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História Aspect - II - A vida, a morte e o renascimento de Régulos Black


Escrita por: MadTheDu

Notas do Autor


Régulos é um mártir. Ponto. E é um idiota também, por não ter contado a ninguém sobre as horcruxes ou pedido ajuda a mais alguém além do elfo doméstico. Ponto.

Ah, e isso vai ser gráfico. Então perdão por qualquer gatilho.

Boa leitura 😘

Capítulo 3 - II - A vida, a morte e o renascimento de Régulos Black


Ao Lorde das Trevas

Sei que há muito estarei morto quando ler isto,

mas quero que saiba que fui eu quem descobriu o seu segredo.

Roubei a Horcrux verdadeira e pretendo destruí-la assim que puder.

Enfrento a morte na esperança de que, quando você encontrar um adversário à altura, terá se tornado outra vez mortal.

R.A.B.

(Retirado de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, pág. 478; capítulo vinte e oito, 'A Fuga do Príncipe')





A Caverna no Rochedo, em algum lugar da costa da Grã Bretanha

1976




Houve um estalo agudo no ar, e um jovem rapaz vestido de capa preta e couros de dragão surgiu em meio aos jorros do oceano violento, estrondos de trovões e clarões dos raios da tempestade que ainda ameaçava cair. Ele estava de pé sobre uma das várias rochas negras parecidas com dentes que despontavam do mar turbulento, e agarrado a mão direita enluvada do jovem enquanto tremia de frio e medo, estava um pequeno elfo doméstico de pele murcha e descalço, nu exceto por uma tanga esfarrapada. A criatura mal chegava a cintura de seu pequeno mestre em altura, e seus olhos leitosos pouco conseguiam ver do contorno pálido do queixo de seu mestre sob a escuridão do capuz da capa e a esporádica luz do ambiente. O elfo se curvou ainda mais contra a perna encouraçada do jovem, e o garoto apertou a mão nodosa do servo ao mesmo tempo em que apertava a varinha no punho esquerdo. Estava na hora.

Houve mais um estalo, e então o jovem e o elfo reapareceram na boca de uma caverna úmida e de paredes repletas de rochas afiadas como facas. Olhos de prata duros como ferro e sombreados por cilhos de carvão examinaram o novo ambiente antes de soltar a mão do elfo e avançar com um propósito cruel até a parede do fundo, os dentes arrancando a luva da mão direita antes que a varinha cortasse a palma quase até o osso. O elfo choramingou, mas ficou onde estava, assistindo o menino pressionar o corte sangrento contra a parede até o sangue escuro escorrer pelas rochas e a parede rachar e se separar de fora para dentro, abrindo um caminho estreito para as entranhas da falésia. O jovem fechou e cicatrizou o corte com um toque da varinha de carvalho vermelho e coração de dragão, recolocou a luva e estendeu a mão ao elfo, que correu para seu mestre, agarrando-lhe os dedos com ambas as mãos de dedos longos enquanto os dois avançavam pela passagem, o jovem liderando a trilha com a luz branca na ponta da varinha. Depois de minutos de caminhada com água até os tornozelos do rapaz e respirações trêmulas do velho elfo, os invasores finalmente saíram da passagem claustrofóbica e pisaram na curta praia de areia preta que contornava um lago largo, profundo e liso como um espelho que refletia o teto envolto em breu da caverna e a ilha de cristal branco no centro, que emitia um suave brilho fantasmagórico que mal chegava a costa. Plumas de vapor se formavam diante dos rostos do rapaz e do elfo, o frio do lugar de alguma forma sendo pior que o da tempestade do lado de fora. O rapaz usou a mão da varinha para puxar o capuz molhado para baixo, e cabelo cinza-preto escapando de uma curta e frouxa trança de batalha grudaram em um pescoço delgado e úmido de água salgada e suor frio. Ele examinou o ambiente inospito com suspeita e baixou os olhos para o elfo, olhando para ele com um carinho quente que destoava das feições duras, pálidas e aristocráticas do jovem. O velho elfo soluçou, mas não permitiu que suas lágrimas caíssem.

