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História Através dos Olhos - O chamado Malfoy


Escrita por: AquilaGMalfoy

Notas do Autor


Olá, leitoras! Tudo bem com vocês?

Vim trazer mais um capítulo, bem fresquinho, acabou de sair da produção.
Por favor, comentem o que acharam, estou louca para ter o retorno da história.

Juro solenemente, não fazer nada de bom!

Capítulo 5 - O chamado Malfoy


P.O.V Hermione Granger

 

Entrei na minha sala furiosa, andando de forma rápida, com os olhos fechados e contando números primos na tentativa de me manter sã. Sentia a minha garganta fechando e um grito ameaçar sair de dentro de mim, amaldiçoando o Ronald e todas as suas gerações futuras.

Controlei-me por estar no meu local de trabalho!

Já bastava o meu atraso, o meu status de desastrada ao esbarrar em Malfoy e a pequena humilhação que o idiota ruivo me fez passar. Não poderia ser taxada de descontrolada no Ministério da Magia, o meu local de trabalho e pequeno santuário, onde todos os meus problemas ficavam para segundo plano e eu conseguia forças para encarar o dia com leveza de espírito. Todas as questões pessoais deveriam ficar fora daquele local e, se dependesse de mim, iria ignorar o acontecimento até o horário em que acabava o meu expediente.

— Controle-se, Granger! Tudo vai dar certo, só precisa focar no trabalho. — Murmurei para mim mesma, selecionando uma pasta que fala sobre centauros.

Em pouco menos de cinco minutos de leitura, ouvi a porta da minha sala ser aberta em um estrondo, de modo que eu me preparasse mentalmente para um diálogo enfadonho. Era impossível que Agatha entrasse daquele modo, minha secretária era tão organizada como eu, entrava quando era solicitada, pedia permissão para falar, não atrapalhava meu trabalho e jamais gritava. Ser desastrada era algo que não condizia com sua personalidade, isso e bater portas com força contra uma parede.

Ao elevar os olhos, de forma lenta de meu papel, tive a confirmação de minhas suspeitas. Haviam momentos que eu detestava estar correta e, pela segunda vez naquele dia, consegui vivenciar um desses instantes. O primeiro foi quando tive a confirmação de que a pessoa que eu esbarrei no corredor foi Draco Malfoy, uma das últimas pessoas do mundo que eu queria ter um contato tão desleixado e, naquele instante, o meu segundo marco estava me fuzilando na entrada do escritório.

Ronald nunca foi o exemplo perfeito da boa sexualidade, ele era atraente de seu modo, bonito aos olhos de qualquer pessoa, no entanto algumas posturas e feições faziam com que ele se tornasse uma pessoa feia. Poder-se-ia dizer que o meu namorado passava a maior parte do tempo feito que bonito, o que causava, em alguns momentos, uma forte vontade de desviar o olhar e não precisar ficar fitando as mil e umas caretas.

Os cabelos ruivos assanhados não passavam uma imagem sexy, demonstrava alguma espécie de desespero. A postura se encontrava curvada, como sempre, os olhos azuis me fuzilavam e as narinas dilatadas exalava o ar com força. Caso eu pudesse descrever Rony naquele momento em uma palavra, diria que seria fúria.

— Não quero brigar. — Aleguei rudemente, voltando minha atenção para os papéis sobre centauros.

— Mas eu quero!

— Dizem que quando um não quer brigar, dois não brigam. Então, seja o que for que você tem a dizer, fale logo e vá embora. Caso não tenha percebido, eu estou tentando trabalhar. — Desviei os olhos para os papéis, em uma demonstração explícita do que eu tinha para fazer.

— Não suporto quando você fica defendendo esses Comensais de merda, Hermione. — Ronald começou, delatando que ele entraria em seu assunto favorito: Desferir ofensas a pessoas que não estavam para se defender. — Principalmente aquela família ridícula.

