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História Ataque Furtivo - Imagine Choso - -oneshot.


Escrita por: be_anonymous

Capítulo 1 - -oneshot.




Apertou o passo pelos trilhos do metrô vazio, as sobrancelhas franzidas e uma expressão fechada estampada no rosto. Sons de explosões e baques altos e agressivos eram audíveis daquela distância, em ecos, distantes e abafados. Ele estava preocupado, temendo que a situação fosse pior que o descrito e que o verdadeiro estado atual já tivesse alcançado um nível que fosse irreversível. Mas se manteve de pé, longe de qualquer indício de insegurança por mais que a verdade gritasse o oposto dentro de si. Diferente da dor que sentiu quando os irmãos morreram, algo ainda mais intenso o sufocava e Choso simplesmente não sabia o porquê, mas não saberia como lidar se a companheira fosse perdida para as maldições. Com este pensamento em mente, assim que finalmente alcançou o exterior da estação e chegou ao asfaltado da rua, começou a caçar com os olhos e com os ouvidos a direção de onde vinha os sons, que se silenciavam e retornavam em intervalos. Saltou alto o suficiente para alcançar um local ainda mais elevado, de onde teve a visão perfeita de quase tudo ao redor, e não custou a encontrar pelas proximidades, com ajuda dos rastros de destroços e mais sons, o causador do caos.

Mirou e em segundos o corpo despencou, desta forma se lançando da ponte onde se encontrava sem temer o chão abaixo de si. Em um pouso nada seguro, os solados dos pés afundaram no cimentado áspero graças a violência e aterrissou entre dois seres cujo os ares eram completamente distintos. Era como se seus objetivos um com o outro fossem opostos; um cuja aura era carregada de ódio e desejo assassino, e outro que Choso mal podia sentir a presença, de tão inofensivo e tranquilo que transparecia ser. A única coisa em comum entre ambos eram os físicos quase destruídos. 

"Choso!" Você gritou, surpresa. Apesar da péssima iluminação daquele beco, você reconheceria aquelas costas largas em qualquer lugar. Porém ele não desviou a atenção do foco principal, e ainda de costas para si, golpeou a outra maldição repetidas vezes em áreas minuciosamente calculadas sem medir força ou energia amaldiçoada nos ataques. Em mais alguns movimentos, aquela maldição de mais de dois metros de altura já havia sido destruída e agora desaparecia gradativamente diante de seus olhos. "Ah, fácil assim? Bem, acho que é inevitável, você é forte..." 

Foi interrompida pelo homem.

"S/N, está sangrando." Choso retornou para perto sem você nem mesmo notar, numa velocidade que se assemelhava a um flash, tanto que mais uma vez te surpreendeu. Com a pouca distância, agora você finalmente pôde ver seu rosto. "Irei enfaixar seu braço, venha."

"Ah, isso? Eu estou bem, vou me recuperar logo." Disse prontamente quando notou que ele estava disposto a rasgar a própria roupa para você usar de faixa. Tocou a canhota no ombro direito e ergueu o braço que estava ferido, movendo-o em movimentos circulares. Seus músculos estavam doloridos, mas nada demais. "Não devia estar aqui, sabe muito bem que os superiores estão de olho em você, eles só estão esperando por uma oportunidade pra usar de desculpa e..."

"Atacar de frente não é seu forte." Observou Choso, que atraiu sua atenção. Aquelas mudanças de assunto te davam nos nervos e ser interrompida era o que mais odiava, ainda assim, permitiu que se calasse e o fitou, tal que se mantinha sem nenhuma emoção aparente. "Eu notei como você anda na ponta dos pés. Você toca a ponta dos pés no chão antes do calcanhar e se seu oponente não te ver diretamente, é impossível notar sua presença. Você não tem tanta força bruta, mas entendo o porquê de ser uma feiticeira tão poderosa." 

Conforme ouvia-o falar, era impossível não demonstrar estar verdadeiramente surpresa. Ele tinha mesmo notado coisas tão mínimas como aquelas em apenas um mês e meio? Você estreitou os olhos por um instante.

"O que é isso? Está me analisando para um ataque surpresa?" Você brincou e riu soprado, desviando o olhar de volta para o próprio braço, o sangue estava secando e o corte se tornava superficial aos poucos. "Sim, eu não trabalho como os outros feiticeiros, lutando e destruindo maldições por aí. Pode-se dizer que meu lugar e bem longe, onde eu possa dar suporte sem me esforçar tanto fisicamente. O que aconteceu hoje foi um acidente desgraçado, me pegou despreparada." Você nem pensou antes de dizer, concluiu há muito tempo que tal informação não seria suficiente para contribuir com qualquer plano maléfico que ele pudesse ter. Se é que ele tinha.

