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História Aversão; atração - Os opostos...


Escrita por: Amy_Rattlehead e Rasas

Notas do Autor


Rasas: Gente, aproveitem a fic! Fizemos com muito carinho pra vocês! Tentei, junto com a Amy, unir os dois universos que mais amo nesse mundo: de Naruto e de Harry Potter!

Amy: MIL ANOS SEM POSTAR NADA DE NARUTO, SHAME!
Espero que gostem! Amei demais escrever essa fic com a @Rasas!
Boa leitura!

Capítulo 1 - Os opostos...


Quando a apresentação da Escola Durmstrang começou, Naruto teve certeza de que sua ideia de sair do salão comunal da Grifinória apenas para encontrar Sakura, a garota da Corvinal que planejava chamar para o Baile de Inverno, foi um erro imenso.

Naruto estava, naquele momento, encostado em Kiba, bebendo deliberadamente seu suco de abóbora como se sua vida dependesse daquilo, enquanto observava, deprimido, as garotas de Hogwarts se derreterem em cima dos visitantes. E isso incluía também Sakura.

— Eu acho que ela não iria querer ir com você de qualquer jeito mesmo. — Kiba disse, no que era uma tentativa de animá-lo, e Naruto olhou feio para ele.

— Pode até ser, mas pelo menos ela com certeza teria ido com algum amigo meu. Tipo você ou o Shika. Agora, com esse monte de esquisito aqui na escola, provavelmente eu nem vou saber quem é a criatura que vai acompanhar a Sakura-chan!

Kiba aparentemente respondeu alguma coisa, mas Naruto não ouviu. Por dois motivos: o primeiro era que a apresentação da Durmstrang estava realmente empolgando a plateia, porque contava com mortais, tochas em chamas e uma espécie de luta coreografada absolutamente sensacional; e segundo porque Naruto, subitamente, encontrou o olhar do garoto que estava encarando-o fazia algum tempo – e Naruto presumiu isso pela intensidade do olhar do desconhecido. O garoto em questão não fazia parte da coreografia. Estava simplesmente parado ao lado do diretor da escola, deixando evidente que era o campeão da Durmstrang escolhido a dedo para participar do torneio.

O menino que encarava Naruto, ou melhor, comia-o com os olhos (no bom ou mau sentido, não dava para saber muito bem já que seu semblante – excetuando-se os olhos – era impassível assim como o da maioria dos estudantes da referida escola). Tinha os cabelos pretos e a pele extremamente branca. Vestia roupas acinzentadas, fazendo-o parecer muito confortável em sua pele, tanto que tinha uma aura de rei.

Quase rei.

Seria o príncipe esperando pelo trono, já que quem realmente ostentava atitudes e vestimentas reais era o diretor da Durmstrang, com quem o observador de Naruto trocava palavras e gestos mecânicos. Nada disso era relevante, nem os olhares, nem as roupas e muito menos a energia que advinha dos dois. A única coisa que importava para Naruto no momento era a intensidade do olhar, arrepiava sua pele de desejo e indignação. Afinal, quem ele achava que era para vir à sua escola e desfilar como se mandasse e desmandasse em tudo, até nas reações de seu corpo?

    — Quem é o idiota? — Naruto perguntou sem quebrar o contato visual com o intruso.

    — Uchiha Sasuke. Dizem que ele é o melhor da Durmstrang. Vai ser uma pedra no seu sapato se você for selecionado para competir. — Kiba comentou distraidamente e não viu quando Naruto fechou a expressão em uma carranca determinada.

    — É o que vamos ver.

 

    [...]

 

    Naruto estava deixando a aula de Poções quando Shikamaru, seu amigo de longa data que pertencia à Corvinal, o interceptou na saída, com um sorriso no rosto que causou em Naruto um péssimo pressentimento.

    — Parece que o Kiba não segurou a língua e agora todo mundo sabe que você não vai com a cara do Sasuke.