Revirei os olhos demoradamente para a fala de Rony, pegando um outro arquivo de criaturas mágicas, abrindo os papéis em sua frente para me dedicar a leitura. Recusava-me a entrar em uma briga ridícula com o Weasley, eu era uma mulher, agia como uma, tinha a responsabilidade de uma e por esse motivo não iria agir como criança. Se o idiota queria se rebaixar ao nível de primeiro ano em Hogwarts, ele iria fazer isso sozinho.

Comecei a preencher um documento, ouvindo a voz de Rony ao fundo, que ainda não havia percebido que eu não prestava atenção no que ele falava. A melhor parte de o ignorar era, definitivamente, o fato dele demorar séculos para perceber que não estava sendo levado a sério. Aquilo transformava a atividade em algo engraçado, forçando a pessoa que estava empenhada na tarefa de ignorar observar atentamente como a cena era cômica.

O único problema daquele ato era que, havia sempre o momento em que ele percebia que estava passando pelo papel de ridículo.

— Olhe para mim, Hermione! Eu estou falando com você. — E aquele momento havia chegado, o que exigia de mim muita paciência.

— E eu estou ouvindo, Rony.

— Não está coisa nenhuma. — Revirei os olhos novamente, ao passo que observo os olhos azuis em minha frente se arregalarem. — Se você realmente está se importando com nossa conversa, qual foi a última coisa que eu disse?

— Rony, isso é tudo menos uma conversa. Você está gritando e eu tentando me concentrar nos relatórios. Acho melhor voltarmos aos nossos respectivos trabalhos e quando terminar podemos conversar na minha casa.

— Hoje irei beber com alguns amigos do trabalho.

Senti-me indignada ao ouvir aquilo. O imbecil sempre se dizia ocupado para mim e, agora que queria brigar, mostrava-se necessitado de fazer isso no trabalho porque iria sair com os amigos durante a noite? Era um dos maiores absurdos que eu foi obrigada ao ouvir naquele fatídico dia.

— Então conversamos quando você puder. Talvez eu marque na minha agenda um dia e um horário, vai estar escrito “brigar com Ronald”.

— Você está me irritando, Hermione.

— E você por acaso não está me irritando, não? — Dei de ombros, voltando a ler o que estava escrito nos papéis sobre centauros. — Por mais que eu desejasse não ter escutado o que você disse, eu ouvi tudo.

— Então o que foi que eu falei, Hermione?

— Blá, blá, blá, Comensais da Morte, mais blá, blá, bla, Malfoys e outra série de coisas. — Soltei um imenso suspiro, decidida a fitar o meu namorado. — Não foi preciso prestar muita atenção, Rony, é sempre a mesma crítica. Você sempre fala dos malditos Comensais e me trucida por eu ter defendido Draco Malfoy no julgamento, parece que você é alguma espécie de fita arranhada.

— Já se passaram quarto anos, Rony, vê se supera a minha defesa em relação a Malfoy.

— Não vou superar, Hermione, sabe por quê? — Arquei a sobrancelha em sinal de dúvida, observando calmamente as bochechas de Rony se tornarem mais avermelhadas. — Porque está mais presente do que eu imaginei.

— Do que você está falando?

— Disseram que você estava falando com Draco Malfoy antes de entrar para a reunião, e que por isso se atrasou. — Levei minhas mãos à cabeça, massageando as minhas têmporas. — Não vejo motivos para você ficar de conversinha com ele, há apenas diferenças entre vocês. Tudo bem, ele é o rapaz bonito, mas eu sou seu namorado e ele é um Comensal.

E aquele era o problema real: A insegurança de Ronald era maior que o próprio mundo.

Houveram diversas crises de ciúmes no decorrer do nosso relacionamento, começou na caça às horcruxes, quando ele acreditou que o Harry e eu tínhamos algum tipo de relação às escondidas. Quando assumimos o relacionamento a situação apenas piorou, tiveram surtos por causa de Krum, uma discussão terrível motivada por Córmaco McLaggen, outra por causa de Dino Thomas, e diversas outras por causa de rapazes que eu dava bom-dia.

Aparentemente, o novo alvo dos ciúmes de Rony era Malfoy.

