História Back To Me - Ela não é comum

          P.O.V Jackson:

       Ela faz uma careta e depois abre a boca, pensativa. 

           - Ahhhh! - exclama sorrindo e rio levemente - Não sei quem ė - ela fecha a cara, ficando seria.  

       - Como você não me conhece? - pergunto espantado, meio brincando. Não consigo não sentir uma pontada de decepção e... alívio?

           - Ah, claro que conheço - ri ela e cruza os braços. Seu olhar brilhando com o desafio.

           Serro os olhos e sorrio largamente. Aponto meu dedo pra ela.

            - Boa jogada. Admito - falo. 

            Ela é realmente diferente de muitas que eu conheço. Isso é fascinante.

           - Minha irmã é meio que fã de carteirinha do GOT7. Acho que vai surtar se souber que sequer cheguei perto de você - diz ela meio espantada e nossas bebidas chegam. Ela acena com a cabeça e toma um cole do seu café. - Deve ser por isso que pensava que lhe tinha visto em algum lugar. 

            - Nos fizemos muito mais que chegar perto - abro um sorriso cheio de significados. 

           - Seu pervertido - acusa.

        - Mas eu não fiz nada - me defendo - Estamos tomando um café por exemplo - aponto inocente.

          - Hm - ela vira o olhar para a janela e cora.

        Meu Deus ela não deveria fazer algo assim. Essa eletricidade que puxa minhas mãos para seu corpo. Wang se controle, digo a mim mesmo.

            - Acho estranho estar tão calma… - falo tomando um gole do meu café. Sinto um pico de calor se espalhar em meu corpo.

            - Eu? - Mira vira o olhar pra mim novamente -  Ah você é apenas um cara normal com milhares de garotas correndo atrás de você e gritando seu nome - diz irônica e coloca o queixo sobre a mão, me olhando nos olhos - E eu uma garota comum com uma vida comum.

            Que garota no mundo poderia estar tão calma ao fato de estar com uma "celebridade"? Qualquer uma iria surtar e pedir uma foto pra postar em suas redes sociais e se gabar para as amigas depois. Isso ja aconteceu centenas de vezes. Uma das razões de não namorar ninguém. E também o fato de não ter tempo nem pra respirar com calma.

           Algo nela prende o olhar quando faz qualquer movimento. Não uma beleza simples encontrada em tudo que é lugar mas algo brilhante e diferente.

           - Acho que a última coisa que você é Mira, é comum - falo verdadeiramente.

            P.O.V Mira:

           Engasgo com o café e começo a tossir feito louca, sentindo a vermelhidão se espalhar pelo meu rosto. Pequenas convulsões e tentando voltar o ar aos pulmões. Isso foi o que? Jackson levanta e fica ao meu lado da mesa, dando tapinhas leves em minhas costas com os olhos arregalados. 

           - Você está bem? - pergunta preocupado, mas controlando o sorriso.

           - Eu estou ótima - digo tentando me recompor, com a mão sobre o peito.

            A sua mão em minhas costas envia ondas de calor pelo meu corpo e encaro seus olhos vendo um brilho suave tinar. Percebendo isso ele a tira e senta de volta em sua cadeira. Eu respiro para tentar melhorar da vergonha. Eu só simplesmente engasgei, nada de mais não é mesmo? Sinto ficar mais vermelha, pela milésima vez e cruzo os braços, não sabendo onde colocar as mãos. 

           Fito seu rosto por um momento a procura de alguma pista do que ele acha disso. Tá ele meio que é super famoso e está tomando um café comigo. Mas não é um E.T. Bom…quase. Olho pela janela e vejo que a chuva parou e uma leve garoa brincava do lado de fora. Uma gota de chuva parando próxima ao meu rosto, no vidro.

          - Olha eu tenho muito que ir agora - digo me levantando enquanto ele me encarava.

           - Não - diz rápido de mais. Estudo seu rosto a procura do que aquilo poderia significar - Digo… Deixa eu te levar até em casa? - pergunta com sua voz tipicamente rouca e provocativa, como se estivesse flertando e fazendo piadas o tempo todo.

            - Não acho que seja uma boa ideia - falo.

            - Eu insisto, por favor - pede juntando as mãos em súplica. Rio.

            - Ok. Ok - falo abraçando meu corpo com os braços.

            - Só me deixe pagar a conta - diz se levantando e indo até o caixa. 

             - Não! Eu pago.

             - Me recuso - nega com a cabeça . - Se insistir vai continuar sendo não. 

             - Arhg mas é só hoje - falo.

             - Você pretende ter outra vez? - pergunta com um sorriso de lado tomando seu rosto.

             - Não foi isso que quis dizer - digo sorrindo ligeiramente.

             Jackson se vira para o caixa e vai para a atendente. Viro de costas e vou para a porta de saída. Vejo que a chuva parou de vez e cai somente gotas solitárias que sobraram no telhado do café. Sinto uma mão no final das minhas costas que me envia um arrepio até o fundo dos ossos, mesmo com as várias camadas de roupa molhadas.

              - Vamos então - diz ele.

              P.O.V Jackson:

              - Então você faz jornalismo? - pergunto surpreso.

             - Eu curso a um ano - fala ela andando ao meu lado na rua. - E trabalho em uma floricultura perto de casa, por meio período para pagar as contas - explica - Minha mãe paga o aluguel do meu apartamento mas odeio depender de alguém, mesmo que esse alguém seja minha mãe - ela sorri pra mim, com os olhos perdidos no nada.

             - Isso é fascinante - digo admirado com seu jeito de falar - Você será uma boa jornalista. Encantará muitas pessoas - Rio e aperto as mãos no bolso.

             Um raio de sol solitário em meio as nuvens escura cruza nosso caminho na rua, parando no cabelo de Mira. Ela brilha como uma estrela delicada. Fico em silêncio observando ela ao meu lado, seus lábios rosados se mecherem calmamente, não consigo ouvir mais nada em minha volta. Como se o tempo tivesse congelado.

            - Jackson? Oi? - chama Mira virando o rosto para o meu.

             - Ah… Desculpe. O que você falou? - pergunto constrangido.

             - Que já chegamos - fala ela sorrindo largamente. 

             Mira olha para trás. Um prédio grande, com algumas flores na frente. A sua tintura de laranja  claro era bonita e delicada. Combina com ela.

             - É bonito - falo sorrindo.

             - Então é aqui que nos separamos - diz cruzando os bracos. - Obrigada por me trazer até em casa - morde o lábio.

             Concentro minha atenção em sua boca carnuda e depois em seus olhos brilhantes. 

              - É... Isso é um adeus? - pergunto tirando as mãos do bolso e colocando ás atrás do corpo.

             - Creio que sim - responde. Sinto algo em sua voz que não consigo indentificar.

              Ela estende a mão e a puxo um pouco para perto de mim, segurando seu queixo e beijando sua bochecha perto dos lábios. Inspiro por um segundo e sinto um perfume de flores. Quando eu me afasto ela me encara surpresa. Faz um sinal com a cabeça e entra pelo portão um pouco rápido de mais. Vejo seus cabelos sumirem para dentro do prédio, mas antes ela virar e me olhar pela última vez. Sorr e some da minha vista.

              Sorrio e passo as mãos pelo pescoço, apertando a nuca, meio rindo. Sigo andando pela rua, distraido em pensamentos. Quando olho pra baixo percebo a falta do meu casaco, que ficou com Mira. Sorrio mais ainda. 

             Parece que teremos que nos encontrar novamente.