História Back to you - O final de semana em família

Percy esperou Annabeth terminar de se trocar e puxou a mão da loira até a parte de trás da fazenda, vendo que os irmãos já estavam lá. Ele tirou a camisa, riu e fez sinal para a loira limpar a baba quando percebeu que ela o observava. Ela bateu em seu braço e pegou a camiseta de sua mão, indo deixar as coisas que trouxera em cima da mesa. 

– Eu tenho certeza que você não passou protetor solar, Cabeça de Alga. Vem aqui – ela gritou quando ele ameaçou pular na piscina e ouviu o moreno reclamar. 

Annabeth tirou as próprias roupas e, sorrindo, fez sinal para que o moreno limpasse a própria baba, rindo alto quando ele revirou os olhos. Ela passou protetor no próprio corpo e pediu ajuda com as costas, fazendo o mesmo com Percy e dizendo para ele esperar um pouco antes de nadar. 

– Annie... 

– Até seus irmãos estão sendo mais comportados que você, Cabeça de Alga. Anda – Annabeth disse e se sentou numa das cadeiras que estavam junto da mesinha. – Não acha que consegue esperar quinze minutinhos? 

– Eu devia pedir algo em troca por isso – ele disse enquanto se sentava na mesma cadeira que ela e deitava em seu colo. 

– Não ficar com câncer de pele não é suficiente pra você? – ela perguntou enquanto levava as mãos até os cabelos dele e se recostava na cadeira. 

– Ah – Percy deu de ombros e os dois riram. – Nós podíamos repetir uma coisinha ou duas que fizemos umas semanas atrás – o moreno olhou para cima com um sorriso no rosto. 

– Com sua família aqui? Você está doido – ela respondeu e olhou para baixo.  

– Anda, Annie. A gente arruma um jeito. 

– Nem pensar, Percy. É arriscado demais. E nós talvez tenhamos que dividir quarto de noite. 

– Se eu encontrar um lugar, – Percy virou o corpo e se apoiou nos cotovelos – ou um momento, você me dá uma chance? – ele sorriu cafajeste e Annabeth retribuiu. 

– Até duas se quiser, Jackson – ela respondeu e segurou o rosto dele com uma das mãos enquanto o beijava, deixando-se levar pelo momento e fingindo não perceber. – Mas eu tenho que ter certeza de que é um bom lugar e que ninguém está por perto. 

– Três coisas que você não sabe sobre esse final de semana, Sabidinha. Um, as paredes dessa casa são grossas e praticamente a prova de som. Eu sei disso porque sempre fico no quarto ao lado do dos meus pais e dos meus tios e seria um pesadelo se elas permitissem a passagem do som, acredite em mim – Annabeth riu da expressão dele. – Dois, essa casa tem muitos quartos, tipo, uns dez ou mais e eles são cheios de camas de solteiro e de casal e sempre sobra lugar pra mais gente nas reuniões em família, ou seja, não vamos precisar dividir quarto. 

– E a terceira coisa? 

– Secretamente eu subornei meus irmãos ontem antes de você chegar em casa para que nenhum deles aceitasse dormir com a gente caso minha mãe oferecesse, então esse problema nós podemos tirar da lista. 

– Você é terrível – Annabeth riu e o garoto ficou de pé. 

– Eu sou esperto, você quer dizer. Agora que esse assunto está resolvido... 

– Espera, eu não confirmei que... 

– Acho que podemos ir nadar um pouco, senhorita Chase. 

– Você é realmente muito impaciente, Percy. 

O garoto apenas deu de ombros novamente e passou os braços pelas pernas e costas de Annabeth, erguendo-a no colo e correndo com ela até a piscina. Ele pulou de uma vez e voltou a superfície antes dela, ficando levemente um pouco mais excitado ao ver a loira saindo da água. 