Ele pareceu engolir suas palavras por um tempo. A habilidade de Choso em processar, quando não se tratava de combate, podia ser bastante precária.

"Eu te procurei por toda parte e no fim você estava indo atrás de mim? Itadori deve ter me desobedecido, aquele canalha..." Você voltou a questionar, resmungando suas últimas palavras em um tom mais baixo, como se estivesse falando consigo mesma.

Choso ficou em silêncio por alguns instantes e abaixou a cabeça, dando a entender que estava pensando. Na época ele não sabia o que "canalha" queria dizer exatamente, mas imaginou que você estivesse esperando por uma justificativa do porquê de ter quebrado a promessa que fez com o irmão mais novo e saído do lado dele, quando o acordo era "ficar perto do irmãozinho o tempo inteiro, por motivos óbvios" -palavras do próprio Itadori em um tom de súplica. Na verdade, parecia que nem ele mesmo sabia o que estava fazendo ali, se analisasse um pouco melhor. Depois, o mesmo ergueu o olhar de volta para seu rosto e finalmente respondeu.

"Porque S/N é importante para meu irmão, então também é importante para mim."

Você se calou absolutamente após ouvi-lo, procurando alguma credibilidade em seu rosto inexpressivo antes de virar-se de costas e começar a caminhar para fora do beco, sem se preocupar em oferecer uma resposta mais adequada que seu silêncio. As palavras de Choso eram honestas demais algumas vezes, tudo graças ao conhecimento limitado sobre comportamento humano, incluindo suas emoções, sensações, ideias e crenças. Choso desconhecia a arte da mentira e era sempre sincero demais, tinha uma escolha de palavras bastante direta e toda vez que ele abria a boca, era uma surpresa.

Mas aquela foi a primeira "confissão" de Choso.

Antes disso, tinha algo que vinha o atormentando há alguns dias, tal coisa que ia além do que o vocabulário podia descrever, algo que fazia com que todas as palavras que dissesse, sem notar, se tornassem pequenas mentiras.

Ele não podia compreender o que havia de tão interessante em você. 

Desde que Choso apareceu pacificamente para os feiticeiros e praticamente "adotou" Itadori como seu irmão mais novo, se é que poderia chamar assim, foi decretado pelos professores que enquanto ele não causasse problemas, poderia continuar por perto durante que emprestasse sua força quando necessário e servisse lado a lado para o extermínio das maldições. Por mais contraditório que pudesse soar. Em resumo, um único deslize, por mínimo que fosse, poderia dar razão para que ele fosse executado pelas mãos de qualquer um dos feiticeiros jujutsu de classe mais avançada. Assim, havia se tornado comum ver Choso pelo extenso pátio do colégio, comumente perseguindo Itadori ou ao lado de (S/N), que havia se tornado uma das principais encarregadas pela maldição, desde que os demais superiores eram muito ocupados e Gojou quase nunca estava por perto, aliás, ele achava uma perda de tempo ficar no pé da maldição o tempo inteiro. Você particularmente duvidava um pouco de que Gojou sequer trabalhasse, mas se ele preferia ficar passeando pelo shopping enquanto deixava o "perigo iminente" em suas mãos, tanto faz. Até porque você mesma havia começado a se acostumar com a presença do homem, com seu silêncio por vezes matador e sua inexperiência quando se tratava da maioria das atividades ditas "comuns''.

Mas você não imaginava que algo estava se construindo dentro da maldição, que sua falta de assunto era interessante pra ele ou que mesmo a pouca atenção que o oferecia às vezes, contribuiria para que aquela "coisa" se desenvolvesse, germinasse e crescesse de pouquinho em pouquinho. Ele estava se preparando para te atacar, devagarinho, sem que ninguém notasse. Furtivamente. 