Posso ter demorado mais que o normal observando a beleza de Malfoy, porém eu jamais trairia o Ronald, por pior que o relacionamento estivesse. Havia respeito pela relação, ao menos de minha parte, e eu estava disposta a manter minha promessa de fidelidade até onde o relacionamento fosse. Caso eu sentisse que estava me desapaixonando, seria a primeira a terminar, coisa que eu já vinha cogitando há um tempo.

A princípio, quando éramos mais novos e eu estava no auge de minha paixão, os ciúmes eram bonitos e cativantes. Agora, no entanto, tudo se tornou desgastante e sem sentido.

— Não me venha criticar minha pequena conversa com, Malfoy. Que aliás, não houve nenhuma conversa.

— Disseram-me que você estava muito próxima dele, Hermione. — Rony se queixou, batendo os pés no chão e olhando para baixo. — Quase se beijando.

— Vou dizer o que aconteceu, só para encerramos esse assunto que já está me dando dor de cabeça. — Levantei-me da mesa, fazendo o caminho até estar de frente para o meu namorado. — Eu esbarrei com Malfoy enquanto conferia a minha varinha, quase levava uma queda, porém ele me segurou. Quando me levantei agradeci por ele ter me ajudado, pedi desculpas e seguimos os nossos respectivos caminhos.

— Tinha uma legimente no meio, ela disse que ele estava pensando em...

— Chega! — Os meus olhos fitaram os dele com intensidade e fúria. — Não vou mais admitir uma única palavra sobre esse assunto, Ronald. Caso queira acreditar em uma legimente, acredite, porém eu te garanto apenas que eu não falei nada com Malfoy além de breves palavras.

— Vamos parar de discutir, eu te perdoo, Hermione. — Foi impossível a minha boca não se abrir com aquele comentário, causando-me uma revolta maior que o esperado.

Como Ronald ousava insinuar que eu estava errada? O que foi que fez com que ele achasse que eu estava me desculpando? Ele havia realmente ouvido o que eu falei? Será que em algum lugar da mente deturpada dele Malfoy e eu estávamos de fato em algum contato romântico?

E o principal, ele realmente acreditava que eu me importava para as diversas crises de ciúmes que ele tinha?

 Naquele momento não o enxerguei em minha frente, a raiva me consumiu ao ponto de olhar para Ronald e não discernir o seu rosto. Minha visão estava desfocada, o único ponto nítido era a jugular do seu pescoço pulsando, chamando-me para ser estourada para que pudesse jorrar todo o sangue, tirado a infeliz vida daquele babaca. Era como se tudo ao redor tivesse desaparecido, sendo preenchido apenas com o meu ódio que estava se mostrando cada vez mais mortal.

Caso ele fizesse outro comentário idiota, por menor que fosse, eu seria capaz de lançar uma maldição da morte em sua direção.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, como me atirar no pescoço dele para o estrangular, ouvi um bicado na janela. O pequeno som fez com que Rony escapasse do perigo, de modo que minha atenção pudesse ser desviada para outros fatores que não envolviam minha mais recente briga de casal. Não sei se ficava agradecida pela interrupção, que me controlou de fazer uma loucura, ou me irritava por não puder dar continuidade e mostrar para o otário ruivo que eu não tinha motivo algum para pedir desculpas.

— Tem uma coruja para você, Mione. — Como ele era cínico, depois de tudo o que ele falou teve coragem de agir como se nada tivesse acontecido, em uma serenidade que não tinha tamanho.

Um dia eu ainda matava Ronald Weasley.

— Eu sei! — Fui ríspida, ao passo que desviei meu caminho para abrir a janela.

Aquela coruja era diferente de todas que eu já vi, mostrando que era de alguma pessoa desconhecida. Minha curiosidade não foi atiçada, constantemente recebia correspondências de pessoas desconhecidas em relação aos trabalhos do Ministério, não obstante a ave foi responsável por atrair minha atenção de uma forma singular. Independentemente de quem tivesse enviado, era notório que não utilizou serviço de correspondência, bem como tinha excelentes condições financeiras para comprar um animal daquele porte.

