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História As Novas Vidas Secretas de Sweet Amoris - Aspidites melanocephalus


Escrita por: CandyBabe

Capítulo 23 - Aspidites melanocephalus


- Então, senhorita Lynn. - o Castiel me encarou pelo reflexo do espelho. - Até agora você não me explicou o que foi tudo isso.

Durante os anos em que passamos na Austrália o Castiel notou como o Viktor vivia brincando com o meu cabelo e por ciúmes começou a arrumar meu cabelo todos os dias de manhã, quando nós dormíamos juntos, de um jeito que o maníaco sequestrador não pudesse brincar direito, geralmente com uma trança ou com um rabo-de-cavalo. Por isso, agora, enquanto eu terminava de lavar meu rosto, ele me fez ficar de costas para ele e pegou o elástico que eu sempre levava no meu pulso e amarrou meu cabelo num rabo de cavalo.

- Você nunca se importou muito do porquê as coisas acontecem, Castiel. - eu alcancei a toalha de rosto. - O que foi que mudou agora?

- Lembra daquela vez que nós viajamos para aquele festival no deserto. - ele se afastou um pouco para admirar o penteado francês de última moda que ele tinha feito no meu cabelo. - E você ficou tão bêbada que tentou hipnotizar uma cobra?

- Eu lembro que você jurou que nunca mais íamos falar disso. - a Austrália era o único país do mundo em que o número de cobras venenosas excedia as cobras não venenosas, mas graças a Odin que a imbecil aqui inventou de hipnotizar uma das poucas que não era venenosa, Aspidites melanocephalus, Piton-cabeça-negra. Geralmente a espécie é relativamente dócil e não morde a não ser que esteja caçando, mas aquela deveria ser uma filha maligna, por que a desgraçada não demorou nem cinco segundos para acertar direto na minha cara. O inchaço demorou um mês para sarar completamente. Não tem como descrever o que é uma cobra de três metros, de quase quinze quilos, agarrada na sua cara, só não foi pior do que o episódio do coala.

- Eu me lembro até hoje do olhar de ódio que aquela cobra te lançou. - mentiroso, a cabeça dela era preta e estava de noite, ele não teria visto os olhos dela nem se fosse o Superman. - E o jeito que você me olhou quando eu apareci na sua porta foi o mesmo.

- Nossa, Castiel, se for me comparar com uma cobra então use pelo menos uma venenosa ou uma constritora. - eu me virei para ele e apalpei o rabo-de-cavalo, estava torto, como sempre. - E se você acha que aquela cobra me olhou com ódio, é por que nunca esteve na mira de uma Mamba Negra.

Nós fomos até a cozinha e ligamos a cafeteira.

- Você sabe o que eu quis dizer. - ele cruzou os braços e se encostou no balcão. - Você há de concordar comigo, Lynnette, que a senhorita não é dada a mudanças de humor repentinas a não ser quando você está planejando alguma coisa maligna.

- O Viktor te ensinou bem demais. - duas vezes por semana os palhaços se encontravam para fazer um curso de análise comportamental da Lynn palhaça, não, eu não estou brincando. - Mas eu não estou planejando nada, Castiel.

Nada contra ele, pelo menos.

- Nada? - ele me encarou. - Nada mesmo?

- Rien. - eu repeti a palavra em francês enquanto pegava a lata de café.

- Então você simplesmente me perdoou do nada? - parecia até uma blasfêmia, é eu sei. - Você? Que até hoje não perdoou seu melhor amigo por ele ter derrubado café em um livro?

- Foi de propósito e ele e o senhor sabem muito bem disso. - eu falei com rancor.

- Não segundo a versão dele. - Cassy pegou a lata de café da minha mão e começou os preparos alquímicos que só ele sabia para deixar o café com gosto de Paris.

- Desde quando você defende o maníaco sequestrador? - maldita cumplicidade masculina. - Enfim.

- Lynn eu conheço você, alguma coisa você não está me contando. - ele se voltou pra mim.

- Pois bem. - eu respirei cansada. - Eu vou usar uma metáfora e peço que você preste atenção, tudo bem para o senhor?

- Sim, professora. - ele sorriu de um jeito maligno.

- Lembra daquela vez, no quinto semestre, que nós brigamos antes de você viajar e você passou quase um mês sem falar comigo direito por que eu não fui dar tchau pra você no aeroporto?

- Lembro. - ele cruzou os braços.

- Lembra que, quando finalmente o princeso voltou a falar comigo direito. - ele ergueu uma sobrancelha em desdém. - Eu te disse que era melhor não te contar o que aconteceu, por que você não acreditaria em mim e brigaria comigo mais ainda?

- Lembro e até hoje não entendi essa droga. - foi a resposta.

- Pois bem. - eu respirei profundamente, encarando a humilhação espiritual que seria repetir aquela história. - O que você não lembra é que naquele dia eu pedi o carro do Viktor emprestado para ir te encontrar.