Com o tempo você aprendeu a conviver com Choso; aprendeu seus sinais e consequentemente, a como lidar com ele. Não era complicado, e por muitas das vezes se esquecia que o homem estava num canto qualquer te observando enquanto você assinava papéis, te estudando enquanto treinava ou conversava com os alunos. De vez em quando ele acariciava sua cabeça com cuidado e te parava na rua para amarrar seus cadarços, o calor avassalador daquele corpo enorme era reconfortante. Ele também te ajudava nos treinos de combate corpo a corpo desde que essa não é sua especialidade, e era válido comentar sobre como ele parecia se movimentar de forma menos brusca quando se tratava de você em comparação a quando era qualquer outro aluno -com exceção de Itadori, mas bastava que o de cabelos rosados insistisse um pouco mais para que Choso cedesse e fizesse como o indicado. Ele nunca manifestava desejo assassino quando consigo ou com qualquer outro feiticeiro, e sendo você a principal pessoa quem poderia julgá-lo, os alunos passaram a confiar mais no homem graças às suas palavras. Porque se ele tivesse outras intenções com a repentina aproximação dos feiticeiros, você notaria no primeiro contato.

Sua capacidade de detectar más energias era excelente, e por isso você era uma chave tão essencial para os feiticeiros e mesmo antes de ter entrado para o Colégio Jujutsu de Tokyo, já vinha usando suas habilidades e aperfeiçoando-as sem real intenção. Desde maldições até assassinos em série, tarados num metrô lotado ou suicidas que cruzem seu caminho, nada passava despercebido diante daquilo que Itadori apelidou carinhosamente de seu "sexto sentido". Mas como você notaria em alguém, algo que sequer a própria pessoa sabia o que era?

Se tornava ainda mais estranho pensar no quão necessitado Choso era por atenção, não só do "irmão", como sua também. A aura dele parecia tão limpa quando ao seu redor que era quase áurea demais. Choso era ridiculamente ingênuo e manso, às vezes você chegava a comprá-lo a um cãozinho adestrado. Em algum ponto você passou a desconfiar que seu quarto representasse algum tipo de templo sagrado para ele, onde qualquer pecado cometido anteriormente por aquelas mãos enormes fosse lavado e perdoado pelos próprios deuses. Sua intuição não mentiria, Choso era do tipo "o escolhido" ou algo assim, tinha que ser. E assim, com as semanas e em alguns meses, você estranhamente estava se dando muito bem com ele, ensinando-o mais sobre tudo, porém principalmente sobre como se comportar, sendo atraída pelos aspectos incomuns encontrados numa maldição. Os toques amigáveis, brincadeiras e piadas que ele até então não podia entender -ou melhor, não conseguia-, somavam para que ele aprendesse um pouco mais sobre você e os costumes humanos. Em retribuição, ele correspondia positivamente com carinhos no topo da cabeça, tentativas desajeitadas de imitar seus abraços e até arrumando seu uniforme. Às vezes você dormia demais e podia aparecer com o moletom vestido do avesso.

No fim, teve a inusitada descoberta de que aquele homem de 1,80 de altura era carinhoso a nível meloso e necessitado de contato físico, se possível, o tempo inteiro. Na verdade, não sabia se fora você quem o levou a ficar assim ou se era apenas de sua natureza, no entanto, não foram necessárias muitas palavras para que ele se sentisse livre para tentar reproduzir seus atos à própria maneira; de repente ele estava apoiando o queixo em seu ombro enquanto te prendia com os braços firmes em sua cintura, afagando sua bochecha enquanto você comia algo nos degraus do colégio entre os intervalos ou até deslizando no sofá para mais perto de você, quando assistiam a algum seriado juntos. Não podia mentir, você também estava sendo afetada por aquelas ações. Rapidamente.

Era como se ele estivesse se tornando mais humano e se esforçando para isso inconscientemente.

Toda essa relação estava tocando em algo profundo em seu interior, algo que estava enterrado e fadado ao esquecimento há muito tempo e que você já havia aceito que devia abolir. Afinal haviam outras coisas as quais priorizar. Você devia cuidar de Choso com zelo, deixando-o distante e evitando que tivesse qualquer contato com aquele "lado" seu. Ainda que o magnetismo de seus corpos parecesse tão favorável.

Ainda que a relação entre vocês não devesse passar de "um ser assassino e incontrolável" sendo vigiado por uma pessoa que poderia e deveria executá-lo se necessário. Matar Choso com suas mãos nunca passou pela sua cabeça.



ー S/N. ーA voz lhe chamou de uma distância curta, arrastada e baixa. 

