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História Avesso - Dramione - Acordar


Escrita por: LostShadow

Notas do Autor


Olá, pequenas fadas corajosas. Obrigada a todos que deram uma chance a Avesso. Um beijinho da Lina *-*

Capítulo 4 - Acordar


Acordo no dia seguinte, em uma cama grande e macia, que eu desconheço. O rosto de Lilá Brown toma forma em minha frente, mas antes que eu pergunte algo, Harry se materializa no lugar dela e sorri, uma cicatriz nova em sua testa.

-Doninha... Achei que tivesse morrido. - ele diz, e me beija longamente na testa. Eu afasto ele com uma mão, e com outra sinto que minha cabeça está enfaixada. O relógio de cabeceira indica 8h. Cedo, ainda bem. Meu pai deve estar morrendo de preocupação! E tenho faculdade...

-Meu pai! - eu levanto num pulo, me descobrindo apenas de cuecas. Mas Lilá e Luna, que aparece trazendo um café, não parecem estar se importando.

-Já avisei a ele, Draco. - Luna diz, a voz um pouco tensa e nada feliz. - Disse que ia dormir aqui na casa de Lilá pra fazermos noite do pijama...

-Ele acreditou nisso? - eu perguntei. Era a pior desculpa que ela poderia inventar.

-O que você queria que eu dissesse? - ela está me olhando com muita raiva. - A Lilá é a única de nós que mora sozinha. E que tipo de merda você tem na cabeça? Temos um trabalho pra apresentar em 3h! Você queria morrer? Voce ao menos pensou em...

-Luna. - Lilá segura Luna pelos ombros. Eu estou encolhido na mesma posição, ainda assustado com a explosão dela.- Ele não precisa disso agora.

Eu engulo em seco. Não devia ter levantado tão rápido,pois minhas costelas estão doendo demais, de maneira que volto a sentar.

-O que houve com Rony? -eu pergunto, tirando a faixa de minha cabeça, repleta de sangue.

-Antes, engole isso. Você vai precisar. - Harry me estende um comprimido de analgésico e um copo de água. - Foi uma noite longa...

''Depois que você apagou, eu derrubei o Rony no chão. Teria sufocado ele com um mata leão, mas Fred e George me impediram. Colocamos Rony e Simas no carro deles, pois ambos estavam apagados. E obrigamos os dois babacas que sobraram a levá-los para casa.

Fred me ajudou a carregar você, e o trouxemos pra cá. Você tava sangrando muito, inconsciente, e eu queria matar o covarde do Weasley por ter usado aquele soco inglês. Mas ele já tinha tido o que merecia.

Depois de tudo, ligamos para o seu pai. Ele estava bem preocupado, mas acreditou na história de Luna. Fred e George limparam a barra pra gente, e garantiram que o Weasley nunca mais vai mexer contigo. Ia ser demais pro orgulho dele...''

Harry termina a história e minha dor começa a aliviar. Mas sei que ao menos duas costelas minhas fraturaram. Eu já tinha esse histórico, desde o colegial, e sempre que elas doíam usava cinta. Meu pai não iria desconfiar.

-Agora tente descansar. - Luna diz, fechando as cortinas e colocando um travesseiro extra sob minha cabeça. - Temos que apresentar um trabalho hoje. Você deu azar de não ter morrido.

(…)

Às 10h, Lilá me acorda. Luna já foi pra faculdade, e Harry está me esperando na sala, para me levar para o campus.

Eu tomo um banho, lavando todo o sangue dos meus cabelos, e esfregando bastante sabonete de limão pelos ombros. Harry trouxe roupas limpas para mim, e minha cinta de costelas. Eu as coloco, e exceto por um inchaço na parte de trás da cabeça, pareço novinho em folha. Além da dor, claro.

Tomo mais dois analgésicos, e engulo um pouco de leite. Agradeço a Lilá por tudo e entro no carro. Estou ansioso e nervoso ao mesmo tempo.

-Será que Rony vai a aula hoje? - eu pergunto, sorrindo um pouco apesar da dor.

-O que? - Harry dá uma longa risada. - Obviamente não. Ele não seria capaz de tal humilhação.