    Parecia também que Kiba tinha entendido tudo errado, porque se fosse apenas o fato de não ter uma boa primeira primeira impressão do campeão da Durmstrang, estaria tudo certo de qualquer forma. O problema real era aquele arrepio, com o qual Naruto não sabia lidar e sobre o qual sequer queria pensar a respeito.

    — E daí? Mais um pra lista dos que não vão com a minha cara por aqui.

    — Mas aconteceu algo estranho.

    — O quê?

    Começaram a caminhar. Naruto estava começando a se atrasar para a aula de Herbologia e aparentemente Shikamaru não estava interessado em estudar no próximo horário. Se continuasse seguindo o ritmo de Shikamaru, Naruto certamente cabularia a aula e seu histórico de faltas não era lá muito animador. Então se apressou, olhando para o amigo com ansiedade.

    — Soube que Sakura o convidou para o baile. Ele recusou.

    — O que isso tem a ver? — Naruto perguntou, ligeiramente irritado.

    — Todo mundo na escola sabe da sua queda por ela, Naruto. Se ele tivesse comprado o boato, teria aceitado sair com ela no mínimo pra te provocar.

    Naruto considerou. Olhou pela janela e viu a neve cair fria no pátio da escola. Se distraiu por um segundo e, no momento seguinte, estava de volta à estranha conversa com Shikamaru.

    — Eu nem sei por que você tá me falando isso. — Resmungou. — Quem saiu falando merda foi o Kiba!

    — Que seja. Boa sorte com seu projeto de rival, porque ele tá vindo aí. — Shikamaru fez um aceno com a cabeça antes de sair rapidamente para o lado oposto do corredor. Naruto se voltou para a direção do aceno e, novamente, o choque dos olhares foi intenso.

    Ele não estava gostando mesmo desses arrepios que percorriam seu corpo, então pegou Sasuke pela gola da blusa, tentando levá-lo para o armário de vassouras mais próximo ou algum banheiro para conversarem. Entretanto, Sasuke bateu em sua mão e deu um passo para trás.

      — Quem você pensa que é para chegar tocando em mim sem minha permissão, dobe? Maldito sejam vocês grifinórios. Se encaixam completamente na descrição da casa.

    Naruto imediatamente entrou na defensiva.

     — Calma aí, intruso! Eu só quero esclarecer algumas questões com você. — Sorriu. — É rápido, e depois nunca mais vai precisar colocar seus olhos em mim ou ouvir minha voz. Até porque eu não me interesso por você ou pela merda da sua escola!

   — Por que não podemos conversar no corredor? — Disse Sasuke com uma expressão interrogativa – e um pouco maliciosa no rosto, talvez?

    Naruto apenas revirou os olhos e dessa vez conseguiu pegá-lo pela gola da camisa e levá-lo ao armário de vassouras.  No momento que se fecharam naquele diminuto cômodo, Naruto percebeu que foi uma ideia estúpida num nível estratosférico, teve certeza quando ouviu Sasuke sussurrar:

— Lumus.

Para piorar olhou dentro de olhos do forasteiro, que brilhavam pela luz bem em frente a eles destacando-se por causa da cor. Pareciam de uma escuridão impenetrável. Sasuke olhou para Naruto como se dissesse “vai ficar apenas babando em mim ou dizer o que queria, esqueceu como se fala, idiota?”

    O grifinório pigarreou baixo antes de conseguir que as palavras saíssem:

      — Para de me olhar assim pelos corredores. Na verdade, para de me olhar em qualquer lugar, me seguir com os olhos, de me colocar no seu campo de visão. Tô de saco cheio disso, de sentir que vai me rasgar com o olhar.

    Sasuke soltou uma risada debochada, desfez o feitiço e se inclinou para sussurrar ao pé de seu ouvido. Naruto não sabia o que fazer além de sentir seu coração sair do peito.

     — Eu não acredito que me chamou para conversar e pedir isso só porque não sabe lidar com o fato de você desejar um homem. Um fora de seus padrões de heroísmo, aliás. Você desonra sua casa. Se quiser que eu pare de olhar para você me encontre no campo de quadribol meia-noite amanhã, faça esse favor mínimo para a Grifinória e deixe de ser covarde.