Ela abriu os olhos, bateu no ombro do garoto e riu de sua expressão boba, percebendo o que acontecia e se aproveitando daquilo, o puxando pelo pescoço em sua direção e o beijando de verdade conforme entrelaçava os dedos em seus cabelos e grudava o corpo junto ao dele. Sentiu as mãos de Percy percorrerem seu corpo lentamente e um leve tapa quando elas chegaram em seu quadril, rindo e se separando um pouco dele.  

– Sabe que isso não vai facilitar nem um pouco nossas vidas, né? – ela sussurrou e ouviu as vozes das crianças. 

– Eu odeio isso – Percy resmungou e levou os lábios até o pescoço dela, ouvindo a risada gostosa de Annabeth tomar conta do local e a beijando mais uma vez antes de erguer o rosto e se lembrar de uma coisa. – Minha mãe estava falando de ir pra cidade daqui algumas horas pra ajudar minha avó a comprar o que falta pra festa. Se eles forem todos... 

– Então nós estaremos com muita sorte – Annabeth sorriu, beijou o namorado mais uma vez e foi até Tyson e Estelle, que chamavam os dois pra nadar. A loira pegou a garotinha no colo e observou o cunhado pular algumas vezes dentro da piscina, notando pelo canto dos olhos que Percy vinha se juntar a eles com uma carranca no rosto, mas Estelle jogou água no irmão e conseguiu arrancar um sorriso dele. 

Os quatro ficaram mais um bom tempo na piscina antes de Sally aparecer os convidando para ir até a cidade, então Percy e Annabeth se seguraram para não sorrir e olhar um pro outro enquanto negavam o passeio. Tyson e Estelle aceitaram e saíram da piscina, então Percy perguntou quem mais iria e ficou contente demais quando soube que só seu avô ficaria pra trás. 

– Meu avô passa a maior parte do tempo mexendo com os animais ou dormindo – Percy sussurrou quando só os dois ficaram na piscina. – Nós podemos ir pra sala, ficar uns minutinhos lá e então podemos subir. Se no pior dos casos ele quiser se juntar a nós pra ver o filme, cinco minutos e ele tá dormindo feito uma pedra. 

– Já pensou em tudo isso? – Annabeth perguntou e ele a puxou pela cintura enquanto estava sentado na escada da piscina. 

– Já pensei em outras cinco saídas diferentes pra gente poder ficar junto caso algo dê errado. 

– Deuses – a loira riu e o abraçou pelo pescoço, sentando-se numa das pernas dele. – Está realmente desesperado pra ver o meu corpinho sem roupas de novo, não está? 

– Eu não diria desse jeito, mas é exatamente isso, especialmente com uma marca de biquíni – Percy respondeu e ouviu a risada da loira novamente. – Quer que eu infle seu ego um pouquinho mais? 

– Por favor. 

Em resposta, Percy a puxou para ainda mais perto e sussurrou em seu ouvido mais um elogio ou outro, vendo o sorriso no rosto dela permanecer e se transformar numa gargalhada quando ele fez uma piadinha, o que contagiou o moreno e o fez rir também. Os dois ficaram na piscina mais um pouco, deram tchau para o restante da família do moreno e viram o avô de Percy aparecer, perguntando se eles estavam bem. 

– Nós vamos nos secar e ver um filme, vô. Quer ficar com a gente? 

– Não, obrigado. Eu durmo assim que o filme começa, prefiro ficar cuidando dos animais – o mais velho sorriu. – Tem comida na geladeira e nos armários, podem ficar à vontade. 

Os dois agradeceram e saíram da piscina devagar, pegando suas toalhas e se secando como se nada estivesse acontecendo. Eles entraram na casa e subiram as escadas em direção ao quarto onde estavam, deixando as coisas no chão assim que passaram pela porta e começando a se beijar.  

Riram entre o beijo e deixaram os corpos grudados, Percy segurando o rosto de Annabeth e a garota o puxando pela cintura. 

– Acho melhor trancar essa porta – ela murmurou contra os lábios dele e os dois se separaram. 

– Isso só levantaria mais suspeitas. 