— Onde está, Kreacher? — Pergunta ele, sua voz macia mal acima de um sussurro, pois não queria assustar ainda mais o elfo ou arriscar acordar os monstros na água. — Onde está o barco?

O elfo não respondeu nada, mas puxou o mestre para a esquerda, guiando os passos dele na areia molhada pelo que pareceram horas antes que ele parasse e apontasse para a beira do lago, murmurando para que o rapaz não tocasse na água quando estendesse a mão. Ele soltou a mão do elfo e avançou até que a água imóvel estivesse a milímetros de seus pés; o rapaz estendeu a mão e cuidadosamente passou os dedos pelo ar até esbarrar em metal tão frio que ele pôde sentir através do couro da luva. Vagarosamente, ele puxou a corrente invisível com a ajuda do elfo, até que a proa de um pequeno bote a remo repleto de cracas e sal emergiu da água e fez seu caminho através da corrente até atracar aos pés do rapaz com um suave som de raspagem. Com cuidado, ele levantou o elfo doméstico pelas axilas e o colocou no barco, subindo em seguida para lidar com os remos. Levaram uma hora para atravessar a água até a beira da ilha, e Kreacher foi colocado numa saliência de quartzo antes que o jovem desembarcasse com um salto elegante e um pouso tão leve que a água sequer ondulou. Eles avançaram até o estrado no centro, um pilar de rocha branca levemente translúcida um pouco mais alto que o elfo, onde uma bacia havia sido escavada e preenchida com um líquido verde peçonhento que fez o elfo estremecer de medo e o rapaz se arrepiar. Aquela coisa certamente era o veneno que Kreacher bebeu quando esteve naquela mesma caverna com o Lorde das Trevas.

— Kreacher, eu preciso que você me ouça com atenção e obedeça minhas próximas ordens fielmente, entendeu? — Começa o jovem, desatando a capa e a soltando no chão antes de guardar a varinha no coldre sob a manga esquerda da jaqueta de suas vestes de combate. O elfo torceu os dedos, nervoso, mas assentiu com a pergunta de seu mestre. — Ótimo. Primeiro; nada do que acontecer aqui deve chegar aos ouvidos de alguém, nem aos da minha família, nem aos dos seguidores do Lorde das Trevas ou, Merlin nos livre, aos do próprio Lorde das Trevas. Você deve manter silêncio sobre isso, não importa o que aconteça comigo, Kreacher. Segundo, mesmo que eu peça, ordene ou até mesmo implore que pare, você deve continuar a me fazer beber o veneno. Não obedeça nada que eu diga depois; você entende, Kreacher?

— Sim, jovem mestre. — Responde o elfo, e o rapaz deu-lhe um tapinha afetuoso na cabeça careca. Depois que seu irmão foi embora de casa e o deixou para trás com a mãe louca e o pai quase morto, Kreacher era a única criatura na qual ele confiava.

— Perfeito, Kreacher. — O jovem suspira e enfia a mão no bolso da calça, puxando um medalhão pesado de esmeralda e prata do bolso, idêntico ao que Kreacher descreveu para ele quando voltou daquela caverna sete meses antes e o entregou ao elfo. — Assim que eu terminar de beber, você deve trocar os medalhões, sair daqui e destruir o original. Não volte por mim, entendeu? Não volte, e não conte a ninguém onde você esteve essa noite, Kreacher. Você pode fazer tudo isso por mim?