Mas Pansy com certeza iria, eu tinha certeza. E eu estava dividido sobre enfrentá-la, ou ignorá-la. Chegando ao campus, e olhando sua expressão desgostosa para mim, decidi pela segunda opção.

Me dirigi para o Salão de Audiovisuais, e encontrei todos os cursos de exatas reunidos diante do palco de slideshow. Luna estava impaciente, nós seriamos os próximos. Aplaudi de qualquer jeito a apresentação do grupo que estava finalizando, e subi ao palco. Luna conectou o notebook ao aparelho e uma explosão azul de luzes tomou a tela. Era o Universo.

A medida que íamos passando os slides, apresentando os vídeos e explicando sobre a teoria dos buracos negros, os professores titulares faziam anotações, concentrados.

Eu me permiti buscar entre a multidão um rosto específico. E o encontrei, na primeira fila, atento a tudo, exposto totalmente, pois sua dona havia prendido os cabelos em um coque essa manhã. Ela era bonita. Bastante...

Hermione Granger parecia admirada. Eu senti um pequeno orgulho dentro de mim. Esquisito... Queria ver dizer isso agora. Na hora reservada para perguntas, a mão dela foi a primeira a se levantar.

-Os buracos negros possuem uma definição muito vaga, uma vez que ela é baseada em teoria. - ela diz, com o característico ar esnobe. - Vocês seriam capazes de me dar um exemplo mais prático, algo palpável, para exemplificar o que eles são?

Eu sorri para Luna, e sussurrei um '' deixa comigo.'' Olhei bem fundo nos olhos da senhorita Granger, e com confiança, dei o meu melhor de explicação.

-Imagine um grande lençol. - eu digo. - Agora imagine que coloca-se uma bola de chumbo no meio dele. O que acontece? A bola de chumbo é ''sugada'' para dentro do lençol, ocorre uma deformação no tecido, certo? - ela balança a cabeça afirmativamente. - O lençol é o buraco negro. A bolinha de chumbo é um corpo, provavelmente um asteroide, que passeia em volta do buraco negro. A força de atração é tão grande dentro do buraco, que mesmo que o asteroide tenha massa muito grande, será sugado rápida e imediatamente para dentro do buraco negro. E além disso, os buracos negros não são visíveis, o que torna-os ainda mais letais. O corpo que entra dentro desse buraco será submetido a uma pressão capaz de transformar uma grossa superfície em algo como uma folha de papel. O calor também é absurdo, de modo que esse mesmo corpo, ao ser sugado pelo buraco negro, será fundido e perderá todas as propriedades originais.

Eu sorrio internamente. Ela está boquiaberta. Meu professor titular olha para mim e acena com a cabeça afirmativamente. Alguns outros alunos fazem perguntas, e depois aplausos fervorosos seguem.

No fim, me sinto orgulhoso de mim mesmo depois de muito tempo.

(…)

Durante o almoço, eu não consigo disfarçar muito a dor nas costelas, e volta e meia aperto a cinta sob a camiseta. Rony, Simas, nem nenhum dos outros dois jogadores estão a vista. Encaro como um bom sinal, e mordo meu sanduíche de peito de peru e salada com vontade.

Estou rindo de alguma piada boba de Harry, sobre estar de volta a essa cidade, e sobre Gina Weasley estar muito na dele, quando uma menina em um vestidinho azul longo, e cabelos armados castanhos e familiares, se aproxima de nossa mesa. Eu sorrio para Hermione Granger. Essa visita é realmente inesperada.

-Oi. - ela sorri para nós. - Posso me sentar aqui com vocês?

Eu fico confuso com a pergunta. Mas Luna sorri de volta, com um aspecto simpático (e um tanto culpado, acredito eu, pela noite do Bruno's).

-É claro que pode. - Harry diz, saindo do meu lado e cedendo o espaço vago para Hermione. Eu engasgo com meu sanduíche e engulo um longo gole de água. - Mas onde está a Gina, hein, Mione?

Mione? É o apelido mais estranho que já vi. Mas faz jus ao nome. Sorrio de lado, e engulo mais um pedaço do sanduíche. O dia está cada vez mais interessante.