– Eu prefiro levantar suspeitas do que ser pega com você aqui. 

– Aí, essa doeu – Percy levou uma das mãos ao peito e a garota revirou os olhos. 

– Você entendeu o que eu quis dizer! Eu não quero ser vista sem roupas pelo seus pais enquanto estou em cima de você! 

– E quem disse que você que vai ficar por cima hoje? – o garoto sorriu malicioso e a puxou pela cintura. 

Annabeth abriu a boca para responder, mas ele não lhe deu chance para dizer nada, apenas voltou a beija-la e a puxa-la em sua direção. Com uma das mãos ao redor do corpo de Annabeth, Percy conseguiu passar a chave na porta e então estavam livres para fazerem o que quisessem no menor tempo possível, sentindo um pouco mais de adrenalina por poderem ser pegos a qualquer minuto, mas aquilo só deixava tudo mais divertido. 

*** 

Depois de algumas horas, tudo estava pronto para a festa, inclusive os convidados. Alguns dos tios de Percy já haviam chegado e já estavam na festa, que acontecia debaixo de algumas tendas que os anfitriões haviam mandado erguer não muito longe da casa. Nico, Will, Hazel e Frank já estavam lá também e Percy e Annabeth só esperavam os pais do garoto descerem para irem junto deles. 

O casal estava sentado num dos sofás da sala, conversando sobre a festa e sobre suas roupas. Annabeth usava um vestido longo rosa claro, nude praticamente, com um decote delicado e enfeitado por uma renda branca que fazia desenhos até sua cintura antes dele cair até seus pés. Usava um colar prata que combinava com seu anel e as curvas de seu corpo eram marcadas vez ou outra pelo tecido delicado da saia. O vestido tinha alças finas, que não cobriam nada dos ombros da menina (assim como seu cabelo curto  – e preso em um dos lados – também não cobria) e aquilo era um problema.

– Se alguém reparar, Percy... 

– Ninguém vai ver, ok? Eu cobri direitinho – ele disse e olhou para o ombro dela novamente, onde antes havia uma marca escura que ele mesmo tinha provocado. – Além do mais, pode dizer que bateu na piscina ou algo do tipo. E você podia ter me avisado como era sua roupa. 

– Eu disse nada de marcas, o que achou que isso significava?  

– Que eu não podia marcar seu pescoço – Percy deu de ombros e a loira revirou os olhos. 

– Mas você marcou mesmo assim – Annabeth respondeu. – E eu tive que passar mais maquiagem por cima. 

 – Olha, as pessoas não vão ver isso porque estarão ocupadas demais olhando pra você – então Annabeth virou o rosto para o lado, a expressão ainda brava. 

– Eu sei o que está tentando fazer, Jackson, não vai funcionar. 

– Ah, anda – ele ficou de pé e a puxou pela mão. – Você pode ficar brava comigo depois, agora vai ter que me aguentar enquanto eu digo o quão incrível você está – Percy ergueu o braço e fez a namorada girar. – Como seu melhor amigo e namorado, eu tenho a obrigação de dizer isso. 

– Ah, vocês dois são tão fofos juntos – os dois ouviram uma voz familiar e se viraram estranhando ela estar ali. – Agora será que podemos ir logo pra essa festa? 

– Piper? – os dois perguntaram ao mesmo tempo e viram a garota entrando de mãos dadas com Jason e ao lado de Thalia, os três já vestidos para a festa. 

– Não contamos pra vocês? – Jason encarou a morena ao seu lado e sorriu. – Nós estamos namorando. 

Annabeth e Percy abriram suas bocas para responder, mas Thalia murmurou um “não estraguem isso, eles planejaram esse momento por uma hora no carro” e os cinco ouviram a voz dos pais de Percy os chamando para ir. Os três que haviam acabado de chegar cumprimentaram os mais velhos, Piper foi apresentada e todos começaram a sair da casa, mas Annabeth sentiu sua mão ser levemente puxada para trás e parou. 

