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História Atraídos. - Sonho e pesadelo


Escrita por: QueziaSouzaMG

Capítulo 38 - Sonho e pesadelo


Daniel:


Eu havia acabado de falar com o Henrique por vídeo chamada. Coisa que antes eu odiava fazer. Mas agora, qualquer oportunidade que eu tinha de vê-lo de alguma forma era bem vinda. 


Eles já tinham chegado ao hotel onde iriam ficar até o dia do show. Ele havia me dito que estava surpreso com o requinte do lugar. Nunca tinham ficado em um hotel tão incrível como aquele. E cada um com o próprio quarto. Pra quem já havia dormido no carro antes de se apresentarem isso era uma guinada surpreendente. 


Eu me sentia tão orgulhoso dele agora. Todos eles mereciam. 


Durante nossas conversas pós sexo, ele tinha me contado toda a trajetória do grupo nos últimos cinco anos. E na minha opinião era uma linda história... Um sonho realizado. 


Durante nossa ligação, dois dos rapazes entraram no quarto, fazendo uma algazarra danada. 


Se eu não me engano, eram Marcos e Alexandre, que segundo o Henrique, parecia que algo estava rolando entre eles. 


Depois disso ele se despediu de mim para dar atenção aos amigos. 


Volto a fazer meu trabalho, me reunindo com minha equipe que já estava a todo vapor preparando os vídeos que iriam promover a rede Fumagalli. Iríamos usar os melhores equipamentos para gravação e edição das imagens. 


Os modelos que seriam o rosto da campanha iriam gravar apenas daqui dois dias, mas todo o resto já deveria estar pronto para quando eles fossem inseridos nas cenas. 


Fora isso, eu também tinha que me inteirar dos meus outros clientes. Que também eram tão importantes quanto a Fumagalli para mim. 


Eu tinha projetos que já estavam em andamento, e teria que tomar muito cuidado para não diminuir a qualidade por causa de uma conta maior como a Fumagalli. 


Meu dia passa voando e mal tenho tempo para mais nada. 


— Daniel?- Minha assistente me chama da porta.- Seu pai está na linha dois. 


— Tudo bem. Obrigada. 


Ela fecha a porta e eu atendo a ligação, ainda tentando ler o último projeto em minhas mãos. 


— Alô? 


— Daniel, você virá pra casa hoje? 


— Sim, por que? 


— Eu preciso conversar com você. Faz tempo que não temos um tempo entre nós dois. 


"Desde que as fotos minhas com o Henrique foram publicadas."


Penso comigo mesmo. 


— É verdade. Faz tempo mesmo... 


— Então fica combinado. Te espero mais tarde. 


— Até... - antes que eu fale algo mais ele desliga. Isso foi rápido. Fico olhando pensativo para o aparelho em minha mão. 


O que será que ele quer? 


Meu pai não dá ponto sem nó. 


Mas logo tiro esses pensamentos da minha mente.


Minha última reunião do dia começaria daqui vinte minutos e eu precisava reler e me certificar de que cada detalhe do contrato estava nos conformes. 


O novo cliente queria fazer uma melhor divulgação sobre os trabalhos realizados em sua fazenda. Já faz alguns dias que estamos conversando e vendo detalhes sobre o projeto. Mas hoje seria a primeira reunião presencial dele aqui na agência. 


Leio com o máximo cuidado possível, afim de que não deixe passar nada errado e confirmo que está tudo certo. 


Me dirijo a sala de reuniões e minha equipe já havia deixado tudo pronto para mim.


Assim que me ajeito em minha cadeira, Adriana entra anunciando a chegada dele. 


— Daniel, esse é Gulf Kanawut Suppasit.


O sobrenome não me era estranho. 


Nos cumprimentamos e logo damos início a reunião. Ele era novo, mas apesar a pouca idade não o impedia de saber bem o que queria. Ele já tinha ideias formadas sobre a divulgação do trabalho que ele realizaria em sua fazenda. 


— A Recanto da paz, está entrando numa fase diferente agora. Depois que ganhamos vários títulos nacionais esse ano, nosso objetivo agora é nos tornarmos uma grande escola de treinamento hípico. Iremos começar do início. Se tudo der certo, ano que vem, depois das olimpíadas, terei comigo o melhor adestrador do país trabalhando em conjunto. E colocar ele como chamariz, trará muitos alunos pra fazenda. Pois ele é indiscutivelmente o melhor. 


