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História Avesso - O caos


Escrita por: otpqueens

Notas do Autor


olá pessoas que estão lendo isso. queria dar alguns recados: o primeiro é que essa short fic terá apenas dois capítulos, o segundo é que eu estou planejando uma história mais longa, por isso essa aqui vai ser bem curta.

espero que aproveitem e estou aberta a qualquer crítica construtiva. vou deixar meu twitter nas notas finais.
# SE VOCÊ NÃO SHIPPA, NÃO VENHA ME ENCHER A PACIÊNCIA, SÓ FECHAR A HISTÓRIA E NÃO LER #

Capítulo 1 - O caos


Marisa estava sentindo tudo à flor da pele. Não estava à espera daquela homenagem pelos seus 7 anos como mentora do The Voice e muito menos esperava ver seus ex-concorrentes cantarem as suas músicas como parte daquela surpresa incrível. Sentia-se imensamente grata por todas as pessoas que haviam cruzado seu caminho naqueles 7 anos, fossem os concorrentes, pessoas da equipe que já não faziam mais parte daquele programa e até mesmo os familiares dos seus concorrentes que vez ou outra encontrava nos backstages. Sentia-se honrada por fazer o que amava, por trabalhar com pessoas incríveis, por estar num lugar justo, onde os principais sentimentos que prevaleciam era a empatia e a honestidade. Não tinha absolutamente nada para reclamar, estava perfeitamente bem de saúde, seus filhos estavam crescendo e não lhes faltava nada, era completamente apaixonada pelo seu trabalho e mesmo com todo o caos que a pandemia havia trazido, ainda era possível realizar alguns shows com a banda, dando-lhe a oportunidade de voltar ao palco mesmo que fosse aos poucos. Naquele momento, sentia-se completa, com o coração transbordando.

De repente, batidas leves na porta de seu camarim a tiraram dos seus devaneios e logo pôde ver Helena e Cristina — sua dreamteam, prontas para retocar sua maquiagem e arrumar os fios soltos do seu cabelo, deixando-a impecável novamente em questão de poucos minutos. Não imaginava que fosse chorar tanto com aquela homenagem, causando toda aquela bagunça em sua maquiagem a ponto de precisarem fazer um intervalo para deixarem Marisa apresentável novamente.

As duas mulheres não demoraram para sair do camarim, deixando a mentora sozinha mais uma vez para aproveitar os poucos minutos restantes que ainda tinha de intervalo. Quando o silêncio tomou conta do ambiente de novo, Marisa deixou que seus pensamentos voassem de volta à gratidão que sentia naquele momento. Pensou em como aquele trabalho mal poderia ser considerado um trabalho, porque amava tanto estar ali que sequer sentia-se trabalhando. Pensou em seus colegas que ficavam por trás de toda a magia que acontecia e logo em seus amigos, seus parceiros de cadeira, pensou especialmente em como estava sendo o paraíso ter António Zambujo e Diogo Piçarra ali pelo segundo ano, mas principalmente, pensou na loira que por muitas vezes assombrou e nublou seus pensamentos. Aurea era uma das pessoas mais importantes de sua vida e o fato de estar quase encerrando mais um programa ao seu lado a deixava mais emotiva do que esperava.

— Marisa? — A mulher de cabelos castanhos mais uma vez foi arrancada de seus pensamentos com leves batidas na porta. No instante em que virou-se em direção à porta, conseguiu ver os cabelos longos da loira e metade de seu corpo dentro de seu camarim.

— Aurea, olá. Entra! — Marisa pediu, apontando para o sofá e então sentou-se lá, esperando que a loira a acompanhasse. — Estava a pensar em ti. — A morena confessou.

— Sério? — Aurea acomodou-se ao lado dela no pequeno sofá. — Sobre o que pensavas?

— Sobre muitas coisas. — Marisa divagou, recebendo um olhar duvidoso da loira. — Sobre tudo ao mesmo tempo, mas principalmente sobre o quão grata eu estou por tu estares na minha vida há tantos anos, por estarmos terminando mais um programa juntas. 

Ao falar sobre aquilo em voz alta, os olhos da morena encheram-se de lágrimas, mas ela tentou controlá-las, não podia borrar toda sua maquiagem novamente, pois havia poucos minutos de intervalo restantes.

