História Back Home. - Capítulo XXV.

P.O.V. ASHTON ON.

Eu corri pelo aeroporto. A bebida não fazia mais efeito nenhum. Seria a adrenalina? Calum corria atrás de mim, arrependido por ter deixado Emma ir. Eu não poderia culpa-lo, por mais que quisesse. Ele sabia o que eu tinha feito e estava dando razão para ela. Eu também daria. Eu sabia que estava errado.

Mas, eu não tinha tempo para sentir nada. Eu corria por todos os departamentos e olhava em volta. Àquela hora da noite, não havia muita gente, mas eu não a encontrava em lugar algum de qualquer maneira.

Em um determinado momento, eu já não comandava mais minhas pernas e cheguei a pedir para que algumas moças verificassem o banheiro feminino para mim, mas a resposta era sempre negativa.

A minha garganta tinha um nó que não me deixava engolir. No momento em que chegamos ao aeroporto, eu tinha verificado no telão que um avião para Los Angeles estava partindo. Calum não percebeu ou não quis me falar. Mas, eu rezei mentalmente para que Emma não estivesse nele.

Duas horas depois, Calum me puxou pelo braço me fazendo sentar numa das cadeiras de espera.

- Acabou, cara. – Ele falou, firme, enquanto eu não conseguia parar de varrer o lugar com os olhos. Eu não podia ter perdido ela tão facilmente. As coisas estavam confusas. Eu tinha ela até algumas horas atrás. Eu estava com ela na nossa cama. Estava tudo bem. Ela sorria para mim e nós teríamos tido uma noite ótima se ela não tivesse aberto a porta para Mike.

Ela estava ali e de repente, não estava mais.

Eu não devia ter ficado para cuidar de Bryana, mas eu ainda me importava com ela. E, às custas, da minha gentileza, perdi Emma. Eu comecei a chorar no momento em que essa informação passou pela minha cabeça e coloquei a mão no rosto, sentindo a derrota. Calum deu tapinhas nas minhas costas, mudo. Então, uma ideia me ocorreu e eu olhei para o meu amigo, decidido.

- Eu vou para Los Angeles. Ela deve estar indo para lá. – Eu peguei a carteira do bolso, decidido.

 - Cara, você está sem o seu passaporte. Nós temos um show hoje à noite. – Ele falou, preocupado comigo. Mas, eu tentei ignorá-lo, pegando o cartão de crédito e encarando o telão diante de nós. Quando era o próximo voo? Daria tempo de eu voltar no hotel e pegar meu passaporte se eu tivesse sorte.

- Eu não me importo, eu só preciso ir atrás dela. Eu passo o dia inteiro no avião se for necessário... – Eu balbuciei ainda sem perder o foco.

- Ash... Não dá mais. – Ele falou, calmamente e eu parei para encará-lo. – Não dá, cara. Ela se foi.

Eu coloquei a carteira no bolso lentamente. A raiva percorreu todo o meu corpo. Eu tinha um show no mesmo dia e precisava estar ali, mas meu coração estava indo embora naquele momento e eu não podia fazer nada.

- Vamos embora, Ash. – Calum tentou me guiar para fora do aeroporto e eu não tive forças para lutar.

---*---

O rosto de Emma me assombrou pelas noites seguintes. Eu tentava ligar, mas ela não me atendia. Eu só rezava por uma pausa na turnê, mas nós nunca tínhamos pausas. Um dia não era o suficiente para eu ir até Los Angeles e voltar para o próximo show.

Frida viajou de volta para Los Angeles, assim que soube de Emma e eu implorei para que ela conseguisse falar com a minha namorada (ex?), mas a resposta só veio duas semanas depois:

“Desculpe, Ash.

Emma tomou a decisão dela e eu irei apoiá-la”.

Naquele momento, eu soube que tinha acabado. Eu nem sabia o real motivo nem nunca tivemos uma conversa decente sobre isso. A folga só veio quando a turnê finalmente acabou quatro meses depois. Eu voltei para Los Angeles sem ter superado o término. Acho que nunca superei.

Como você supera o fim de um relacionamento sem nunca ter conversado com a pessoa sobre isso? Eu nunca ouvi da boca dela que tudo tinha acabado. Eu nunca tive a chance de pedir desculpas ou me explicar.

Eu iria mentir se dissesse que quando voltei para LA, eu não tentei procurá-la. Na verdade, eu a procurei em cada canto daquela cidade e até mesmo na antiga faculdade dela. Mas, ela nunca tinha voltado para destrancar o seu curso. Era como se ela tivesse deixado Los Angeles para me ver e nunca mais tivesse voltado. Na confeitaria, ninguém sabia dela. Na República em que ela morava, seu quarto já era ocupado por outra pessoa há muito tempo.

- Frida, você tem que me dizer onde ela está. – Eu persegui a amiga da minha ex namorada pela Confeitaria.

- Ash, me perdoe, Emma me fez prometer que não te contaria.

- Por que não? Já fazem meses! Nós nunca conversamos sobre o que aconteceu. – Eu pedi, agoniado e ela parou, virando para mim de supetão.

- Ash, não torne as coisas mais difíceis do que já foram, ok? Ela ouviu toda a sua conversa com a Bryana e você a deixou te beijar. Ela viu muito bem que você tentou afastá-la depois de um tempo. O que há para explicar nisso? Nada. Ela tem uma visão completa do que aconteceu e não quer te perdoar.

- Mas, ela pelo menos deveria ter dito isso diretamente para mim. Era o mínimo que eu deveria ter recebido e...

- E o que, Ash? – Ela perguntou, colocando a mão na cintura. – O mínimo que a Emma merecia era não ter sido deixada sozinha naquela festa enquanto você cuidava da sua ex namorada. Isso foi pura falta de respeito, com ou sem beijo.

- Ela está em Los Angeles? – Eu decidi mudar de assunto.

- Não posso responder.

- Ela voltou para o Brasil?

- Você sabe que ela nunca voltaria para o Brasil. – Ela revirou os olhos, impaciente.

- Onde ela se meteu? Ela não pode ter sumido assim!

- Ela está bem! – Ela exclamou, tentando me deixar mais calmo. – Mas, ela não quer te ver mais. Respeite isso.

E eu respeitei. Respeitei por longos quatro anos. Cada dia que passava, eu me conformava mais que tinha perdido Emma. Ela ficaria na memória e às vezes, minha cabeça me confundia. Ela tinha existido? Afinal, ela sumiu e eu nunca mais soube absolutamente nada sobre ela.

Até aquele dia.