— S... Sim, jovem mestre. — Gaguejou o velho elfo, mordendo os lábios finos e apertando o tecido sujo e molhado da tanga entre os dedos. Ele não queria fazer o que seu pequeno mestre pedia, mas Kreacher era forçado a obedecer devido a seus juramentos para a família do mestre e para o próprio mestre. E por mais que amasse a sua mestra Walburga, Kreacher era um elfo leal principalmente ao jovem mestre Régulos, e por isso e somente por isso, ele obedeceria as ordens do mestre, mesmo que ele tivesse que se punir com o atiçador em brasa da lareira do quarto do mestre quando ele voltasse para casa. Sozinho. — Kreacher deve fazer o mestre beber o veneno até o final, então Kreacher deve trocar os medalhões e ir embora sem o mestre e não voltar. Kreacher também deve guardar segredo de tudo que aconteceu com o mestre da família do mestre, dos seguidores do Lorde das Trevas e do próprio Lorde das Trevas. E Kreacher deve destruir o medalhão original para o mestre.

— Isso mesmo, Kreacher. — Diz Regulus, triste por ordenar o pobre elfo a fazer tudo aquilo, mas sem se arrepender de nada além de forçar Kreacher a lidar com um fardo que deveria ser dele. Mas ele era um Black e era o irmãozinho de um grifinório antes de ser um Comensal da Morte, então ele seria corajoso como Sírius foi ao desafiar a mãe e ser o primeiro Black a ir para uma Casa diferente da Sonserina em sete gerações. Régulos respirou profundamente e conjurou um copo com um aceno de mão. — Você está pronto?

— Sim, mestre Régulos. — Disse o elfo, com toda a confiança que tinha e o medo que não faltava, o medalhão falso pesando onde ele havia amarrado a corrente em sua tanga para ter as mãos livres. Mestre Régulos sorriu trêmulo para Kreacher e mergulhou o copo no veneno, enchendo o vidro quase até a borda.

— Bem... — Disse Régulos, olhando a coisa peçonhenta e engolindo em seco com um pavor trêmulo que ele mal podia esconder de seu fiel elfo. — Saúde.

Então Régulos Black levou o copo aos lábios e bebeu.





SÍRIUS! SÍRIUS, POR FAVOR! POR FAVOR, SÍRIUS! ME AJUDE, SÍRIUS!

Kreacher secou as lágrimas com um punho nodoso e espiou o mestre se contorcer de dor no chão enquanto ele enchia o copo de novo. O veneno do Lorde das Trevas estava quase na metade, mas ainda faltava muito para terminar, e a garganta do jovem mestre já estava sangrando devido a força que ele usava quando passava as unhas pela pele, tentando aliviar a dor torturante que o veneno provocava.

SÍRIUS! CADÊ VOCÊ, SÍRIUS?! SÍRIUS!

Kreacher o segurou ao enrolar o que sobrou da trança nos dedos, então puxou sua cabeça até fazer o mestre virar o rosto para cima e o forçou a beber.



MÃE! NÃO, MÃE, POR FAVOR! POR FAVOR, MÃE, EU NÃO QUERO MAIS ISSO, POR FAVOR! EU NÃO AGUENTO MAIS! MAMÃE!

O copo estava quase raspando o fundo da bacia, mas Kreacher ainda não conseguia ver o outro medalhão. Então ele encheu o copo de novo, sentou no peito do mestre Régulos e o obrigou a abrir a boca com um aperto firme em seu nariz entre as juntas do indicador e dedo médio enquanto mantinha os dentes afastados com um empurrão do polegar. Kreacher derramou o veneno diretamente na garganta do mestre, e ele engasgou, mas também engoliu.

O elfo fungou e sufocou os próprios gritos.



MILORDE! POR FAVOR, MILORDE! ME PERDOE, POR FAVOR! EU NÃO QUERIA, POR FAVOR, MILORDE! MINHA LEALDADE É SUA, MILORDE! POR FAVOR, NÃO!