    Dito isso, saiu do armário, deixando Naruto para trás sozinho.

 

[...]

 

Faltavam menos de 24 horas para o duelo e Naruto, desde o momento em que foi desafiado e recebeu a pior ofensa que um grifino poderia receber, não parava de pensar nisso. Seu sangue queimava em suas veias – ao mesmo tempo, seu oponente parecia que era puro gelo, era a impressão que dava quando olhava para o rosto daquele imbecil –  e a única coisa que conseguia passar por sua cabeça era o quão ridículo, sem senso, metido e manipulador aquele maldito era. Por que teve que aparecer em sua vida e o fazer questionar tanta coisa? Odiava-o pelo olhar, cortante como gelo do Alasca, que enviava para si e apenas isso. Nada mais – suas dúvidas e sentimentos – não faziam sentido. Era pura rivalidade, tinha certeza disso. Ou tentava ao máximo se convencer.

Enquanto tentava prestar atenção na aula, comer decentemente ou manter uma conversa coesa com seus amigos, o tempo se arrastava quase como se tivesse parado. O problema era que, sempre que se lembrava do jeito que a boca de Sasuke respirava perto do seu ouvido, seu coração falhava uma batida. Preferiu então viver essas diminutas horas – que pareciam milênios – no automático e fingir que estava no seu estado normal, até o horário de 21 horas da noite. Depois disso, teve que se vestir e inventar alguma desculpa esfarrapada para fugir do seus amigos. Queria mesmo, antes de acertar na cara daquele metido do caralho uns feitiços que o deixassem horrível e com dor, voar de vassoura até onde foi decidido o duelo.

E foi isso que fez. Pegou sua Firebolt, passou pela sala comunal, esgueirando-se pelas beiradas para evitar ser apanhado e, consequentemente, reduzir os pontos da Grifinória. Para chegar a quadra, teve que se utilizar dos caminhos secretos. Claro que um famigerado mapa proibido estava em sua mão, e a varinha em riste com Lumus na outra. Chegando à quadra, não teve tempo de subir aos ares e respirar um pouco de paz, pois Sasuke já se encontra no local. Parecia estar meditando, de pernas cruzadas e olhos fechados.

— Parece que tivemos a mesma ideia de chegar mais cedo e nos prepararmos, Naruto. Mas já que estamos aqui o que acha de começarmos? Nem que aprendesse agora um feitiço novo e super poderoso conseguiria me vencer.

  — Sua prepotência um dia vai fazer você queimar tanto a língua que não irá conseguir falar, campeão.

    Mesmo estressado, Naruto ficou de frente para o olhos de ébano e se cumprimentaram como manda a etiqueta. Fizeram uma reverência e logo após apertaram as mãos. Antes mesmo de poder raciocinar, o campeão da Durmstrang lançou um Lacarnum. Naruto não se deu conta do que era até ver uma enorme bola de fogo espiralar em sua direção, contra-atacou com um Aquamenti, já lançando um Furunculus  – realmente queria ver Sasuke ficar feio –, este se defendeu com um Protego e riu debochadamente.

— Você realmente está lutando sério? Esse feitiço é usado por pessoas de seis anos. Como eu disse anteriormente você é muita desonra para sua casa. Fique sério ou vou acabar com você.

Dito isso, Sasuke, lançou um Sectumsempra, acertando o braço direito do oponente, vendo ele rapidamente lançar um contra-feitiço. O sangue estava escorrendo em profusão. Isso deixou Naruto irado. Era pra ser um duelo sim, mas não para matá-lo! Logo lançou um Confundus e socou a cara do seu adversário duas vezes. Queria sentir sua mão machucá-lo, não apenas seus feitiços, e ficou observando o sangue escorrer daquela tez branca satisfeito. O problema é que baixou a guarda e foi pego por um Legilimens.

