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História Através da Estrada. - Somewhere in Time.


Escrita por: GiovannaPotter

Notas do Autor


Eu sei, eu demoro pra postar, mas esse capítulo requeria muito a minha atenção, além do fato da escola não estar sendo fácil. Mas enfim, espero que gostem dessa retrospectiva da Clara.

Capítulo 6 - Somewhere in Time.


Fanfic / Fanfiction Através da Estrada. - Somewhere in Time.

Pensei por um segundo no que diria, mas a verdade sempre deve prevalecer.

- Chocolate. - disse normalmente. - Servido?

Hélio me olhava como se os seus dois olhos fossem saltar de seu rosto e fazerem uma fogueira no local da queda.

- Mas que merda, Clara? Me dê isso! O Dr. foi bem específico no quesito dieta, nada de doces,  nada de muitos carboidratos... Quem foi que te deu isso? Alguma enfermeira com pena?  - ele quase gritava.

Com essa última palavra, não pude me conter.

- Pena? O único que sente pena de mim é você, Hélio! É só chocolate! Eu comia antes de ser incapaz e vou continuar comendo depois de ser incapaz. Cabe a você cuidar dos médicos que vão me tratar, cabe a você deixar nosso apartamento em ordem e cabe a você me amar como eu te amo, mas cabe a mim e somente a mim decidir o que passa pela minha boca ou não!

- Clara, veja bem...

- Veja bem nada! Eu quero decidir alguma coisa, H! Deixe-me ao menos controlar a minha boca, já que nada mais do meu corpo é realmente só meu!

Ele ficou quieto, me olhando. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas não por tristeza, e sim por raiva. Raiva por me tratarem como se eu fosse uma tola, como se não entendesse nada de nutrição ou da minha condição. Eu sou jornalista, droga! Eu sei de muitas coisas que não se remetem apenas aos outros.

Um bombom tinha derretido em minha mão. Queria não ter que pedir para Hélio pegar algum papel para mim, então tentei disfarçar a sujeira, tarefa não bem feita, pois ele foi até o banheiro e voltou com lenços na mão.

- Ok. - ele disse me entregando o lenço. - Vou fingir que não vi você comendo isso. Não sou eu Clara, é a sua saúde. Só estou tentando fazer o melhor. Por favor, não desobedeça às nossas recomendações.

Dizendo isso, ele saiu do quarto de cabeça erguida. Sentia-me muda, pois pelo que vi, ele não me ouvira, nenhuma palavra sequer.

Comi o resto dos bombons e joguei a caixa contra a parede, só para tentar ficar mais calma. Não funcionou.

Hélio, por muitas vezes, podia ser um homem carinhoso, inteligente, generoso, mas nem sempre seu ego e sua liderança podem ser controlados.

Lembro-me bem do dia que o vi pela primeira vez. Tinha acabado de sofrer por uma desilusão amorosa de adolescente, mas era o primeiro dia da faculdade, tinha que esquecer. Uma vida longa e grandiosa estava em minha frente.                         

* FLASHBACK ON*

Depois de um longo caminho de metrô, consigo sentir o cheiro da vitória por chegar na universidade. Talvez o cheiro seja de cocô, suspeito que tenha pisado em alguma coisa no caminho, mas isso não vem ao caso. O caso é que, agora, mais do que nunca, sinto-me pronta para viver de verdade.

Estou parada na frente do portão principal de uma faculdade onde há pessoas de humanas, exatas e biológicas estudando e convivendo em harmonia. Meu Deus, esse lugar é gigante. Fico petrificada, não sei nem para onde ir.

- Posso ajudar a novata? - sinto alguém tocando no meu ombro, me libertando do transe.

Viro-me rapidamente e acabo batendo algumas mechas do meu cabelo no moço que me oferecia ajuda e... Uau, que moço bonito.

- Meu Deus, me desculpe! Tenho que cortar meu cabelo...

- Tudo bem, não deveria ter chegado assim, devo ter te assustado.

- Não, não, tudo bem, você pode chegar assim. Não, calma, você não pode chegar assim. Pera, eu estou meio nervosa, quero dizer que você pode chegar até mim mas só repare, se eu estiver parada do jeito que eu estava, significa que estou em transe. - boa, Clara! Fala mais! Espantar as pessoas é o seu forte!

Tentei dar uma risadinha para parecer fofa, mas será que ele achou que eu tenho asma?

- Ãn, ok. - ele sorria. Nossa, como ele deve me achar louca, já estraguei tudo.

- Desculpe, eu sei que eu pareço ser meio estranha, é que é o meu primeiro dia depois do trote, eu não conheço muita coisa.

- Tudo bem, eu gostei de você. - ele era tão "bonequinho". Seu cabelo era louro, seus olhos eram claros. Ele era forte, que sonho... - Meu nome é Hélio, estou no meu terceiro ano de medicina, mas posso te ajudar a encontrar suas classes.

- Nossa, muito obrigada Hélio, meu nome é Clara, primeiro ano de jornalismo. - ao dizer o meu curso, pude compreender um pouco de decepção em seu rosto, talvez por não estar cursando medicina como ele. Mas logo ele abriu novamente seu sorriso brilhante e me ajudou com os horários e salas.

4 ANOS DEPOIS.

- Hélio, eu entendo que você esteja ocupado com o trabalho, mas eu também estou cheia de coisas para fazer e arranjo um tempo para te ver.