— Tu não tens que me agradecer por nada, minha querida. — Aurea falou, buscando uma mão da morena e segurando-a em seu colo. — Tudo entre nós nessa amizade é recíproco, somos de equipes diferentes aqui dentro, mas lá fora somos uma equipe para a vida toda. — Aurea encarou os olhos castanhos à sua frente, que brilhavam intensamente devido às pequenas lágrimas que ela tentava segurar. — E saibas que tu mereces cada uma das homenagens e surpresas que teve hoje, assim como também sei que vai merecer todas as palavras de amor, carinho e afeto que receber dos teus fãs quando assistirem a tudo isso. — A loira soltou uma de suas mãos da mão de Marisa e arrumou alguns fios da franja dela, acariciando sua bochecha no meio desse processo. — Tu és uma mulher fantástica, Marisa. Na verdade, tens o maior coração que eu já conheci na vida e quem é grata por isso sou eu, ter alguém como tu na minha vida é algo que…

Enquanto Aurea pronunciava todas aquelas palavras que qualificavam a morena, tudo o que Marisa conseguia ver — além do óbvio, que era sua amiga à sua frente enchendo-a de elogios, Marisa via uma mulher extremamente linda. Observou o quanto aquele vestido branco com as alças caídas nos ombros realçava o tom bronzeado da sua pele, deixou seus olhos percorrerem as pintinhas que se faziam presente no colo exposto da loira e demorou-se ali por alguns segundos, subindo logo em seguida para seu rosto, onde correu os olhos por cada centímetro dali, fixando-se por fim nas duas esferas esverdeadas que brilhavam enquanto a encarava. Marisa sentiu uma adrenalina correr solta dentro de si quando voltou a pensar no contato entre sua mão e a mão da loira. Sentiu sua palma suar e fechou os olhos tentando processar o que se passava com o seu corpo. Quando os abriu, teve o vislumbre de que sua amiga encarava sua boca e a última coisa consciente que se lembra é das suas mãos seguirem em direção ao rosto de Aurea, puxando-a em direção aos seus lábios.

Depois disso, algo extremamente inexplicável tomou conta da mentora menor. Era como se ela não estivesse no controle de suas atitudes, do seu corpo, das suas próprias vontades e desejos. Não sabia o que estava fazendo e muito menos o motivo de tal ação vinda de si mesma, porém não conseguia pensar nas consequências disso agora, não quando sentia seu corpo a ponto de entrar em combustão.

Sua boca, que até então estava apenas colada na da loira, movimentou-se suavemente, esperando qualquer reação de Aurea, que ainda parecia em choque com tudo aquilo, mas no instante seguinte, a mulher mais nova abriu a boca, retribuindo o beijo. Marisa suspirou quando sentiu a língua da loira deslizar suavemente sob a sua e em seguida prender seu lábio inferior entre os dentes, puxando-o com um pouco mais de intensidade e seu corpo vibrou em resposta. A morena voltou a beijá-la com fervor, acariciando sua cintura e deixando um leve aperto naquela região. Com tal atitude de Marisa, Aurea deixou que um suspiro alto, semelhante a um gemido escapar de seus lábios e esse pequeno som, porém significativo, fez o corpo da morena estremecer e um arrepio lhe subir pela coluna, eriçando seus pelos da nuca. Devido a essa reação imediata do corpo de Marisa, ela se deu conta do que estava fazendo, mas principalmente com quem estava fazendo.

Num pulo assustado, a morena afastou-se de Aurea, levantando-se bruscamente do sofá e cambaleando até a porta enquanto tentava encontrar firmeza em suas pernas, que pareciam ter desaprendido como dar um simples passo.

— Aurea, e-eu… — Marisa procurou as palavras, mas assim como suas pernas pareciam não ter função, ela também acreditava que tinha perdido a habilidade de formular frases, pois sequer uma palavra saía de sua boca. — Perdoe-me por… por isso. Eu... e-eu, eu preciso ir! — Falou por fim, apressada em sair dali e deixando a loira para trás.

Marisa saiu do seu camarim às pressas, passando por algumas pessoas que tentaram chamar sua atenção para conversar sobre qualquer assunto banal que acontecia nos intervalos, mas tudo o que a morena queria era chegar até sua cadeira no estúdio e sentar-se, para que não se desmanchasse no chão devido a inutilidade de suas pernas naqueles minutos. 

Ao alcançar seu objetivo, viu que Diogo e António já estavam ali. O mentor mais novo conversava com Zambujo ao lado de sua cadeira, mas o assunto se desfez quando ambos olharam para Marisa.

— Estás bem? — A mulher ouve a voz de Zambujo ao seu lado, demorando uma fração de segundos para processar sua pergunta e tudo o que estava acontecendo ao seu redor. Era como se repentinamente seu cérebro tivesse reduzido-se à gelatina.

— Sim, sim, estou. Por que? — Marisa foi rápida na resposta, tentando soar normal como sempre, mesmo que em seu interior um caos imenso instalava-se.

— Tu estás pálida como se tivesse visto um fantasma! — Explicou o mentor mais velho.

Ao final da resposta de António, Marisa conseguiu ver de soslaio que Aurea havia retornado ao estúdio e estava sentando-se em sua cadeira.

“Fantasma que beija incrivelmente bem!”  A morena pensou, mas rapidamente livrou-se daquele pensamento quando Catarina e Vasco apareceram no palco indicando que o programa voltaria da pausa.

Durante o resto da noite, Marisa tentou ocupar sua mente o máximo que pode com outros pensamentos, mas em alguns momentos como quando alguém estava em palco cantando, era complicado não pensar no que havia ocorrido em seu camarim, era quase humanamente impossível distrair sua mente de algo que a estava afetando radicalmente. Vez ou outra e muito discretamente, desviava seus olhos para Aurea, que também parecia perdida em pensamentos.