ーAh, Choso. ーVocê se virou e cumprimentou. Apesar de já ter notado a presença dele muito antes dele estar sequer há dois metros de distância, por ter um ar tão pacífico você frequentemente o confundia com algum aluno. Quando se conheceram, você se sentiu tão relaxada que até se esqueceu que estava cara-a-cara com uma maldiçãoー Devia começar a anunciar que está chegando, pode assustar os outros desse jeito.

Você se virou de costas novamente e inseriu uma moeda na máquina de bebidas à sua frente. Estava ali há alguns minutos tentando decidir o que beber, mas no fim apenas pressionou o botão de algum suco cítrico. A latinha foi empurrada e caiu logo abaixo, onde você se abaixou um pouco e pegou através da entrada. Aquela era uma das raras tardes onde você havia terminado todo seu trabalho e estava apenas procurando esfriar a cabeça e afastar um pouco a mente de incidentes e catástrofes envolvendo maldições. Às vezes você achava que estava sendo confundida com algum tipo de "Detetive Jujutsu."

ー Quero experimentar pão recheado… ーRespondeu.

ー Hm? ーVocê abriu a lata e tomou um pequeno gole antes de analisar melhor o que ele havia dito. Maldições não precisavam comer, mas nada as impedia realmente de fazê-loー Claro, eu posso comprar pra você. Vamos, lá você escolhe qual prefere.

Ele assentiu e, caminhando lado a lado, ambos se direcionaram para fora do campus em meio conversas cotidianas e papo jogado fora. Choso era o único que ouvia tão atentamente a cada uma de suas reclamações sobre as decisões superiores e até dava bons conselhos para amenizar sua vontade de matar Gojou Satoru durante a noite por ele ser tão inconsequente. Falar mal do de cabelos platinados mesmo que sem real motivo aparente também era uma ótima forma de aliviar o estresse, tanto que quando chegaram à padaria, você já se sentia muito mais leve e pronta para procurar por novos motivos pra falar um pouco mais, no dia seguinte.

ー Você pode pegar mais de um, não precisa ficar acanhado. Olha, tem mais aqui.

ー Eu só queria esse… Mas eu devo? ーEle reforçou, e quando você assentiu com um risinho, ele encarou a vitrine e escolheu mais alguns pães que estava disposto a provar. Não era como se fosse você quem decidisse isso por ele, mas se ele preferia ser ordenado que experimentasse então você não se importava. Aparentemente, ele faria qualquer coisa que você dissesse ser melhor pra ele. Choso podia parecer uma criança tímida, mesmo se autodenominando como o irmão mais velho.

O instinto fraternal de Choso se destacava principalmente durante batalhas ou em qualquer outra situação que julgasse perigosa para seu irmão mais novo. Itadori não desgostava da demonstração de afeto, mas ao mesmo tempo não podia retribuir aos sentimentos de Choso de forma tão… intensa. O mais alto realmente era movido por algo que ia além da intuição e do sangue, mas não era de seu conhecimento que terceiros -vulgo você- também poderiam ser incluídos nessa categoria; afinal, imaginava que não fosse por qualquer motivo banal que ele se prestasse tanto para garantir seu agrado e bem-estar. 

Quando vocês retornaram para a sua casa -levar a maldição para sua residência ia contra as indicações superiores, mas você não se importava-, abriu a sacola na mesinha de centro da sala e deixou os pães ali, prontinhos para Choso escolher por qual começaria. Ele se sentou no sofá com calma, havia aprendido há alguns dias que nos tempos atuais não era mais tão necessário ou comum se sentar no chão, existiam outros lugares mais confortáveis. Mas depois que você disse que ia fazer um chá, ele pareceu ficar indeciso se significava que ele devia começar a comer ou se devia esperar.

ー Afinal, por que quis comer pão recheado de repente? ーVocê questionou, levando a borda do copo de vidro à boca e bebericando um pouco de água. Choso tinha uma HQ fechada em mãos, tal que você havia o dado minutos antes para se entreter enquanto você estava na cozinha esquentando água para o tal chá. Pelo jeito aquilo não era algo interessante o suficiente para ele e só então você notou que ele havia escolhido esperar você retornar para começar a comer. 

ー Meu irmão está doente, por isso não pôde dividir o pão comigo. Ele tem "resfriado", que faz ficar difícil de respirar, dolorido e às vezes quente, foi o que ele me contou. Ele também disse que eu não poderia ficar por perto até que melhore pra eu não pegar, mas acho que já tenho "resfriado" há muito tempo. ーDizia Choso, encarando o tapete abaixo de seus pés descalços, se não fossem pelas meias brancas.

