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História Aurora, amanhecer, alvorecer - Ao nascer do sol


Escrita por: btsgallery e SrtaBomi

Notas do Autor


Bom dia, boa tarde, boa noite!
Hoje trouxe essa pequena história Sope sobre relacionamentos, baseado na obra ""impressão, nascer do sol"" do Monet,espero que gostem sz

Boa leitura!

Capítulo 1 - Ao nascer do sol


Estava inteiramente arrepiado e não sabia quando sairia dali ou se sairia vivo. São esses os tipos de pensamentos que rondam minha mente enquanto olho para a água movimentando o barco a vela que herdei de meu pai. Faz anos que ele deixou para mim esse veículo reservado ao hobby que não compartilhamos que era velejar e, eu apenas pensei que seria interessante se eu tentasse nesse momento. 

Agora estava prestes a morrer por conta de um achismo.

O peguei de tarde e pensei que estava no controle, mas anoiteceu e não consegui voltar para o cais. Já conseguia ver nas manchetes de jornal: "Jung Hoseok é encontrado morto em um barco a vela. Especialistas afirmam que foi um caso de irresponsabilidade e ignorância, pois estava sozinho em algo que nunca usou na vida". Não iria demorar para me achar, o rio não era tão grande a esse ponto.

Me abaixei, faminto e deitei no chão do veículo que ao balançar me causava enjôos. Tinha medo de tentar sair dessa situação e me perder, ainda mais agora que mal via nada. 

O sol nascia timidamente, iluminando ainda precariamente o ambiente e senti algo bater com força no barco, o que me assustou de tal maneira que me fez levantar com rapidez, minha cabeça doeu.

Olhei em volta e encontrei outro barco a vela, pequeno como o meu, dentro dele estava um homem ajeitando a vela deste.

— Ei! — gritei na esperança de que me ouvisse, mas ele nem estava longe de mim, acabava de me bater. Ele olhou para minha direção surpreso e eu juro que o sol iluminou seu rosto nesse exato momento. Até esqueci da situação que me encontrava.

— Cara! Me desculpa mesmo, foi sem querer! Não sei usar esse troço direito. — falou, tentando proteger a vista com a mão direita, e sorriu sem graça.

— Eu… tudo bem!! — Me recuperei do transe e o vi aumentar aquele sorriso bonito — Também não sei usar o barco. Na verdade, estou perdido!

— O quê? Mas é impossível se perder por aqui, é tão pequeno…

— Acho que minhas habilidades como explorador estão falhando miseravelmente então. — Fiz uma falsa expressão de dor, colocando a mão no peito de modo teatral que o acabou fazendo-o rir.

Naquele dia, conheci Min Yoongi. O garoto me fez voltar para o cais em segurança e ainda compartilhou seu café da manhã enquanto contava como conseguiu aquele barco e como tinha o plano de poder ir para bem longe com ele.

— Gosto de fazer as coisas à noite e normalmente nem estaria aqui agora — explicou ele, quando questionei do porquê está tão cedo na água — Mas a aurora está tão bonita hoje…

Eu nunca havia chamado o nascer do sol de aurora, mas achei apropriado dar um nome bonito ao momento do dia em que me apaixonei. E ele era tão bonito quanto o nome sugeria.

Não seria burro o bastante a ponto de perder completamente o contato com ele. Trocamos telefone e pudemos velejar juntos, sem perigos dessa vez, ainda mais que ele é bem melhor nisso do que eu. Entre um balanço e outro do barco, foi que percebi que ele também me amava quando me beijou, com a aurora viva no céu. 

E os beijos foram se multiplicando, se somando a carícias e chamegos e, quando menos esperei, os planos que tinha outrora estavam todos guardados para deixar que Yoongi junto de suas coisas e caixas se mudassem para o meu apartamento. E assim era, uma aurora especial toda manhã, como se a vida tivesse começado só a partir do momento que vi ele sorrir. 

Vimos todas as séries, cozinhamos tudo que achamos na internet, escorregamos em guerras de espuma enquanto lavamos roupa, milhões de beijos trocados antes do outro sair para o trabalho. Todos os dias o mesmo, como se tudo fosse certo.

Até que um dia, amanheceu. 

— Tá, mas o que custa me responder às coisas? Parece que eu falo com as paredes nessa casa! — falei enquanto me mexia de um lado para o outro.

— Eu só respondo coisas que valem a pena ser respondidas. — Yoongi responde sentado, como se nada estivesse acontecendo.

— Olha, ele sabe falar… — retruquei, o olhando com os olhos cerrados — Tá dizendo que eu sou insignificante?

— Não, Hoseok. Mas, você só fala coisas que eu, sinceramente, não sei e nem vou querer responder. Caramba, eu tô tentando pensar.

— Você poderia pensar enquanto lava a louça, que tal?

Antes disso, o nascer do sol era bonito. Agora, amanhecia todos os dias. Nada novo, tudo normal como uma coisa qualquer. Nada especial, apenas um amanhecer como todos conheciam.

Yoongi era desleixado, não sabia colocar as coisas no lugar, saía quando bem entendia e queria ficar, quase o tempo todo, em silêncio. Não sabia viver uma rotina; sempre tinha algo para resolver ou algum evento novo para ir e quem sabe, andar de bicicleta hoje, ou talvez apenas não fazer nada; era tão disperso que eu não conseguia segurar e desequilibrava a mim, que era cheio de rotina. Sempre ouvi de todo mundo que é bom sair da rotina, mas ninguém fala em como é ruim ficar fora dela tanto tempo.

Ele não tinha planos, então eu ficava encarregado disso. Antes, ele até seguia tudo que eu fazia, contanto que estivéssemos juntos, mas com o tempo tudo parecia desanimador.

