Cena 01 – Bar Florence – Noite.
Clarice chegou ao estabelecimento usando um look preto. O decote chamava atenção de outros rapazes. Ela se dirigiu ao barman e viu Marcelo bebendo um drink. Estava tocando “The Scientist da banda Coldplay”.
- É... Esse lugar parece legal. Tem um clima bacana. Gostei! – Disse Clarice.
- Gostou? – Questiona Marcelo.
- Muito. Até a trilha sonora está incrível! – Respondeu Clarice pegando um drink com o barman.
- O Dr. Nelson costuma dizer que não ligo para a empresa dele, mal sabe ele que posso viver muito bem sem ele, sou sócio do Florence! – Disse Marcelo.
- Sério? – Questiona Clarice. – Essa eu não esperava!
- Na verdade, acabei me tornando sócio há pouco tempo, não queria permanecer na empresa do meu pai muito tempo, mas ele quer que eu seja o substituto dele. – Contou Marcelo.
- É de se esperar, afinal, ele construiu aquilo tudo e o certo é que o filho continue o empreendimento. – Disse Clarice.
- Eu confesso que não sou tão bom quanto ele, não entendo muito bem da perfumaria, eu não criaria as minhas próprias essenciais. Isso seria frustrante! – Contou Marcelo.
- Alguém poderia criar para você! – Respondeu Clarice.
- Eu estou fazendo a minha parte, você acredita que a Empresa de Perfumaria Cabral não tem uma loja pessoal? É isso que eu quero implantar. Não quero ficar muito tempo lá, mas isso eu quero fazer. – Disse Marcelo.
- Eu fiquei sabendo desse projeto, eu apoio muito, afinal, será uma boa maneira de divulgar os produtos e não depender de outras lojas. O Dr. Nelson com certeza vai gostar bastante! – Disse Clarice.
- Às vezes não entendo a cabeça do meu pai! – Contou Marcelo. – Enfim, não te chamei aqui para conversamos sobre trabalho e sim para nos divertir!
- Por mim tudo bem! – Disse Clarice.
Cena 02 – Hospital – Noite.
Melissa é levada pela equipe médica para a sala cirúrgica. João é o médico de plantão e fica diante dos pais da paciente.
- Eu quero falar com um médico sobre o estado da minha filha, sou mãe da Melissa Cabral! – Disse Geovana.
- Tudo bem! Eu sou o médico que atendeu a sua filha! – Disse João.
- Você não entendeu? Eu quero falar com um médico! – Disse Geovana.
- Geovana, por favor! Como está a minha filha doutor? – Pergunta Nelson.
- A paciente está sendo levada para a sala de cirurgia. Ainda não sabemos o estado da gravidade, mas faremos de tudo para que ela fique bem! – Disse João.
- Eu quero falar com o médico que vai fazer a cirurgia da minha filha! – Continuou Geovana.
- A senhora está falando com ele! – Disse João.
- Não, eu não admito que você se atreva a fazer uma coisa dessas. Eu quero um médico de verdade! – Disse Geovana.
- O que a senhora quer dizer? – Questiona João.
- Olha para você rapaz, desde quando você é médico? Eu vou exigir a transferência da minha filha desse lugar. – Disse Geovana.
João permaneceu calado com a atitude da mulher. Nelson olhou horrorizado para a esposa.
- Geovana, é melhor você ir embora daqui, eu não vou te defender dos seus próprios atos. – Disse Nelson.
- Eu só quero um médico de verdade que salve a minha filha! – Disse Geovana.
Nelson ignorou a esposa e voltou para o médico João.
- Doutor João! Eu peço mil desculpas pelas atitudes da minha esposa. Ela não sabe o que diz. Se o senhor que é responsável pela cirurgia que vá salvar a minha filha, por favor, traga boas notícias. – Pediu Nelson.
- Tudo bem. Eu tenho que ir agora! – Disse João saindo. Nelson vira-se para a esposa indignado.
- Você me envergonha! – Disse o empresário.
Cena 03 – Apartamento de Clara – Quarto – Noite.
Clara está lendo um livro enquanto está deitada sem sua cama. Ela guarda sob a cabeceira e sai da cama para dar uma espiada através da janela. Tocando ao fundo “From This Moment”.
- Meu Deus! Será que algum dia eu conseguirei ser feliz? – Questiona Clara.
Ela enxuga as lágrimas, apaga a luz e deita-se na cama para dormir.
Cena 04 – Hospital – Dia.