Enquanto Catarina e Vasco falavam aleatoriedades ou qualquer outra coisa no centro do palco, Marisa não conseguia deixar de se questionar internamente, de tentar entender o que a fez tomar aquela atitude, o que a fez inclinar-se para cima da amiga e tomar seus lábios desejosamente como o fez.

— Não achas, Marisa? — A morena ouviu Catarina questionar, completamente perdida no que a apresentadora havia lhe dito. Ela então apenas acenou com a cabeça, concordando com qualquer coisa que lhe foi dito, torcendo para que seu aceno fizesse todo sentido.

Por sorte dela, todos se focaram em Fábio na sala vermelha, desviando a atenção das câmeras dos mentores. Marisa soltou a respiração de uma maneira audível quando isso aconteceu, o que fez António e Diogo a olharem, por ambos estarem ao lado da mentora. Ela olhou para os dois de volta e em seguida para Aurea, demorando-se um pouco mais na troca de olhares com a loira.

— Estás bem? — Dessa vez foi Piçarra quem perguntou.

— Que queres dizer com isto?

— Que estás distraída! — Diogo a respondeu. — Estás calminha e não tagarelou como sempre faz a todo minuto.

Instintivamente, Marisa olhou novamente para Aurea. Era um hábito buscar conforto nos olhos da loira, porém como confortar-se com o olhar de alguém que estava lhe tirando dos eixos? A morena espantou seus pensamentos novamente e focou na postura de Aurea, que parecia incrivelmente normal mesmo depois daquele beijo.

“Ah! O beijo.” Marisa suspirou e viu no mesmo instante Diogo arquear a sobrancelha, encarando-a.

— Eu estou bem. — Ela afirmou. — Apenas distraída e pensativa. Ainda estou pensando nos meus ex-concorrentes cantando e toda aquela homenagem. — Marisa explicou. Não era de fato uma mentira, porque pensava naquilo e no que tal surpresa e tais emoções a levaram a fazer.

O restante do programa decorreu da mesma forma. Marisa distraída, roubando olhares para Aurea, se questionando o que aconteceria dali para frente com sua amizade com a loira e com Diogo e Zambujo dando-lhe olhares desconfiados, tentando entender o que se passava com a mentora.

Assim que Catarina e Vasco deram o programa como finalizado, todos relaxaram em suas cadeiras e logo levantaram-se para um abraço coletivo, como sempre faziam no final de cada programa. Marisa e Aurea acabaram lado a lado nesse abraço, o que instantaneamente fez a mulher mais baixa sentir uma das mãos de Aurea rodear sua cintura e aquilo a fez pensar em coisas que não deveria, não agora, não quando ainda não sabia o que aquele beijo tinha significado para ela, mas também para Aurea.

“É claro que não significou nada Marisa, nem para ela e muito menos para ti. Vocês são amigas e suas emoções estavam à flor da pele, então você agiu instintivamente, levando em conta o quão carente de afeto e contato físico você está.” Foi o pensamento que inundou a mente da mentora, que rapidamente se desfez daquele abraço e disse que precisava ir, deixando todos ali sem entender nada, pois geralmente era ela quem fazia um estardalhaço todo final de programa, as brincadeiras eram sem fim, as piadas com os outros colegas ou qualquer história que tivesse ocorrido naquela semana era motivo para fazer Marisa falar e falar e falar por horas, precisando ser lembrada que todos já estavam de saída do estúdio.

Sem esperar por uma resposta de qualquer um de seus colegas, ela afastou-se dali, seguindo o mais rápido que pode para o seu camarim. Ela precisava de silêncio, precisava conseguir se ouvir pensar coerentemente, pois parecia que todos os pensamentos que surgiam em sua mente eram infundados e não faziam sentido algum, não correspondiam com a sua realidade.

Quando adentrou seu camarim, encostou-se na porta, permitindo-se dar um longo e audível suspiro enquanto mantinha seus olhos fechados. Ali dentro não havia câmeras, pessoas na plateia, não havia Diogo e António questionando-a a todo momento sobre suas ações e reações nada comuns e principalmente, ali em seu camarim não havia Aurea e seus olhares indecifráveis, sua pose inabalável e seu humor aparentemente inatingível. Era como se nada incomum tivesse acontecido à loira e somente Marisa quem estava a beira de um colapso nervoso, pois Aurea estava agindo como se todos os dias sua melhor amiga lhe desse um beijo digno de cenas de filme. Ali em seu camarim, Marisa estava sozinha, podia finalmente se permitir sentir todas as emoções possíveis, fossem as ruins ou as boas.