E aí, sem beijos de despedidas, sem séries, sem receitas. Amanhecia, um planeta mudo. Sol cinza.

Mas eu o amava. Eu repetia isso a mim mesmo todos os dias, como um mantra.

Amanheceu por dois anos. Voltávamos da casa de sua mãe, depois de um monólogo que eu só consegui ouvir quando sua mãe perguntou do barco a vela abandonado de seu filho e Yoongi ficou totalmente sério, como se pensasse no assunto. Não saiamos mais de barco, de repente não era mais tão divertido e eu até ficava enjoado. 

Mas por algum motivo, isso me deixou pensativo demais. Não velejávamos, mas Yoongi ia sozinho às vezes. Ele sempre gostou de fazer as coisas a noite. Ele ia sozinho?

O percurso todo foi um silêncio nada confortável, se alguém falava, tinha o risco de dizer algo errado e ninguém queria isso. Tudo que eu escutava eram os barulhos dos carros e meus pensamentos, nossas mãos não estavam juntas. Chegando em casa, pela noite, Yoongi vai para a cozinha e eu apenas o sigo com o olhar. O observei minuciosamente, sua silhueta bonita procurando algo na geladeira e, então, se virou, colocando um sorriso pequeno no rosto.

— Que tal se a gente fizer sanduíches para o jantar?

— De novo? Comemos isso na semana passada. — falei porque era um fato, e vi o sorriso dele desaparecer. 

Quantas vezes isso já aconteceu?

— Bom… então faça você alguma coisa. Não tem nada mais interessante para comer.

— Como se você não soubesse cozinhar, né?

— Caramba, Hoseok! — Fechou a geladeira com força e fechei os olhos por conta do impacto — O que te deu? A gente tava de boa lá na minha mãe e aí você começa com isso?

— Para onde você vai quando vai velejar? — pergunto, estou sentado na cadeira de modo que apoio o queixo em seu encosto. Olho para ele que agora cruzou os braços, me analisando também.

— Para onde mais? Para o Rio.

— E você vai sozinho? — disse firme e ele suspirou, seu olhar indecifrável.

— Não, Hoseok. Vai eu e mais centenas de micróbios espalhados por todo meu corpo. É isso que você quer saber?

— Você sempre tem uma resposta pra tudo, não é?

— E você sempre me pergunta besteira. Sinceramente, Hoseok, qual é o seu problema?

— Sabe qual é o meu problema?? É você! — falo, finalmente alto, perdendo a calma. Ele não tinha negado e nem afirmado, e isso me deixava puto da vida — É esse seu jeitinho arrogante e sua vida toda desregrada! Como eu vou saber que você decidiu que eu não sou o único para você?!

— Uau, Jung! Deu para ver como você me enxerga claramente agora — Bateu palmas em desdém — Mas se quer saber, eu que não aguento mais essa droga de rotina que você me colocou! É sempre a mesma coisa! Você acha que sou largado? Eu tinha planos, Hoseok! Larguei tudo para ficar com você já que você queria tudo tão depressa!

— Aaaaah, então agora eu sou o maluco da história por querer viver como gente normal?

— Gente normal? Gente chata pra caramba, você quer dizer! Então para fechar com chave de ouro, eu teria que estar traindo você para entrar no script? Muito bem, qual é o tipo de cara que você ficaria puto da vida se eu ficasse com ele??

— Você é um louco do cacete!! — gritei e passei as mãos na cara com tanta raiva. Já não conseguia mais raciocinar e pareciam que tinham se passado horas naquela agonia, algo crescendo dentro do peito que só saiu quando finalmente falei  — Se você detesta tanto isso aqui, por quê não vai embora?!

Nós nos encaramos por alguns minutos. As expressões de raiva ainda presentes, mas o medo de falar estava nos corroendo. E mesmo assim, ele disse.

— Você me ama?

O analisei. Pensei naquela aurora, no dia do barco perdido. Naquela hora, eu teria dito sim, com certeza. Mas agora, olhando para a mesma pessoa, algo se perdeu dentro de mim.

— Não lembro.

Foi tudo que eu consegui dizer. Ele olhou para os lados, como se disfarça-se e depois olhou para baixo, balançando a cabeça lentamente como se tivesse entendido tudo.

— Eu também não.

Para onde o amor vai quando ele acaba?

Meu pensamento instantâneo sugeriu que se o amor é algo tão poderoso que nunca tem fim, então ele de repente nunca chegou a existir. Ou talvez, só tenha deixado de existir, deixando a desejar a veracidade de todas as histórias de romance que as pessoas criam em suas literaturas.

Eu chorei por pensar naquilo e Yoongi chorou comigo quando me viu. Quase não o deixei fazer as malas, mas já era tarde, ele estava decidido. Talvez seja assim, amor até deixar de ser. 

Ele foi embora ao alvorecer, levava consigo o símbolo que foi nossa história que era o sol, e não tinha como ser diferente. O alvorecer tão dramático e melancólico tinha um gosto amargo de decepção e eu não conseguia olhar para fora sem desejar que o sol explodisse.

Mas algo que aprendi é que o sol sempre vai vir pela manhã, não importa como eu chamo seu nascimento, ele é o mesmo diariamente. O que mudava era agora a falta que sentia.

Ao pôr do sol, descobri para onde o amor ia. Amei Min Yoongi, disso eu tinha certeza, e como o verbo sugere, ele ficou no passado com todas as risadas, brigas e conversas. Mas, se até às manhãs tem fim, imagine um ciclo tão pequeno como o nosso.


Notas Finais


É isto.
Queria agradecer a @Dominatrix_021 pela betagem
E agradecer a capa linda da @Huggi


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