- E daí? Você não chegou mesmo assim.

- Sim, mas acontece que... - técnica de respiração iogue para acalmar meus nervos. - Eu vi um coala pendurado numa árvore quando parei pra te mandar uma mensagem.

- O que?

- Eu subi na árvore para ver o coala melhor. - ele me olhou como se eu fosse uma imbecil.

- Isso é sério?

- A questão, é que a peste deveria estar em um dia ruim. - encarei-o. - E uma coisa que ninguém sabe é que um coala pode estraçalhar uma garganta se sentir que alguma coisa está ameaçando sua comida.

- Caralho...

- Pra encurtar a história, sem querer eu quebrei um galho da árvore de eucalipto, o coala agarrou minha cara e não soltou mais e fui parar no hospital tomando antirrábica e sendo o primeiro caso de ataque de coala em quinze anos.

- Quando o Viktor me contou essa história ele me disse que você caiu nos arbustos de uma casa com o coala grudado na sua cara, que um pastor alemão agarrou seu braço e que você quebrou a perna na queda. - o fofoqueiro desgraçado deve ter esquecido de contar que precisaram atirar um tranquilizante no coala pra ele largar da minha cara... E que o primeiro tiro acertou em mim por acidente.

- Detalhes. - eu disse com um sorriso idiota. - Vê agora por que eu não queria contar a história pra você?

Acho que nos quatro anos que namorei o Castiel, só o vi rindo, rindo de gargalhar umas três vezes. A primeira foi no sexto semestre, quando eu disse que não estava grávida, a segunda foi na segunda vez que eu disse que não estava grávida, e a terceira foi agora. O idiota só jogou a cara pra trás e começou a rir que nem o idiota que era. Observei aquilo pensando se eu o acertava com uma cadeira ou com uma faca.

- Ah, Lynn... - ele me olhou e ficou sério. - Caramba, você está falando sério.

- Estou.

- Por que você não me disse isso na época? Eu teria acreditado em você.

- E teria tentado me matar também.

- Claro, você sempre tinha que bancar a maluca dos animais e se jogar em cima de um bicho não importava o quanto ele era perigoso, venenoso ou te odiasse. - acho que era a centésima vez que eu escutava aquela conversa. - Imagina o que é acordar três horas da manhã com alguém me ligando dizendo que minha namorada tinha levado um coice de uma cabra e quebrado duas costelas. - e imagine o que é eu pensar que podia confiar na Clementina. Saudades daquela cabra maldita que me odiava.

- Meu Deus, você vai brigar comigo do mesmo jeito. - eu cruzei os braços e desviei o olhar.

- Você nunca entendeu por que nunca fui eu quem foi internado por causa de uma picada de cobra. - só por causa de quantidades catedráticas de cerveja no seu sangue. - Lynn... - ele me tocou no rosto. - Você nunca entendeu que eu brigava com você por que eu te amo e que se algum dia alguma coisa séria acontecesse com você... - ele engoliu em seco. - Alguma coisa da qual você não conseguisse se recuperar... Eu enlouqueceria?

Eu sabia daquilo, mas nunca tinha escutado saindo da boca dele, por isso não respondi nada.

- Eu amo você... - ele beijou o topo da minha cabeça e me apertou. - E toda vez que alguma coisa te acontecia eu quase me matava de preocupação por você...

Abracei-o com carinho, como se aquele gesto estúpido compensasse o quanto eu era egoísta, e por uns momentos nós ficamos abraçados daquele jeito.

- Engraçado como você vivia reclamando que eu era uma diva, mas você pode fazer o drama que quiser. - eu disse depois de um tempo.

- Isso é sério, Lynnette?

- Não. - eu me afastei para encará-lo. - Me perdoa por ter sido uma escrota sem bom-senso nenhum.

Ele me deu um sorriso meio cansado, meio dolorido.

- Tudo bem... - os dedos dele acariciaram minha bochecha. - Me perdoe por ter sido um babaca com você, duas vezes. - não foram só duas, mas...

Ah, sim, ele estava falando da Debrah. O ódio invadiu meu coração novamente até torná-lo negro e maligno como o fundo do mar, mas foi bom ele ter falado disso para me lembrar de uma coisa.

- Castiel, você confia em mim? - eu o prendi com o meu olhar, do jeito que eu sabia que ele não conseguia ignorar e disse aquilo com uma voz meio doce e meio cuidadosa.

- Óbvio que sim, Lynnette. - ÓDIO.

- Então... - escolha as palavras com cuidado, Lynn palhaça. - Eu preciso que você faça uma coisa por mim...

- Em que merda você se meteu, Lynn?

- É incrível como você é esperto. - eu me afastei dele. - Qual merda será? Temos Sweet Amoris e temos a bendita de Debrah, você tem duas chances.