ー O que? ーRespondeu, confusaー Não acho que esteja doente há tanto tempo assim, eu teria notado se estivesse. ーPiscou algumas vezes sem entender, o encarando por cima do balcão da cozinha, que não era muito distante do cômodo onde ele se encontrava. Dali você pôde ver como ele continuou com aquele ar pensativo, então você suspirou e tentou dar corda para o que ele dizia. Desligou a boca do fogão preguiçosamente e caminhou até ele, largando o copo d'água em cima da mesa no caminho. Era conveniente que ele estivesse sentado no sofá da sala, assim você pôde tocar a mão na testa dele sem problemas com qualquer diferença de altura, assim checando sua temperatura. Em seguida, abaixou-se um pouco mais para que pudesse ver melhor o rosto pálido do homem. Apesar do semblante cansado poder ser facilmente confundido, não era nada que fugisse de seu usualー Está perfeitamente normal, não tem resfriado algum. ーPor fim, apoiou as mãos na cintura e o fitouー Me diga mais sobre esses sintomas, notou mais algo que fuja do comum?

ー Você me passou o resfriado. ーEle concluiu. Você franziu as sobrancelhas e fez uma careta confusaー Porque eu só me sinto desse jeito quando estou com você. 

E mais uma onda de silêncio avassalador tomou o cômodo, mas por algum motivo, não trouxe consigo nenhum constrangimento. O que ele havia dito fora muito repentino e te deixou sem saber o que pensar, mas depois de alguns instantes apenas tentando engolir as palavras à força, você finalmente se pronunciou. Você sabia que caso não o fizesse, Choso também não voltaria a falar.

ー Em algum momento específico?

ー Não sei. Quando você está perto, acho. Mas quando você está longe também dói. 

Com aquelas informações, você inspirou e umedeceu os lábios com a ponta da língua sem ser capaz de cortar o contato visual com Choso. Estava curiosa e realmente queria entender aquele novo lado da maldição, mas ao mesmo tempo temia que sua mente fosse perversa demais pra ele e estivesse indo longe em suas suposições. De qualquer forma, novamente começou a falar; 

ー Quão perto? ーArriscou, inclinando levemente o corpo pra frente.

Choso não se moveu, ele não pareceu ter nenhuma grande mudança de expressão além da corporal, onde seus ombros se ergueram minimamente e ele pareceu mais fixado em seu rosto. Agora ele já não desviava o olhar do seu para pensar, o que deu a você a chance ideal para estudar seu físico sem parecer um cenário estranho, desde que Choso não aparentava estar mais ligado àquele plano tridimensional. Ele parecia procurar por respostas em seu rosto. E pelo jeito encontrava.

ー O resfriado piora um pouco assim, eu fico com dor no peito. Quem será que passou resfriado para meu irmão? Ele disse que a dor fica no corpo inteiro… 

ー Falamos sobre Itadori depois. ーVocê segurou as mãos do de cabelos negros com ambas as suas, ele se deixou ser levado por seu toqueー Piora quando te toco? 

Ele pensou um pouco, agora olhando para suas mãos que estavam num tipo de tentativa de esconder as dele entre elas, mas as mãos de Choso eram grandes demais e faziam você parecer menor e mais delicada do que era de fato. O polegar do homem acariciou sua pele carinhosamente e você sentiu que ele até queria sorrir.

ー Fica um pouco difícil pra respirar, mas não me sinto mal. Eu gosto. ーEle explicou. Há algum tempo você havia o ensinado sobre o conceito de "gostar" e "não gostar", ele não mentiria sobre algo que levava como um dever de casa ou coisa parecida. 

Mais uma vez você encheu os pulmões de ar, mas prendeu a respiração sem querer por alguns instantes. As velhas e esquecidas borboletas aos poucos iam tomando conta de si e fazendo uma baderna em sua barriga, te causando calafrios. Você sentiu um desequilibrado e infame desejo por corromper aquele homem tão ingênuo, e esse sentimento te detonava. Numa tentativa de exilar da mente tais vontades, com cuidado soltou as mãos dele, que relutou em deixar seus dedos se distanciarem, mas parecia imerso demais para segurá-los com mais força. Suas mãos foram parar na nuca do homem, onde o puxou com leveza para perto até que a bochecha do mesmo tocasse seu estômago. Naquela posição você podia ter a visão perfeita do topo da cabeça da maldição, então acariciou os cabelos desgrenhados e brincou com o penteado de seus fios escuros. Pela primeira vez sentiu como se tivesse controle total sobre ele.