E naquele momento, ela sentiu. Largou seu corpo desajeitadamente sobre o sofá pequeno dali, mas perfeito para ela, fechou os olhos e se permitiu sentir. O misto de dúvidas, confusão, medo e incertezas lhe atingiu, sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar a loira, teria que dar à ela uma explicação para suas atitudes completamente inesperadas e isso começava fazê-la perder a cabeça. Marisa levantou-se do sofá e começou a andar de um lado para o outro. Não era da sua natureza ser calma e tranquila, sempre foi alguém agitada e hiperativa, mas diante da situação em que vivia, sua inquietude aumentou em níveis inimagináveis.

“Eu beijei a minha melhor amiga!” Essa era a frase que ecoava na mente de Marisa, mas o pior de tudo estava sendo a afirmação que vinha a seguir. “E eu gostei de fazê-lo.”

De repente, seu camarim pareceu pequeno e sufocante, que combinando com todas as inseguranças que havia dentro de si e a frase que ecoava repetidamente em sua cabeça, a fez entrar em pânico. A mentora sentia-se como se a qualquer momento as quatro paredes que a cercavam fossem cair sobre si. Sua respiração estava desregulada e nada coerente se passava em sua cabeça. Seu corpo reagia de uma maneira que ela mal se recordava de reagir antes e naquele mesmo segundo, o vestido que usava parecia pesado demais, a maquiagem em seu rosto parecia queimar sua pele e intoxica-la de um modo que apenas existia em sua imaginação. Com isso, sentiu a urgência de livrar-se de tudo aquilo, começando pelo vestido, que parecia ter cinco vezes mais que o seu próprio peso. Livrou-se do mesmo jogando-o sobre o sofá, permanecendo em suas roupas íntimas e logo procurou algo para poder livrar seu rosto de toda aquela maquiagem.

Marisa vestiu um par de calças de moletom e uma camiseta cinza, a qual usava naquela tarde quando chegou ali para o programa. Precisava sair logo dali de dentro e aquela roupa foi a primeira coisa que seus olhos encontraram em meio às malas espalhadas pelo chão e a bagunça que seu camarim ficava durante toda a rotina de preparação, havia sido a primeira coisa que seus olhos encontraram em meio ao turbilhão de coisas que sentia e vivia naquela hora. Não é como se alguém fosse notar que ela não estava em seu camarim, muito menos com qual roupa havia saído dali. Tudo o que ela precisava era de ar puro, então encontrou rapidamente a saída do estúdio, tentando passar despercebida por todos que estavam nos corredores, até finalmente cruzar a porta e sentir o ar gelado arrepiar sua pele.

— Maldito seja este frio! — A pequena mulher praguejou por ter esquecido seu agasalho e agora não percorreria todo o caminho de volta até seu camarim para pegá-lo.

A diferença da temperatura de dentro e fora do estúdio era extremamente notável, mas Marisa sequer conseguia se concentrar nisso, porque novamente aquela frase ecoava incansavelmente em sua cabeça.

A mulher sabia da existência de um banco longo e de concreto que havia ali, então sentou, fechou os olhos e deixou seu corpo tentar relaxar, sentindo a parede fria atrás de suas costas. Marisa pendeu a cabeça para trás e voltou a pensar em sua atitude de horas atrás, quando estava sozinha com Aurea em seu camarim. Ela tateou o bolso da sua calça e tirou dali um maço de cigarro, pegando um e acendendo-o. Deixou que a fumaça inundasse seus pulmões na primeira tragada e causar-lhe o efeito de calma que a nicotina lhe trazia. Detestava tudo sobre cigarros. O cheiro, o gosto em sua boca, a maneira como aquilo lentamente acabava com a sua vida, mas era um vício que ainda não tinha conseguido se livrar. Porém, não era isso que estava em sua mente agora, não era o que a preocupava e a deixava temendo o futuro com sua amiga.

— És tão parva, Marisa! — A morena falou sozinha, tragando mais uma vez seu cigarro. — E se ela nunca mais falar comigo? E se eu estraguei uma amizade de 10 anos por nada?

As perguntas continuavam a bagunçar a cabeça da mentora, que estava extremamente gelada devido ao vento dali de fora, mas sequer aquele frio estava sendo capaz de clarear sua cabeça dos pensamentos. Tentou por alguns segundos distrair-se, parar de questionar os “e se” que lhe atormentavam, mas sua mente a traía, levando-a de volta ao momento em que tinha beijado Aurea, pensando no quão macio seus lábios eram e no delicioso som que ela fez enquanto suas bocas estavam unidas.

— Que diabos está a pensar, Marisa? — Falou consigo mesma mais uma vez, sentindo-se estranha com o calor que percorreu seu corpo quando pensou em Aurea e no beijo que trocaram. A morena terminou seu cigarro e arrepiou-se de frio com a rajada de vento daquele momento.

— Marisa? — A voz de Aurea invadiu os ouvidos da mentora menor e tinha um tom baixo, na tentativa de não assustá-la, o que não resolveu, pois Marisa pulou quando a ouviu, logo sentindo-se ficar tensa com a presença da loira ali.