- Olha, eu sei que você tem motivos pra odiar a Debrah, mas nós realmente não podemos superar isso e seguir com nossas vidas? - non, no, não, nyet, jamais. - Quem se importa com ela agora? Eu te juro que vou me afastar dela e...

- Castiel...

- Eu acabei de te conseguir de volta... - ele falou. - Eu não quero correr o risco de perder você de novo por causa de alguma picuinha de vocês duas...

- Picuinha? - minha voz saiu trêmula. - Castiel, ela fingiu uma gravidez pra separar nós dois!

- Olha... - ele passou a mão no cabelo. - Ela foi uma escrota, mas vamos admitir... - ele demorou quase dois minutos para conseguir falar a próxima frase. - Que a principal culpa nisso tudo foi minha...

Eu abri a boca pra contestar aquilo, mas bem, quando eu fiquei sabendo daquela história eu mal e mal me importei com a “outra” parte envolvida, só fiquei furiosa por ele ter me traído, não importava com quem. O fato de “ter sido” com a Debrah era um agravante, mas eu não sou o tipo de garota que engole o machismo da sociedade patriarcal e alivia a culpa do homem em casos de traição. Bem, isso até eu saber que ela pode ter drogado o Castiel e armado um cenário que o fizesse acreditar que tinha dormido com ela, e era capaz de me trair, ainda mais com a bendita.

- Onde você quer chegar, Castiel?

- Eu só quero superar tudo isso logo. - ele respondeu e apoiou o braço no balcão, desviando o olhar de mim. - Quero que a gente volte a ser o que era e comece... - Cassy se calou, não entendi por quê.

- Comece o que?

- Comece logo a vida que íamos ter se eu não tivesse estragado tudo. - aquilo prendeu minha respiração. - Você sabe, termos um lugar pra nós dois... - Cassy não terminou por que sabia qual era o destino final daquela conversa.

- Castiel...

- Eu sei, a gente só transou, não quer dizer que voltamos, que você me perdoou ou coisa parecida. - esse garoto realmente me conhecia bem.

- Escute. - coloquei a mão no ombro dele para chamar sua atenção. - Não é nada disso...

- Eu já entendi, Lynnette... - esperei que ele percebesse por si próprio. - Espera aí, como é que é? - nossa, só demorou trinta segundos.

- Não é como se a gente tivesse voltado exatamente no ponto em que paramos de dois anos atrás. - eu me encostei no balcão e dei de ombros. - Ainda tem muita coisa que temos que resolver... - muitas vinganças pendentes para serem executadas. - Mas eu não quero ficar separada de você de novo...

Era tão engraçado quando ele ficava boquiaberto daquele jeito.

- Não?

- Não. - eu respondi rindo. - Claro que não, eu amo você... Por que eu iria querer ficar longe de você mais um minuto?

A expressão boquiaberta mudou, em menos de um segundo, primeiro para um sorriso carinhoso, depois para o maligno e predador de alguém que sabia que faria muitas coisas adultas daqui pra frente. Cassy me encarou, por um tempo de segurança que demandava o protocolo, e depois passou a mão na minha cintura e me puxou para si.

- Por mim tudo bem, princesa. - por incrível que pareça, eu senti saudades do “princesa”.

- Nós podemos ser discretos? - eu disse e fiz um biquinho que ele não conseguia resistir. - Não quero ninguém se metendo entre nós dois.

- Sem problemas... - ele me fez erguer o rosto para ele.

- Isso inclui nossos amigos também.

- Essa discrição também inclui sexo, por um acaso? - o sorriso indecente já tinha tomado conta daquele rosto.

- Claro que não. - respondi no mesmo segundo. - Tá maluco?

- Ainda bem. - ele roçou os lábios nos meus. - Porque eu adorei essa camisola, mas ela ficou no caminho de muitas coisas que eu podia ter feito pra você...

- Que coisas? - eu perguntei passando meus braços pelo pescoço dele.

- Quer saber? - ele se abaixou, passou os braços por detrás dos meus joelhos e, novamente, me pegou no colo. - Acho melhor te mostrar, princesa, eu nunca fui bom em conversar...

Verdade inegável.

A questão da camisola foi tratada em poucos segundos, mas dessa vez o que ficou no caminho foi a cafeteira ligada e quase pegando fogo que nós esquecemos na cozinha. Foi engraçadíssimo explicar a origem da mancha preta na parede pra minha mãe


Notas Finais


Capítulo bonitinho só para adoçar a tarde de quem ler :3

Quem aí sentiu que Cassy quer começar a ter uma vida adulta com a Lynn de uma vez? Quem aí teve o coração partido ao saber que a Lynnette não podia confiar na Clementina, a cabra? Quem aí já foi atacado por um coala? Ou melhor quem NUNCA foi atacado por um coala, né gente? Fui atacada por três só a caminho de casa hoje '-'
Carai, é cada coisa que eu escrevo...

Enfim '-'
Obrigada por ler :3


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