História Até o Fim - Uma nova fase

Minha manhã havia sido uma das melhores da minha vida nos últimos meses, eu fiquei todo tempo deitado, assistindo TV e sendo mimado por SeHun que até trazer meu almoço na cama havia trazido, mas também depois de muito drama, é claro.

Agora ele estava dormindo, vez ou outra me apertando em seus braços e resmungando coisas que eu não conseguia entender já que o desenho que passava tomava toda a minha atenção. E aquilo era legal, tipo, eu me sentia “protegido” ali e isso me pareceu clichê de mais. Tratei de tirar aquele pensamento da minha mente e balancei a cabeça algumas vezes, resultando em resmungos um tanto altos dele que se esfregou contra minhas costas e eu senti uma coisa estranha, ele parecia estar com um volume e... Oh Deus.

Afastei meu quadril do seu e ouvi um risinho baixo partindo dele, que cretino, se faz que ta dormindo para tentar me molestar daquela forma.

- Tarado. –falei e ele soltou uma lufada de ar contra minha nuca e deixou um beijo ali. – Hm... Porque você está assim?

- Eu sonhei com você. –respondeu baixo e eu fechei meus olhos enquanto mordia o lábio inferior. – Desculpa sonhar essas coisas, mas é que você é muito bonito e o seu corpo... Ah, o seu corpo...

- Para, isso é um pouco vergonhoso. –o cortei e virei meu corpo levemente para poder olhá-lo e assim percebi suas bochechas levemente rosadas. – Eu não pensei que você pudesse pensar essas coisas, me decepcionou. –resolvi brincar com ele, fazendo uma expressão entristecida.

- M-Mas eu não pensava, é você que me faz pensar essas coisas e ainda se remexe todo. –falou todo atrapalhado e eu ri lhe dando um selinho.

- Tudo bem, eu estava brincando. –me remexi novamente de propósito e ele me olhou de um jeito sério. – Ah qual é! Eu posso ajudar. –me empurrei levemente para trás, mas fui impedido de continuar a me insinuar.

- Não! O seu irmão pode chegar. –falou nervoso e eu rolei os olhos voltando a ficar de costas para ele para assistir a TV. – Não se remexa, por favor.

- Ta, volte a dormir e me deixe assistir o desenho. –falei irritado e ele abraçou mais forte meu corpo.

Sorri com aquilo e me aconcheguei melhor ali, voltando a prestar atenção na TV enquanto sentia a respiração dele bater contra minha nuca até ficar calma, significando que ele havia adormecido. Era bom estar ali com ele, mas aquele momento bom acabou quando eu vi YiXing parado em frente a porta nos olhando. Engoli em seco e já estava me preparando para o chilique dele que certamente expulsaria SeHun e faria o maior escândalo depois.

Mas me surpreendi quando ele sorriu e fechou a porta. Pisquei algumas vezes para ver se era mesmo real ou se eu estava sonhando, mas era real e aquilo me deixou totalmente sem reação.

Será que YiXing pararia de ser super protetor?!

•

- Você não deveria ter me deixado dormir por todo esse tempo! –SeHun reclamou e eu o ignorei. – Deveríamos levantar também, passamos a manhã e a tarde deitados aqui.

- Mas eu não estou bem. –o relembrei e tudo que ouvi foi um resmungo um tanto infantil e fofo do loiro ao meu lado. – Vamos ficar mais um pouquinho aqui, sim? –me virei para ele e deitei minha cabeça em seu peito.

- Tudo bem, mas eu vou ter que ir embora daqui a pouco. Já esta tarde. –rolei os olhos e me ajeitei em cima de seu corpo ficando com meu rosto rente ao seu. – O seu irmão não está demorando?

- Ele já chegou. –respondi sorrindo e ajeitei-me em seu colo. SeHun abriu mais os olhos enquanto eu me ajeitava sobre si e tentou me fazer cair para o lado, mas me forcei a ficar ali. – Ah Hunnie, eu quero ficar em cima de você!

- Sh, o s-seu irmão pode vir aqui e o que ele vai achar se te ver em cima de mim?!

- Que se dane o que ele ache, eu quero ficar em cima de você. –resmunguei e escondi meu rosto contra seu pescoço. – E no fundo eu sei que você esta gostando. –ri fraco quando ele bufou. – Eu quero transar com você. –sussurrei e logo senti as mãos grandes de SeHun me empurrarem para o lado, me fazendo o olhar tristonho.

- LuHan! –repreendeu-me um tanto alto e destapou-se já se levantando rapidamente.

- Você não quer? –perguntei baixo, me sentindo um idiota naquele momento. – E-Eu pensei que você tivesse gostado.

- Mas eu gostei, só não fale essas coisas quando o seu irmão está em casa. – o olhei confuso e assim ele voltou para cama se aproximando de mim novamente. – Eu também quero transar com você, m-mas não podemos fazer isso agora.