— Olá. — Marisa falou baixo, ainda muito tensa e olhando para a porta de onde a loira tinha saído, pois a mesma ainda estava parada ali 

— Passei no seu camarim e não te encontrei lá, então imaginei que estivesse aqui. — Aurea contou. Desde quando ela e Marisa tornaram-se amigas, muitas vezes as duas saíam do estúdio e iam sentar-se ali para conversar, desabafar ou para simplesmente aproveitarem o momento juntas num dia cansado e turbulento, onde ambas precisavam apenas do silêncio e da companhia uma da outra.

“O que isso significa? Aurea foi me procurar no meu camarim? Por que?” As perguntas bombardearam a cabeça de Marisa, que não tirava os olhos da loira.

— Trouxe isto para você. — Aurea disse, estendendo à ela uma blusa de lã, a qual pertencia a morena e que a loira provavelmente deve ter pegado em seu camarim quando foi procurá-la.

— Ah! Muito obrigada. Eu sequer lembrei-me de pegar quando saí. — Marisa sorriu levemente, colocando a blusa e sentindo-se mais confortável com ela, que a protegia do frio.

— Eu nem imagino o motivo de ter esquecido. — A loira falou baixo, tendo um tom irônico na voz.

Por um momento Marisa esqueceu-se de todo o estardalhaço que passava em sua cabeça e da tensão que dominava seu corpo e apenas observou a mulher parada a sua frente, somente à dois passos de distância. Aurea já havia tirado seu vestido branco e volumoso que usou no direto da gala, agora ela encontrava-se com uma calça cinza de moletom e uma jaqueta azul, seu rosto também já estava livre das maquiagens e seus pés sem os saltos, ela parecia extremamente confortável e tranquila, o que realmente era verdade e em partes, Marisa estava com inveja daquela plenitude que a mais nova mostrava, porque parecia que apenas ela estava surtando e criando o maior caos em sua cabeça, enquanto Aurea honestamente parecia flutuar numa nuvem que veio do céu e a estava carregando para todos os lados.

Um vento gelado passou por ali e fez a menor se encolher e alisar os braços por cima da blusa, tentando trazer mais calor para seu próprio corpo, mas foi em vão. Seus lábios tremeram levemente enquanto ela voltava a sentar-se no banco de concreto onde estava antes da loira aparecer por ali. Aurea repetiu o ato de Marisa, sentando-se ao lado dela e ficando extremamente próxima à mulher menor, como se estivesse protegendo-a do frio e aquilo não passou despercebido por Marisa, que sentia o calor vindo do corpo da loira abraçar o seu próprio. Fechou os olhos por uma pequena fração de segundos e deitou a cabeça no ombro de Aurea, sentindo o perfume dela adentrar suas narinas e magicamente acalmar a zona de guerra que seus pensamentos haviam se transformado. Pensou em como aquilo era possível e o porquê daquela calmaria a atingir de tal maneira, porém nenhuma resposta magicamente surgiu em seus pensamentos, o que lhe restava apenas perguntar, precisava questionar Aurea, mas também sabia que ela tinha perguntas, só não imaginava quando elas surgiriam.

Marisa observou Aurea completamente a vontade ao seu lado e se perguntou o que se passava na cabeça dela e o motivo de nada daquilo tudo que ocorreu entre ambas parecer incomodá-la. Talvez Aurea apenas estivesse esperando o momento certo para incriminar ou julgar a morena por seus atos, porém pensou nela ali, serena e tranquila, sem nenhuma expressão a perturbando, também pensou no fato de que ela a levou seu casaco, o que podia significar que ela não estava brava. Marisa sabia que a loira não iria gritar ou julgar o que Marisa fez, a conhecia perfeitamente bem para saber que ela não faria uma cena para saber o que levou à morena a fazer aquilo, porém sabia que uma conversa entre elas precisaria acontecer e a pergunta era: quando? Quando Marisa estaria pronta para falar sobre o beijo ou sobre o motivo que a fez beijá-la? E Aurea? Será que a loira estava pronta e era por isso que havia ido procurá-la em seu camarim?

— Pare com isso. — A voz da loira se fez audível e a morena levantou a cabeça de seus ombros e a olhou assustada.

— Parar com o que? — Perguntou.

— Eu consigo ouvir-te pensar daqui, Marisa. — Aurea tinha o tom de voz leve, despreocupado. — Tu estás quieta e pensativa desde quando aconteceu, por isso sei que estás a ficar louca com teus pensamentos. — Marisa observou o rosto de Aurea enquanto as palavras saíam de sua boca.

— Por que não estás a surtar com isso? — Marisa criou coragem para questioná-la, sua voz carregava uma preocupação notável e seus olhos não conseguiam olhar para outro lugar que não fossem os olhos verdes a sua frente.

Antes de Aurea respondê-la, a loira segurou as mãos frias e pequenas de Marisa e entrelaçou seus dedos, voltando seu olhar para os castanhos a sua frente.