– Você está mesmo brava comigo ou... 

– Não, seu bobo – Annabeth sorriu e segurou as duas mãos dele. – As marcas estão escondidas, ninguém pode provar que foi você quem as fez e nós não precisamos dar satisfação pra ninguém. Mas vai ter que continuar sendo um fofo pelo resto da noite se quiser meu total perdão. 

– Sim, senhora – ele riu e beijou as mãos dela. – Eu não estava mentindo quando disse o quão incrível você está – Percy continuou e a puxou para mais perto, levando as mãos para seus quadris e a segurando contra si. – Esse vestido é lindo e você é mais linda ainda, então imagine o quanto eu estou me segurando pra não beijar você agora mesmo. 

– Acho que isso foi demais – ela murmurou e o moreno viu suas bochechas ficarem mais vermelhas e ele sabia que não era por causa da maquiagem. Percy riu baixinho e sentiu uma das mãos dela irem até seu rosto. – Mas obrigada. Você também está incrível com esse blazer e, eu não vou mentir, fica ótimo com seu rostinho bonito.  

Aquilo fez Percy rir mais alto, chamando a atenção de Sally, que tirava foto dos filhos menores do lado de fora. Ela voltou para a sala e disse para os dois continuarem juntos e sorrirem, e foi o que fizeram. Annabeth apoiou a mão direita no peito de Percy e sentiu a dele segurar sua cintura, sorrindo quando Sally se posicionou para fotografa-los. Depois daquilo – e de algumas fotos com os irmãos mais novos do moreno – todos eles foram para o lado de fora, onde a festa já estava acontecendo. 

O casal entrou por último e foi dar os parabéns para os avós do menino, indo para algumas outras mesas em seguida, já que Percy fora chamado para algumas delas e estava apresentando Annabeth para outras pessoas. A verdade é que os dois estavam tentando evitar todas aquelas apresentações porque faltavam apenas dois dias para a data do término, segundo o contrato. Nenhum deles falava, mas ambos estavam bastante tristes com o fim daquilo tudo. Mas nenhum deles admitia o porquê. 

Depois de algum tempo, Percy conseguiu puxar a mão dela para a mesa onde os amigos e primos estavam, sentando-se junto deles. Conversaram um pouco, jantaram e foram logo dançar, as meninas felizes demais por estarem todas juntas naquela reunião de família. Hazel até comentou o quanto aquilo era ótimo e as outras concordaram, mas Thalia e Annabeth trocaram um olhar um pouco triste por saberem que aquela seria provavelmente a última vez que fariam aquilo. 

*** 

– Meus pés estão me matando – Annabeth disse e se apoiou em Percy para tirar os saltos assim que estraram na casa. – Nós devíamos ter subido com os outros quando tivemos chance. 

– Ah, você estava se divertindo muito dançando, acho que nem viu eles saindo. 

– Não mesmo – ela riu e pegou as sandálias nas mãos. – Mas meus pés estão doendo. 

– Vem cá – Percy disse e colocou a mão nas costas dela. 

– Percy, não! – Annabeth disse mais alto, mas já era tarde demais, pois ele já havia erguido ela no colo. – Ah, deuses, você é tão romântico. 

– Eu faço o possível – os dois riram e Percy beijou a bochecha dela, terminando de subir as escadas com a loira no colo. Ela abriu a porta do quarto deles devagar, não sabia se mais alguém estava dormindo ali, mas para a sorte deles não havia ninguém por perto.  

Percy colocou a namorada no chão e a observou soltar as sandálias, fechando a porta.  

– Eu acho que vou tomar um banho antes de dormir – Annabeth disse e tirou o colar e os brincos que estava usando. – Pode me ajudar? – ela perguntou enquanto se virava de costas e Percy se aproximou. 

– Não acredito que vamos desperdiçar uma oportunidade dessas – o garoto resmungou e a ajudou com o vestido, vendo Annabeth segurar o tecido ainda preso no corpo. 

