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História Aurora - Capítulo 1:


Escrita por: GiullieneChan

Notas do Autor


História reeditada!

Capítulo 2 - Capítulo 1:


—Quem é você? -Camus perguntou, pois acreditava que houvesse escutado errado.

Ela olhou bem para o seu salvador. Um homem de boa aparência, traços másculos e bem agradáveis, elegantemente trajado com um blazer azul marinho que destacava mais ainda seus olhos. Havia personalidade naqueles olhos, sempre alertas como se esperasse um novo ataque, e ao mesmo tempo, tão tranquilo.

De repente, Camus sentiu um leve torpor. Havia algo de familiar naquele rosto, naquele olhar. Sentia que já a conhecia. Imagens desconexas da jovem vieram a sua mente. A viu rindo, usando roupas de outras eras, sorrindo calidamente para ele, lhe estendendo a mão para caminharem juntos. Havia amor ali...

—Perdão. Sei que olhando para mim, não dá pra acreditar quem eu seja, mas...sou a deusa Aurora. -ela disse séria e trêmula, retirando-o de seus devaneios. –Melhor, eu era...

Camus realmente achou difícil acreditar nisso, não havia nenhum traço de Cosmos que poderia identificá-la como a divindade que afirmava ser, ao contrário, parecia ser apenas uma jovem normal e assustada. Não sentia nenhum cosmo diferente nela, não da maneira que sente quando Atena está próxima. Mas deveria considerar a veracidade em suas palavras, pois o homem que os atacou e queria levá-la não era também uma pessoa comum.

—Sinto. Mas não posso levá-la ao Santuário assim. –disse, evitando o olhar surpreso da moça. –Não me leve a mal, mas não posso simplesmente levar qualquer pessoa diante de Atena.

—Por favor! –notou um certo desespero em sua voz. –Eu... eu não aguento mais. Pre-preciso muito encontrar com Atena, ir ao Santuário! Só ela pode acabar com esse pesadelo.

—Sinto muito. –deu um passo para trás, mas ela segurou firme em suas vestes.

—Eu...

Ela começou a falar, mas não conseguiu continuar a frase, pois a jovem que se dizia ser uma deusa foi perdendo as forças diante do cavaleiro e perdera os sentidos, sendo prontamente amparada pelos braços de Camus. Os longos cabelos cobriam-lhe a face, ele afastou a mecha com cuidado, e percebeu aliviado que respirava, estando apenas desmaiada. Com certeza estavam exausta por fugir de seu perseguidor.

—Ei! Acorde!

Ela não o respondeu. Apesar de tudo, não pode deixar de voltar a admirar as belas feições da mulher em seus braços. A pele alva parecia bem macia, macia como seda. E os lábios sensuais e convidativos, uma boca feita para ser beijada, decidiu ele.

Da maneira mais gentil possível, Camus a ergue em seus braços, sentindo o pequeno corpo trêmulo, aninhou-a mais contra si. Não poderia deixá-la ali, e se outros como aquele estranho de armadura, aparecessem? Não era de sua natureza deixar uma mulher desprotegida. Mas também não deveria levar alguém que poderia representar um perigo à Atena diretamente à ela.

O que deveria fazer? Seria mesmo uma deusa como dizia há pouco? Bom, só teria respostas as suas perguntas quando ela voltasse a si.

—Parece que não tenho muita escolha. –suspirou, e então, seguiu o caminho de volta ao Santuário.

 

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Camus decidiu tomar o cuidado de não encontrar nenhum de seus amigos naquele momento, não queria ficar dando explicações por estar com uma mulher desacordada em seus braços. Por isso, pegou um dos poucos atalhos conhecidos pelos cavaleiros de ouro, que dava acesso as proximidades de sua casa.

Apesar de toda a cautela, não foi bem sucedido.

—Só vocês mesmo meu amigo para fugir da própria festa de aniversário! -falou Milo, esperando em frente à casa de Aquário com um sorriso, que logo desapareceu ao perceber a jovem nos braços de Camus. -Quem é ela? O que aconteceu?

—Milo, agora não tenho tempo para conversas fúteis! E confesso que nem sei direito o que está havendo. -Camus disse passando por ele. -Vá pra casa e conversaremos depois. Tente ignorar o que viu por enquanto.

—Está bem. É mesmo muito fácil não reparar que você está carregando uma mulher desacordada no colo! -Milo ironizou seguindo Camus. -O que houve?

—Ela foi atacada. Por sorte eu estava por perto. -respondeu levando-a até seu quarto, depositando-a em sua cama.

—Isso não é da alçada das autoridades? Não deveria tê-la levada até um hospital? Lá eles teriam avisado a polícia. –Milo cruzou os braços.

—O homem que a atacou usava uma armadura, tinha dois lobos gigantes ao seu lado e um cosmo muito hostil. -ele falou e nem precisou se virar para saber que Milo estava espantando. -Mas deveria ser um soldado comum, não era tão forte assim, mas foi o suficiente para matar pessoas que tentaram ajudá-la. Certamente ela é mais do que aparenta ser.