— Marisa… — A mais nova falou calmamente. — Sempre que começar a se questionar internamente, a criar mil tipos de “e se” em sua cabeça, antes de deixar os teus próprios pensamentos te inundarem de dúvidas e incertezas, lembre-se: quando tu me beijaste, o que eu fiz?

Com seu questionamento feito, Aurea levantou-se dali, olhou mais uma vez para a morena que parecia ainda mais confusa e fez seu caminho de volta para dentro do estúdio, deixando Marisa sozinha e tentando entender o que aquela frase da mentora loira significava.

“Lembre-se: quando tu me beijaste, o que eu fiz?”

Marisa sentia a ponta de seus dedos geladas e o frio parecia ainda pior agora que já não tinha o corpo quente de Aurea ao seu lado, então resolveu que era hora de ir embora. Levantou-se dali e entrou de volta no estúdio, suspirando feliz por estar protegida do vento cortante lá de fora. Andou tranquilamente até seu camarim, começando a juntar suas coisas para ir para casa e como um clique, uma lembrança passou por sua cabeça: Aurea havia vindo com ela para o estúdio aquela tarde, então ambas deveriam ir embora juntas. Marisa rapidamente abriu a porta de seu camarim e correu até o que parecia uma cozinha, mas também uma sala, onde os mentores assim como Catarina e Vasco ficavam durantes os intervalos do programa, porém encontrou apenas Diogo.

— Diogo! — A menor o chamou.

— Marisa, o que ainda fazes aqui? Achei que já tivesse ido embora. — O rapaz comentou, surpreso ao vê-la.

— Tu vistes a Aurea? — Ela perguntou, ignorando a pergunta dele.

— Achei que estivesse contigo. A última vez que a vi ela disse-me que iria procurar-te.

— Nós nos encontramos, mas… — Marisa interrompeu-se, não sabendo o que ou como dizer aquilo tudo que tinha acontecido. — Esquece! Vou mandar mensagem à ela. Obrigada querido! — A mentora aproximou-se dele e lhe deu um abraço, vendo que o mesmo já estava de saída. — Feliz Natal à ti, à Mel, sua filha linda e a toda tua família. — Marisa o desejou, sabendo que eles iriam se ver apenas depois do Natal.

— Obrigada Marisa! Desejo-te o mesmo, porém em dobro.

Ambos despediram-se e Marisa correu de volta para o seu camarim, procurando o seu telemóvel apressadamente. Quando o encontrou, sentou-se no sofá e digitou uma mensagem para a loira.

MARISA: Aurea, onde tu estás? Esqueci-me completamente que estávamos juntas no meu carro. Estou saindo do meu camarim, onde nos encontramos?

A morena bloqueou o celular enquanto aguardava que a amiga a respondesse. Não demorou mais de um minuto quando o mesmo vibrou com o nome de Aurea na tela.

AUREA: Estou quase a chegar em casa, fique tranquila. Boa noite, querida. Bom descanso!

Quando a morena leu a mensagem de Aurea, sentiu-se culpada. Estava há tanto tempo pensando em si mesma que nem deu-se conta de seus compromissos e isso incluía levar a loira para casa.

Não passou segundos e Marisa começou a questionar-se como e com quem Aurea tinha ido embora, mas esses questionamentos não tinham espaço em sua cabeça, devido a tantos outros. Pegou suas coisas e deixou seu camarim o mais organizado possível, pois agora só voltaria ali depois do Natal, então seguiu para seu carro, feliz por finalmente poder voltar para casa, para seus filhos. Quando entrou e jogou sua bolsa no banco ao lado, imediatamente sentiu o perfume que Aurea estava usando naquela tarde quando foi buscá-la em sua casa e era o mesmo que estava impregnado em suas roupas quando se encontraram fora do estúdio após o final da gravação da Gala de Natal. Um leve sorriso cresceu em seus lábios, fazendo-a suspirar e pender a cabeça para trás no banco do carro, se perguntando o que estava acontecendo consigo mesma, desde quando sorria ao sentir o perfume da loira em seu carro ou desde quando saía por aí beijando-a quando estava emocionada.

Marisa chegou em casa e seus filhos já estavam dormindo. Já era tarde, então imaginou mesmo que eles estariam a dormir, assim como sua mãe, que havia passado a tarde ali com os netos. A morena passou no quarto dos filhos apenas para observá-los dormir por alguns segundos, queria fazer o mesmo com a mãe, porém sabia que a mulher mais velha tinha o sono leve e que se o fizesse a acordaria, então Marisa foi para seu quarto, que ficava no fim do corredor e fechou a porta, começando imediatamente a se despir. Precisava de um banho urgentemente, pois  imaginou que aquilo lhe traria alguma calma e tranquilizaria todos os seus pensamentos, mas percebeu que estava totalmente errada quando a água quente do chuveiro caiu em seu corpo e a primeira coisa em que pensou foi em Aurea, no momento em que a loira sentou-se ao seu lado fora do estúdio e todo o calor do corpo dela foi quase que instantaneamente transferido para o seu, porém o momento que agora invadia brutalmente suas memórias era o exato segundo em que sua boca encontrou a da loira.