– É, fazer o que – ela deu de ombros, ficou de frente para ele com um sorriso no rosto e viu a careta que ele estava fazendo. – Você podia parar de reclamar e arrumar a cama pra gente dormir – Annabeth disse e virou-se na direção do banheiro, indo pra lá. 

Aquilo só fez Percy reclamar ainda mais, porém ele tirou os sapatos, os deixou de lado e começou a tirar as colchas da cama, pegando um cobertor mais fino, já que estava bem fresquinho por ali. Ele achou estranho a porta do banheiro voltar a se abrir e virou-se naquela direção, vendo Annabeth ali, já sem maquiagem e com os cabelos completamente soltos. Mas ela ainda segurava o vestido contra o corpo e tinha uma expressão pensativa no rosto. 

– Você disse que as paredes aqui são bem grossas, não é? – ela perguntou e começou a se aproximar, vendo que um sorrisinho começava a se formar no rosto do namorado. 

– É, disse sim. 

– E obviamente ninguém vai dividir quarto com a gente. 

– É – Percy respondeu e colocou as mãos nos quadris dela quando os dois ficaram frente a frente. 

– Nós vamos nos arrepender tanto disso na hora de acordar – Annabeth balançou a cabeça, mas estava sorrindo também. 

– Acho que vai valer a pena. 

– É bom cumprir com isso. 

Então Annabeth soltou seu vestido e esperou pela reação do moreno, rindo um pouco mais alto quando ele a ergueu no colo e a levou em direção a cama. 

*** 

Annabeth deitou por cima do peito de Percy e sorriu quando sentiu as mãos dele começarem a acariciar suas costas e seus cabelos. Ela ergueu o rosto e o beijou brevemente antes de ficar de pé e deixar o garoto confuso. 

– O que foi? – ele perguntou e a observou ir até sua própria mala. 

– Quando vierem nos acordar de manhã vai ser bem estranho se nós dois estivermos sem roupa – Annabeth riu e pegou uma das camisetas dele, colocando-a no próprio corpo e levando outra para Percy. – Melhor prevenir.  

– E não vai ser nada estranho eles nos verem cobertos só da cintura pra cima? 

– Não se preocupe – a garota sorriu e pegou o cobertor do chão, estendendo-o na cama antes de voltar a se deitar. – Ou isso ou nós podemos nos vestir por completo e... 

– Nem pensar – Percy a abraçou e desceu uma das mãos pelo corpo dela, arrancando uma risada da loira. 

– Foi o que eu imaginei – ela beijou Percy uma última vez antes de voltar a deitar em seu peito, silenciosamente agradecendo aos carinhos dele enquanto começava a dormir. 

*** 

– Percy, anda, é hora de você... ah, que merda é essa, Annabeth? – Thalia resmungou alto o suficiente para acordar Percy, que assustou ao ouvir a voz da prima. 

– Por que você tem que ser tão barulhenta? 

– Por que tem que estar abraçando minha amiga enquanto dorme? – ela respondeu e Percy revirou os olhos, não soltando a loira no processo. 

“Porque ela é extremamente confortável, cheirosa e eu adoro dormir com ela, especialmente quando a gente pode transar antes disso.” 

– O que você quer, Thalia? – ele perguntou e guardou seus pensamentos apenas para si. 

– Já é hora do almoço, idiota. Vocês têm quinze minutos. 

Então a morena saiu e Percy resmungou um pouco antes de chamar o nome de Annabeth algumas vezes. Ela murmurou algo enquanto ainda estava de costas para ele e se virou até abraça-lo, arrancando uma risadinha dele. 

– Anda, Annie, temos que ir – ele disse enquanto fazia carinho nos cabelos dela. 

– Eu não quero ir – Annabeth murmurou contra o peito dele. 

– Mas vai querer perder a comida maravilhosa de minha avó? 

– Você tem um argumento bem convincente – ela disse, ergueu o rosto e sorriu. – Bom dia, Cabeça de Alga. 

