História As Nove Musas (REVISADO) - As Musas

Sentada no chão de mármore e escondida atrás de uma coluna, Calíope se permitiu chorar.

O desespero e pânico que a dominavam então puderam finalmente transbordar. Abraçava-se, tentando conter sua tremedeira.

Sentia raiva. O quão patética era aquela cena? Sempre fora uma deusa respeitada, aclamada, amada. Calíope, a primeira musa, rainha da arte, deusa da eloquência e da ciência.

Lembrou-se dos tempos gloriosos que vivera. Da Grécia Antiga, do Império Romano. Quando ela e suas irmãs fizeram destes povos os mais poderosos e influentes, através da cultura.

Música. Poesia. Teatro. Escrita. Ciência. As protetoras da arte nunca haviam oferecido perigo a ninguém.

Por isso nunca se imaginara assim. Escondida, perdida, temerosa, fugindo por sua vida.

Onde estava Apolo? Onde estava Apolo agora, que jurara protegê-las de qualquer mal?

Chorava por tudo. De medo não só por si própria, mas pelas outras musas também. Ela era a líder, a irmã mais velha. Ter falhado na função de protegê-las a matava de vergonha.

Olharia para atrás da coluna que a escondia – não por muito tempo – mas não tinha a coragem necessária.

Não depois que assistira quatro de suas irmãs serem brutalmente assassinadas em sua frente.

Quatro musas. Quatro deusas tendo sua imortalidade arrancada como um brinquedo.

E não pôde fazer nada para impedir.

E agora, ali estava. Sabia ser a próxima.

Soluçava silenciosamente. Não havia mais nada que pudesse fazer, e odiava isso. O fim das musas era inegável.

Perdeu o fôlego ao sentir uma presença ajoelhada ao seu lado.

A deusa não fez questão de esconder suas lágrimas. Derrotada e ouvindo sua própria pulsação, virou a cabeça em sua direção lentamente.

“Por favor.” Sussurrou ela. “Me mate logo.”

Nas mãos das Parcas, mais uma linha se partiu.