Desde o momento em que o beijo havia acontecido, Marisa estava tentando evitar pensar naquilo, nos menores detalhes daquele beijo trocado com a sua melhor amiga, porém agora estava sendo completamente diferente, Aurea não estava por perto, então  a morena podia permitir-se pensar no acontecimento sem medo de agir impulsivamente mais uma vez, porque foi uma atitude impulsiva, certo?

Decidiu repentinamente que já havia ficado tempo demais na água, então logo saiu, vestindo seu pijama e enfiando-se debaixo das cobertas e novamente tendo a sensação de conforto, a mesma que sentiu nas duas vezes que esteve intimamente próxima da loira hoje.

Aurea era quente. E Marisa não havia chegado àquela conclusão somente porque a amiga era bonita e usava roupas que valorizavam demais cada centímetro e cada curva do seu corpo, mas pelo fato da loira emanar calor. Tudo nela era quente. Suas mãos quando pousavam em seu rosto para acariciá-lo, seus abraços quando tinham a intenção de confortá-la, quando tinham qualquer outro propósito ou nenhum, suas coxas, quando Marisa sentava-se em seu colo por qualquer motivo durante as provas cegas no programa ou em qualquer momento que fosse conveniente fazê-lo. Seus pés, quando a loira pedia à Marisa para massageá-los, mesmo que pedisse inocentemente por pura brincadeira entre elas, mas a morena o fazia porque adorava aqueles momentos onde podia distrair-se de qualquer coisa e aproveitar as banalidades do dia a dia. Suas costas, quando Aurea pedia ajuda à ela para fechar o zíper de algum dos seus vestidos ou amarrar seu biquíni quando íam à piscina juntas e os dedos de Marisa roçavam na pele bronzeada e macia da loira. Por fim, a morena pegou-se a pensar que além de todo o corpo de Aurea ser quente, sua boca também era e isso não foi surpresa para Marisa enquanto a beijava.

A mulher mais nova agarrou-se àquele pensamento e fechou os olhos, deixando-se reviver aquele momento repetidas vezes em sua mente, permitiu-se pensar nas mãos da amiga quando ela deslizou-a por uma de suas coxas descobertas pelo vestido e nas suas próprias, quando apertou a cintura de Aurea. Permitiu-se recordar da sensação que sentiu no momento em que a língua da loira adentrou sua boca, deslizando deliciosamente sob a sua e tal lembrança fez seu corpo revirar-se inquieto na cama.

Para o seu próprio bem, tentou limpar sua mente dos pensamentos e virou-se para dormir, pois sabia que logo que o primeiro raio de sol surgisse no céu, seu filho mais novo estaria invadindo seu quarto para acordá-la.

Marisa revirou-se por longos minutos na cama, mudou de posição várias vezes na tentativa de encontrar alguma confortável o suficiente para fazê-la dormir, mas independentemente do quão cansada estava pelo longo dia que teve, seu corpo parecia ter energia o suficiente para correr uma maratona. A mulher bufou irritada consigo mesma por não conseguir pregar os olhos, então sentou-se na cama, encostando-se num amontoado de travesseiros e pegou seu telemóvel, vendo que o mesmo marcava 3h42 da madrugada. Revirou os olhos porque sabia que aquela era uma madrugada perdida e que no dia seguinte estaria se arrastando pela casa. Desbloqueou o aparelho e relutantemente abriu seu whatsapp, vendo a pequena foto de Aurea ali, pois havia sido a última pessoa com quem tinha conversado. Decidiu clicar em sua conversa e assustou-se ao ver que ela estava online, porém não surpreendeu-se porque sabia que a mais nova sofria de insônia. Perguntou-se o que ela estaria fazendo, se estava conversando com alguém, se tinha contado sobre o beijo para qualquer pessoa que fosse ou se esse beijo também era o motivo dela não conseguir dormir aquela noite, perguntou-se o que se passava pela cabeça dela naquela hora, mas então recordou-se da última coisa que a loira tinha lhe dito pessoalmente aquela noite: “Sempre que começar a se questionar internamente, a criar mil tipos de “e se” em sua cabeça, antes de deixar os teus próprios pensamentos te inundarem de dúvidas e incertezas, lembre-se: quando tu me beijaste, o que eu fiz?”

Aquela frase ainda não fazia o menor sentido na cabeça da mentora, que desistiu do telemóvel, bloqueando-o e o colocando de volta ao lado de sua cama, deitando-se novamente e fechando os olhos.

Marisa sentiu que passaram-se poucos minutos quando ouviu a porta do seu quarto ser aberta abruptamente pelo seu filho, assim como ela tinha previsto, e então percebeu que conseguiu dormir pelo menos por algumas horas. O filho da mentora conseguiu tirá-la da cama logo e todos deram início a sua rotina.