– Bom dia, Sabidinha – Percy retribuiu aquele sorriso e a observou ficar de pé.  

Ele não conseguiu desviar os olhos de Annabeth enquanto ela ia até sua mala e começava a pegar suas roupas. Ela tirou a blusa que estava vestindo e a jogou em Percy enquanto ria, já que o garoto não conseguiu disfarçar sua surpresa ao vê-la daquele jeito de novo. 

Pouco tempo depois os dois desciam as escadas em direção a enorme sala de jantar, vendo que mais cadeiras haviam sido acrescentadas à mesa para que todos coubessem ali.  

Annabeth deu bom dia para todos e ficou muito feliz por realmente conhecer várias pessoas dali. Além da família de Percy, ainda haviam seus amigos e a família de Thalia e Jason, com quem ela havia praticamente crescido junto. Viu que haviam mais alguns homens e mulheres mais velhos ali e um ou outro primo que ela havia visto na noite anterior, ouvindo uma rápida apresentação que Percy lhe fazia sobre quem era quem. 

– E eu deixei o melhor pro final – Percy sorriu e apontou para uma mulher de cabelos negros e pele pálida, quase brilhante, que sentava no fim da mesa junto a um cara loiro de pele bronzeada, que a garota sabia se chamar Apollo. – Aquela ali é minha tia Ártemis. Ela é a tia arquiteta que eu falei pra você. 

– Sério?  

– É. Ontem eu falei de você pra ela enquanto voltava do banheiro. 

– O que disse? 

– Que você gosta muito de arquitetura e que talvez fosse seguir essa profissão também. Ela tá doida pra falar com você. 

A garota sorriu com aquilo e agradeceu a Percy, ajudando a ele e aos outros a tirarem os pratos da mesa e os levarem para a cozinha quando todos terminaram de comer. Thalia chamou os primos e amigos para irem para a piscina e a maioria concordou, indo se trocar. Annabeth ouviu alguém chamar seu nome e viu a tia de Percy vindo em sua direção, segurando a mão do namorado antes que ele saísse e a apertando com força. 

“Bem, finalmente ela está nervosa com uma apresentação.”  

– É Annabeth, certo? 

– É, é sim. É um prazer conhecê-la – a menina sorriu enquanto apertava a mão da mulher mais velha.  

– O prazer é meu – Ártemis respondeu com um sorriso. – Antes de mais nada, Annabeth, você me parece muito familiar.  

– Bem, eu sempre ia nas festas de aniversário da Thalia e do Jason, eles são meus melhores amigos desde pequenos – a loira respondeu, não achando aquilo estranho de início. 

– Não é isso, você me lembra alguém. Seus olhos e o seu rosto... desculpe se não era sobre isso que queria falar comigo, mas... 

– Não tem problema – Annabeth disse e trocou olhares com Percy. – Meu sobrenome é Chase, se isso ajuda. Meu pai é... 

– Frederick Chase – Ártemis disse e olhou para o sobrinho. – Você não me disse que ela era filha de Athena. 

– Eu não sabia que conhecia a mãe dela – Percy respondeu meio receoso, olhando para Annabeth e temendo que ela ficasse chateada a menção da mãe.  

– Querido, eu... Annabeth, eu trabalhei com sua mãe – a mulher mais velha sorriu. – Nós estudamos juntas e abrimos a nossa empresa, minha empresa, juntas. A. A. Arquitetura e Urbanismo. 

– Os dois As... 

– Athena e Ártemis. Quando ela sofreu o acidente... nós estávamos apenas começando e pensando em nos mudar. Então eu segui em frente com os planos, aconselhada por seu pai, que me vendeu a parte deles da empresa, mas eu não mudei o nome. Ele disse que eu iria conseguir. E ele estava certo. 

– Ele geralmente está – Annabeth murmurou e os três riram. – Mas, de qualquer forma, fico feliz que tenha conhecido minha mãe. 

