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História Avatar - a Lenda de Mira - Deixados para trás


Escrita por: sahsouto

Capítulo 41 - Deixados para trás


Meelo.

Eu não acreditei nas palavras dela.

— Evacuar a ilha? Por quê? Eu estava até agora com o pai e ele não disse nada.

Ela recuperou o fôlego.

— Venha ver.

Eu fui atrás dela até a parte de fora. Ela apontou para o sul.

Dois grandes navios de guerra estavam se aproximando. Uma enorme bandeira com as cores da União do Fogo estava hasteada em um deles.  

— Há quanto tempo eles estão ai?

— Não tem nem 10 minutos, o pai pediu para que evacuemos a ilha. E já pediu ajuda a Republic City.

Eles não tiveram tempo de voltar para a União do fogo, então eles já estavam a postos, eles sabiam que a guerra estava para acontecer.

— Onde está o pai?

— Ele já foi. Ele e tia Jinora levaram as crianças pequenas com  Jumba.

— Para onde eles serão levados?

— Eu não sei. Aarion está coordenando tudo.

Eu respirei fundo. Eu precisava pensar.

— Você sabe quantos barcos nós temos?

— Dois, eu acho.

Kindar estava bem nervosa.

— Vá até um desses barcos.  E espere lá. Eu vou procurar o restante das pessoas.

— Mas, Aarion disse que...

— Não, você não está preparada para fazer isso. Olhe para a sua mão, você está tremendo.

Ela ficou quieta e assentiu.

— Não demore. Não sei quanto tempo falta para eles chegarem até aqui.

— Pode deixar.

Assim ela foi.

Eu juntei o resto das minhas coisas e coloquei em uma bolsa.  Eu não ouvi mais a movimentação das pessoas. E ao andar pela ilha eu não via mais ninguém.   As águas do mar estavam turbulentas, e eu pude ver no horizonte um dos barcos da ilha, ele estava cheio. Espero que Kindar esteja nele. 

Olhei por todos os lados, tudo foi deixado para trás, acho que só eu consegui juntar algumas coisas. Eu não poderia deixar essas coisas a mercê da União do fogo.

Fui até o porto, o último barco estava partindo. Corri até ele.

— Esperem. – Gritei a plenos pulmões.

Vi alguns dos meus irmãos no barco, eles nem olharam para mim.

— Esperem!  Eu gritei de novo.

O barco já estava distante.

Tenho certeza de que tudo isso foi culpa do Aarion. 

Eu estava sozinho em uma ilha abandonada quase sem contato com o continente. Fui até o escritório do meu pai.  Ele estava revirado, e o telefone estava cortado. 

No escritório do Aarion não foi diferente. O antigo computador não estava mais lá.

Tentei me manter calmo, mas eu não sei se vou conseguir fazer isso por muito tempo.  Espero que alguém note a minha ausência. Tenho certeza que Kindar e meu pai irão sentir a minha falta.

Olho para os navios da União do fogo, eles estão cada vez mais próximos. Por que deixamos eles se aproximarem tanto? Não existe um plano para impedir essa aproximação?  A cada dia menos eu entendo o governo de Republic City.

Com o mar agitado, eu não tenho nem a opção de nadar, e usar algum planador também está fora de cogitação, esse vento irá  me derrubar na primeira chance.  Eu me escondo no meu quarto e espero.

Já é tarde quando eles aportam. Com grosseria um dos navios destrói o nosso porto, ele é  grande demais para a ilha.

 Tudo o que meu bisavô construiu será destruído. Meu coração pesa. A vida marinha que meu pai sempre tentou proteger será extinta.

Eles aportaram, mas ainda não desceram para a ilha. Será que eles entendem que esse lugar é sagrado?  Eu acho que não. Tem alguma coisa muito errada.

A fumaça negra que sai das chaminés envolve a ilha em um grande casulo de poluição e assim o céu fica escuro.   Esgueiro-me pelos corredores da casa principal tentando ver alguma movimentação estranha.  Muito tempo depois finalmente vejo alguns soldados. Ele usam uma roupa de borracha, negra com o brasão da união do fogo, o rostos deles estão cobertos por uma máscara de fumaça Eles estão armados.  Eles entram em todas as casas e as queimam quando saem.

Engulo em seco e começo a tremer, eles vão entrar aqui. Eles vão me queimar junto com a casa.  

Ouço um grito estridente.

Alguém ficou para trás?  Meu coração acelera e a tensão me faz sair. 

Sou visto, eles se viram para mim apontando as armas.  Aponto para o alto e faço uma corrente de fumaça atrapalhar as suas visões.  Corro em direção ao grito.  Começo a ouvir um choramingo, alguém está machucado.  

Entro em um das casas, essa era onde Aarion morava com a família, uma das maiores casas da ilha.