Ela era tão negra quanto a noite, não se tinha como saber o término e o início das penas, era como se fosse a mais pura seda. Havia uma pequena crista no animal, assemelhando-a a uma águia, porém o bico era fino, dando a sensação de que ela era amigável. Um fato que fazia com que o animal seduzisse ainda mais, eram os olhos azuis que brilhavam em duas fendas iguais a safiras. Caso houvesse alguma espécie de classificação aristocrática entre as corujas, aquela em específico ganharia a posição da mais alta classe.

— Olá, amiguinha. — Aproximei-me da coruja, observando que ela tinha uma simples corrente folgada ao redor do pescoço, como se fosse um colar. — Você tem identificação, não é?

A corrente era fina, quase não era perceptível entre as penas do animal, porém o dourado chamativo delatava que o objeto era de ouro e extremamente caro. No centro do colar, do qual eu acreditava ser a nomenclatura mais adequada para algo tão delicado, havia um simples pingente trabalhado, exibindo o mesmo brasão gravado no selo que lacrava a carta. Não precisava de muito conhecimento em famílias bruxas para identificar a qual aquele símbolo de dois dragões pertencia.

O brasão Malfoy.

Poder-se-ia dizer que minha curiosidade foi atiçada naquele momento, de modo que eu desejasse me livrar do Ronald o mais rápido possível para ler aquela carta. Milhões de conjecturas eram formadas, desde algo simples sobre o ministério até algo mais denso, envolvendo uma trama trabalhada. Sabia que o conteúdo daquela mensagem era importante, caso contrário não estaria sendo contatada por pessoas tão distantes de minha vida como a família Malfoy. Não haviam muitas explicações para eu, Hermione Granger, estar recebendo um comunicado da família mais importante do mundo bruxo.

Mesmo sem as convenções de sangue em vigência, ainda era extraordinário um Malfoy querer contato com um nascido-trouxa, principalmente com a heroína de guerra.

— De quem é essa mensagem, Hermione? — Ronald me tirou dos pensamentos, atraindo minha atenção para as feições travadas do ruivo.

— Coisas de trabalho, Rony. Acredito que já tenhamos conversado o suficiente por hoje, aguardo-te amanhã durante o almoço para podermos dialogar de forma civilizada acerca de suas crises de ciúmes. — Definitivamente, eu estava nervosa, ele perceberia esse meu nervosismo com facilidade. A minha utilização de palavras rebuscadas sempre aparecia quando a ansiedade tomava conta de mim, e naquele momento eu estava à beira de ter uma crise de nervos.

— Alguém te mandou uma carta e eu quero saber, Hermione! — Ronald andou até mim, tentando pegar a carta que eu escondi prontamente atrás de minhas costas. — Você é minha namorada, deve compartilhar comigo tudo sobre sua vida.

— Já disse que é coisa de trabalho, Rony.

— Se é de trabalho, deixe-me ver. — Em um rápido impulso, Rony conseguiu arrancar a carta de minha mão.

Em poucos segundos, o rosto de Rony adquiriu diversas colorações, passando do branco para o bege, vermelho, rosa, roxo, verde, vermelho novamente, branco e vermelho. Suas expressões faciais estavam retorcidas, mais do que o normal, os globos oculares pareciam que iriam pular para fora dos olhos, enquanto as pálpebras eram piscadas diversas vezes. O espanto era notório, e a prova disso era que ele não começou a gritar comigo, principalmente depois que conseguiu abrir a carta para ler o conteúdo.

Assustei-me com o olhar dele vagando pelas linhas, percorrendo o conteúdo e expressando um misto de diversas emoções. Aquelas reações deveriam ser minhas, a carta veio para mim e Ronald não deveria roubar o posto designado a mim por... bem, por um dos Malfoys.

Novamente, como em um passe de mágica, comecei a divagar sobre o conteúdo da carta, que ainda era um mistério para mim.

