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História Bad Boys Club - Seja você mesmo, todos os outros já existem.


Escrita por: MiMoon

Notas do Autor


Palavras nunca transmitem o contexto por completo.
É por isso que existem os idiomas arcaicos e os contemporâneos. Sabe-se que já nos anos 1192, uma pessoa escreveu em seu diário: "os jovens de hoje em dia não sabem falar direito".
O engraçado é que a queixa dos mais velhos tem sido transmitida direitinho através dos tempos. Portanto, eu também pretendo me lamentar muito quando for mais velha. Até lá, "vamo mandá vê ae nesse capitulo, falô?"

Boa leitura!
(Atenção, este é o penúltimo capitulo, não o último!)

Capítulo 19 - Seja você mesmo, todos os outros já existem.


Ainda era noite, no entanto, após passar longos minutos debaixo da água quente do chuveiro Kyungsoo já não sentia mais a dor de cabeça que insistia em martelar seus pensamentos. O frio também se dissipara e seu mal humor se dispersou aos poucos juntos com a água quente. Porém, mesmo com todo aquele alivio, toda a discussão que tivera na boate, continuava a passar em sua mente e por mais que não quisesse pensar nisso, algo o incomodava de fato. Suspirou, saindo do box e se enrolando na toalha felpuda, tentando escapar do frio que sentia, secou-se o mais rápido que pôde, e vestiu seu pijama quentinho, sentindo-se bem mais confortável. Saiu do banheiro deixando com que todo vapor ali dentro também saísse consigo e visualizou Baekhyun, também de banho tomado, deitado em sua cama enquanto acariciava Haru com um sorriso no rosto.

Quando voltavam para a casa no táxi, Baekhyun pediu a Kyungsoo para que pudesse dormir em sua casa por um dia, pois estava evitando ir para as casa dos pais. Não recusou é claro e assim que Suho foi deixado em casa, partiram para a casa de Kyungsoo.

Baekhyun viu o amigo parado no batente da porta lhe observando e sorriu levantando o lençol da cama como um convite para que o outro se esquentasse lá dentro. Kyungsoo foi até a cama e deitou ao lado de Baekhyun, o vendo continuar com as caricias em Haru entre eles. Suspirou, pensativo. Baekhyun o olhou confuso, vendo que Kyungsoo se encontrava de olhos fechados e parecia querer dizer algo, porém pensava em uma forma para tal:

-Baekhyun! – Chamou finalmente, fazendo a amigo comprimir os lábios e lhe olhar apreensivo.

-Hm?! – Murmurou em resposta.

-O que o Chanyeol fez de errado? – Fez a pergunta que por tanto tempo pensou em fazer, porém nunca havia feito, pois não costumava questionar ou dar palpites em assuntos alheios. Essa era a função de Suho.

-Como assim, o que ele fez de errado? – Baekhyun indagou irritado. –Ele mentiu pra mim, ele me usou e depois me jogou fora. Me iludiu.

-Em que momento exatamente ele disse que gostava de você? – Indagou, Baekhyun arregalou os olhos com a pergunta. Não podia culpar Kyungsoo pela pergunta grosseira, ele nunca foi muito sentimentalista, de qualquer forma.

-Ele nunca disse, na verdade...

-O que você sente, Baekhyun? – Questionou, sem esperar pela resposta completa do outro.

-A-Agora? Não sei.

-E o que você sentiu hoje, quando ele apareceu?

-Raiva, muita raiva. Vontade de matá-lo e... Tristeza também.

-Então você realmente gostava dele? – Virou-se para encarar o amigo que tinha as bochechas rubras.

-E-Eu...

-Você sabe quando isso começou? – Continuou com suas perguntas.

-Não sei. Talvez, no dia em que ele me reconfortou quando briguei com aminha mãe?

-Então... Deixe-me perguntar novamente, Baekhyun. O que o Chanyeol fez de errado?

Nenhuma resposta veio, somente algumas lágrimas grossas desceram dos olhos de Baekhyun que não foi capaz de responder ao amigo.