Sasuke vasculhou sua cabeça, já que ainda não era oclumente, e parecia procurar por algo. Passou por incontáveis memórias e finalmente achou o que queria. O primeiro dia em que se viram e os próximos contatos, e o que Naruto pensava em relação a ele. Outro grande problema é que o único fator que ao qual Sasuke se atentou foi nos pensamentos do rival que deixavam claro o tanto que ele queria beijar Sasuke.

Sentir seu corpo, seu cheiro...

Sasuke o fez ver e rever essas memórias e sentimentos por alguns minutos.    

Quando saiu do feitiço, o campeão da Durmstrang estava na sua frente olhando para ele com uma cara de convencido. Naruto estava se deixando levar, sentindo tão próximo o perfume do outro e quase a textura de seus lábios.

Ouviram um ruído e tentaram se recompor às pressas, sem sucesso. Logo então apareceram os diretores, que eram seus responsáveis diretos, descendo as escadas completamente irados. Pelo menos o Orochimaru estava; Jiraiya  só mantinha uma expressão que demonstrava interesse e um pouco de convencimento. Mas a única coisa que o ouviu falar foi:

— Já para o quarto Naruto. Detenção na cozinha por uma semana todos os dias depois da aula junto com Sasuke. Duas horas diárias e sem ajuda dos elfos, eles serão dispensados. Lamento ter que tirar pontos da minha casa, mas você me obriga com tal descumprimento às regras e logo na época do torneio Tribuxo. Menos 50 pontos para grifinória.

    Orochimaru aguardou que Jiraiya terminasse de falar. Em seguida, proferiu, naquele tom de voz rouco e pouco amigável com o qual Sasuke jamais se acostumaria:

— Sasuke, você me desaponta tanto que só não te expulso porque é meu campeão. O mínimo que terá que fazer para continuar na nossa escola e manter o respeito dos demais é ganhar esse torneio. Como estamos hospedados na escola de outrem, seguirá o castigo que Jiraiya estipulou, além de alguns particulares que será dito mais tarde em frente aos seus colegas de classe. Os mesmos que matariam para estar onde você está, como um campeão.

    Durou só um segundo, mas Naruto podia jurar que viu. Voltou para dentro da escola pensando naquilo, inclusive, porque era o tipo de coisa que jamais esperaria presenciar: Sasuke fechando o punho e trincando os dentes. Sasuke demonstrando uma emoção diferente de orgulho exacerbado ou deboche.

    Sasuke sendo humano.

    Naquela noite, Naruto se revirou na cama, sabendo que seus problemas haviam aumentado exponencialmente. A única coisa que, até então, o impedia de realmente considerar que estava atraído por Sasuke era sua personalidade insuportável e arrogante. No entanto, ao presenciar um momento de fraqueza daquele que, até então, era apenas um rival, fez com que sua curiosidade se multiplicasse, e Naruto se viu encolhendo-se sob os cobertores com o rosto pegando fogo.

    Mal sabia que aquela era apenas a primeira das muitas noites mal dormidas que teria pensando em Sasuke.

 

    [...]

 

    A situação de Naruto piorou consideravelmente durante a semana do castigo. Primeiro porque odiava limpar a cozinha e gastar suas horas que seriam de lazer, que antecediam ao jantar fazendo serviços domésticos, seu mau humor durante a semana era inevitável. Segundo – e pior – porque estava cada vez mais confuso, revivendo o momento em que Sasuke havia usado Legimilens em meio ao duelo, ao mesmo tempo em que se recordava das palavras insinuantes sussurradas por Sasuke no armário de vassouras. Ao fim de cada detenção, depois de Sasuke caprichar no deboche para se dirigir a ele, Naruto voltava para as aulas ainda mais perdido do que no dia anterior.

    A tortura durou até o terceiro dia.

    Naruto não deveria ter percebido, e não notaria de fato se não estivesse prestando atenção em Sasuke. Claro que se dava uma desculpa qualquer – a daquele dia era que Sasuke poderia estar tramando algo mexendo nos condimentos da cozinha, tão imbecil que não convenceu nem a si mesmo – e continuava de olho sem sentir a consciência pesar. Foi então que viu.

