História Back to Black - Cristina

REGINA

Eu acariciava o rosto do meu amorzinho enquanto dava de mamar a ela, a pequena puxava com tanta força que até me machucava.

— Calma, Lua. Mamãe não vai fugir — eu pedia baixinho.

Estávamos no quartinho dela, menos de um mês e a minha filhinha tinha uma força incrível.

— Regina — alguém me chama, mas eu estava tão entretida em alimentar e observar as feições dela que nem me dou o trabalho de olhar quem fala.

— Ela é linda, não é? — sorrio pra bebê, que solta meu peito devolvendo um inocente sorrisinho sem dentes.

— Regina?

Me ajeito colocando meu amor pra dormir

— Regina?

— Regina?

Abro meus olhos e não vejo Lua, me assusto, mas rapidamente me encontro. Estou no carro com Robin e a voz que tanto me chama é ele.

- Oi... — respondo meio amuada depois de tal sonho. Que saudades da minha Lua.

— Chegamos no hospital

Depois de quase seis anos voltar neste lugar, estava me deixando nervosa, mas quando sinto os dedos de Robin se entrelaçarem aos meus, me sinto um pouco melhor. Não sei se ele estava querendo me acalmar, ou tentava encontrar em mim a calma. Prefiro acreditar que foi por ambos.

A uns dias atrás, Robin sugeriu que fossemos ver a médica que cuidou de Lua quando ela teve pneumonia afinal, ela que cuidou de tudo, ela e minha mãe. Eu simplesmente não consegui. Eu amava demais a minha filhinha pra me conformar com sua morte, pra enterra lá, pra vê-la sem vida. Acho que minha mãe sabia disso e isso facilitou o trabalho sujo dela. Se é que Robin está certo.

Ao entrarmos na recepção encontra-se a mesma senhora de antigamente.

— Bom dia! — cumprimentamos e ela faz o mesmo.

— Procuramos pro Cristina Saboya, ela ainda trabalha aqui? —pergunto.

— Sim, só um minuto — ela faz a ligação chamando aquela senhora aqui.

Movida pela esperança de ser verdade, minha vontade é de enforcar aquela mulher, ela não tem o desejo de ser mãe? Ela não imagina o quanto o que ela fez dói? Apesar que, ela foi cúmplice de minha mãe. Se nem Cora teve piedade da filha e neta, dirá uma desconhecida.

— Prazer, sou Crist… — sou tirada de meu devaneio por aquela mulher, e tenho a certeza de que ela me reconheceu.

— Regina Mills — ela sussurra.

— Sim, gostaria de conversar com a senhora — sou direta.

Ela engole a seco, parecia estar nervosa — Claro, sigam-me — a loira sai andando.

Chegamos a sua sala e ela oferece que nos sentemos, mas não quero e Robin me acompanha.

— Como já sabe, sou Regina Mills e vim até aqui para saber tudo sobre a minha filha. — apoio na mesa dela, encarando aqueles olhos castanhos que um dia me passaram segurança, mas que agora, me enojam.

— Não sei do que a senhora está falando — ela me responde desviando o olhar do meu, não conseguia me encarar o que me faz ter mais certeza de que ela está envolvida em tudo.

— LUA. A CRIANÇA QUE VOCÊ E MINHA MÃE DERAM UM FIM. A CRIANÇA QUE VOCÊS ARRANCARAM DE MIM SEM DÓ NEM PIEDADE. A MINHA FILHA QUE NÃO TINHA NADA A VER COM O EGOÍSMO DE CORA. A MINHA LUA… — eu grito, mas entro em prantos.

Todas as emoções juntas, eu não consigo aguentar e me entrego as lágrimas. Surpreendentemente Robin me abraça me confortando. E quando estou nos braços dele, tentando aliviar tal dor, escuto a voz de Cristina.

CRISTINA – FLASHBACK ON

 Eu entrei no quarto da pequena Mills para dar alta a paciente. Ela teve uma pneumonia, mas a menina era forte e estava muito bem.

— Dona Cora, cadê a senhorita Mills? — pergunto a senhora que se encontrava no quarto.

— Ela foi em casa, quando voltar terá uma grande surpresa.

— Sim — sorrio — A Lua já pode ir pra casa.

— Não, a Lua morreu. — a voz da senhora era fria, não parecia falar da própria neta

— Como assim? — vou pra perto da criança que estava muito bem dormindo

— Ela piorou e não aguentou — ela olha pra mim — É isso que você irá dizer a Regina.

Eu arregalei os olhos na rua, que absurdo era esse? O que essa mulher queria? O que essa mulher faria com essa criança? Pobre Regina.

— Eu não farei isso!

— Sim, fará, ou Lua morrerá por um erro médico. Uma injeção que a senhora aplicou em minha netinha e não deveria. Eu e Regina iremos te processar, você pode pegar anos de prisão e como ficará o seu filhinho que acabou de nascer?

— Isso é uma ameaça? — as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto e eu só consigo pensar em como alguém consegue ser tão ruim e o pior, como consegue fazer mal a própria filha.

— Isso é uma negociação. Lua morre de pneumonia ou de um erro seu. — ela sai do quarto me deixando só com a criança.

CRISTINA – FLASHBACK OFF

REGINA

— E o resto, a senhora já sabe — Cristina conclui

Eu não tinha palavras. Como minha mãe arquitetou tudo isso? Como ela teve coragem? Cadê o coração dessa mulher?

— Cristina, onde ela colocou minha filha? — Robin se manifesta

— Eu não sei — a loira seca as lágrimas. — Ela só precisou de mim pra confirmar, o resto eu não sei. Ela saiu com Lua pelos fundos e eu estava sem reação, não pensei em segui-la nem nada.

— Ok, obrigado. Vamos, Regina!

— Vamos.

Saímos rápido da sala, não queria ficar mais um minuto naquele lugar. Reconheço que Cristina ajudou contando tudo que minha mãe aprontou, mas ela poderia ter feito mais. Poderia ter me ligado depois de um tempo. Poderia deixar algum sinal. Afinal, ela também é mãe.