ー E assim? Como se sente?

 ーAssim eu me sinto… Quente. A "febre" me faz sentir estranho. S/N, essa é a sua técnica?

Com a resposta, você não pôde mais acorrentar aqueles pensamentos anteriores de dominarem sua mente. Foi exatamente como teorizou; Choso era silencioso e tímido mesmo em momentos como aquele, porém igualmente adorável e curioso. Se você viria a se culpar mais tarde não sabia, mas era com certeza que você aproveitaria da chance para causar mais daquele interesse que a maldição demonstrava apresentar, e claro, para também ensinar coisas novas para ele.

Você mostraria para ele a maior especialidade dos humanos, algo que mesmo você podia dominar, algo que lhe fora concedido como um dom. Choso só não sabia que os humanos poderiam ser tão sujos e perversos assim.


[ . . . ]


ー Choso, você precisa colocar mais a língua. ーVocê disse, tranquila para não pressioná-lo e baixo para não assustá-lo entre o ar silencioso e envolvente que em algum momento construíram, apesar da inexperiência do homem.

Te obedecendo, o de fios negros ofereceu mais da própria língua para você, e assim o contato entre ambas, a sua e a dele, foi mais intenso. Sentiu como ele ficou trêmulo abaixo de sua cintura, e foi impossível não soltar um risinho entre aquele beijo desajeitado. Suas bocas estavam há alguns poucos minutos numa tentativa lenta e pouco apressada de se encaixarem e encontrarem um ritmo, mas parecia que apenas as pequenas cargas elétricas que suas línguas causavam já eram o suficiente para ele. Choso arfou necessitado entre um curto espaço que deram, porém ao retomarem o ósculo, tomou seus lábios com uma maior voracidade e te abraçou com mais força tentado, de alguma forma, te trazer mais perto. Ele não conseguia compreender como ou o porquê de se sentir tão afoito tendo seu corpo sobre o dele, pressionando o próprio quadril de forma que o deixava anestesiado e cheio de ânsia por mais. Aquele contato era novo e ele ainda estava experimentando, mas era muito mais efetivo que afagos nos cabelos ou leves toques no ombro, então sentia que poderia facilmente se acostumar. 

Choso desejou algo que jurava ser impossível, algo que ele sequer sabia o que era. Mas ele sabia que estava em você.

Você separou seus lábios dos dele em um som estalado, deixando-o um pouco ofegante e visivelmente extasiado, com as pálpebras fechadas como se esperasse por mais. Você sorriu com ar sapeca, ele havia prendido a respiração por tempo demais e agora estava uma bagunça.

ー Não vamos ficar só nisso, vamos? ーAo invés da usual indiferença, agora a expressão que predominava o semblante de Choso era um misto de confusão e curiosidade. Confusão, talvez por você ter parado; e curiosidade pelas suas palavras que indicavam que existia algo -ainda melhor que o toque dos lábios, imaginava- que desconhecia. Claro, o olhar morto meio que ainda estava ali, gravado em seus olhos profundos e nas olheiras abaixo deles. Porém ainda assim, de alguma forma, podia ver emoções lutando para transbordar através da maneira como suas sobrancelhas se franziram de leve e suas íris cintilaram. Seus lábios entreabertos estavam pintados com uma camada sutilmente avermelhada graças ao tanto que você havia os sugado e mordiscado entre o beijo, mas não se importavaー Quero que você abra um pouco as pernas.

Assim que ele deslizou as mãos por suas costas, frouxando o aperto, você encontrou brechas para escapar e deixar o colo dele. Nesse meio-tempo em que se ergueu e tocou os pés no chão para virar-se de costas, Choso resmungou descontente com o distanciamento e manteve os dedos presos no tecido se seu uniforme numa tentativa de garantir que você não fosse pra longe. Mas nunca foi sua intenção deixá-lo agora, e não levou mais de um instante para você se sentar entre as pernas dele.

ー Aqui, Choso, eu quero que desabotoe meu uniforme. ーVocê disse, segurando os pulsos dele e levando até seu peito, onde os botões se iniciavam.

ー Mas é sua intimidade, mulheres não gostam que vejam essa área... ーEle respondeu, hesitando antes de tocar com ainda mais cautela os pequenos botões de seu moletom, temendo que estivesse fazendo algo errado por mais que você quem estivesse pedindo por aquilo.