    Sasuke estava afastando a neve da porta usando uma pá, emburrado como sempre. Naruto tinha que admitir que ele era forte fisicamente. Conseguia equilibrar uma grande quantidade de neve sem derrubar ou tremer, e aquilo certamente era fruto de intenso treinamento. Naruto esfregou a testa com a manga longa do uniforme. Talvez o maldito rival não fosse o moleque mimado que havia imaginado. Ao menos não completamente.

    Mais uma pá de neve foi removida e, pela primeira vez, Sasuke se deteve. Debaixo do branco congelante, havia uma flor colorida solitária, se destacando e se entranhado pelo gelo a fim de alcançar a luz. Naruto franziu o cenho e o viu tocar as pétalas com uma delicadeza que achou que seria impossível partindo dele, considerando o tipo de pessoa que imaginava que Sasuke era.

    Observou pelo maior tempo possível, hipnotizado pela visão. Sasuke o encarou subitamente e Naruto pensou realmente em fingir não ter visto nada. Em ignorar. Mas aquela era sua primeira oportunidade de uma aproximação amigável e, se parasse para pensar, ele também não vinha sendo um exemplo de cordialidade para com o estrangeiro.

    — Existem dessas de onde você vem? — Perguntou com curiosidade genuína.

    Sasuke deu uma risada anasalada e, por um momento, Naruto se sentiu estúpido. Certamente ele viria com uma nova grosseria. Mas não foi o que aconteceu e isso minou completamente o que restava de suas impressões precoces a respeito de Sasuke:

    — Se existem, elas não conseguem atravessar a neve. O inverno aqui é mais quente que o verão de lá.

Naruto ficou alguns minutos olhando para Sasuke embasbacado. A frase dita e a forma como foi pronunciada – com tanta admiração e curiosidade por ver algo tão belo, só que simples na visão do grifino, nunca reparou dessa forma nas flores – fez que quisesse se aproximar do estrangeiro e conhecer mais a fundo sua história, sentimentos e pensamentos.

Essa curiosidade, misturada com a atração que sentia, estava incomodando quase que fisicamente. Não sabia como reagir e lidar com tudo que vinha em sua mente, uma sensação de formigamento na barriga e desejo, desejo por tudo que aquele ser representava e performava. Queria desejar também o que Sasuke era, mas precisava antes conhecê-lo e iria, decidiu.

— Depois da nossa detenção, você iria comigo a sala secreta? Gostaria de mostrar-lhe algumas flores já que para você elas são tão raras como ver um testrálio.

    E foram, Naruto imaginou o que queria e esperou a porta se transfigurar e aparecer. Deixou Sasuke entrar primeiro e ficou contente consigo mesmo pela ideia, já que o sorriso do estrangeiro lhe aquecia o peito. Na sala havia flores de todos os tipos, rosas, orquídeas, trepadeiras, copos de leite, girassóis, entre outras diversas que nem mesmo ele sabia o nome. Bem no meio da sala havia um visco, girou nos calcanhares após notar o detalhe. Queria usá-lo a seu favor.

    — Temos uma lenda aqui na Inglaterra. — Naruto disse sério. — Quando duas pessoas passam por um ramo de visco, elas devem se beijar.

    — Visco? — Sasuke perguntou confuso.

    Naruto indicou a plantinha acima de suas cabeças e Sasuke analisou cada detalhe, tocando as folhas com muita curiosidade. Estava, de fato, curioso desde que haviam entrado naquele lugar, os sentidos absorvendo intensamente aquela explosão de cores e aromas. No entanto, o fato de Sasuke ser curioso não o tornava estúpido.

    — O que tá esperando? — Naruto insistiu nervoso.

    — E se eu não quiser?

    O estômago de Naruto se deslocou e ele sentiu o rosto esquentar. Achou melhor sair pela tangente antes que seu orgulho fosse completamente destruído.

    — Dizem que a boca da pessoa fica com pereba se ela não beijar. — Improvisou.