-Baekhyun, eu sei que o que eu vou te pedir agora, pode parecer uma ofensa, mas eu pensei bastante sobre isso, então considere como um pedido de um amigo. - Baekhyun continuava a encarar Kyungsoo sem nada a dizer, somente com seus olhos úmidos, tentando decifrar o outro. –Eu considerei muitas coisas. De verdade. Considerei nossa amizade toda e todas as coisas que já passamos. Baekhyun, apesar de tudo, os acontecimentos recentes são os que mais têm me incomodado.

-Onde você quer chegar. – Indagou temeroso do olhar do amigo sobre si.

-Eu acho que você deveria procurar ajuda. – Baekhyun arregalou os olhos e abriu a boca em descrença.

-C-Como assim ajuda, Soo?

-Ajuda médica...

-Você está dizendo que eu sou louco, Soo? – Indagou com a voz tremula, começando a chorar ainda mais, fazendo Kyungsoo se assustar e abraçar o amigo ao seu lado. –Eu sou louco, Soo? – Sua voz saiu embargada pelo choro.

-Baekhyun, você não é louco, mas você tem... Você sabe o que você tem. E isso está piorando cada vez mais. – Amparou o amigo em seu abraço enquanto esse chorava compulsivamente. – Isso é ruim para você mesmo.

-O que eu fiz? – Soluçou.

-Baekhyun, você parou para pensar que você levou o garoto para a delegacia, porque ele não aceitou seu pedido? Você fez os pais dele ficarem contra ele. Você se automutilou Baekhyun, tem noção? –Tentou acariciar os cabelos do outro. – Não estou dizendo que Chanyeol não é idiota.

-M-Mas, você botou fogo na casa do Jongin. – Acusou afastando-se do abraço de Kyungsoo tentando secar seu rosto.

-Eu sei, Baekhyun! – Bufou bagunçando seus cabelos. –Eu sei que eu também passei dos limites quando botei fogo no quarto dele. Mas eu estava irritado e com razão. Ninguém pensa racionalmente quando se está com raiva. E hoje, eu também fui um pouco intolerante com tudo, mas eu estava com dor de cabeça e esses lugares lotados me deixam naturalmente de mal humor. Contudo, o meu caso ainda é outro, não concorda? –Não houve resposta, mais uma vez. –Baekhyun, embora você estivesse gostando dele, o fato de não ser reciproco, não quer dizer que você foi enganado.

-Mas ele transou comigo, Soo. Ele tirou minha virgindade. Fingiu estar namorando comigo na frente dos pais dele e ainda cuidou de mim. – Kyungsoo suspirou, sentindo-se mal com o que diria.

-Não foi você quem começou com tudo isso? Não foi você que começou mentindo sobre o namoro de vocês? Não foi você que o induziu a transar e aceitou todas as outras vezes que ele começou com isso, mesmo vocês nunca tendo começado algo sério realmente? E, Baekhyun, você considerou a possibilidade de Chanyeol ter ficado com pena de você e ter te consolado somente por isso? Talvez, ele não o tivesse feito se realmente soubesse o quanto isso significaria para uma pessoa como você.

-Ele me odeia, Soo. – Sua voz tremeu.

-Eu não disse isso, Baek! – Tentou concertar.

-Eu sei que não. Foi ele quem disse. – Respondeu, voltando a chorar. –Na delegacia.

-Ele disse? – Baekhyun confirmou. – Então, pronto, ele não mentiu pra você.

-Eu... Deveria me desculpar? – Baekhyun indagou. Kyungsoo o olhou surpreso.

-Ah... Eu não sei. Não pense nisso agora, só vamos dormir, tá bom? –Baekhyun fez que sim. –Você irá buscar ajuda, Baekhyun?

-Eu irei. – Confirmou baixinho.

-Você tem que parar de se apegar muito às pessoas. – Kyungsoo aconselhou se ajeitando melhor para dormir, porém sendo atacado por um abraço doloroso que o fez gemer.

-Eu te amo, Kyungsoo. – Sua voz saiu abafada devido ao seu rosto estar afundado na colcha.