- A gente faz quietinho e ele nem vai perceber. –disse e ele riu baixo negando com a cabeça. – Então quando? –perguntei choroso.

- Logo, logo. –respondeu me dando um selinho. – Mas não agora. –riu quando eu fiz um bico.

- Você é malvado.

Fechei a cara e olhei para o outro lado, começando a ignorá-lo, até mesmo quando ele começou a beijar meu rosto e meu pescoço. Diz que não podemos transar agora e ainda assim fica fazendo aquelas coisas que estavam me deixando excitado e ele pareceu perceber, já que parou no mesmo instante em que eu me remexi puxando a coberta para me cobrir.

- E-Eu vou ao banheiro e não pense merda, entendeu? –disse sério e me destapei —não sei porque me prestei a me tapar para então me destapar—, me levantei e caminhei para fora do quarto e fui até ao banheiro.

Fechei a porta e me olhei no espelho, mesmo sem ter feito nada minha aparência não estava muito boa. Lavei meu rosto para ver se melhorava e tratei de fazer o que eu tinha que fazer para voltar para o quarto o mais rápido possível.

Sai do banheiro e me arrastei pelo corredor até chegar ao meu quarto e assim entrei fechando a porta e me encostei ao que eu me senti tonto. Aquilo estava ficando tão frequente que eu comecei a ficar um pouco assustado, quase todos os dias eu me sentia tonto e tinha enjôos. Só os desmaios repentinos e dores começaram a acontecer menos, o que diminuiu minhas idas indesejadas ao hospital.

Tudo rodava ao meu redor e eu me vi obrigado a fechar os olhos e respirar algumas vezes bem fundo para aquilo passar. Meus atos chamaram a atenção de SeHun que se levantou assim que eu abri os olhos e se aproximou de mim um pouco confuso.

- LuHan? Você ta bem? –ele perguntou e eu assenti mesmo que não estivesse. – Não parece.

- Eu estou tonto, só isso. –o tranquilizei e encurtei nossas distancias. – Não se preocupe, eu estou... –fechei os olhos com força quando senti uma dor, pareciam me rasgar por dentro. – E-Eu estou ficando com algumas dores agora. – falei e levantei meu olhar a SeHun que fez uma careta.

- E você ia me dizer que estava bem, ia mentir. –me repreendeu e me levou até a cama me deitando ali. – Não se mexa que eu vou buscar os seus remédios lá embaixo.

- Ta, vai logo. –resmunguei e fiquei estático olhando para o teto enquanto tinha uma luta interna contra minha dor. Como se ela fosse embora com as minhas ameaças.

Passaram-se alguns minutos, que para mim foram os mais longos, e logo SeHun apareceu com as caixas e um copo d’água. Tomei-os rapidamente e me encolhi, percebendo agora a presença de YiXing no quarto, me observando de um jeito preocupado que ele sempre ficava quando eu estava mal. O olhei e sorri, piscando um olho ao que eu ria brevemente.

- Se continuar você já sabe. –ele me alertou e eu assenti. – E você precisa comer alguma coisa, passou a tarde inteira enfiado nesse quarto com ele... –o tom reprovador dele deu ênfase ao “ele” e eu soltei risinhos.

- Não estou com fome. –falei baixo, puxando o cobertor que estava todo bagunçado sobre a cama e resultou com meus pés destapados. Fiz um bico e quando estava me erguendo para arrumar, SeHun foi mais rápido e arrumou o cobertor, me cobrindo direito e deixando um beijo na minha testa.

- Eu não mereço ficar vendo isso. E já fiquem sabendo, eu estou lá embaixo e tenho a audição boa. –rolei os olhos e o acompanhei até sair do quarto e deixar a porta bem aberta. – Não fechem, é uma ordem.

Bufei e ouvi a risada de SeHun que se sentou na beirada da cama começando a mexer em meu cabelo em um afago gostoso. Ronronei algumas vezes e comecei a ficar sonolento já que aquele remédio me deixava com sono. Maldita hora que eu tive que ter dor.

- Eu sei que vou dormir e quando eu acordar você já vai ter ido. –falei com um tom já de sono e segurei a mão dele que não mexia em meu cabelo. – Então eu quero que saiba que gostei de passar o dia com você.

- Eu também gostei. –ele falou e de meu cabelo, sua mão foi até minha bochecha a acariciando. – Talvez eu te mande alguma mensagem mais tarde, ou então te ligue.

- Eu vou esperar. –bocejei de um jeito exagerado e ouvi a risada engraçada de SeHun, já que meus olhos não se prestavam a se abrirem.

- Bons sonhos. –sussurrou e me deu um selinho demorado.

- Claro, porque você vai estar neles. –mesmo que fosse ridículo eu disse aquilo e então adormeci.

•

À hora do jantar era um dos momentos que eu mais gostava, já que eu me empanturrava de comida, mas depois de alguns meses eu já não sentia tanta vontade comer tanto e então à hora do jantar havia se tornado mais uma hora chata no meu dia chato.