    Depois de rir baixo em deboche, Sasuke o puxou para perto pela cintura com um gesto rápido e comentou, antes de beijá-lo:

    — Eu conheço a lenda do visco, idiota. Só queria ver qual desculpa imbecil você iria inventar.

    O contato começou calmo. Calmo demais para os padrões de Naruto. Ele percebeu que estava se deixando levar pelo estrangeiro e achou que estava na hora de recuperar um pouco de seu orgulho. Seus dedos se enroscaram nos fios escuros de Sasuke e o beijo se intensificou. Tanto a ponto de Naruto curvar de leve o corpo sobre Sasuke, como se quisesse deitá-lo ali mesmo e dar cabo daquela misto de sensações intensas que ele lhe causava.

    — Você é quente. — Sasuke comentou ao se desprenderem e franziu o cenho ao notar a ambiguidade de suas palavras. — Sua temperatura corporal é alta.

    Naruto sorriu com a correção, os lábios tão vermelhos quanto as bochechas.

    — E você não é tão frio como eu imaginava. A temperatura corporal, claro.

— Parece que alguém está assumindo uma mudança de opinião, sutilmente, não sabia que era capaz disso. Ser sutil não tem nada a ver com o grifino que observo pelos corredores.

— Então você está assumindo que me observava, eu estava realmente certo? — Disse Naruto sorrindo presunçosamente.

           Ambos ficaram conversando amenidades e se conhecendo mais. Naruto descobriu que Sasuke também perdeu os pais muito cedo, e que quem cuidou e cuida dele até o presente momento é o irmão mais velho, Itachi. Percebeu também que Sasuke amava qualquer poesia e romance que eram escritos preguiçosamente, sem preocupação com regras gramaticais, gostava mesmo dos dialetos e “erros” cotidianos porque demonstravam para ele que a vida era cheia de possibilidades, não a mesmice como a neve, tão conhecida e vista por ele.

Branca sendo branca, molhada e fria, causando beleza e morte. Havia terra marrom, vermelha, grama, flores e laranja. Como Sasuke parecia amar laranja e como o laranja parecia a personificação de Naruto e talvez seja esse o motivo de Sasuke ter ficado tão obcecado com o bruxo esquentadinho, pela cor de sua aura e de seus olhos, que o lembravam mar. Aliás, viu o mar unicamente numa viagem de infância. Mais inusitado que as descobertas de Naruto sobre o visitante somente a pergunta aleatória no meio da conversa, sobre mandrágora.

E mesmo esse detalhe bobo fez Sasuke perder a concentração pelos dias que se seguiram.

[...]

 

— Tá voando, Naruto?

A pergunta quem fez foi Kiba e Naruto fez uma careta de desagrado. Tinha plena consciência de que sua atenção estava sendo severamente danificada por conta dos pensamentos sobre Sasuke. O problema era que isso se estendia a além da sala de aula. No último treino de Quadribol, chegou ao extremo de se pegar voando despreocupadamente, porque sua cabeça estava na Sala Precisa inebriada pela presença do até então rival. Só que seu corpo estava em cima de uma vassoura, e Naruto quase caiu ao ser atingido por um balaço no ombro.

    Nada bom.

    — Não, eu só…

    — Você só tá pensando em uma justificativa para burrada de hoje no treino, certo? — Lee, que acabou de chegar à mesa da Grifinória, comentou com um sorriso e Naruto afundou as mãos nos cabelos.

    — Isso também.

    — O problema é o idiota da Durmstrang, não é?

    A pergunta de Kiba fez Naruto se sobressaltar. Estava tão óbvio assim?

    — Por que seria? — Perguntou desconfiado.

    — Porque aparentemente ele não anda muito melhor do que você. Soube que caiu da escada ontem. Uns primeiranistas empurraram ele.

    — Ele deve estar pensando em formas de torturar o Naruto.

    Lee começou a rir alto, mas parou rapidamente porque Kiba estava ocupado demais, alimentando o cachorro que era seu amigo inseparável, para entoar o coro de risadas. Naruto, por outro lado, ficou terrivelmente pensativo. Será que Sasuke estava assim por causa do ocorrido na Sala Precisa?