O fogo queima a madeira da porta, com um chute eu consigo escancará-la.  O cheiro de fumaça é berrante. Tampo o meu nariz, minhas mãos formigam e com um corte de ar eu consigo diminuir o fogo e dissipar grade parte da fumaça.

— Tem alguém ai? – Eu grito

O choro aumenta.

O chão de madeira está quebradiço, dou passos cautelosos em direção há uma das portas que ainda aparece intacta. Abro com cuidado, quando uma viga cai atrás de mim, espalhando mais ainda o fogo.

— Tio Meelo, estamos aqui.

Era uma voz infantil e conhecida. Ela não parecia nervosa.

— Quem está ai?

— Eu e o peludo.

— Nari? – Essa era a voz da Nari, mas por que Aarion deixaria a própria filha na ilha?

Há uma escada através da porta que me leva até um porão.

Nari, está abaixada e escolhida em um dos cantos, ela estava deitada em uma enorme bola de pelos,  olhei com mais atenção e me assustei ao constatar que aquilo era um  bisão.  Ela afaga a cabeça do animal que chora. O choro dos bisões jovens costuma ser ouvido há uma grande distancia, mas o que passa na minha cabeça é: O que um bisão jovem está fazendo no porão de Aarion?  A domesticação de Bisões foi proibida a mais de cinquenta anos, Jumba é o único exemplar que temos na ilha e ele já é muito velho.

Nari estava com um olhar determinado, ela não parecia abalada, ela estava lidando com toda essa situação melhor que eu.

Me aproximei dela e a abracei com força.

— Por que você está aqui.

— O papai não queria levar o peludo, ai eu me escondi. Mas o que está acontecendo tio Meelo? Por que a casa do papai está queimando?

— Você deveria ter ouvido o seu pai! – Eu falei bravo.

— Mas o peludo ia ficar sozinho. – Ela disse fazendo biquinho.

Suspirei profundamente. 

— Temos que sair daqui agora. – A peguei no colo.

Ela se debateu.

— Sem o peludo eu não vou.

— Não, Nari. Os soldados da União do fogo já estão na ilha, temos que ir logo.

— Não! O peludo está com medo, eu sou a única amiga dele. Eu não vou abandonar um amigo.

As palavras dela foram como tapas na minha cara.  Eu concordo com ela, um amigo não dever abandonar outro  amigo. Aquelas palavras me deram um incentivo.

— Nós três vamos sair daqui. Eu , você e o Bisão.

— Peludo!

— Então eu, você e o Peludo.

O Bisão estava muito assustado. O fogo, o calor e a fumaça o deixaram tremendo de medo. Seu choro era alto, e podia ser ouvido pelos soldados.

— Como ele entrou aqu? Ele é grande, não vai conseguir passar pelas escadas.

— Eu não sei, ele sempre esteve aqui.

— Nari, há quanto tempo você sabe desse bisão?

— Não sei. Meu pai pediu para não contar para ninguém, assim eu podia brincar com ele.

Aarion tem um segredo.  Acho que não é apenas por ter escondido um bisão no próprio porão, tem um motivo para tudo isso. Mas não posso ficar elaborando teorias, a fumaça está ficando cada vez mais densa.

Vou até o centro da sala, o teto está quase cedendo.

— Se abaixe Nari. – Eu digo antes de fazer o teto se expandir e quebrar para cima.

Fico coberto de cinzas, mas a fumaça começa a sair pelo buraco feito.  Faço novamente e quebro o teto do próximo andar.  Finalmente eu consigo ver o céu.

— Nari, esse bisão sabe voar?

— Sim, quando ele era pequeno ele ficava voando, mas meu pai colocou uma corrente na patinha dele.

Eu olhei mais de perto e realmente o bisão estava acorrentado. Acho que Aarion não queria que seu segredo voasse por ai.

Forcei a corrente que estava presa em uma viga de madeira. Ela estava muito bem presa.  Fiquei frustrado  inicialmente, mas tive uma ideia.  

Peguei um pedaço de madeira que ainda queimava no chão. O bisão começou a guinchar mais alto do que antes quando me viu me aproximando.

Coloquei o fogo perto da base da corrente. Dobrei um pouco de ar o suficiente para aumentar as chamas. O pelo do bisão chegou a ficar chamuscado, mas tudo isso teve o efeito desejado, a madeira cedeu e consegui finalmente soltar o bisão.

Coloquei a Nari em cima do animal e pedi para que ela agarrasse bem forte, fiz o mesmo que ela.

O Bisão demorou um pouco para notar que estava solto. O fogo se aproximava cada vez mais, assim ele finalmente levantou voo destruindo o restante da casa. 

Os soldados do fogo nos viram e atiraram. O bisão ficou cada vez mais apavorado e junto com ele nós fomos embora da ilha do templo do ar sem um destino definido.  



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