Nem quando YiXing tentava me agradar comprando o que eu queria aquele momento se tornava “mágico”, eu estava mais agindo no automático enquanto levava mais um pedaço de pizza até a boca e o colocava de volta no prato com a minha expressão de tédio total que atraia a atenção de meu irmão que não gostava daquilo. Mas era automático, eu colocava o pedaço na boca, o resto voltava para o prato, mastigava, engolia e fazia novamente esse ciclo.

- Você tinha mais emoção quando comia pizza. –ele comentou e eu assenti já que não poderia responder com a boca cheia. – Se não gosta mais podia ter me dito que eu comprava outra coisa.

- Não, eu gosto sim... Só que não estou com tanta fome. –falei e me forcei a comer o ultimo pedaço e tomar o resto do meu refrigerante. – Mas continuo sim gostando de pizza.

Silencio. Foi aquilo que se instalou entre nós na cozinha e eu me sentia desconfortável naquele momento. Eu sabia que meu irmão queria dizer alguma coisa, só não dizia por certamente não ter coragem e eu tentei incentivá-lo com o olhar tendo obtido sucesso quando ele suspirou e apoiou os cotovelos na mesa me olhando de um jeito bem engraçado.

- Hm... Talvez você tenha razão. –ele disse e eu o olhei confuso. – Sobre o SeHun, ele parece legal.

Ri baixo por finalmente ele ter entendido o que eu tanto dizia e repetia.

- E como chegou a essa conclusão? –perguntei e recebi um olhar desacreditado. – Ah, você tem que me dizer como que chegou a essa conclusão em querer concordar com o que eu tinha dito.

- Cala a boca. –resmungou levantando-se de sua cadeira e pegando o próprio prato e copo. – Saia daqui antes que eu te coloque a lavar a louça.

Tratei de correr da cozinha como se eu estivesse fugindo do vilão de um filme de terror e entrei em meu quarto, fechando a porta e começando a rir.

Me sentei em minha cama e peguei meu celular que estava na cabeceira e assim me deitei novamente naquele dia que havia passado mais deitado do que em pé. Mexi em minhas redes sociais por ele e então recebi uma mensagem, a que eu esperava de SeHun.

“Hoje fui um bom namorado?”

Franzi o cenho com aquela pergunta e cocei a testa em seguida.

“Como assim namorado?!”

Mandei logo me ajeitando nas cobertas e arrumando os travesseiros para que eu pudesse me encostar em algo fofo.

“Namorado que namora o namorado, simples.”

Ri de sua resposta um tanto infantil e comecei a digitar a resposta.

“Nós nos conhecemos há pouco tempo e só dormimos juntos uma vez, não acho que somos namorados.”

Esperei um tanto ansioso pela resposta e ela logo chegou.

“Então eu amo alguém que não quer ser meu namorado?! Como pode isso?!”

Arregalei os olhos e cheguei a me afogar com a saliva. Como assim “amar”?! Ele havia digitado que me ama?!

Antes que eu me recuperasse daquele choque, recebi mais uma outra mensagem.

“Eu sei que você deve estar assustado. Mas sim, eu te amo LuHan e queria estar aí para poder te beijar agora.”

Senti meus olhos se encherem de lagrimas aos poucos e me controlei para não deixá-las cair.

Aquilo estava mesmo acontecendo?! Não era um sonho?! SeHun havia dito/digitado que me ama?!

“Eu não sei muito bem o que dizer...”

Mandei e mordi o lábio com força, minhas mãos tremiam e eu queria gritar o mais alto que eu pudesse para tentar tirar aquela tensão que se estabilizava em mim.

“Não precisa dizer nada, apenas responder. Quer ser meu namorado?”

Naquele instante não consegui controlar minhas lagrimas que escorreram por meu rosto. Meus lábios se curvaram em um sorriso exagerado que cabia muito bem ao momento e com as mãos ainda tremulas tomei meu celular que havia caído ao meu lado no colchão e digitei aquela simples palavras que mudaria minha vida a partir daquele instante. Uma palavra tão simples e pequena que havia feito daquele dia o melhor de toda a minha vida.

“Sim.”

Mandei e comecei a pular sentado no colchão totalmente feliz.

Como SeHun podia ser tão perfeito, carinhoso, fofo, lindo e romântico? Como ele podia ter tantas qualidades?

“Imagine como se eu estivesse te beijando, como se eu estivesse te abraçando forte e depois sussurrando ‘eu te amo’ no seu ouvido.”

Senti um arrepio apenas lendo aquela frase.

SeHun era duas vezes perfeito, carinhoso, fofo, lindo e romântico.

“E imagine eu arranhando sua nuca enquanto você me beija, beijando seu pescoço enquanto você me abraça forte e depois de você sussurrar ‘eu te amo’ no meu ouvido eu sussurraria no seu ‘eu também te amo’.”

É, aquela seria uma nova fase.

A fase melosa e cheia de açúcar da minha vida.