—Você tem realmente vocação para proteger mulheres em perigo. -Milo encostou na porta do quarto. -E quem é ela?

—Disse que se chamava Aurora. E que era uma deusa. -respondeu admirando o rosto em repouso dela.

—Ela não me parece uma divindade. –Milo coçou o queixo, observando-a. –Tipo, geralmente os deuses não descem para a Terra desacompanhados, sem algum séquito que os proteja.  E muito menos vi um vestindo jeans nesses anos todos que sou Cavaleiro.

—Apesar de ter as mesmas desconfianças que as suas, não posso ignorar o que aconteceu a pouco. Como pode ser apenas uma mulher mentalmente confusa que se envolveu em algo além do seu entendimento.

—Mas não acha coincidência demais ela ter encontrado um cavaleiro de ouro?

Camus o fitou. Sim, considerava isso também. Bem como sabia que os deuses eram bem ardilosos em brincar com o destino dos homens quando desejavam.

—Por que não olha nos bolsos dela e veja se tem uma carteira ou algo parecido? Vai que ajuda a saber mais sobre o que está havendo?

—Pela deusa, Milo! Não vou revirar os bolsos de uma mulher desacordada e... O que está fazendo, homem?!

Milo adiantou-se e olhou no bolso da blusa da moça e retirou uma carteira. Camus tentou pegá-la de volta, mas Milo desviava-se dele, ao mesmo tempo em que a abria e olhava uma identidade.

—Ela não se chama Aurora. -Falou mantendo Camus afastado com uma perna estendida e com as mãos segurava o documento. –A identidade dela não é daqui. Olha. –mostrando-lhe o documento de longe. -Seu nome é Raphaela Cordeiro. É brasileira! Só tem dinheiro estrangeiro aqui... não parece turista. –pega uma nota e analisa. –O dinheiro brasileiro é muito colorido! A teoria de maluca que acha que é uma deusa tá valendo.

—Milo! Devolve o dinheiro dela! –dando um tapa na perna de Milo para tirá-la da frente. -Ela sabe do Santuário e de Atena!

—Sério?

Camus retirou o documento da mão do Escorpião e o segurou pela gola da camisa, guiando-o para fora do quarto.

—Faça-me um favor, mon ami...Saia antes que eu congele sua língua! -ameaçou. –Não diga a ninguém sobre ela!

—Está certo. Não precisa apelar para a violência. -e quando ia saindo, disse sorrindo. -Se quiser, vou até o lugar onde a achou e vejo se tem alguém procurando por alguma garota maluca que se acha uma deusa por precaução e... arrumar roupas limpas para ela.

—Faça isso, por favor. -Camus olhou para “Aurora” antes de fechar a porta do quarto. –Não quero que ela acorde e fique assustada se estiver sozinha. E além do mais, ainda não sei nada sobre ela e não a quero andando por aí. Ela pode ser uma inimiga e ainda não temos certeza.

—Se desconfia disso, porque a trouxe para a metade do caminho das doze Casas? –Milo o inquiriu.

—Eu... eu não sei! Só que...

—Só que?

—Vai parecer estranho se eu lhe contar.

—Mais estranho do que já testemunhamos esses anos todos? Duvido!

—Eu acho que. –olhou para o lado como se temesse que mais alguém os ouvisse. –Sinto que a conheço.

—Pensei que havia dito que não sabia quem era.

—Não. Quero dizer... sinto que a conheço de outras vidas!

 

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Aurora despertou com o som de pássaros e a leve luz da manhã batendo em seu rosto. Sentiu que estava deitada em uma cama, com lençóis macios e perfumados. Apesar de seu corpo estar dolorido, ela sentou-se na cama e olhou ao redor.

Estava em uma cama enorme, coberta por um dossel, aconchegada em um cobertor macio e quente. O quarto possuía móveis simples, mas de bom gosto. O quarto de um homem, refletiu, apesar de estar muito bem organizado.

O que aconteceu na noite anterior foi mesmo real? Aquele homem era real? Também era real a sensação de familiaridade que o Cosmo dele lhe proporcionava. Será que...?

Escutou uma leve batida na porta, controlando o nervosismo respondeu:

—Entre.

A porta abriu-se e Camus entrou, ele carregava uma bandeja com uma xícara de chá e torradas. Aurora engoliu em seco ao vê-lo, era o mesmo homem que a salvara, não havia sido um sonho então. E constatou que ele era realmente muito bonito.

Ele por sua vez estava parado, segurando a bandeja e olhando fixamente para a jovem sentada em sua cama. Os cabelos rubros caindo sobre os ombros, o suave volume dos seios perceptíveis pela blusa, parecia mais uma visão do que real.

—Creio que está se sentindo melhor. -ele falou, esforçando-se para ser o mais formal possível.

—Sim, obrigada.