    Durante o resto do dia, ficou pensando sobre o assunto, e chegou à conclusão de que estava mesmo enlouquecendo. Foi para a detenção com as mãos suando frio e um pensamento insinuante na cabeça. Ao se deparar com Sasuke, o coração deu um salto.

    — Que cara é essa, Dobe? — Sasuke perguntou com um sorrisinho debochado.

    Naruto ainda estava nervoso pelo misto de sentimentos que ver o outro lhe causava, mas não se deixou levar.

    — Soube que caiu da escada.

    Sasuke pigarreou e não respondeu. Naruto apanhou a vassoura e, naquele momento, percebeu que existia de fato uma possibilidade. Com os batimentos cardíacos acelerados, começou a falar:

— Eu sei que o inverno é seu hábitat natural, você já conheceu o meu que é primavera e Hogwarts, a estação e o lugar que mais amo no mundo. Por que não me leva para conhecer um pouco do seu hábitat, mesmo que seja encenado?

— Você sabe que essa é uma péssima forma de me chamar pro Baile de Inverno né, usuratonkachi.

— Eu tentei ser poético, teme. Você quer ou não?

Sasuke abriu um sorriso mínimo, que para Naruto parecia o sol irradiando levemente seu calor, fazendo que o clima se tornasse ameno, como uma brisa de verão ou ondinhas de calor num dia frio, mas nem tanto assim como o garoto ao seu lado. Sentiu seu coração dar um leve salto e percebeu que estava interessado demais, deveria preocupar-se?

— Seria um prazer, mas com toda certeza esse baile não vai conseguir captar adequadamente a beleza do inverno, como a brancura e a sensação térmica que te faz encolher sob as cobertas e roupas com inúmeras fibras e tecidos diferentes. Ele também traz uma paz ao coração enquanto você bebe um copo de chocolate quente e lê um livro, observando como a simplicidade pode ser arrebatadora e aconchegante. Ou quando mesmo dentro de casa o frio castiga, então você toca o corpo do seu amante com mais vontade e com mais ânimo e força, tentando desesperadamente aquecer-se e realmente, algumas vezes se sente aquecido como se estivesse recebendo o calor de mil sóis. Essa sensação o baile não vai trazer.

Sasuke disse tudo isso olhando dentro dos olhos de Naruto, que sentiu seu coração – que estava batendo acelerado – explodir, suas calças se apertarem e arrepiar-se por inteiro, mas de jeito nenhum que aquele estrangeiro iria fazê-lo sair do eixo e ficar por isso.

— Você vai comigo ou não? — Naruto insistiu, e uma ideia se formou em sua mente.

— Não se atrase. — Sasuke sorriu vitorioso.

    Naruto se sentiu terrivelmente tentado a puxá-lo de volta para a Sala Precisa, mas teria uma vingança mais doce se tivesse paciência.

 

    [...]

 

    Estavam de mãos dadas quando finalmente entraram no Salão Comunal no dia do Baile. O salão estava deslumbrante,  coberto por neve feita através de mágica, havia milhares de cristais de gelo no chão e nas árvores em volta, a abóbada do teto estava encantada para parecer uma noite de inverno, um céu em tons de rosa, roxo e azul com salpicos de estrelas. Toda a decoração foi feita para parecer que estavam na natureza, havendo apenas alguns resquícios indicando civilização como algumas lamparinas e a mesa de ponche, mesmo assim estavam decorados de forma rústica, a mesa era toda entalhada, feita uma árvore antiga e rara.

A atenção que atraiam era ímpar e Naruto estava tentado a discutir com todo mundo por conta de alguns olhares atravessados. Sasuke, por outro lado, parecia plenamente satisfeito pela coragem demonstrada por Naruto. Pensou seriamente em dizer que havia julgado mal e que Naruto era realmente corajoso o bastante para pertencer a Grifinória, mas um elogio daquele nível era fora de seus padrões para um primeiro encontro. Talvez dali a um tempo, quem sabe… E isso se Naruto merecesse!

    Eles dançaram.