Era terça-feira e a véspera de Natal seria na quinta, então Marisa precisava começar as compras e os preparativos. Organizou mentalmente uma lista de tudo o que precisava fazer, mas não sem antes aproveitar seus filhos e sua mãe, que agora estavam ao redor da mesa tomando café da manhã.

***

Era sexta feira, 25 de dezembro, o almoço de Natal já havia sido realizado e tudo tinha corrido perfeitamente bem, todos tinham ajudado a organizar e limpar tudo e agora os adultos apenas estavam descansando, enquanto as crianças aproveitavam seus novos presentes. Marisa tinha ido para sua varanda, deitando-se sobre uma espreguiçadeira que tinha ali e jogando uma coberta sobre as pernas, equilibrando uma caneca de café em uma das mãos para não queimar-se, juntamente com o seu telemóvel, o que era uma tarefa extremamente complicada devido às suas pequenas mãos.

Seus últimos dias haviam sido uma completa loucura levando em consideração os preparativos de Natal, mas em momento algum conseguiu deixar de pensar no ocorrido durante as gravações da Gala de Natal do The Voice, também não havia falado com Aurea naqueles dois dias, porém na madrugada anterior, após o relógio alcançar meia noite e Marisa desejar Feliz Natal à todos que estavam presentes ali em sua casa, afastou-se por um momento das poucas pessoas que permaneciam em sua sala de jantar e pegou seu telemóvel, digitando uma mensagem à Aurea. Imaginou que a loira não a responderia tão brevemente ou que talvez não obteria uma resposta até o dia seguinte, mas Marisa continuou ali por mais um tempo, com o aparelho em mãos e esperançosa por uma resposta. Não demorou cinco minutos e ela chegou, o que fez a morena abrir um sorriso largo que facilmente poderia fazer suas bochechas doerem se permanecesse assim por longos minutos. Ambas trocaram vários emojis como sempre faziam apenas para não colocarem fim na conversa, mas queria passar mais tempo com sua família, então bloqueou o telemóvel e o deixou novamente sob a pequena mesa ao seu lado.

Agora, durante aquela agradável, porém fria tarde de sexta-feira, Marisa estava sentada ali, pensando na loira e em como havia sido seu Natal junto à sua família. Por ironia do destino ou sincronia do universo, o telemóvel de Marisa começou a tocar e o sorriso da morena alargou-se quando viu o nome de Aurea piscar na tela. Não esperou o aparelho tocar mais de dois segundos, atendendo a ligação da amiga sem tirar o sorriso do rosto.

— Aurea? — Foi a primeira coisa que a morena disse animada.

— Olá Marisa. — Uma voz masculina a respondeu, o que fez o sorriso da mulher se desfazer de seus lábios. Ela sabia que conhecia aquela voz, só não imaginava o motivo dele estar a ligar.

— Ângelo… — Falou confusa. — Feliz Natal! — Exclamou, tentando transparecer normalidade em sua voz. — Estás bem? Aconteceu algo? — Marisa começou a questionar-se se algo sério tinha acontecido à loira e esse era o motivo da ligação do rapaz.

— Feliz Natal à ti também! — Ângelo respondeu. — Estou a ligar porque queria saber o que está acontecendo com a Aurea. Ela não fala comigo e imaginei que ela já deve ter falado algo à ti.

— O que quer dizer com isso? — Marisa questionou preocupada.

— Fique tranquila que nada aconteceu. — O rapaz tentou tranquilizá-la, mas já era um caminho perdido, pois a voz da morena era carregada de preocupação.

— Ângelo, você não estaria a ligar-me durante a sexta feira de Natal se nada tivesse acontecido, então diz-me por favor, a Aurea está bem? — Marisa ficou em silêncio, temendo ouvir que a resposta da sua pergunta fosse “sim” e o silêncio do homem somente a deixava mais aflita.

— Nada aconteceu, Marisa, mas sei que algo está a se passar entre vocês as duas. — Ângelo começou a dizer. — Ontem a noite, Aurea bebeu mais do que o normal e disse algumas coisas, por isso pensei em te ligar, mas vou entender se não quiser dizer nada.

— Perdoe-me perguntar, mas o que exatamente a Aurea disse? — A morena sentiu curiosidade sobre aquilo e também sabia que vários questionamentos surgiram em sua cabeça se não perguntasse à ele enquanto ainda tinha oportunidade.

— Marisa, isso é algo que vocês duas precisam conversar, não posso interferir, só queria garantir que ela está bem.

— Se ela ainda não disse nada à ti, sei que logo vai dizer. — Marisa disse, pois sabia da relação maravilhosa e cheia de confiança que Aurea tinha com o irmão. — Ela está a dormir agora, não é?

— Sim, está! Foi por isso que aproveitei a ocasião e te liguei. — Ângelo falou num tom tímido e Marisa se deixou esquecer a preocupação por um momento. — Espero não ter incomodado, tenha uma boa tarde, Marisa.

—Igualmente, querido! — Ela respondeu e logo ambos despediram-se. 


Notas Finais


twitter: @otpqueens

vou tentar não demorar para postar o próximo capítulo!


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