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História Aurora - Luz


Escrita por: AnotherBanshee

Notas do Autor


Que tal mais um capitulo para aquecer esse dia/noite frio ?

Capítulo 3 - Luz


Fanfic / Fanfiction Aurora - Luz

Na manhã seguinte, Patrick levou Clara até a clinica e esperou até que ela terminasse os exames de sangue, o médico disse que até o mais tardar no dia seguinte ele estaria com o resultado. Clara estava com um pressentimento sobre tudo aquilo, mas achou melhor esperar uma confirmação médica, não queria criar e nem dar falsas noticias para Patrick porque sabia que ele esperava muito por aquilo, ela queria falar só se tivesse certeza, não achava justo criar expectativas no marido e no final não ser nada.

O dia seguiu de maneira aconchegante, Patrick trabalharia em casa e ela teria a companhia do filho e do marido o dia inteiro, Tomaz pediu para que o levassem , se possível, para ver seu cachorro (Cacau) que ainda estava com o avô, Clara pensou em trazer o animal pra a casa deles, mas ainda não tinha certeza se o faria, uma vez que ele já tinha se acostumado a viver solto no quintal da casa de Dona Mercedes.

Depois de almoçarem, Patrick pegou seu carro e foram até o avô de Clara.

 

A família nem tinha passado direito pela porta da casa humilde, mas já conseguiam escutar uma voz os chamando na cozinha.

- Podem entrar, podem entrar. Já tem bolinho de chuva esperando por vocês aqui. - Disse Dona Mercedes.

 

Encontraram uma Dona Mercedes muito animada enquanto arrumava a mesa para receber a família.

 

- Oba, bolinho de chuva! Oie, Dona Mercedes, estava com saudades da senhora! - Cumprimentou animadamente Tomaz.

- Oie filho, me dá um abraço que também estava com saudades de você. - A senhora abraça o garoto de maneira carinhosa, aquele tipo de abraço que só uma avó cheia de amor poderia dar, mesmo não tendo o mesmo sangue, esse era o tipo de relacionamento que os dois tinham, finalmente Tomaz podia experimentar como era ter uma avó "digna", já que não teve esse tipo de experiência de afeto com Sophia. - Teu cachorro tá te esperando lá fora.

- Minha neta e meu bisneto tão aqui em casa! Vem dá um abraço no teu vô, Tomaz. – Josefá abraça o garoto e o levanta do chão, Tomaz ri com a situação e retribui com um abraço forte.

- Eita! Daqui a poco esse menino tá mais forte que eu. - Brinca o homem e Tomaz exibe os "músculos" orgulhosamente, mas depois ri porque saber que não tem nada ali para ser mostrado.

- Posso ir brincar com o Cacau, mãe?

- Vai, meu filho. Ele já deve tá louco te esperando lá fora, do jeito que ele é esperto certeza que escutou tua voz lá do quintal. - O garoto passa correndo e saiu para encontrar o cachorro.

Josefá vai até Clara e Patrick e os cumprimenta animadamente.

– Sempre bom quando vocês lembram desses velhos aqui - Ele aponta para si mesmo e Mercedes - E vem visitar a gente. Cês tão bem?

- Ai, vô. - Clara deu um pequeno sorriso ao perceber o leve tom de drama feito pelo homem. - O senhor tem razão, a gente poderia vir mais aqui, agora que a mina está cada vez dando melhores resultados, quase sempre tô aqui vistoriando a situação, prometo que vou aproveitar pra passar aqui e dar uns beijos em vocês.

Clara abraça o avô e Dona Mercedes pelos ombros e dá um beijo no rosto de cada um, o casal fica um pouco vermelho, mas aceitam de coração aperto o carinho que receberam.

- Estamos muito bem, Sr. Josefá. O motivo da nossa visita sem avisar é que Tomaz queria ver vocês e o Cacau, então conseguimos vir hoje, com meu escritório aqui em Palmas consigo ter horários mais flexíveis, também prometo aparecer mais por aqui, mas só se a Dona Mercedes continuar me recebendo sempre com uma guloseima.

- Vou meu filho, pode vir que as portas da nossa casa estarão sempre abertas.

- Cadê a Cleu e o Xodó? – Perguntou Clara.

- Foram passear, passeio de gente jovem, comer em algum lugar, por pouco vocês não se encontraram na porta.

- Tudo bem, fica pra próxima.

