História As vantagens dela ser invisível - Min Yoongi - Parte 3: "Você não existe, Rachel."

— Filho da puta! Segura as suas bolas.

 Berrou Jeongguk, quase subindo pelas paredes, morrendo de raiva. Os xingamentos ecoavam por todo o apartamento, uns mais piores que os outros, os meninos vibravam e principalmente agora que nosso time de coração estava perdendo feio. 

— Aaah, ele é um cuzão.  — E Rachel estava no meio dos meninos, sentada naquele sofá assistindo ao campeonato. Mesmo que eles não a vissem, ela estava ali porque era como eu imaginava, uma garota que gostava de ver jogos e sair comigo e com os caras. 

— Pega no meu pau. Desliga, desligue essa televisão agora. — Taehyung esbraveja quase que estourando de raiva. A situação seria engraçada, se não fosse pelo dinheiro que perdemos para uns caras da faculdade. Entramos em um bolão apostando no nosso time, o trato era: Se o Lacrosse ganhasse, 3 mil dólares eram nossos e caso nosso time perdesse o mesmo valor. 

— Perdemos três paus. — Pronuncio indignado.

— Não, não mesmo. — Jung levantou-se negando com a cabeça várias vezes. — Não vou dar meu dinheirinho para aqueles arrombados, tá doido. 

— É isso mesmo, não dá dinheiro nenhum, Jung. 

— É isso aí, Rachel. — Afirmo com a cabeça levantando-me do sofá. Então tudo parou e os meninos me olharam. 

— Rachel? 

— Quem é Rachel? 

— Ah, seu arrombado! Você que tava tirando uma com a minha cara me chamando de Rachel. Tá me estranhando agora? — Jung se prontifica, ficando na minha frente segurando o riso. 

— Eu sou Rachel! 

— Ela é Rachel! — Aponto para Rachel, mas na verdade acabo apontando para Hoseok, pois ela estava atrás dele. 

— Ele é ela? — Jeongguk questiona confuso, olhando Jung. 

— Não, eu sou ele! — Afirma Hoseok. 

— Sim, você é você, e ela é ela. 

— Ãh? — A voz grossa de Taehyung invade meus ouvidos chamando minha atenção. — Ela quem? 

—  Rachel? Pensei que sua quedinha era pela (S/N). — Indaga Jeongguk. 

— Não, a Rachel, ela não é ninguém. 

— Como não?! 

— Então, quem é Rachel, meu Deus? — Sem paciência, ou melhor, tentando manter a sua instável, Hoseok questiona num fio de voz. 

— Ninguém!? 

— Certo, e por que entramos no assunto Rachel?

— Porque eu sou demais e acabo causando confusão entre os homens. — Ela me abraça por trás, toda convencida e eu reviro os olhos. Essa era a desvantagem dela ser invisível. 

Na manhã seguinte, estávamos tomando café banhados de lamentações, como perdemos três mil dólares em uma aposta furada de faculdade? Normalmente ganhamos em todas, mas nesse jogo nosso time não só perdeu feio como tomou uma porrada de infração dentro de campo. 

— Era o dinheiro da minha festa de aniversário. — Lamentou Taehyung suspirando após lacrar o envelope com toda a grana. — Quem vai me dar uma festa de aniversário agora? 

— Cala boca, eu jogo uns confetes na sua cara e cantamos parabéns, e está bom demais. — Respondi quase que sem paciência alguma. Meu humor naquela manhã era o pior possível, perdi mil dólares e ainda tenho uma prova de química hoje. 

— Posso fazer mais que um bolo para o seu amigo. — Então ela surge como todas as manhãs: de repente e me assustando. 

— Tipo um boquete? 

— O que? Tá falando sozinho de novo, Min? — Bufei nem dando atenção a eles ou para Rachel. Depois do café peguei a minha mochila e saímos no carro de Taehyung em direção a faculdade. Me despeço dos meninos e vou na direção oposta, para fazer a minha prova. 

— Boa prova, neném. — Ela aparece bem no meu alcance. 

— Obrigado! 

— Não precisa ser tão grosso assim, neném. 

— Me deixa em paz! — Me viro para encara-lá. Mas acabo tomando um susto quando vejo (S/N) bem atrás de mim, seu sorriso sumiu e ela me olhava tensa. 

— Nossa, eu nem tinha falado nada. 

— Não, não, não. — Ela saiu na minha frente e eu apresso os passos indo até ela puxando-a pelo braço. — Você entendeu errado. 

— Não, eu entendi direito toda a sua grosseria! — Fez uma cara de brava e eu suspiro passando a mão no rosto. 

— Eu estava pensando alto como sempre, nem tinha visto ou ouvido você me chamar, sério. Não tenho motivos para falar daquele jeito com você. 

— Certo, se você diz. — Deu um sorrisinho singelo de canto. 

— Olha, eu estava pensando… e quem sabe a gente não sai um dia desses? Tipo, para se conhecer melhor. — Eu precisava muito daquilo, sair com a minha crush seria absolutamente tudo para fechar o ano. Ela parece pensativa, mas aceita dando-me um sorrisinho. 

[...]

Depois do meu lindo sete na prova de química na semana passada, eu me esforcei bastante nos treinos, passava maior parte do tempo no gramado e quando chegava em casa, estava derrotado. Mas hoje era sábado, dia de sair com a morena. Eu estava um tanto quanto nervoso, não sabia o que vestir ou o que falar quando estivesse com ela. 

— Não fala que o cabelo dela é lindo. Isso é tão ultrapassado. 

— Obrigado, Rachel. — Minha entonação é puro tédio, ela suspira e eu tenho certeza que está chateada. 

— Você está estranho, não me chama mais e nem pensa em mim com tanta frequência. — Parece chateada e eu viro-me para ela. 

— É porque você não existe, Rachel.

— Existo só para você. Você me criou nessa sua cabeça. 

— Rachel, não. Você não existe! Agora eu preciso sair antes que eu fique irritado com você e estrague o meu encontro com a (S/N). — Então eu saio do quarto em passos duros e esticados até a porta do apartamento. Estava com o carro de Taehyung, o que me ajudaria a chegar mais depressa na república onde ela mora. 

— Ei, você está linda. — Anúncio olhando-a dos pés a cabeça. (S/N) usava uma calça preta com uns rasgos nas pernas e um blusa preta com alguns símbolos. Ela me dá um sorriso tímido e entra no carro. Seu perfil invadiu o carro me deixando inebriado. — E cheirosa também. 

Quando eu chego em casa, estou numa empolgação tremenda, nosso encontro foi mais que especial. Não fomos a nenhum lugar chique e nem nada, comemos Hot dog num carrinho de praça e por ali ficamos conversando e antes dela ir embora nos beijamos. 

— Rachel? Rachel? — Entrei no quarto animado tirando minha jaqueta. Porém a loira não aparece. — Rachel? Preciso te contar sobre o encontro. — Retirei minhas botas e as jogo de canto no quarto. E nada dela aparecer, o que me gera um certo desconforto. 

Então me lembro da forma como a tratei hoje cedo e esbravejo mentalmente. Às vezes ela me tirava do sério, e essa semana ela fez isso várias e várias vezes, mas isso não justifica as minhas grosserias. As desvantagens dela ser invisível é que ela some e eu nunca a encontro.