    Ambos estavam de smoking, embora o de Naruto fosse de um tecido menos aveludado e mais social que o de Sasuke. Os cabelos estavam penteados para trás e reluziam à luz do salão. Havia uma beleza etérea na cena que alguns até mesmo pararam para admirar, só que era etéreo em essência a ponto de fazê-los esquecer que estavam no baile.

    Ao menos por alguns momentos, tudo era somente eles.

    Naruto tinha aquele jeito desajeitado de conduzir a dança, mas era mais desprendido do que Sasuke, então lhe foi permitido que continuasse, fazendo Sasuke se apressar para não pisar nos próprios pés. Em outra ocasião, Sasuke teria ralhado, mas era bom ver Naruto feliz, então se limitou a comentar:

    — Como dançarino, você é um ótimo jogador de quadribol.

    — Você também não é lá essas coisas. — Naruto resmungou e suas orelhas esquentaram.

    No fim das contas, Sakura foi ao baile sozinha, e estava dançando a valsa com todo mundo que estava na mesma situação que ela – primeiro Lee, depois Ino, e assim por diante. Naruto até passaria algum tempo apreciando o quanto ela estava bonita, mas, dadas as atuais circunstâncias, seria impossível. Aliás, seus amigos ficaram com a expressão entre boquiabertos, surpresos e “eu sabia” era difícil decifrar já que todos sentiam a tensão entre eles, que não era somente rivalidade, mas Naruto não dava nenhuma certeza já que não comentava muito sobre, enfim, o foco não era os amigos, o foco era Sasuke e ele estava tão cheiroso...

    Ao fim da valsa, o show de rock começou. Sasuke ficou atento, porque Orochimaru era rígido com seus horários. Suspirou ao ver que tinha razão e que seu diretor não aliviaria por aquela noite. Orochimaru estava gesticulando para ele gravemente.

    — Tenho que ir.

    Para sua surpresa, Naruto respondeu rápido.

    — Te acompanho.

    Sasuke saiu do salão sendo seguido por Naruto, que sorria de lado. Quando saíram do salão rumo aos dormitórios da Durmstrang, Naruto interceptou Sasuke.

Então, puxou-o pela cintura com força, colou apenas metade do seu corpo ao dele, de forma que somente parte da virilha se tocassem. Na parte do corpo de Sasuke que estava livre do contato, Naruto levou sua mão direita apertando a coxa do outro enquanto chegava seus lábios bem próximos à orelha do homem à sua frente, dizendo:

— Sobre a sua resposta outro dia na Sala Precisa, aqui está a minha: na minha terra, a gente não precisa de desculpas para fazer amor com mais ânimo, vontade e força. Quando amamos e desejamos alguém, toda vez que transamos é assim. Seja sob o calor escaldante do verão ou as tempestades no inverno.

Sasuke engoliu seco. Sabia que não devia passar do horário e arriscar ser pego fora do navio muito inclinado a invadir o dormitório que Naruto ocupava. Mas era bom, porque era uma oportunidade de esclarecer a situação que ele não deixaria passar:

— Na próxima, fazemos como na sua terra. — Disse, e aguardou a reação de Naruto.

Jamais imaginou que ela seria tão ridiculamente imediata.

— Assim espero.

Naruto colou seus lábios aos dele uma última vez e saiu, andando depressa para bem longe de sua tentação particular, aquele maldito que teve o dom de despertar sua aversão na mesma intensidade em que se sentiu perdidamente atraído.

    E Sasuke se limitou a andar rápido até o dormitório, se perguntando quando havia ficado tão estúpido a ponto de enlouquecer e dizer aquelas coisas a Naruto na Sala Precisa. Era, com certeza, o desejo falando mais alto. Era só que se sentia tão ridiculamente à vontade com ele que era impossível se controlar. Seu extremo oposto, disposto a passar por cima do próprio orgulho para que tivessem um depois.

    Quando se deu conta, Sasuke estava sorrindo.


Notas Finais


MUITO OBRIGADA A TODOS QUE LERAM!


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