Foi difícil, mas Kreacher fez o mestre beber o último gole de veneno com um pouco de convencimento ao forçar o copo contra seus dentes. Com cuidado, o elfo pegou o medalhão original e o trocou pelo falso, sua pele se arrepiando com a magia absolutamente negra que ele podia sentir atada às jóias e o metal. Então ele estalou os dedos e multiplicou os restos de veneno no fundo da bacia de pedra, enchendo o recipiente de novo até a borda, deixando tudo exatamente como estava quando ele e o mestre Régulos haviam chegado. Já o mestre, estava deitado de bruços no chão frio, arfando e tossindo pois já não tinha mais forças para se debater e gritar como vinha fazendo nas últimas horas. Vagarosamente, Kreacher se aproximou dele.

— Jovem mestre? — Pergunta o elfo, hesitando em ir embora sem saber se o mestre ficaria bem. — O jovem mestre está bem?

Régulos fracamente balançou a cabeça, e o elfo sabia que o mestre estava mentindo, mas ele havia prometido obedecer as ordens do mestre Régulos quando eles chegaram na ilha. Eram as últimas ordens dele para Kreacher, e o elfo as veria cumpridas, nem que fossem as últimas coisas que ele fizesse.

— Adeus, mestre Régulos.

Kreacher desapareceu com um estalo. Ele se arrependeria daquilo para sempre.





Depois que Kreacher se foi – não que ele tenha percebido em seu turbilhão de dor e confusão –, Régulos se arrastou até a beirada do lago, desesperado por um pouco de água. O veneno foi pior do que ele havia previsto, pois havia comido seus nervos como uma cruciatus e enganado seus olhos ao mostrar seu irmão lhe dando as costas, sua mãe o punindo com azarações de tortura e o Lorde das Trevas se deliciando ao enfeitiçar Régulos com um crucio. A coisa era um pesadelo líquido, e a parte mais horrível era que o efeito terminava assim que a dose dentro da bacia acabava, deixando uma sede terrível para trás, forçando que o bebedor a buscar a única fonte de água nas proximidades – o lago, onde Régulos mergulhou as mãos e encheu as palmas com o líquido abençoadamente frio e fresco.

Ele mal conseguiu engolir um bocado antes que mãos ossudas, mortas e putrefatas saltassem da água parada e o agarrassem por ambos os pulsos, arrastando-o para baixo a força, diretamente para o meio de um enxame de inferi furiosos, que eram a garantia do Lorde das Trevas de que qualquer ladrão que invadisse a caverna não conseguisse sair de lá, isso se sobrevivesse ao veneno. Enquanto se debatia, fraco devido a tortura líquida, Régulos teve que admitir que era uma emboscada cruel e inteligente, digna da mentalidade sádica de seu antigo Lorde.

Um braço magro se enrolou na garganta do jovem enquanto mais mãos se agarravam a suas roupas, a armadura de pele de dragão impedindo que as criaturas lhe rasgassem a carne ao puxarem Régulos para o fundo do lago, onde a escuridão era tão profunda que ele não conseguia mais ver a luz pálida da ilha. O inferi agarrado ao pescoço de Régulos então envolveu as pernas em seu peito, possivelmente esperando se segurar melhor, e apertou os joelhos, tão forte que as costelas de Régulos estalaram e o jovem acabou perdendo o pouco ar que possuía ao abrir a boca para gritar. Água negra e salgada substituiu o oxigênio, e a última coisa que Régulos Black pensou enquanto se afogava e tinha os ossos do abdômen partidos como galhos, era que ele não queria morrer.

Desejando com todas as forças de seu último suspiro – Régulos Black queria viver.




oOoOo





Ele estava preso no limbo negro e pastoso de algum lugar nem aqui e nem lá, os pulmões ardendo em fogo por não terem oxigênio e os ossos rangendo e estalando quando as fraturas e as juntas deslocadas esbarraram umas nas outras. Ele não sabia quem era ou o que deveria estar fazendo, e ele sabia que ambas as coisas eram importantes, mas... Estava frio. Tão frio que ele tremia e raspava os dentes uns contra os outros; seu sangue parecia lodo em suas veias, e seus músculos estavam tão rígidos que doíam, e nem mesmo os corpos pressionados contra ele o aqueciam. Ele não sentia calor a... A dias. Talvez meses. Mais provavelmente a anos. Era tão congelante que seu coração mal batia, fraco como um pássaro recém nascido. Sinceramente, ele nem sabia como ainda estava vivo. Talvez... Talvez, se ele relaxasse só um pouquinho... Se ele parasse de lutar tanto contra o frio... Ele finalmente pudesse se aquecer e descansar.