ー Faça, Choso. ーVocê insistiu. Com isso ele não poderia relutar mais, e logo estava desfazendo os botões de sua roupa, um por um. Com cuidado e sem nenhuma violência, Choso expôs seu tronco aos poucos até chegar ao último botão, onde já podia ver mais de sua pele desnuda e seu sutiã preto a mostra, dando uma visão perfeita para ele que estava atrás de você num ângulo um pouco mais alto que o seuー Agora toque.

ー Onde? 

ー Onde quiser. Por que não começa por aqui? ーVocê sugeriu, segurando as mãos dele mais uma vez e as guiando até seus seios cobertos pelo tecido da peça íntima.

Sentiu as palmas alheias apalparem e pressionarem levemente seus seios, levando você a encostar as costas contra o peito do homem para dá-lo uma melhor visão e maior espaço conforme observava os dedos se atreverem a tentar invadir por debaixo do pano. Você sorriu, sua mão dominante acariciava o joelho dele em um incentivo silencioso enquanto esperava que ele terminasse de explorar o suficiente. Entretanto, as mãos dele logo escorregaram para sua barriga e ali ele acariciou um pouco mais, contornando as curvas de sua cintura com os dedos e segurando-te com firmeza naquela área. O rosto dele se abaixou um pouco próximo a sua orelha, de forma que você pôde se virar e beijar carinhosamente o rosto dele sem problemas.

ー Minha barriga é mais atraente pra você? 

ー Há um tempo eu queria ver... É aqui onde as mulheres carregam suas crianças... 

A voz lhe acertou em cheio, estava rouca e tranquila, era quase difícil de associá-la àqueles atos libidinosos e ás pontadas que você vinha sentindo debaixo de si desde que estava sentada no colo dele. 

ー Você deseja ter uma criança, Choso? ーVocê perguntou. Ele ponderou por um instante.

ー Não sei...

Então sua mão subiu do joelho dele para o meio das pernas, onde encontrou aquilo que vinha lhe "incomodando" há alguns minutos. Ele sobressaltou em surpresa.

ー Eu vou te ajudar, fique calmo. ーVocê disse. Sua mão adentrou a calça de Choso com facilidade e encontrou o membro dele com a palma. Ele segurou sua cintura com ambas as mãos conforme você estimulava o sexo semi-ereto, em meio a respiração pesada e pequenos suspiros. Com a outra mão você se livrou da calça -se negava a usar saia, eram um tanto inadequadas em algumas ocasiões- e lentamente desceu a calcinha pelas coxas até que alcançasse o tapete no chão. Você estava úmida, sua intimidade estava sensível só de beijar Choso e pegar seu membro agora duro, então foi fácil escorregar os próprios dedos pra dentro quando se estava lubrificada daquele jeitoー Mm... Choso, toque aqui. Nós vamos fazer juntos, tudo bem? 

Ele abriu os olhos até então fechados e, devagarinho, pairou a mão pelo ar até que chegasse à sua que estava estimulando a própria vagina. Você demonstrou por alguns instantes como ele devia se mover e retirou a mão, apenas guiando os dedos alheios até sua entrada para poder orientá-lo a partir dali. Sabia que ele não conhecia o significado daqueles atos, e ele também tinha certo conhecimento sobre sua própria inexperiência, mas você teve uma surpresa; os dedos dele eram mais grossos do que imaginava, tanto que quando inseridos em sua intimidade, mesmo que devagar, alargaram um pouco mais que o esperado e fez você soltar um gemido mais alto. Choso afastou a mão imediatamente.

ー S/N! Eu te machuquei? Me desculpe, eu fiz errado... 

ー Não. ーVocê disse, com a cabeça baixaー Não pare, continue. Não gemi de dor, só descobri que sou gulosa demais.

Choso repensou antes de prosseguir, porém, voltou a inserir ambos os dois dedos do meio na sua entrada, e mais uma vez você gemeu. Mais baixo, mas gemeu, e também remexeu os quadris contra o estofado do sofá. Droga, o tamanho era apenas o ideal. Você abaixou um pouco mais o cós da calça de Choso, só o necessário para dar mais mobilidade para seu pulso contra o membro dele e novamente o agarrou, começando uma masturbação lenta e firme.

Uhg- S/N... 