-Ela não veio hoje porque... - Hermione abaixa um pouco a voz, com pesar. - Está cuidando do irmão. Disseram que ele caiu de moto ontem, mas eu não caí nessa. Aposto que se meteu em alguma briga por aí.

Fico um pouco pálido. Então é isso que Ronald, o covarde, estava espalhando por aí? Um acidente de moto? Eu tusso e sinto dor nas costelas. Dessa vez deixo escapar um ai, alto o suficiente para que todos escutem. Hermione me encara, as sobrancelhas erguidas, e corre os olhos pela minha blusa até as costelas. Olhando de longe é impossível perceber a cinta, mas perto como ela está, consegue delinear com os olhos seu contorno facilmente.

-O que houve aí? - ela questiona, e eu empalideço mais.

-Hm... Ahn...- me embolo com as palavras, mas como sempre, Harry já tem uma mentira na ponta da língua.

-Estávamos fazendo corrida de bicicleta ontem. O Draco acabou se espatifando. Nunca levou jeito com a coisa...

Ela não parece acreditar na história, como sempre. É uma garota esperta, e muito desconfiada. Caramba. Tenho reparado demais nela, não é?

Eu engulo mais um gole de água, e observo-a desembrulhar um hambúrguer de cheddar duplo de sua bolsa. Eu reviro os olhos. Sério que ela come fast food? Com esse vestido todo hippie e esse cabelo? Eu apostava que era vegana ou algo do tipo. Mas o modo como ela morde a carne de seu hambúrguer descarta essa possibilidade. As aparências de fato enganam.

-Você faz seu próprio almoço? - ela pergunta, encarando o que sobrou de meu sanduíche de peito de peru e salada com curiosidade.

-Na maioria dos dias sim. Eu sou a favor de alimentação saudável. - eu sorrio, com um pequeno orgulho.- Mas esse sanduíche eu comprei, mesmo.

-Hmmm... Gostaria de ter esse tipo de disposição. - ela sorri de verdade. - Mas não tenho tempo nem paciência para ficar picando alface. - sempre suave.

-Vou considerar isso como uma ofensa pessoal. - eu coloco a mão no peito, e levo na brincadeira, me fazendo de ofendido. Ela ri, e eu noto que possui um belo sorriso. Me sinto estranho. De fato, estou reparando em Granger mais do que o aconselhável.

-Então, vou fumar um cigarro. - Luna me olha de lado. -Harry, venha comigo.

-Mas eu quero ficar aqui. O assunto está muito legal e...

-Harry. Venha. Preciso de sua ajuda. - Luna sorri brevemente para Hermione e arrasta Harry pelo braço. Eu sinto vontade de morrer. Ela adora me deixar sozinho com a Granger. Pelo menos dessa vez não me sinto tão desconfortável.

-Hmmm, então, Draco. - ela amassa a embalagem do hambúrguer e acerta na lixeira com um arremesso impressionante. - Você pensou sobre a viagem para Nova York?

Eu tinha pensado, sim. E eu gostaria muito de ir. Mas o preço estava me preocupando. Eu não gostava de dar a meu pai nenhum tipo de despesa extra. E 70 dólares era um valor bem alto.

-Eu quero ir, de verdade. - senti vontade de me enfiar em um buraco. Odiava ser pobre, mas não tinha vergonha disso. - Mas ainda preciso arranjar a grana.

-Bem, você pode pagar em duas parcelas. - Hermione me estende um pequeno papel, com um número de 7 dígitos escrito. - Esse é o meu número. Se decidir ir, me avise.

Eu pego o papel, e sinto nossos dedos roçarem levemente. Quente e breve. Eu encaro os olhos dela, com firmeza, e ela parece derreter um pouco a camada de gelo que sempre mantém entre todos. São olhos grandes, profundos, e um pouco ansiosos. Como se ela nunca relaxasse.

-Ahn... - eu pisco, e percebo que fiquei encarando-a tempo demais para parecer estranho. - Ligo sim. Obrigado, Hermione.