- Luz da minha vida, - mesmo pelo telefone conseguia perceber um tom de irritação em sua voz. -  Se você quer ir ao bar com nossos amigos, não vejo problema! Eu estou tentando garantir meu futuro nesse hospital! Você sabe que ele é meu sonho! E, convenhamos, eu estou trabalhando, você apenas está escrevendo.

- Nossa, eu odeio quando você fala assim, como se fosse fácil! É o meu último ano de jornalismo, Hélio!

- Ok, Clara, não quero brigar. Eu te amo, aguenta só mais um dia, ok? Amanhã eu tenho folga e corro pra te ver. Tenho que ir, chegou uma ambulância.

- Ok, eu te... - nem deu tempo de terminar a frase, ele já havia desligado o telefone. Sinto tanto a falta dele, seu cheiro, seu toque... Mas eu entendo, ser médico não é para qualquer um. Eu não conseguiria.

UM MÊS DEPOIS.

- Então é com isso que você anda tão ocupado? Com essa garota? Qual o nome dela? Ela também é médica? Melhor do que uma aspirante a jornalista, né? - tinha que me lembrar que estamos no apartamento dele, para não quebrar nada em sua cabeça, já que teria que pagar depois.

- Clara, pelo amor de Deus, dá pra parar de ser tão paranoica? Eu não te traí com a minha colega, mas você me deixa sufocado demais, as vezes eu até penso em...

- Ah, então a culpa é minha? Você fica de paquerinha com suas coleguinhas e a culpa é minha por achar estranho?

- Eu não disse isso! Você sabe que eu não tenho tempo nem para mim, quanto mais para namoricos no trabalho! E você sabe também que eu te amo e é isso que importa! Não preciso de mais ninguém.

Depois de alguns minutos quietos, comecei a chorar e H me acolheu em seus braços.

- Me desculpa, eu sei que você não faria isso. Mas você passa tanto tempo longe, eu tive medo.

- Você não precisa sentir medo. Você é a única, amor.

HÁ UM ANO.

Hoje, tenho que agradecer à Deus com muita, muita devoção. Finalmente, depois de semanas, vou sir com Hélio como um verdadeiro casal.

Não sou muito "frufru" com minhas vestes ou com maquiagem, mas concordamos que essa noite deve ser especial, então até coloquei um vestido de festa preto, acima do joelho, um salto também preto e um colar dourado (que ganhei de H de presente de um ano de namoro). Mexi bastante no meu cabelo até decidir em deixa-lo solto.

Já na maquiagem, um batom vermelho, lápis de olho e rímel. Pronta. Estava pronta.

Como combinado, H passou no meu apartamento às 19:00, para chegarmos às 20:00 no restaurante.

Ele também estava bem arrumado, usava um terno preto e uma camisa social lilás. Seu cabelo naturalmente bagunçado estava um pouco mais arrumado hoje.

- Meu Deus, você está linda. - ele me fitava, sorrindo no carro.

- Você também.

Beijei-o antes dele começar a dirigir e nos levar para o restaurante.

(...)

Já sentados, reparava no local, com iluminação baixa, um pianista no centro, uma decoração muito chique e tudo muito bonito. Também conseguia imaginar as boas notas que Hélio iria pagar.

- Amor, precisava ser um lugar tão caro? Quero dividir a conta com você mas... -  ele não me deixou terminar.

- Querida, eu vou pagar a conta hoje, não se preocupe.

- Mas eu não aceito isso!

- Clara. Apenas deixe eu te fazer um agrado...

Precisava ser um agrado tão caro? Ele sabia que u me sinto mal quando vou à lugares tão caros, já que economizo o máximo do meu pagamento para outros bens.

Tentei ignorar, já que ele fazia tanta questão. Não queria estragar a noite.

A comida era maravilhosa, entendia porque o local tinha preços tão salgados. Então chegou a sobremesa.

Era aquela bola de chocolate que vem com garçom e tudo. O moço serviu apenas a mim.

- Ué, e para você? - pergunte a H.

- Bem, hoje é especial para você.

O garçom então começou a jogar a cauda de chocolate por cima da bola, aquilo derretia, derretia, até, no lugar do sorvete, haver uma caixa transparente.

Mesmo com o chocolate por cima da caixa, dava para ver seu conteúdo. Logo, H estava de joelhos ao meu lado.

- Clara, aceita se casar comigo?

*FLASHBACK OFF*

Confesso, sinto falta das partes boas de Hélio. Ele costumava me ouvir mais. Não que eu não soubesse desde o início sobre seu jeito difícil de ser, mas depois de algum tempo, fica cada vez mais difícil vê-lo como o cara bonito da faculdade que ajudou uma garota qualquer no seu primeiro dia de aula.

Mas isso não muda alguns fatos. Não faz com que ele tenha sempre o controle das coisas, mesmo que impulsivamente. Ele que decide quando terminamos uma briga, ele que decide o que é mais difícil, ele quem decide até se meus textos estão bons ou não de acordo com sua opinião.

Ok, Clara, tente não pensar em todos os pontos negativos dele só porque você acabou de brigar. Lembre-se do cara meigo e carinhoso que está cuidando de você.

Mas é tão difícil esquecer. Sinto até medo.  

 Medo de que ele só veja a mulher que eu costumava ser? Uma mulher que já não pode mais existir?

Em algum lugar eu sei que o casal de anos atrás ainda está vivo, mas temo que seja apenas em algum lugar do passado.


Notas Finais


E então? Gostaram de saber um pouco mais sobre a Clara e o Hélio?


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