Haviam três Malfoys, cada um era mais improvável que o outro, dependendo de qual fosse um leque de possibilidades era aberto. Não tinha nenhum assunto para tratar com a matriarca Malfoy, o patriarca ou o herdeiro deles. De todos, talvez, o que ainda tinha algum tipo de relação comigo era o filho, que passou anos de sua vida me atormentando, do qual eu livrei da prisão com um depoimento favorável e que poderia ter alguma dívida de gratidão com a minha pessoa.

Narcisa Malfoy era quase impossível! Todos sabiam que depois da guerra a mulher se isolou, passou um tempo morando na Londres Trouxa, com o filho e o marido, auxiliando no período em que o herdeiro Malfoy estava cumprindo pena. No entanto, no instante que retornou para a parte bruxo, isolou-se na nova Malfoy Manor, que, por incrível que pareça se localizava na divisa entre os dois mundos. A Sra. Malfoy nunca mais foi vista por ninguém além de seus familiares.

Definitivamente, a matriarca Malfoy não estava me enviando uma mensagem para convocar um chá da tarde.

Havia, dentro dessa história, a possibilidade de ser Draco Malfoy que estava me contatando. Mesmo sendo algo quase absurdo, ele e eu havíamos nos cruzado no corredor, desde o julgamento dele não nos falamos, pelo o que eu me lembrava o herdeiro da tão renomada família nunca me agradeceu por ter o ajudado a se livrar de Azkaban. Poderia ser alguma rabiscagem rápida em um pedido de desculpas, ou diversas palavras escritas sem sentido que, ao serem lidas atentamente, poderia tirar delas uma conotação de gratidão.

Seria típico de Draco Malfoy escrever algo como: Sabe-tudo Granger, tive um sentimento próximo de felicidade quando você depôs ao meu favor, porém não precisava disso. Estava lidando com tudo muito bem, tinha certeza da minha inocência e não tive medo em nenhum momento, acredito que teria conseguido a atenuação de pena sem a sua intromissão. Da próxima vez que for se meter em assuntos alheios, comunique-se antes com a pessoa envolvida, evitará surpresas pouco convencionais.

De acordo com o meu dia estranho, poderia haver a possibilidade dele realmente solicitar desculpas ou me pedir para que o livrasse de alguma enrascada, como se fosse a minha obrigação estar sempre a sua disposição. Caso eu quisesse divagar ainda mais, sua educação refinada poderia exigir que ele me convidasse para jantar, algo reservado, que não atraísse muita atenção e ele pudesse expressar o quão grato e mexido estava com a minha aparição no tribunal.

Talvez a gente fosse para algum lugar trouxa, ele poderia soltar aquele sorriso molha calcinha, falar com a voz baixa perto de meu ouvido. Ignorar a existência de Ronald, como sempre fez desde a escola, e me chamar para um local ainda mais reservado ou inventaria alguma desculpas para ir ao meu apartamento. Então ele...

Eu tenho namorado, eu tenho namorado, eu tenho namorado.

Minha ideia foi por água abaixo ao me lembrar daquele fato, principalmente quando Rony era ciumento e havia lido a carta.

Caso Draco Malfoy estivesse escrito uma mísera linha, com certeza o Ministério ruiria com o tamanho do escândalo que ele teria feito.

Restava apenas, Lucius Malfoy. Definitivamente, aquele era o Malfoy que eu tinha mais medo e menos apreço, não tinham nenhum motivo para que ele quisesse tratar de assunto comigo. Aquela hipótese poderia ser descartada de prontidão, não merecendo ser nem mesmo especulada.

Talvez algum elfo doméstico tenha roubado o brasão e a coruja da família para me dar algum agradecimento. Ao que eu me lembrava, as leis que beneficiavam os elfos domésticos foram acatadas pelos Malfoys.

— Dei-me essa carta. — Puxei o pergaminho das mãos de Rony, permitindo-me passar os olhos pela caligrafia extremamente elegante.