A família passou a tarde comendo bolinho e distribuindo sorrisos, Clara achava bonito e engraçado ver a relação entre seu avô e Dona Mercedes, eles tinham aquelas pequenas brigas de casal, mas não se passavam nem cinco minutos pra eles já estarem fazendo as pazes mais uma vez. Clara olhou para Patrick sorrindo e pediu aos céus que eles também tivessem a sorte de envelhecer juntos. O rapaz sentiu-se observado e encontrou um brilho azul como resposta, Clara o encarava enquanto sorria, ele pegou as mãos dela e as beijou, depois colocou um fio do cabelo dela atrás da orelha.

- Já está ficando tarde, acho melhor chamarmos o Tomaz, aquele menino só entrou na casa pra comer os bolinho de chuva e depois se mandou para o quintal, mas não posso reclamar, sempre bom saber que meu filho ama tanto esse lugar quanto eu.

- Deixa o menino lá, se  não tiver brincando com o Cacau, deve tá empinando a pipa que deixei pra ele. Aqui é muito bom pra essas coisas, mas vou lá chamar ele com você, minha neta.

Clara e o avô levantaram-se da mesa, mas para a surpresa de todos que ali estavam, Dona Mercedes também levantou-se no mesmo segundo, o jeito que a mulher levantou despertou o interesse de todas na mesa, ela com a cabeça levemente de lado como quem tenta escutar alguma conversa ou como se alguém estivesse sussurrando algo em seu ouvido. Antes que as perguntas começassem a ser dirigidas para Mercedes, ela adiantou-se dizendo:

- Clara, minha filha, deixa que o Patrick vai, eu quero conversar com você antes de você ir.

- Ta...Tá tudo bem, Dona Mercedes? - Clara perguntou um pouco curiosa e com um pouco de receio, não que as coisas ditas por Dona Mercedes sempre fosse "ruins", mas ela só achou muito repentina e sem um contexto exato, já que Clara tinha certeza que a idosa tinha escutado alguma coisa.

- Tá sim, não te preocupa, vamos conversar.

Foi a vez de Patrick estranhar a situação, o advogado vez uma cara na qual era possível ver o questionamento e a pergunta se formando na ponta da língua, mas antes que conseguisse oralizar qualquer frase, foi chamado por Josefá;

- Vem comigo, Patrick. Essa aí quando inventa de chamar alguém pra conversar, deixa pra lá, vamo lá chamar meu neto.

Patrick achou melhor deixar a situação como estava, mais tarde perguntaria para Clara se estava tudo bem.

- Vamos lá, Sr. Josefá.

Patrick vai até Clara, beija o topo da cabeça da esposa e faz um carinho em sua bochecha.

- Já volto.

Assim que os homens saem do local, Dona Mercedes guia Clara até o lugar no qual gosta de rezar e acalmar o coração, Clara já esteve lá algumas vezes ( e muitas pessoas que fizeram ou ainda fazem parte da sua vida também estiveram ) , aquele ambiente conseguia deixar sua alma mais exposta, Clara não sabia explicar exatamente o como ou porquê sentia-se assim, mas sabia que ali sua alma e coração estavam acolhidos, era possível ver seu interior, não era um ambiente de fingimentos ou mentiras, as chamas das velas pareciam não só iluminar o comodo, mas também serviam para trazer a verdade e purificar, a presença de Dona Mercedes tornava tudo ainda mais forte e confiável.

Ali estavam as duas mulheres envoltas das chamas das velas, banhadas por sua luz , Clara aguardava um pouco ansiosa que Dona Mercedes falasse.

- Não fica nervosa não, minha filha, não fica.- Acalmou a mulher.

- É que a senhora me chamou até aqui, Dona Mercedes.

- Eles ... Eles estão falando minha filha. Tão dizendo que algo novo vai surgir em tua vida, pra você se preparar, você vai precisar de força, Clara, força, mas não se preocupa que não é noticia ruim não.

- Menos mal. – Ela ri com um pouco de nervosismo – Mas se tenho que me preparar também não é algo simples, né. Pelo amor de Deus, chega de coisa ruim na minha vida, Dona Mercedes.

- Não é ruim, filha. Me escuta, eles tão pedindo pra falar... - Dona Mercedes deu uma pausa enquanto olhava para uma vela, no segundo seguinte seu olhar voltou para Clara. - Você sabe, eles tão falando que você já sabe o que é.

- Eu sei ?

- Sabe, você sabe minha filha, você sente dentro de você.

Clara pensou por alguns segundos e depois colocou a mão por cima da barriga, quase como um movimento reflexo, a moça ficou acariciando o local por alguns segundos e a ação despertou o interesse de Dona Mercedes.