 

 

*•♫•*¨`*•.¸♥✰♥¸.•*¨`*•♫•*

 

 

Era cinco da manhã e Suho não estava feliz. Sabia que teria que acordar cedo para ir à escola, porém não contava que ao invés de seu despertador a o acordar, seria na verdade o toque de seu celular anunciando uma ligação. Meio tonto de sono esfregou seus olhos tentando abri-los e ter vontade para levantar e atender a ligação barulhenta. Suspirou cansado, sentou-se sobre o colchão e procurou pelo quarto em que lugar havia jogado seu celular antes de dormir no dia anterior. O encontrou piscando como um louco logo abaixo de uma pilha de meias, levantou-se xingando baixinho e o agarrou, logo vendo o nome de Lay brilhar na tela de seu celular.

De forma preguiçosa atendeu a ligação ainda sonolento, indo em direção ao banheiro de seu quarto.

-Fala! – Disse sem muitos rodeios.

-Oh, meu Deus, você finalmente me atendeu. Eu pensei que estivesse com raiva ainda e continuaria me ignorando. – Falou com descrença ao ouvir a voz do outro.

-Se achou que eu não atenderia, por que me ligou? – Indagou entrando as cegas no cômodo já que todas as luzes estavam apagadas e por ser ainda muito cedo o sol ainda não havia nascido. Acendeu a luz do banheiro assim que achou o interruptor ao tatear a parede e ficou cego por alguns segundos, foi obrigado a fechar os olhos.

-Eu não posso desistir tão fácil. – Falou convicto, fazendo Suho soltar uma risada. Ainda estava com sono, não o julguem por parecer tão bipolar. –Mas você ignorou todas as minhas outras chamadas, por que resolveu atender agora?

-Por que eu senti vontade. – Abriu os olhos aos poucos e se deparou com a sua imagem no espelho acima da pia. A cara inchada, um tanto amassada , os olhos pequenos e cabelos completamente emaranhados. –Você sabe, eu faço as coisas que quero, na hora que me dá vontade. E me deu vontade de atender sua ligação e ouvir as suas desculpas hoje, às cinco da manhã.

-Suho, você está zombando da minha cara agora? – Indagou confuso.

-Não, estou falando completamente sério. – Disse colocando o aparelho no viva voz para poder lavar o rosto.

-Tá... Então você está com vontade de me ouvir? – Falou abrindo um sorriso.

-Não foi bem isso o que eu falei. – Retrucou jogando água na cara e dando alguns pulinhos por estar gelada.

-Ouvir minhas desculpas?

-É isso ai. – Desligou a torneira e procurou pela toalha de olhos ainda fechados.

-Ah... – Falou, porém não concluiu seu raciocínio, deixando a ligação muda por um bom tempo enquanto pensava em alguma coisa. –Não seria melhor fazer isso pessoalmente?

-Fazer o que? – Já havia secado seu rosto e agora colocava creme dental em sua escova de dente.

-Pedir desculpas!

-Qual o problema de não ser pessoalmente? Sua verdade muda por que não estamos cara a cara? – Indagou com a boca cheia de espuma.

-Não! É que normalmente, as pessoas preferem se desculpar pessoalmente. Da mesma forma que é falta de respeito terminar um namoro por mensagens de texto. – Explicou, tentando adivinha o que o outro estava fazendo quando ouviu o barulho da torneira. Esperou um pouco e logo teve uma resposta.

-Deveria ensinar isso para o seu amigo Jongin então, ele não anda manjando muito das educações. – Já devidamente higienizado, pegou um pente em cima do balcão da pia e começou a petear o ninho de guacho que chamava de cabelo. –Mas já que você disse que “normalmente”, então agora não quero mais, me peça desculpas por aqui mesmo.

-Por quê? – Perguntou confuso.

-Porque não gosto de nada que seja normal. – Ouviu Lay gargalhar do outro lado.

-Tudo bem então. Mas você vai aceitar as minhas desculpas e voltar a falar comigo? Ainda estou cumprindo com o nosso trato.  – Revelou, fazendo Suho sorrir de canto.

-Veremos. Depende de como será o seu pedido de desculpas.

-É bom saber que eu tenho uma chance então. – Disse aliviado.

-Vai falar ou não? – Indagou impaciente.

-Ah, sim! – Disse ficando sério. –Eu deveria começar pedindo desculpas ou dizendo que sou idiota?

-Gosto mais da parte do idiota. – Riram.