— E esse adestrador, está ciente de que iremos precisar dele aqui, para os vídeos promocionais? 


— Estamos conversando sobre isso. - Gulf me dá um rápido sorriso, como se lembrasse de algo engraçado.- Sei quem pode convence-lo, então não será problema. 


— Bom, se você tem tanta certeza...


— Sim, eu tenho. 


— Certo. Mas então, por enquanto não podemos contar com ele para a divulgação? 


— Não. Apenas a partir do ano que vem. Atualmente ele é um atleta olímpico. O que por si só, já é um chamariz para que nossa escola hípica seja bem requisitada. 


— Mas nada se compara a uma boa divulgação na mídia. 


— Sim. Uma pessoa sempre me diz isso. Na verdade foi ele quem me indicou a sua agência. O Mew me disse que você era o melhor nessa área. 


— Mew Suppasit? 


— Ele mesmo. - eu sabia que já havia escutado aquele sobrenome. 


— É uma honra pra mim  um elogio  vindo dele. Vocês tem o mesmo sobrenome. São parentes? 


— Na verdade, é uma longa história. 


Ele não diz mais nada... Fico curioso mas  deixo passar. 


Ficamos mais um tempo falando dos detalhes da campanha. Gulf era realmente inteligente. Com ideias inovadoras que se conectavam com os planos do projeto. 


Seria fácil trabalhar com ele. 












Henrique:


Passamos a tarde toda ensaiando. O show seria amanhã, mas a passagem de som já estava quase completa. Amanhã faríamos de novo. 


Eu tinha a mesma opinião do Vinícius. A repetição era a fórmula da perfeição. Então aqui estávamos nós novamente repetindo todo o repertório, ao qual já sabíamos de cor. 


O que mais reclamava era o Felipe, mas mesmo assim, ninguém podia acusa-lo de não ser profissional. 


Nós estávamos ansiosos. Essa seria nossa primeira apresentação em um estádio. E segundo o Mário, os ingressos foram esgotados em poucas horas de venda. Isso era realmente surreal.


No intervalo do ensaio, nós não paramos de tirar fotos e gravar vídeos panorâmicos do estádio. O som dos gritos dos nossos fãs do lado de fora, podia ser ouvido quando a música dava uma pausa. Era uma loucura. 


Eu realmente ainda não acreditava que tudo isso era real. 


Ficamos mais um tempo ali e logo nossos carros já estavam nos aguardando para nos levar embora. 


A organização do evento, disponibilizou seguranças para cada um de nós. Mas mesmo assim foi meio assustador, quando passamos de carro e as pessoas se aglomeram ao nosso redor. 


Nosso carro ficou parado sem poder sair no meio de toda aquela multidão. 


Pessoas começaram a bater no carro. 


Quando alguém tentou forçar a porta do meublado, meu medo aumentou.  Marcos segura minha mão e me diz para ficar calmo. O segurança falou algo no rádio e poucos minutos depois as pessoas começaram a serem dispersadas por vários homens vestidos de preto. 


O vidro do carro era fumê bem escuro, então sei que eles não nos viam do lado de fora. Mas eu conseguia vê-los com clareza. O grupo eram em sua maioria homens uniformizados com a camisa de um time de futebol. 


Eles estavam enlouquecidos e pareciam realmente raivosos. 


A gritaria era tanta que eu não entendia o que eles estavam dizendo. Mas a fúria era visível. 


Quando consigo ler o que as placas erguidas diziam meu coração se afundou. 


Os gritos que eu escutara antes não eram de fãs afinal... 


Eu queria me enfiar embaixo da terra e me esconder do mundo. Claro que isso iria acontecer. Eu sabia disso... Eu sempre soube. 


" BICHAS NÃO SÃO ACEITAS AQUI"


"VIADOS APENAS NA CASA DOS BAMBIS"


" ESTÁDIO DE FUTEBOL É LUGAR DE HOMEM, NAO DE VIADINHO"


E muitos outros ainda piores que desisti de ler. 


— Não ligue pra isso ok? - Marcos me diz ainda segurando minha mão. - Esse tipo de atitude é coisa de pessoas doentes. 


