História Awake - Million Reasons - O Susto

Depois de tomarem banho e jantarem, os dois passaram um tempo conversando enquanto assistiam televisão e as 23h30min da noite foram deitar para dormir, Clay ficou no quarto de hóspedes dormindo sozinho enquanto Emma estava dormindo em seu próprio quarto.

A noite estava tranquila, o clima estava agradável, não havia muito barulho, estava tudo em um completo silêncio, de repente, Clay acorda, olha para o relógio na cômoda ao lado da cama, eram 02h30min da madrugada. Levanta-se devagar, estava completamente escuro e enxergava poucas coisas na sua frente, caminhava até a porta, tateava os lugares para ver se encontrava algo no qual pudesse se apoiar, ao perceber que havia tocado a maçaneta, gira-a e acaba abrindo a porta.

Vai caminhando sempre reto tateando as coisas e se apoiando nas mesmas para ir até a cozinha, queria beber um pouco de água, a iluminação parecia estar melhor ali, como a janela do cômodo era grande e de vidro, a iluminação da rua ajudava um pouco, pensou em ligar as luzes para melhor locomoção, mas a porta de Emma estava um pouco aberta para qualquer eventualidade, então não queria acordá-la, cuidar dele não era fácil e ela precisava de um pouco de descanso.

Ao chegar na cozinha, apoia-se em um balcão onde havia um pote vazio em cima, o qual ele acaba derrubando sem querer no chão fazendo barulho, ele abaixa-se para pegar o objeto do chão, mas acaba derrubando mais alguns potes fazendo mais barulho ainda.

Os ruídos acordam Emma, que começa a ouvir mais sons vindos da cozinha, pensou que poderia ser um ladrão que havia entrado, pois pensava que Clay provavelmente chamaria ela para qualquer coisa que precisasse.

Ouve mais alguns barulhos, levanta-se rapidamente indo até o seu guarda-roupa, ao lado dele havia um taco de beisebol que ela havia comprado quando adolescente ao entrar no time da escola, pega-o abrindo ainda mais a porta lentamente, não queria assustar o suposto ladrão, levanta o taco indo na direção dele, continuava com as luzes apagadas, se ligasse, também poderia espantá-lo.

Clay ouve alguns passos atrás de si que cada vez aproximavam-se mais, ele vira-se rapidamente, acende a luz da cozinha, o interruptor de uma delas ficava perto da pia, quando o lugar ilumina-se, vê Emma com um taco de beisebol levantado em sua direção.

Ao ver que era Clay quem estava na cozinha, ela baixa o taco, em seguida, escorando-se na parede da entrada do cômodo e respirando fundo tentando se acalmar.

-O que estava fazendo com esse taco?-perguntou Clay confuso.

-Achei que fosse um ladrão...-disse Emma pondo uma das mãos no peito-Eu nunca pensei que você iria se levantar sozinho no meio da noite.

-Minha situação não é tão crítica, relaxa...-disse Clay rindo um pouco-Eu vim apenas beber um pouco de água, perdi o sono.

-Ah sim...-disse Emma de cabeça baixa um pouco mais calma-Me desculpe.

-Não tem problema, você apenas esqueceu disso...-falou Clay ainda rindo da situação-Mas pode ficar sossegada, além disso, estamos no quinto andar, como um ladrão entraria aqui?

-Semana passada roubaram a televisão da vizinha do sexto andar...-disse Emma-Então tem sim como eles entrarem.

-Tudo bem...-disse Clay-Vamos dormir.

Emma estava indo na direção de seu quarto, Clay bebe o resto da água de seu copo de cabeça baixa, até que pensa por alguns instantes e levanta a cabeça, encarando a amiga.

-Emma...-chama Clay.

A mulher vira-se rapidamente para ele, que põe o copo em cima da pia, escora-se na abertura da cozinha com um sorriso estampado em seu rosto, que acaba contagiando Emma para também esboçar um sorriso.

-Posso dormir com você?-pergunta Clay-Estou um pouco carente de atenção e como estamos apenas nós dois aqui, porque não?