Marcelo chega acompanhado de Clarice. Nelson não entende, mas abraça o filho.
- Como está a Melissa? – Pergunta Marcelo preocupado.
- Ainda não temos notícias da Melissa. – Disse Nelson.
Clarice olhou para Geovana que parecia inquieta no sofá da sala de espera.
- Eu estava com a Clarice quando recebi a notícia! – Disse Marcelo antes de o pai fazer outra pergunta.
- Assim que soubemos do acontecido, corremos logo para aqui! – Contou Clarice.
- Marcelo, já que chegou eu vou tomar um café aqui perto. Fique de olho na sua mãe que ela já causou muito por hoje! – Disse Nelson saindo.
- Precisando de alguma ajuda dona Geovana? – Pergunta Clarice tentando interagir com a mãe de Marcelo.
- Não está tudo bem, a minha filha está numa sala de cirurgia e sendo atendida por um médico de cor. – Disse Geovana.
- O que a senhora disse? Eu não acredito no que estou ouvindo. – Disse Marcelo.
- Eu não gostei do médico. Eu acredito que ele não seja capacitado. – Disse Geovana.
Clarice olhou para Marcelo após aquela cena. O médico João acabara de chegar naquele momento. Geovana encarou o médico.
- Tudo bem doutor? – Pergunta Marcelo.
- O senhor é parente da Melissa? – Pergunta João.
- Eu sou o irmão dela e como ela está? – Pergunta Marcelo.
- A Melissa está se recuperando e acredito que logo mais a família poderá vê-la. – Disse João que olhou rapidamente para Clarice como se tivesse conhecendo de algum lugar.
- Obrigado por ter salvado a Melissa! – Disse Marcelo.
- Eu fiz o que pude e Deus também teve uma grande participação, agora é esperar ela se recuperar. – Disse João olhando para Geovana e logo se retirou.
Cena 05 – Mansão Cabral – Sala – Dia.
Geovana chega acompanhada do filho Marcelo. Ele se mostra decepcionado com as atitudes da mãe.
- Eu fiquei pensando bastante depois daquela cena que vi hoje mais cedo. Como a senhora pode ter sido tão preconceituosa? – Pergunta Marcelo.
- Eu tenho todo o direito de não gostar de uma pessoa e eu não gostei do médico que atendeu a minha filha. – Disse Geovana.
- A Melissa está bem. O médico que atendeu a Melissa por sinal, é bastante competente e nada justifica o preconceito que a senhora tem mostrado ter. – Disse Marcelo.
- Eu só quero o melhor para a minha filha e ninguém vai mudar a minha opinião! – Disse Geovana.
- Eu não vou falar sobre isso aqui dentro de casa em respeito à Antônia. O que a senhora fez hoje foi muito errado e é melhor rezar para que não seja denunciada. Eu não vou defendê-la mesmo sendo a minha mãe! – Disse Marcelo subindo as escadas.
- Agora estão todos contra mim! – Resmungou Geovana.
Cena 06 – Hospital – Dia.
Nelson leva um café para Clarice que recebe com um sorriso.
- Obrigada! – Disse ela.
- Eu não sabia que conhecia o meu filho! – Comentou Nelson.
- Conversávamos durante a noite no Florence. Ele tinha me visto na Empresa e acabou me reconhecendo. – Contou Clarice.
- Obrigado pela força, Clarice! – Agradeceu Nelson.
João acabara de sair sem o jaleco e fora abordado por Nelson.
- Tudo bem doutor? Podemos conversar um minuto? – Pergunta Nelson.
- Tudo bem! – Disse João.
Os dois saíram do hospital para falarem a sós.
- Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas pelas atitudes de minha esposa. Ela perdeu a cabeça e disse todas aquelas coisas. – Disse Nelson.
- Ela poderia ter sido presa, eu espero que ela saiba que racismo é crime. Eu nada tenho contra o senhor, eu poderia denunciá-la, mas agora eu só quero descansar e ir para a minha casa. – Disse João.
- Mais uma vez, mil desculpas por tudo! – Pediu Nelson.
- Está tudo bem! – Disse João saindo em direção ao estacionamento.
Cena 07 – Apartamento de Oscar e João – Dia.
João abre a porta do apartamento e encontra o marido fazendo faxina. Oscar está usando somente um avental e uma cueca.
- Bom dia meu amor! – Disse Oscar beijando rapidamente os lábios do esposo.
- Bom dia! Esse plantão foi bastante puxado e eu só quero dormir agora. – Disse João.
