como se nada tivesse acontecido.

 

- Eu a acompanho.

 

Seguiram o mordomo até casa, onde encontraram Francesca, Giggio, Salvatore, pai de Filomena e Francesca, e Eliseu, conversando animadamente na sala de estar.

 

- Posso organizar, babbo? - Francesca estava de pé como quem tinha acabado de encenar algo.

 

- Claro, tesoro. Mas é algo íntimo, não vá fazer uma grande festa como as da Romana, que a sua sorella non piace. - Salvatore disse animado.

 

- Essa minha mulher só pensa em festa! Ao menos assim não se distrai com bobagens... - Giggio acariciou a mão de Francesca que acabara de se sentar ao seu lado.

 

- Filó! - Eliseu se levantou sorridente quando ela entrou. No entanto a sua expressão mudou assim que notou quem a seguia.

 

- Ciao, Eliseu. Come stai? - Filomena sorriu, pegando na mão dele.

 

- Bene, bene... e você? - Eliseu perguntou ainda olhando para Adalberto.

 

- Bom, então está tutto combinado! Jantar de famiglia il Sabato prossimo. Vero, bambinas?

 

- Vero. - Francesca e Filomena disseram em unísono.

 

- Adalberto, quer se juntar a nós? Afinal é amigo próximo da família...

 

Eliseu olhou para Filomena como se ela tivesse dito algo absurdo.

 

- Terei muito gosto em comparecer. Alguma ocasião especial?

 

- É só um jantar com familiares próximos... forse una sorpresa o due. - Salvatore sorriu para Filomena.

 

- Bem, o trabalho me espera! - Giggio se levantou do sofá. - Amore... me acompanha até à porta?

 

- Claro, querido. - Francesca disse, fixando Adalberto.

 

- Adalberto, veio ver a Carmela? - Salvatore perguntou. - Receio que se tenham desencontrado, ela saiu com Romana e Vittoria. Acho que foram no cabeleireiro, você sabe como mulheres são, capazes de perder um dia inteiro lá.

 

- Que pena... eu vinha convidá-la para um passeio, mas assim já fica tarde. Então eu volto amanhã, talvez tenha mais sorte. - Adalberto havia ficado curioso acerca do motivo do jantar. Assim tinha desculpa para tentar arrancar informação, e talvez mais alguma coisa, de uma das irmãs.

 

- Adalberto, não vá embora ainda – Francesca retornou, agora sem Giggio – você pode me ajudar com um detalhe da festa?

 

- Com certeza.

 

- Bem, vou vos deixar que a vossa mamma me pediu para dar uma olhada nuns papéis do Frigorífico. Se ela volta e eu não fiz nada, lei mi uccide!

 

Filomena viu Francesca e Adalberto subirem assim que Salvatore entrou no escritório. Xingou-o mentalmente. Que homem fácil. No momento que Francesca lhe deu atenção ele foi que nem um cachorrinho. Inútil!

 

- O que você estava fazendo com esse idiota, Filó?!

 

- Scusa? - Filomena foi apanhada de surpresa pelo tom austero de Eliseu.

 

- Você sabe que eu detesto esse homem perto de você. Eu sei que ele tem outras intenções.

 

- Eliseu... você não tem de se preocupar, eu sei me cuidar.

 

- Mas eu não gosto! E você insiste em se dar com ele. Que idéia foi essa de o convidar para o nosso jantar? - Eliseu carregou na palavra “nosso”.

 

- Eliseu, eu não estou percebendo o seu problema. Já disse que não tem de se preocupar, está fazendo uma tempestade num copo de água!

 

- Eu vejo como ele olha para você!

 

- Amore... - Filomena sorriu, divertida com o ciúme de Eliseu – Adalberto está interessado na Carmela, na Cesca... e você sabe que eu só quero você.

 

- Não sei... não sei se ele só está interessado nelas – Eliseu acenou com a cabeça para o andar de cima, para onde Adalberto e Francesca haviam subido – assim como não sei se você só me quer a mim. Há certas situações que eu vejo e não gosto.

 

- Eliseu, assim você está me insultando! Mesmo nas vésperas do nosso jantar! Como você ainda pode duvidar de mim?! Eu lhe dei a maior prova de amor que poderia dar, – Filomena baixou a voz para um sussurro – que mais você precisa para confirmar que eu quero ficar com você?! Se minha mamma e meu babbo descobrem...

 

- Eu sei Filózinha, mi scusa...- Eliseu tentou acalmar Filomena, abraçando-a.

 

Ficaram ali por uns instantes, Eliseu surpreendido por Filomena não o enxotar como era seu costume quando estavam na sala. Ela sempre se preocupava muito com o que deixava as outras pessoas ver, o que acabava por ser frustrante para Eliseu pois os outros nunca viam o quão doce e carinhosa Filomena conseguia ser. Ninguém a via como ele a via. Ninguém percebia a relação deles.

 

- Sono un pazzo. - Eliseu queria beijar Filomena mas sabia que ela não iria gostar da demonstração de afeto. Acariciou sua face e guardou o beijo para depois.

 

- Non. Non è un pazzo... - Filomena sorriu, tocando na mão que a acariciava. - solo un po geloso.



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