-Suho, eu fui idiota. – Começou e ouviu Suho concordar com um “uhum”. –Eu não sei bem por que agi assim, mas a verdade é que eu te admiro muito. Eu admiro a forma como você encara as coisas, a maneira simples que você leva a vida, sem se importar com as opiniões alheias e faz isso parecer ser fácil. Eu te invejo muito por ser assim... Eu gostaria de ser dessa forma também. Você defende causas que sequer faz parte, você se coloca como algo que não é, mesmo que seja algo não bem visto pela sociedade, somente para contradizer. E o mais impressionante é que você gosta de ser visto assim. Eu sou apenas mais um filhinho de papai que acha que é superior aos outros pelas coisas que tenho, mas refletindo melhor sobre as coisas, percebi que eu não sou nada. O meu pai é o rico, não eu. Esse dinheiro que eu possuo hoje, não fui eu quem ganhou, foi o meu pai. Todos os dias que ele passou fora de casa com a minha mãe viajando a trabalho, foi o que rendeu todo o dinheiro que eu tenho hoje. Não fui eu quem conquistou esses méritos. E depois de tudo, eu ainda continuo sendo mesquinho e arrogante. Enquanto você... Me faz ter vergonha de mim mesmo. – Estalou a língua no céu da boca. –Aquele dia em que te ofendi na frente da minha mãe... Me desculpe por ser um otário. O único imbecil ali fui eu mesmo. Minha mãe está longe de ser como eu sou, porém, meus instintos me fizeram temer que ela não te aceitasse e quis certifica-la de que você era bom o suficiente. Eu só não percebi que fiz isso de uma forma completamente errada. Eu não devia ter citado sua família, nem suas roupas, eu deveria ter dito o quão encantador você é. A sua forma de me fazer sentir completo, de sumir com o meu vazio, de sorrir e falar coisas inúteis que me fazem rir como um bobo por que simplesmente era pra ser. Se ela soubesse a forma que você vê o mundo, seria o suficiente para que ela te aceitasse e gostasse de você tanto quanto eu aprendi a gostar.

-Você é tão meloso, sabia? – Suho zombou.

-Você vai me perdoar? – Indagou esperançoso.

-Irei! – Disse e ouviu o outro comemorar. Riu disso. –Só porque você disse coisas bonitinhas.

-Podemos nos falar na escola? – Indagou.

-Podemos, mas por que está perguntando isso?

-Você vai saber.

 

 

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-Lay, o que é isso? – Indagou espantado ao ver o outro chegar à escola, vestindo uma calça jeans simples e uma blusa de frio de malha. Onde estava aquele Lay todo engomadinho de sempre?

-Isso o que? - Se aproximou contendo um sorriso.

-Como assim, o que?  Você me aparece todo vestido como uma pessoa normal e me pergunta “O que?” – Falou o analisando de cima a baixo, sem entender o sorrio alheio. -O que você está tramando? Tá querendo causar, é? Todo mundo está te olhando estranho.

-Sim, eu estou querendo “causar”. – Riu da fala do outro e roubou um beijo rápido de Suho, o surpreendendo.  –Irei ser como você. Irei aprender como uma pessoa “normal” vive. –Suho gargalhou.

-Endoidou, é?

-Sim, endoidei, assim como você. Qual é? Você não vai me ensinar? – Indagou e viu Suho o olhar avaliativo, fingindo pensar.

-Você está realmente disposto a isso? É um treinamento difícil. – Brincou.

-Estou sim, professor! – Riram juntos. Passaram a andar lado a lado na escadaria.

-Lay, será que você estaria a fim de... Tipo... Conhecer a minha mãe? – Indagou de repente, fazendo Lay ficar sério e lhe olhar confuso.

-Mas eu já conheço a sua mãe!

-Não é isso! É que aminha mãe fica me atormentando, falando que eu não tenho ninguém, que eu sou um solteirão, que preciso de alguém que me pegue de jeito e me de umas beijocas... – Lay não pôde se aguentar e gargalhou alto, assustando algumas pessoas que passavam por perto.

-Então você quer que eu mostre pra sua mãe que você tem sim alguém que te pegue de jeito e te dê umas beijocas?

-Quero. – Falou fazendo Lay rir ainda mais do que antes. –Do que você tá rindo? Dá pra parar de rir? – Falou com os braços cruzados, tendo de esperar mais alguns minutos até que o maior se recuperasse.