- O que aconteceu? – Perguntou Oscar ao perceber algo estranho no marido.
- Aconteceu que a mãe de uma paciente começou a ter um ataque de racismo e isso me chateou bastante. – Contou João.
- Credo! E você denunciou essa cretina? – Perguntou Oscar.
- Eu preferi relevar dessa vez, a família já estava sofrendo com o problema da filha e eu só queria descansar. – Disse João.
- Da próxima vez, tem que denunciar porque esse tipo de crime não pode ficar impune. Aliás, todos os tipos de crimes devem ser julgados e punidos. – Disse Oscar.
- Realmente, o mundo seria bem melhor se isso acontecesse sempre! – Respondeu João.
- Eu vou preparar aquele banho. Eu só preciso de cinco minutos! – Disse Oscar.
João começou a tirar a roupa e quando chegou ao banheiro viu a banheira já cheia de água e cheia de espumas.
- Eu amo você! – Disse João.
- Eu também amo você e agora é só você entrar. – Disse Oscar.
João entrou na banheira e Oscar começou a esfregar as costas do marido.
Cena 08 – Hospital – Estacionamento.
Stela estaciona o carro e Nelson se aproxima. Ele abre a porta e entra ficando diante de sua sócia.
- Você sabe que estou do seu lado para o que der e vier! – Disse Stela.
Nelson e Stela se beijam. Clarice vê tudo de longe e fica surpresa com a descoberta.
- Como eu fui tonta em não desconfiar disso antes? – Questiona Clarice.
Stela liga o carro e sai acompanhada do empresário.
- Eu não suporto mais, eu juro que não consigo levar isso adiante! – Disse Nelson.
- E porque não dá um basta nessa situação? – Questiona Stela.
- Você sabe o porquê, Não queria deixar um centavo para a Geovana! – Disse Nelson.
- E se você abrir uma conta no exterior? Ninguém vai precisar saber disso. – Aconselhou Stela.
- Eu vou pensar mais um pouco, mas eu não quero mais manter esse casamento que tanto me faz mal! – Disse Nelson.
- Eu estou do seu lado meu amor! – Disse Stela.
Cena 09 – Empresa Cabral – Dia.
Murilo encontra Telma sozinha em seu posto de trabalho. Ele se aproxima da secretária para saber das novidades.
- Onde está todo mundo? – Pergunta Murilo.
- A filha do Dr. Nelson sofreu um acidente de carro. Clarice está no hospital para ajudar no que precisarem. – Contou Telma.
- Ninguém me disse nada! – Relatou Murilo.
- E desde quando você é da família? – Pergunta Telma.
- E o que a Clarice está fazendo lá? Até onde sei não é da família! – Disse Murilo.
- Ela é secretária pessoal do Dr. Nelson. Algum problema Murilo? – Questiona Telma.
- A Clarice não atende as minhas chamadas! – Disse o rapaz.
- Bem, não me pergunte nada, não sei nada sobre isso! – Disse Telma se retirando.
- Eu nunca que deveria ter trazido a Clarice para cá! – Pensou Murilo.
Cena 10 – Apartamento de Clara – Tarde.
Clara ouve a campainha e se apressa para abrir a porta. Assim que abre, fica diante de uma mulher.
- Olá! Eu sou a Cassandra! – Disse a mulher.
- Cassandra? – Questiona Clara sem entender. Ela então se lembra de quem se trata. – Ah, a senhora que é dona do apartamento?
- Com licença! – Disse Cassandra ao entrar.
Clara fechou a porta e não estava entendendo nada.
- Aconteceu alguma coisa dona Cassandra? – Pergunta Clara.
- Você é a Clara ou a Clarice? Eu sempre confundo essas coisas! – Questiona Cassandra.
- Clara! – Respondeu à gêmea.
- Muito bem, Clara! Desculpe a minha visita sem aviso prévio, mas é que perdi o contato de vocês e resolvi vir logo. – Disse Cassandra.
- Algum problema? – Pergunta Clara.
- Digamos que um pequeno problema. Infelizmente estou pedindo o imóvel de volta. Não é problema nenhum de pagamento, mas estou para fazer uma reforma e preciso que ele fique desocupado. – Disse Cassandra.
- A senhora quer que eu e minha irmã entregue o apartamento? – Questiona Clara.
- Exato! Vocês têm 30 dias para devolver o apartamento e não precisa pagar mais nada daqui em diante. – Afirmou Cassandra com um simpático sorriso.
Continua...
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