-Pode sim...-falou Emma rindo-Mas se não me deixar dormir, eu vou colocar você a dormir na sala, já avisando.

Clay ri, segue Emma, chegando no quarto, ela deita-se e ele faz o mesmo logo depois ao lado dela, ficaram um tempo quietos, mas ambos não conseguiam dormir de jeito nenhum e não sabiam porque.

-Emma, ainda está acordada?-perguntou Clay olhando para o teto.

-Estou...-disse Emma-Não consigo mais dormir depois do susto na cozinha.

-Eu também não...-disse Clay rindo baixo-Acho que fomos dormir cedo demais.

-Também acho...-disse Emma sentando-se na cama e ligando o abajur para iluminar um pouco o quarto.

A mulher respira fundo e olha para Clay, ele continuava deitado na cama, estava de lado olhando para ela, sorria sem parar, quando foi até a cozinha, não havia reparado que ele estava com o seu pijama azul, aquela cor lhe deixava tão bonito, ficou admirando por um bom tempo.

-Emma?-perguntou Clay ainda sorrindo-Está tudo bem?

Emma para de admirá-lo um pouco, baixa a cabeça, ri um pouco envergonhada, Clay também ri, além de ter sido uma situação engraçada, achou fofo a forma como ela lhe observava.

-Vamos assistir televisão?-perguntou Emma pegando o controle da TV do quarto na cômoda ao lado da cama-Será que tem algum programa bom para assistir a essa hora?

-Duvido...-disse Clay-No máximo, alguma reprise de algum programa ruim.

Emma começou a passar os canais devagar para tentar encontrar alguma coisa, ele aproxima-se da amiga, repousando a cabeça no colo dela. A mulher larga o controle na cama, deixando em um canal que passava um jornal mundial, acaricia o rosto de Clay com uma mão, enquanto com a outra, mexia nos cabelos dele.

Ele começa a lembrar novamente de Emma no hospital, "Eu amava-o muito" não saía de sua mente, "Devia ter me declarado antes dele casar-se com Sam", essa frase lhe fazia ter vontade de chorar por nunca ter percebido, por ter se cegado com o amor que sentia por Sam, o qual nunca foi correspondido, era tudo falso.

Fecha os olhos e respira fundo, prometeu enquanto estava no hospital que não derramaria mais nem uma lágrima sequer por conta deste ocorrido, sua vida seria diferente depois do transplante, não apenas para seu corpo, queria que sua vida também fosse diferente daquele dia em diante.

"Você é cem vezes o homem que ele foi. Sempre será", essa frase de sua mãe também ecoava em sua mente sempre que parava para pensar na vida, se perguntava sempre se realmente era uma pessoa tão boa assim, se era alguém que valia a pena se relacionar, já que Sam aparentou estar interessada apenas no seu dinheiro por causa da dívida dos médicos.

-Emma, posso lhe perguntar algumas coisas?-perguntou Clay.

-Claro...-disse Emma olhando para a televisão, mas ouvindo tudo o que ele falava-Faça.

-Você casaria com um homem como eu?-perguntou Clay-Viveria o resto da vida com um cara de mesma personalidade, mesmo jeito...que fosse como eu?

-Sim, sem pensar duas vezes...-disse Emma sorrindo.

-Porque?-perguntou Clay.

-Porque você é uma pessoa boa, nunca o vi enganando ninguém e nem maltratando alguém, mesmo tendo um grande status como você tem...-disse Emma-É teimoso as vezes, mas nada que não se possa resolver com o tempo.

-Obrigado...-disse Clay sorrindo ainda deitado no colo de Emma-Muito obrigado.

-Porque essa pergunta?-questionou Emma-Porque isso do nada?

-Só queria saber...-disse Clay-Nada de mais.

-Se você diz...-falou Emma rindo-Já obteve sua resposta.

Clay ri, fecha os olhos, pegando o lençol que estava em cima da cama na sua frente e abraçando-o, ficou assistindo a TV por alguns minutos e em seguida, cai no sono.