-Pode me chamar de Mione. - ela sorri de lado. - E a propósito, o seu trabalho ficou excelente.

-Obrigado de novo. - rio, descontraído. O sinal que anuncia o fim do intervalo toca, e eu me despeço de Hermione com um aceno breve. - Nos vemos por aí, Mione?

-Claro. Eu espero... - ela me lança um olhar um pouco tímido e desaparece em meio a multidão de alunos.

Sinto um sorriso crescer em meu rosto, por algum motivo. Me sinto livre, completo, pronto para gostar de outro alguém. E Hermione é um alguém muito em potencial.

(…)

Sexta-feira chega e Rony Weasley e seu grupo de marginais finalmente dá as caras. Ele passa por mim, e pela primeira vez, não esbarra propositalmente em meu ombro para derrubar todos os livros que carrego. Ele finge que não existo, simples assim.

A viagem para NY é amanhã, e eu não toquei mais no assunto com Hermione, apesar de ela e também Gina (essa cada vez mais próxima de Harry) sentarem-se constantemente em nossa mesa.

Sei que há uma tensão no ar. Gina e Hermione costumavam sentar-se apenas com Pansy e Cho Chang no intervalo, e agora ambas, mas principalmente Pansy, parecem ter sido ''trocadas'', se é que isso ainda é cabível para pessoas de 19 anos.

Eu já não me importo se ela e Ronald estão transando na mesa do refeitório. Me sinto realizado comigo mesmo, e com minhas novas amigas, ou poderia dizer, meu novo foco de atenção e a possível nova namorada de Harry.

Hermione está nos explicando algo sobre teorema de Tales, e eu não consigo distinguir muito bem as palavras, mas os movimentos de seus lábios são completamente atraentes. Eu obviamente não fico encarando-a com tanta enfase. Não quero que ela note minha atenção tão cedo. Mas é simplesmente irresistível observá-la brevemente esnobe em sua pose de ''sei mais que todos vocês, meus caros amigos''. Os lábios dela formam uma palavra familiar, e eu saio do transe.

-Draco. - ela sorri para mim, de lado. Os olhos a cada dia menos gélidos. - Poderia nos dizer como diabos conheceu Pansy Parkinson?

De todas as perguntas que ela poderia ter feito, essa? Eu sinto um pouco do meu entusiasmo escapulir, mas dou de ombros.

-Acredite ou não, Pansy tem um bom gosto musical. Eu a conheci numa loja de discos, há dois anos mais ou menos. E aí começamos a sair e vocês sabem... Rolou um clima. - Hermione enruga as sobrancelhas, um pouco de gelo tornando os olhos castanhos frios novamente. - Mas ela não possui muita personalidade. Ou palavra. E aí, terminamos, depois de eu descobrir que ela dormiu com alguns caras do time de futebol. Foi isso.

-Ah. Sinto muito, Draco. - Gina morde o lábio inferior. - Eu sabia disso, meio que a apoiei. Eu não te conhecia antes. Se soubesse o quão legal você era, nunca teria incentivado isso.

-Eu nunca concordei muito com o código de conduta de Pansy. - Hermione encara os dedos. - E mesmo ela sendo minha amiga, algumas coisas que faz ou fala são imperdoáveis.

Eu mantenho meus olhos em Hermione, esperando que diga mais alguma coisa, mas ela parece absorta em uma realidade paralela. Não há sorriso em seu rosto, e o gelo voltou totalmente aos olhos dela. Observar isso é como ver uma flor murchar.

O sinal toca, anunciando o fim do intervalo, mas eu seguro o braço de Hermione, não deixando que ela vá.

Ela encara meus olhos, uma mistura de medo e desespero neles. Mas eu apenas estendo um envelope de dinheiro, com 70 dólares inteiros. Um ''empréstimo'' do banco Lovegood.

-Nos vemos amanhã. - eu sorrio. - Que horas o ônibus sai?

-Às 7h, em frente a Praça Central. - ela sorri para mim, voltando a realidade, os olhos um pouco menos melancólicos. - Vou guardar um lugar para você.


Notas Finais


Comenteeem <3
~Lina


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