Não seja um covarde.

Ele franziu as sobrancelhas. Onde havia ouvido aquilo? Era familiar. Tão familiar quanto a palma de suas mãos, dito por alguém tão importante que fazia seu coração fraco pulsar um pouco mais forte, seu sangue correr um pouco mais rápido. Mas tão rápido quanto veio, se foi, e o breve momento de adrenalina somente serviu para cansá-lo mais ainda. Ele deixou seus músculos relaxarem, e seus pensamentos começaram a ficar esfumaçados nas bordas...

Você é carne da minha carne, sangue do meu sangue; então MOSTRE isso! Seja melhor que seu irmão amante de sangues ruins! Aera Pulvis!

Ardência quente percorreu sua traquéia, seus brônquios e seus pulmões, tudo ardendo e queimando quando tentou desesperadamente forçar ar para dentro de seu corpo, e ele sufocou e se debateu, a adrenalina pulsando novamente em suas veias quando retomou seus esforços para escapar da maldição de expelir os pulmões que o impedia de simplesmente respirar. O aperto de morte que os outros mantinham em seu corpo afrouxou alguns milímetros, e ele lutou com chutes e torções que faziam seu meio doer como o inferno, e ele parecia mais como um animal selvagem do que um homem, perdido demais em seu desespero para se lembrar de qualquer coisa além de querer sair dali e viver.

Você é o herdeiro de uma Casa Mais Antiga e Nobre, filho de um dos meus mais leais apoiadores. Você é a promessa das minhas fileiras internas, Régulos Black, e isso faz com que eu aposte muito alto em você, criança. Então não me decepcione.

Oh sim, ele não iria decepcionar o Mestre, afinal ele prometeu, não prometeu? Ele prometeu que iria enfrentar a morte para torná-lo outra vez mortal. E ele não seria um verdadeiro mago se cumprisse apenas metade dessa promessa. Então ele bateu os pés, impulsionando o corpo para cima enquanto lutava com o aperto em seus braços e tronco, até que essa fosse a única coisa que o impedia de recomeçar a se afogar. Mas a tarefa era difícil, e tudo pesava como um milhão de toneladas, e ele estava se perdendo novamente e...



A C O R D E




Ele estremece e aperta os olhos, lembrando que ele era Régulos Black. Ele era um Comensal da Morte traidor e um ladrão. E ele iria VIVER!




Algo estalou na nuca de Régulos, como se um elástico tivesse ricocheteado na pele, e de repente tudo era azul roxo e rubi, uma patina poderosa de índigo salpicada de estrelas ametistas e rubras como sangue, e a luz se espalhou dele para a água, iluminando o horror de centenas de cadáveres afogados e animados que estavam queimando na água repleta de fogo, fogo esse que inegavelmente vinha dele, enchendo o lago amaldiçoado com literalmente vida. Os corpos que o seguravam viraram nada sob a força do fogo safira, e os que tentavam se aproximar para prendê-lo de novo encontraram um fim semelhante nas faíscas furiosas de rubi. Régulos aproveitou a distração para se arrastar novamente para a ilha, e chapinhou na pedra escorregadia até ficar estirado na segurança do meio, o tórax machucado apoiado no estrado repleto de veneno. Mas enquanto ele estava relativamente livre dos monstros que continuavam queimando, mesmo que ele estivesse fora da água –, ele não estava livre do controle do Lorde das Trevas. Por isso, ele rapidamente desfez os botões e abriu o protetor de braço esquerdo da jaqueta de duelo, se livrou do coldre da varinha e arregaçou a manga da camisa que ele usava por baixo, revelando a Marca Negra estampada no mesmo tom de preto esverdeado do veneno na bacia. Ele não queria aquilo. Ele queria – desejava – se livrar da Marca e da trela que a mãe e Lorde Voldemort amarraram tão firmemente ao redor de seu braço da varinha e de seu pescoço. Régulos pela primeira vez em muito tempo queria verdadeiramente ser livre.