- Meu Deus... Clara, minha filha. - A idosa colocou as mãos no próprio rosto e deu um sorriso. - Eu to vendo uma luz, olhos enxergando pela primeira vez o mundo e lá longe... Lá longe tem uma batida fraca, mas ela tá lá. - A senhora coloca sua mão por cima da de Clara, que ainda estava cobrindo a barriga, as duas agora envolvam a barriga da moça. - Ela tá bem aqui, Clara.

 

Clara não conseguia esconder o grande sorriso, ela sabia o que estava por vir e se aquilo exigiria força dela, ela o faria sem pensar duas vezes.

- Eu sabia ... Conseguia sentir no meu coração. Mas não conseguia entender como era possível, eu me cuido, tomo remédio.

- Quando Deus tem planos, ele escreve pelas linhas da vida para que eles aconteçam, minha filha. Em algum momento do teu caminho você fez uma escolha que gerou isso, nada é por acaso, Clara. O importante é que tá ai, na tua barriga, no teu ventre. - A mulher passou a mão no rosto de Clara, a moça as segurou e depois as duas ainda continuaram de mãos dadas. -  Uma luz crescente que você está carregando dentro de si.

Clara já estava chorando de felicidade, ela queria ter a certeza dos exames, mas depois de tudo aquilo, ela sabia que era real. A moça abraçou a senhora a sua frente e as duas ficaram emocionadas.

- Chora minha filha, chora porque essas lagrimas são de felicidades e tão banhando tua alma com alegria. Agora antes de você ir, Clara, vou te abençoar. Vou abençoar vocês.

Depois de saírem do forte abraço, as mulheres deram as mãos novamente e fecharam os olhos.

- Virgem Maria, mulher guerreira, mãe de misericórdia... Cuida dessa tua filha que tá carregando dentro de si a luz, a vida ! Guia os passos dela e ajuda ela, oh minha mãe, ajude ela. Que teu véu desça e cubra os ombros e o ventre da tua filha, com amor e força. Eu peço que a abençoe, abençoa a Clara meu Deus, lhe dê forças para enfrentar o que vem pela frente e que essa luz dentro dela não se apague, que a luz possa sair para iluminar o mundo e receber todo o amor do qual está destinada a ter, o amor que está esperando nos braços da mãe, o amor que será dado por todos nós. Olha por tua filha, senhor. - A mulher levantou seus braços para o céu e terminou a oração. - Pai, filho, Espírito Santo...

Uma leve brisa de verão preencheu o lugar, Clara ainda estava de olhos fechados enquanto escutava as palavras de proteção á ela destinadas,  mas conseguiu sentir o cheio de flores no ambiente, a brisa começou a envolver o corpo de Clara delicadamente e era tão suave que a moça sentiu-se sendo abraçada por algo protetor, Dona Mercedes terminou sua oração.

- Amém.

- Agora vai minha filha, não te preocupa não, vai em paz para tua casa e te cerca de amor.

- Obrigada. – Clara beijou a mão de Dona Mercedes. - Obrigada mesmo, a senhora não sabe como me deixou feliz. - Os olhos azuis estavam cobertos de lágrimas.

- Tú não tem que me agradecer, minha filha. Só quero o teu bem.

- E eu o da senhora.

 

Elas ficaram trocando olhares carinhosos por menos de cinco segundos quando escutaram um voz masculina as gritando da cozinha.

 

- Oh, Mercedes. Tú vai ficar aí pra sempre ?! – Era a voz de Josefa chamando pela esposa.

- Vamo minha filha, vamo antes que esse velho venha buscar a gente aqui.

 

Clara ri e limpa as lágrimas de felicidade dos olhos, entretanto, o sorriso não podia ser escondido. Ela estava ansiosa para saber qual seria a reação do filho, mas principalmente, estava pensando no melhor jeito de contar para Patrick, ela sabia que aquela noticia mexeria com o marido e estava animada para ver a felicidade estampada no rosto do advogado.


Notas Finais


Gostaram ?

Sou muito apaixonada pela atuação da Fernanda Montenegro, tive a oportunidade de ver essa atriz incrível de pertinho na CCXP2017 e só aumentou meu amor por essa mulher. Quando comecei a escrever essa fanfic, sabia que teria que colocar nossa amada Dona Mercedes na história, espero ter conseguido passar - pelo menos um pouco - do carisma e da intensidade da personagem :)


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