Cara, Srta. Granger;

Provavelmente a senhorita se pergunta o motivo de estar recebendo essa curiosa carta. Acredite, também achei estranho estar te procurando, dentre tantas pessoas, estou buscando auxilio em uma das que mais humilhei e tentei prejudicar. Não obstante, a necessidade pede medidas drásticas.

Primeiramente, peço desculpas por tudo o que fiz no decorrer de sua trajetória da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, não fui uma boa pessoa com você. Expresso esse pedido de desculpas em nome de toda família Malfoy, nada do que possa ser feito irá compensar o meu arrependimento.

Não tem muito o que dizer em um papel, por esse motivo, peço que compareça em meu escritório na Malfoy Manor em qualquer dia ou horário. Esses últimos dias não me encontro ocupado, de modo que posso te receber a qualquer instante, principalmente relacionado a gravidade e ao tipo de ajuda que estarei te pedindo.

Digo-te apenas que o assunto será de seu extremo interesse.

Encarecidamente;

L. Malfoy.

— Puta merda. — Aquela foi a única frase que saiu de minha boca, e conseguia expressar exatamente o que eu senti ao terminar de ler a carta e descobrir sobre o seu autor.

De todos os Malfoys, aquele foi o mais inesperado, provando que aquele dia estava sendo exatamente o mais estranho de todos. Lucius Malfoy havia enviado uma carta para mim, Hermione Jean Granger.

Acreditava fielmente na mudança do Sr. Malfoy, ele havia contribuído com a Ordem no decorrer da guerra, cumpriu uma sentença justa expressa pelo Wizengamot, exilou-se na Londres Trouxa para acompanhar o filho, doava quantias significativas para a caridade e estava auxiliando o Ministério a localizar e prender os Comensais reminiscentes. Esses fatores era suficientes para saber que ele não comungava mais dos pensamentos do passado e que, caso tivesse a oportunidade, não iria continuar com os planos do seu Lorde das Trevas.

Apesar de todas essas minhas certezas, ainda soava estrando o patriarca Malfoy ter interesse em conversar comigo. Talvez expressar desculpas fosse algo ainda mais aceitável, a educação tradicional exigia que boas relações fossem mantidas, porém pedir a minha ajuda para algo era ainda mais surreal. Aparentemente, existia algo que apenas eu poderia fazer por eles, seja alguma interferência no Ministério ou a exploração de minhas capacidades mágicas.

Aquela carta, que não disse nada de concreto sobre o que eles precisavam de mim, atiçou a minha curiosidade ao máximo. E, não havia nada que me motivasse mais além de minha curiosidade exacerbada.

— Por que ele te mandou essa carta, Hermione? — Rony me arrancou dos pensamentos, fazendo com que eu o olhasse de forma fuzilante. — Está começando a desenvolver laços com os traidores?

— Não sei o que o Sr. Malfoy quer comigo, Ronald. Talvez você não saiba ler direito, mas ele não revelou nada.

— Disse que era algo de seu interesse, para mim isso já basta.

— É impossível que eu saiba se é do meu interesse ou não, como pode ver, ainda me encontro no Ministério e não tem nenhum Lucius Malfoy aqui.

— Você não está pensando em ir falar com essa cara, né? — O comentário de Ronald fez com que eu começasse a cogitar as minhas possibilidades.

Será que realmente valia a pena me encontrar com o Sr. Malfoy para algo que eu não sabia se de fato seria de meu interesse?

Caso eu buscasse em minha mente, não teria nenhum assunto que eu poderia ter em comum com o patriarca Malfoy. Éramos completos estranho um para o outro, nos conhecíamos apenas pelo rótulo de nascida-trouxa e Comensal da Morte. Isso e, lógico, o fato dele ter entregado para Gina um diário enfeitiçado, ter incitado o seu filho a desferir ódio contra os nascidos-trouxas, tornando-me o alvo principal do Malfoy mais novo, e, como se não bastasse, ter sido um dos principais apoiadores de Voldemort.