—Se estiver com fome. -ele colocou a bandeja sobre uma cômoda. -Pode se alimentar antes de conversarmos. Eu sou Camus de Aquário, e você está em minha casa, no Santuário de Atena.

—Santuário? Na Casa de Aquário? -havia alívio em sua voz. –Finalmente depois de tanto tempo... Bem que notei que conhecia esse quarto, apesar dos móveis serem bem diferentes.

—Fala como se esteve aqui antes.

—Já estive.

—Bem... Queria que me falasse mais sobre o homem que a perseguiu ontem.

Ele disse encarando-a, Aurora teve que se controlar para não se perder naquele olhar, que apesar de parecer frio, eram irresistíveis. Sim, já havia visto aquele mesmo olhar antes e controlou o nervosismo que aquela sensação de nostalgia lhe proporcionava.

—Você me disse que era uma deusa...mas seu cosmo me parece ser o de uma pessoa normal. –continuou a falar, colocando sobre a cômoda uma carteira feminina. -Estava em seu bolso, senhorita “Raphaela Cordeiro”.

—Eu SOU a deusa Aurora! -falou convicta, ofendida pelo tom desconfiado de sua voz. –Perdi meu status quo de divindade há muito tempo, e vivo entre os mortais desde então. Apesar de ter renegado minha herança, ainda sou imortal e tive muitos nomes entre vocês. Mas ainda carrego minha herança divina, escondida aqui. -ela toca em seu coração. –Era isso até algum tempo atrás. Viva há quase duas décadas com o nome de Raphaela, achei que estaria a salvo.

—Duas décadas? Sei... –cruzou os braços, não parecia muito convencido.

Tal atitude indiferente a enfureceu. Empurrou o cobertor com os pés e levantou-se procurando os seus sapatos.

—O que está fazendo? -ele indagou.

—Vou embora dessa casa. -ela respondeu sem se virar. -Avise Atena que aqui estou. Ela lhe dirá que não estou inventando nenhuma fantasia e não preciso ficar aqui se me acha mentirosa. Onde estão meus sapatos?

—Não quis dizer que era mentirosa. Apenas acho sua história meio fantasiosa. -e depois ele apontou para um canto do quarto. -Eles estão ali. Mas não vai embora assim.

—Não acredita em mim. -ela o encarou.

—Acredito que esteja com problemas, do contrário por que um homem de armadura e hostil a atacaria?

—Ele queria me levar para sua mestra para que ela termine o que começou comigo. Outros virão. -ela colocou os sapatos e passou por ele.

—Pare com isso. -ele ordenou, segurando-a pelo pulso. -Não pretendo deixar que saia por aí sem segurança. Você mesma disse que outros virão para levá-la.

Novamente o toque fez com que imagens dançassem na mente de Camus. A viu novamente, dessa vez sobre alguém caído, o belo rosto banhado em lágrimas, como se tentasse acordar alguém. Ela ergue e olha para as mãos manchadas de sangue, onde segurava uma adaga, aquele mesmo sangue sujava suas roupas, e ela parecia entregue ao desespero, gritando por um nome, apesar de não ouvir o que dizia.

—Cavaleiro?

—Eu... –ele piscou algumas vezes, afastando aquela imagem. -Quero que fique aqui, até que eu resolva o que é melhor.

—Eu ...

—Um amigo verificar se algum outro inimigo está próximo e providenciou roupas limpas. Há uma mala na sala ao lado desse quarto, é sua. -ele soltou seu pulso e não resistiu à tentação de passar os dedos pela mão dela. A mão era macia e sentiu a pulsação dela acelerar com o toque antes de soltá-la. -Eu realmente gostaria que ficasse aqui, onde estará segura.

—Se você quer assim...

—Quero. Até porque não seria seguro andar entre as Doze Casas sem um guia.

—Está bem.

Só os deuses sabiam o que se passava na cabeça de Camus ao fitar o rosto da sua misteriosa hóspede. O leva rubor em sua face, devido à aproximação dele, o brilho em seus olhos castanhos, demonstrava que ela estava tranquila. Outra pessoa poderia estar à beira do histerismo diante dos acontecimentos, mas ela parecia serena...envergonhada até por estar ali, com ele.

—Estou indo até Atena, contar-lhe sobre você. -ele determinou. –De modo algum saia desse Templo!

—Sinto muito em estar sendo um fardo para você.

—Não repita isso.

—Desculpe.

—Eu já volto, senhorita. –disse, se afastando dela.

—Raphaela.

—O que?

—Pode me chamar de Raphaela. –ela sorri. –Uso esse nome há tanto tempo que me acostumei com ele.

—Tudo bem... Raphaela.

Raphaela o viu se afastar, e ficou um bom tempo parada observando a porta fechada diante dela. Ela fecha os olhos, querendo afastar as amargas lembranças que ressurgiram no momento em que Camus a tocara pela primeira vez. Lembranças de alguém que amou muito e que graças à sua maldição teve uma vida cheia de sofrimentos, até que ela deu fim a isso.

—Titono... –murmurou. –Não pode ser...

 

continua...



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