-Desculpa, desculpa. – Recompôs-se e abraçou o outro pela cintura, o beijando calidamente.

-Não teve graça. – O reprendeu assim que o beijo findou-se. –Vamos entrar logo, não quero perder a primeira aula.

-Okay! – Falou, andando junto de Suho para dentro da escola. – Sabe, Suho, eu comecei a assistir aquele dorama do seu ator favorito, Boys Before Flowers...

-Começou? – Indagou animado. – E então o que está achando? O Lee Minho não é lindo?

-Não sei... Ele não tem muita graça. – Falou com pouco caso.

-É claro que não tem graça, ele é um ator, não um palhaço. – Retrucou.

-Eu só acho que ele não é assim tudo isso que você diz... Eu sou melhor, não acha? – Indagou o olhando de canto.

-Se é isso que você acha... – Falou, deixando Lay indignado. –Qual é? É o Lee Minho.

-Não acredito que estou ouvindo isso.

-Você vem logo depois dele.

-Eu venho depois dele?

-Pelo amor de Deus Lay. Ele é o Lee Minho. – Disse explicativo. –Ele é o único na sua frente, estou dizendo.

-O único? – O encarou.

-Tá, talvez o Kim Woobin ou o Lee Jongsuk, mas ninguém mais, eu prometo.

-Eu não estou ouvindo isso.

 

 

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Chanyeol chegou no horário de sempre. Subiu os lances de escadas com agilidade, sendo cumprimentado de segundo em segundo pelo caminho. Alguns garotos acenavam ou gritavam um "oi" na ilusão de serem mais próximos de Chanyeol e alguns até mesmo ousavam assoviar por brincadeira recebendo um sorriso divertido do maior. Já as garotas elogiavam sua aparência dizendo um "Você está bonito hoje, Chanyeol." ou "Gostei do seu penteado.", outras lançavam olhares insinuativos para o maior. Chanyeol apenas sorria para todas, porém nada daquilo lhe interessava realmente. Já era rotina agir daquela forma com todos e nem dava mais importância. Estava avoado e com pressa para entrar na sala antes de seu professor de literatura, por essa razão agiu automaticamente até chegar em seu armário e o abrir com certa pressa em busca de seus materiais que não se encontravam na mochila.

Levou um susto quando algo caiu e achou que era algum bicho, mas assim que olhou para o dito cujo percebeu que na realidade era somente um envelope.

-Merda, que susto. - Xingou sozinho, pois a escola nunca avisava quando mandavam bilhetes aos alunos e sempre se assustava com eles.

Abaixou -se e agarrou o envelope com uma mão, voltou a ficar de pé e com a outra recolheu seus materiais do armário o fechando em seguida. Estava indo para sua sala quando notou que o envelope em sua mão não tinha o brasão da escola e estranhou esse fato. Voltou a andar em direção a sala e adentrou o local, vendo que quase todos os alunos já estavam ali, inclusive Baekhyun que costumava chegar atrasado. Franziu o cenho, mas seguiu até sua carteira dando um high five em Jongin e Lay que também já haviam chegado. Ficou confuso ao perceber as roupas que Lay usava e já não entendia mais nada. O dia estava bem esquisito.

-O que é isso? Nova moda? -Indagou risonho vendo Jongin rir também.

-Isso o que? -Lay indagou confuso.

-Essas roupas aí... - Sentou-se em sua carteira, jogando sua mochila ao seu lado.

-Ah... Esse é o meu pedido de desculpas. - Falou risonho fazendo Chanyeol levantar as sobrancelhas.

-Ele fez as pazes com o Suho. - Jongin comentou na carteira de trás. -É incrível como ele é sempre o mais sortudo. - Queixou-se.

-Na verdade, é que a merda dele nem se compara com a sua. - Falou e viu Jongin fechar a cara. -A sua situação não tem solução.

-Espere para ver. - Disse confiante.

Chanyeol deu um sorriso zombeteiro e se voltou para frente arrumando seus materiais sobre a carteira. Viu o envelope repousando sobre seu caderno e sua curiosidade se manifestou. Pegou o envelope e rasgou o canto para tirar uma folha de caderno dobrada. Fez uma cara confusa com aquilo. Com certeza aquela não era uma carta de avisos da escola e muito menos uma carta de declaração. Era somente uma folha de caderno comum, dobrada meio torta. Desdobrou-a e viu letras conhecidas por si.