Mas a guerra havia mudado a todos, não? Ele auxiliou a Ordem e foi muito importante para o fim da guerra. Não era como se ele quisesse me capturar como forma de atingir Harry, e matá-lo logo em seguida.

Tudo havia mudado! Não tinha motivos para eu não ir ao seu encontro.

— Pois saiba que sim, estou pensando em ir para uma reunião com o Sr. Malfoy.

— Hermione, é de um Malfoy que estamos falando. E pior, é de Lucius Malfoy, aquele homem atormentou a minha família durante anos. — Rony tinha um ponto, mas era insuficiente para mudar a minha decisão. — Malfoy pode querer fazer algum mal a você.

— Acho improvável. A guerra já acabou, Ron, o mundo não está mais dividido entre Ordem e Comensais da Morte. Não vejo motivos que me impeçam de dar uma chance para o Sr. Malfoy falar, o que quer que seja, comigo.

— Eu te proíbo de ir encontrar esse Comensal, Hermione. — Rony quase gritou, fazendo com que eu desse um pulo para trás. — Tenho certeza que se você entrar naquela mansão nunca mais irá voltar. Seu lugar é aqui, no Ministério, em casa, comigo e os nossos amigos. É inadmissível que você vá buscar a morte no covil das cobras.

— Não estarei indo buscar a morte, Ronald. Os Malfoys são bruxos que contribuem com a comunidade, provavelmente isso pode ser algum assunto do próprio Ministério.

— Deve ser um plano para te matarem, Hermione. — Ronald se aproximou, tocando em meus ombros, fazendo-me fitar os seus olhos desesperados. — Não podemos ter perder. Ele pode querer capturar o Harry, fazer algum feitiço para trazer Você-sabe-quem de volta.

Todos que saíram daquela guerra tiveram uma marcar, dizíamos que conseguimos superar toda a dor e perda, porém era mentira. Éramos muito jovens, vimos coisas que ninguém deveria ver, lutamos contra um perigo eminente, observamos a morte de perto, tivemos nossa vida em risco, olhamos de pertos nossos amigos morrerem e abrimos mão da felicidade para tentar salvar o mundo bruxo. Aquilo não era fácil para ninguém, superar tanta dor era quase impossível.

 De todos os nossos amigos, Ronald era o que menos conseguia mascarar sua dor. Harry era bom nisso, aprendeu desde pequeno a fingir que não se machucava com a morte dos pais, eu era extremamente forte, conseguia ignorar a dor de saber que os meus pais não lembravam de mim, Gina tinha um astral tão grande que aparentava não se importar com a morte do irmão, a família Weasley fazia de tudo para parecer que seguiam em frente sem a presença constante de Fred.

Infelizmente, Rony era emocional ao ponto de deixar os seus demônios habitarem sua mente, antes repleta de alegria e piadas.

— Rony, eu compactuo com a sua dor, porém irei para essa reunião com o Sr. Malfoy!

— Você é uma péssima amiga e namorada, Hermione! — Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Ronald saiu batendo a porta com força.

Por mais que eu desejasse, não conseguiria fazer Ronald perceber o meu lado. Suas marcas não cicatrizadas da guerra faziam com que ele não conseguisse analisar outro ponto de vista, fazia-o não enxergar o óbvio, transformou-o em uma pessoa egoísta. Aquela raiva, sempre explosiva, iria passar em algum momento, era quase impossível dele passar mais de vinte e quatro horas brigado com o Harry ou comigo, desta forma, não era crucial que eu me rastejasse atrás de alguma compreensão vinda dele.

Meu único foco agora seria ter que controlar a minha curiosidade, distraindo-me com atividades burocráticas até o meu expediente acabar, onde iria direto para uma reunião com o patriarca Malfoy.

De uma coisa Ronald havia sido coerente, eu iria entrar no covil das cobras.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Comentem bastante para manter a minha motivação.
Também me sigam nas redes sociais, meu Instagram é aquilagmalfoy (para spoilers dessa fanfic e atualização dos próximos projetos) e o pessoal é b.m.oliveira.

Mal feito, feito!


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