Ele deveria parar de desejar coisas com tanto fervor alimentado pela raiva e pelo medo. Se ele fizesse isso, talvez não desmaiasse de choque mágico quando o fogo vermelho misturado com o ametista queimou a Marca Negra e todas as amarras nele até que não sobrasse nada.

Régulos ficou alegremente inconsciente numa miríade de dor e relaxamento pelas primeiras cinco horas de sua recém conquistada liberdade. Se era assim que Sirius se sentia ao se livrar do controle de ferro da mãe, talvez Régulos devesse ter feito isso antes.





O cérebro de Régulos volta a funcionar aos trancos, e a primeira coisa que ele sente além da dor no corpo – principalmente nas costas e costelas –, é a Magia da Família cutucando seu núcleo mágico e aquela parte dele que aparentemente é a fonte do fogo. Ele pode sentir fiapos da Magia da Casa Black puxando seus ossos para o lugar certo, lento mas seguramente consertando as fraturas e deslocamentos. Há também outra coisa na mistura, que definitivamente não é dele e nem do ambiente, e quando Régulos se concentra nisso, percebe que é um fio de putrefação negra que liga seu fogo índigo a um núcleo âmbar corroído de piche negro e breu. É com arrepios que ele percebe que aquilo é uma remanescencia de uma amarra que o liga ao Lorde das Trevas, uma coisa tão poderosa e maligna que nenhuma das chamas que saíram dele poderiam destruir. Uma pena, porque ele não esqueceria que a coisa estava lá agora, e só de pensar em manter uma ligação daquelas com um monstro sem alma – literalmente, ou quase isso – Régulos se sentia doente. Se seu estômago não doesse tanto, ou se ele não corresse o risco de perfurar um pulmão – isso se ele já não tivesse perfurado –, o rapaz realmente vomitaria.

Ao invés disso, Régulos respira cuidadosamente para não irritar ainda mais as costelas e se concentra em sua magia, muito cuidadosamente guiando-a até a fonte de suas novas chamas para tentar descobrir exatamente o que aquilo é. Acabou sendo mais como um exercício de meditação do que uma exploração propriamente dita, e Régulos tentou não se surpreender quando abre os olhos e se vê sentado no breu de sua própria mente, cercado por pessoas que ele tem certeza absoluta que estão mortas. Ele ergue as sobrancelhas e seu falecido avô, Alphard Black, brilhante sob chamas ametista, sorri de volta para ele.

— Olá, Régulos. — Diz ele, e o garoto tenta não se arrepiar com o sorriso calculista do velho. — Temos muito o que conversar.

Fosse o que fosse, ele não iria gostar.

Nem um pouco.






Notas Finais


O nome do Régulos pode ter variado entre essa versão e a versão em latim, Regulus. Não está errado, foi apenas o corretor do meu celular que mudou devido as palavras serem muito semelhantes.

Kreacher é o britânico para Monstro. Eu acho mais bonito que a versão traduzida do nome.

Acho que... É isso? Régulos é um personagem difícil porque ele realmente não tem desenvolvimento dentro dos livros ou dos filmes, então eu tentei colocá-lo como um rapaz corajoso, mas também aterrorizado com o que ele tinha se proposto a fazer, ainda mais porque ele não esperava sobreviver. Veremos como ele se desenvolve na trama.

Até o próximo capítulo 😊


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