— Isso pode prejudicar vocês Marcos, me desculpe. Por favor me desculpe. 


Eu não percebi quando comecei a chorar. Eu tinha certeza de que aquilo seria noticiado em algum jornal. Minha mãe veria isso. 


Ela sofreria e o Gabriel também. Meus amigos estariam envolvidos nesse inferno por minha culpa. 


Eu sempre soube que isso aconteceria. 


— Nunca se desculpe por ser quem você é. - Marcos diz, me puxando para mais perto dele e coloco minha cabeça em seu ombro. As lágrimas não paravam. - Quem deveria se envergonhar são eles. Não você... Nunca você. 










Gabriel:


Meu celular não parava de receber notificações. Foi uma atrás da outra. Eu seguia várias fanbases da BLACKROSE, e as que eu mais gostava, ativei as notificações. 


Eu estava terminando um teste químico, e precisaria esperar alguns minutos pelo resultado. Então pego o celular e me surpreendo quando vejo em tempo real o que estava acontecendo do lado de fora do estádio onde os meninos iriam se apresentar amanhã. 


Entro em desespero ao ver toda aquela gente empurrando os carros, gritando obscenidades e mesmo com os seguranças tentando afasta-las, eu ainda prendo a respiração ao ver o quão perigoso era toda aquela situação. 


Eu fico estático, sem conseguir desviar os olhos daquele vídeo sendo transmitido ao vivo. 


Henrique... Por favor fique bem. Deus por favor, faça com que todos fiquem bem.


— No celular, em pleno horário de trabalho?


Levanto os olhos e mal escuto o que ele diz. Sinto meu corpo tremendo e volto a olhar meu celular sem responde-lo. 


— A sua falta de respeito realmente me surpreende as vezes sabia? Gabriel? Eu estou falando com você. 


— Eu... Eu preciso ir... - digo querendo ir pra casa. Com certeza minha mãe estaria vendo isso também. Ignoro o Leandro completamente e tento ligar para o Henrique. 


— O que houve? - Olho para o Leandro e a expressão cínica em seu rosto foi substituída por preocupação. - O que aconteceu? Você está branco que nem papel. 


— Meu irmão... - o celular do Henrique apenas chamava. Decido ligar para o Mario


— O que houve com seu irmão? - Leandro pergunta e sinto sua mão em meu braço. 


— Eu não sei direito. Droga. Por que ninguém atende? - olho desesperado para meu celular. Tento procurar a página da fanbase novamente, mas no desespero não consigo achar. 


— Gabriel. - A voz de comando dele me faz olha-lo. - Se acalme. Respira. 


Os olhos dele presos aos meus, de certa forma me dão uma sensação de não estar só. 


Apesar do pavor me consumindo agora, eu não estava sozinho. 


— Eu só quero que ele esteja bem. 


Quando percebo estou aninhado nos braços dele. Tento, mas não consigo respirar calmamente. Sou abraçado de volta e fecho meus olhos implorando a Deus que tudo esteja bem com meu irmão e meus amigos. 


— Vai ficar tudo bem... Agora se acalme e me diga o que está acontecendo... 


Antes que eu possa responde-lo meu celular começa a tocar. 


— Mario? Todo mundo está bem? O Henrique? 


— Tá todo mundo bem! Foi apenas um susto. Fique tranquilo tá bom? 


— Por que o Henrique não atende o celular? 


— Ele está um pouco abalado, mas está bem. Eu prometo. 


— A mamãe... 


— Eu já falei com ela. Mas se você puder ir pra casa... Ela ficou bastante nervosa. 


— Ok. Estou indo já. 


— Eu ligo de novo mais tarde. E peço pro Henrique retornar a ligação assim que der. 


— Obrigado. 


Desligo e percebo que os braços do Leandro ainda estão em volta de mim. 


Me afasto, me sentindo estranho com aquela proximidade. 


— Meu irmão teve um problema e eu preciso ir pra casa... Minha mãe está sozinha e eu... 


— Tudo bem. 


— Tudo bem? - o que estava errado com ele? 


— Só espero que você esteja aqui amanhã no horário certo. E me avise sobre o seu irmão. 


Ele diz isso e sai. Me deixando mais perdido ainda com aquela atitude.





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