– Ela era uma grande arquiteta. E eu acredito que você também vai ser, se seguir esse caminho.  

– Obrigada, senhora. 

– Pode me chamar de Ártemis. E eu estou voltando pra cidade, então, se quiser essa profissão e precisar de algo, eu estarei à disposição. 

– Eu já ficaria de olho nela, tia. Se ela começar o primeiro ano de faculdade de arquitetura, é melhor já garantir ela pra sua empresa. Porque ela vai ser incrível. 

Annabeth encarou o moreno e sorriu abertamente, agradecendo baixinho pelo elogio e ficando mais perto dele quando sentiu um beijo na bochecha. 

– Vocês dois são adoráveis – Ártemis sorriu e olhou para o relógio. – Bem, tenho que ir. Annabeth, não se esqueça do que eu falei. Me chame em qualquer rede social se precisar de algo, ok? 

– Com certeza. 

Então a mulher se despediu dos dois e os deixou sozinhos na sala. 

– Isso foi... inesperado – Annabeth disse e ficou de frente para o garoto. – Obrigada.  

– Não tem de que. E sobre sua mãe, eu não sabia que... 

– Tá tudo bem, Percy. Na verdade, foi incrível descobrir isso. Que ela ia continuar sendo ótima. 

– Ah, ainda bem – ele riu e segurou a mão dela. – Anda, tenho outra surpresa pra você. 

Percy puxou a mão dela pela sala e parou em frente a uma porta, abrindo-a e dando espaço para ela passar primeiro. Annabeth acendeu a luz e se viu cercada por diversos instrumentos musicais, não entendendo o que aquilo significava. O moreno foi em direção ao centro do cômodo, em direção a um piano preto que ficava ali. 

– Eu não sabia que você tocava – ela disse enquanto se sentava ao lado dele no banquinho de frente para o instrumento.  

– Tem muito sobre mim que você não sabe, Chase – Percy disse e riu ao vê-la revirando os olhos. – Meu avô é músico e, mesmo que tenha parado de trabalhar a muito tempo, ainda ama tocar. E me ensinou uma coisinha ou outra. 

Então ele começou a dedilhar as teclas do piano e Annabeth logo reconheceu a melodia, sorrindo e vendo que ele havia propositalmente começado a tocar a música deles (como ele mesmo havia nomeado). Sem que ela mesma notasse, começou a cantar antes dele e a reparar em como seus dedos moviam-se com sutileza por cima do instrumento.  

Ouviu a voz de Percy se juntar a sua e pouco depois a música havia terminado, com um sorrindo para o outro. 

– Tá cada vez mais difícil terminar com você, Cabeça de Alga – Annabeth murmurou e fechou os olhos quando ele ergueu a mão até seu rosto. 

– É, nem me fale – Percy respondeu no mesmo tom e se inclinou até alcançar os lábios da garota, sentindo as mãos dela irem até seu rosto conforme ela retribuía ao beijo. Os dois se separaram e mantiveram as testas juntas por alguns segundos.  

Nesse meio tempo, Percy passou o dedão por cima dos lábios de Annabeth e a viu sorrir, fazendo o mesmo e tendo uma ideia na cabeça por um segundo. 

– Eu tive uma ideia maluca – ele murmurou e Annabeth abriu a boca para perguntar o que era, mas os dois foram interrompidos quando a porta da sala foi aberta. Viraram os rostos naquela direção e viram os avós do garoto entrando na sala e perguntando o que eles estavam fazendo. 

Percy desconversou, disse que estava tocando algo para Annabeth e que já estavam de saída para a piscina. Quando a garota lhe questionou sobre o que ele ia falar antes, Percy acabou desconversando e a deixando mais ou menos decepcionada. 

O que nenhum dos dois sabia era que a mesma ideia se passava pela cabeça deles, uma ideia que nenhum deles estava conseguindo tomar coragem para dizer, uma ideia que lhes parecia ao mesmo tempo boa e completamente arriscada. 

E se...