Tentou, mas nada além de grunhidos saíam dos lábios dele. Choso não era do tipo escandaloso, então era de se esperar que ele fosse preferir ficar apenas nos suspiros entrecortados e proferindo seu nome entre a respiração. E assim se sucedeu; Choso moveu os dedos de maneira mais ritmada numa tentativa de acompanhar a masturbação que você fazia nele, mas o pobrezinho estava com a cabeça um pouco longe. Ele encontrava pontos que pareciam mais sensíveis em seu interior e abusava um pouco deles para ouvir mais de seus sons, que por acaso haviam se tornado mais constantes e ele estava sendo atraído por sua voz, mas logo perdia a compostura e precisava refazer os movimentos. Descobriu que as bolas dele eram tão sensíveis quanto seu falo, por mais molhado e pulsante seu membro pudesse estar. Você aumentou o ritmo e Choso se perdeu completamente do trabalho que lhe foi designado quando sentiu o membro começar a liberar mais daquele líquido pré ejaculatório. 

Ele respirava com dificuldade contra seu ouvido, vez ou outra miando baixinho e dizendo seu nome em tom de súplica. Você estava igualmente necessitada, mas levou em consideração que era a primeira vez dele e deu uma trégua. 

ー Choso, como se sente? ーPerguntou baixinho.

Mn... Ah, eu... Me sinto quente, S/N, muito quente... É estranho. Por favor, por favor me ajuda a melhorar. 

ー Porra, Choso, você é uma graça... ーXingou entre os dentes. Você se ajeitou entre as pernas dele e forçou o aperto de seu punho contra o falo do membro do mesmo, que finalmente emitiu um som mais alto e tombou a cabeça pra trás, onde o peito começou a descer e subir mais rápido e as mãos deixaram sua intimidade para segurar sua cintura nua com força. Pela forma como o membro dele pulsava, você sabia que ele não iria durar muito a partir dali, o que era uma penaー Eu vou arrancar tudo de você, você vai se sentir muito melhor...

Faz logo, mhm! Faz logo, S/N... ーEle suplicou mais uma vez, a voz agora mais distante já que o rosto não estava mais próximo de seu pescoço.

Você acelerou a masturbação e surpreendente ele não levou muito mais tempo para se desfazer por completo pelas próprias roupas e na sua mão, em meio um primeiro gemido mais alto e arrastado. Ele estava um pouco assustado com as reações do próprio corpo, chegando a se remexer quase freneticamente para se livrar do seu toque, mas com sua insistência, eventualmente desistiu.

Ch-chega, tá ficando esquisito... ーEle pediu, e você o soltou finalmente. Queria continuar a superestimulação, mas era apenas a primeira vez dele, precisava se lembrar dissoー S/N, isso... Isso é o "resfriado"? 

Ele perguntou, ofegante.

ー Oh, não. ーO corrigiu imediatamenteー Você está perfeitamente saudável, isso se chama outra coisa. Mas eu te conto depois, tudo bem? Vamos tomar um banho e descansar um pouco, eu tô pegando fogo...

ー … Você está bem? 

Com a pergunta repentina você se virou de lado e o encarou durante alguns segundos, mas não encontrou na expressão do homem nenhuma dica do que ele pudesse estar tentando dizer com o questionamento. Não que esperasse muito ansiosamente por qualquer expressão diferente de sua usual, de qualquer forma.

ー O quê?

ー Você disse que está pegando fogo, humanos morrem quando entram em contato direto com fogo por tanto tempo. ーEle dizia, sério. Você devolveu o olhar na mesma intensidade, e depois de alguns instantes naquele looping, você de alguma forma encontrou algo cômico no semblante do outro, que apesar de ter um ar exausto, havia retornado para o inexpressivo.

Se ergueu e virou em meio a risos altos e deixou um Choso pra trás, ainda sentado e confuso apesar de não deixar mostrar. Ele a observou pegar as próprias peças de roupas do chão e te seguiu em silêncio, não entendendo o motivo de seu riso, porém aceitando minutos mais tarde que não teria uma resposta. Imaginava que talvez o que você quis dizer foi que havia utilizado uma técnica de sangue, mas não sabia que aquela fosse uma de suas especialidades. E pelo restante do trajeto até o banheiro, Choso continuou se perguntando sobre aquilo, mas caiu no esquecimento em algum momento em meio a outros assuntos que vieram à tona.

Talvez ele fosse mesmo uma "graça", no fim das contas.






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