"Não espere que essa seja uma carta bonitinha, é somente algo que eu gostaria de te dizer, mas acho que não conseguiria pessoalmente.

Talvez você esteja me achando louco, talvez esteja me odiando mais do que o normal, mas eu não vou te culpar por isso... Um pouco, talvez.

Ainda não fui capaz de aceitar por completo que a culpa tenha sido só minha.

Eu acho que exagerei um pouco da ultima vez, mas você tem parcela de culpa por ser tão chato. Se só tivesse me deixado ir embora, nada teria acontecido.

Não sei como dizer isso, mas irei resolver o seu problema. Irei esclarecer o mal entendido para seus pais, por isso não se preocupe.

Agradeça a Kyungsoo, pois foi ele quem me fez perceber certas coisas.

Essa não é uma carta com um pedido de desculpas, pois ainda estou com raiva.

Nosso acordo terminou e o meu atual pedido é que você esqueça o meu pedido anterior.

Somente continue a me odiar como sempre fez e eu continuarei a te ignorar como sempre fiz.

Byun Baekhyun."

Ao terminar de ler o bilhete olhou para Baekhyun do outro lado da sala, porém este não o percebeu, estava ocupado desenhando em seu caderno enquanto Kyungsoo lia um livro ao seu lado e Suho parecia entretido com algo em seu celular.

Foi obrigado a desviar o olhar ao notar que Semin o observava curiosa.

-Cheguei pessoal! - Changeui chegou sorridente como sempre, carregando sua caderneta. -Estão animados pra aula de hoje?

Jongin olhou para Kyungsoo e o notou fechar o livro para prestar atenção no professor, o que era algo raro de se acontecer, mas compreensível ao lembrar-se que se tratava da aula de literatura.

-Pessoal, estão se lembrando que hoje vocês lerão os textos que produziram na aula passada, não é? - Ouviu-se reclamações por todas as partes. - Nem adianta reclamar. Eu espero que todos tenham feito. - Disse risonho pelas caretas desgostosas de seus alunos. -Quem quer ser o primeiro? - Indagou, porém todos fizeram um silêncio mortal e desviaram o olhar sem encarar o professor, os alunos do fundo se escondendo um atrás do outro. -Poxa, quanta gente. - Brincou fazendo alguns dos seus alunos sorrir. -Se ninguém vier, irei chamar aleatoriamente.

Ouviu-se um grande "Não" geral. Riu mais uma vez.

-Vamos ver... - Ameaçou, passando os olhos sobre os nomes da caderneta. - Do Kyungsoo. -Chamou e viu o menor parecer recuar, os outros alunos soltaram o ar preso em seus pulmões. -Vamos lá, você é o melhor em produção, estamos ansiosos para ouvi-lo. - Todos olharam em sua direção.

Kyungsoo engoliu em seco e acenou positivamente, pegando sua folha sem muita vontade e odiando ter tantos olhares sobre si.

-Vocês sabem que dei muita liberdade para a criatividade de vocês nesse texto, a única coisa que pedi é que a proposta fosse sobre tristeza, melancolia, mágoa, sentimentos de confusão... Enfim... e o resto era com vocês. Estou ansioso pelos textos. - Comentou animado logo voltando-se para Kyungsoo. -Pode ler. -Deu a brecha.

Kyungsoo olhou para os lados encontrando o olhar concentrado de Jongin em si, fechou os olhos e pigarreou. Voltou abri-los e encarou a folha de forma nervosa.

Era fato que Kyungsoo era o melhor aluno daquela matéria, porém mesmo sabendo disso, Kyungsoo continuava a jugar seus textos como ruins ou insuficientes. Não gostava de lê-los em publico, nem mesmo para sua mãe que sempre o pedia para ver, no entanto sempre respondia que a mostraria quando finalmente escrevesse algo bom o suficiente para se ter orgulho. Sua mãe detestava quando dizia essas coisas, pois achava aquilo tudo uma grande besteira, queria ler os texto que seu filho escrevia e que sempre era elogiado, no entanto o mesmo não permitia.

-Tornei a vida uma tenra flor

Mais do que flor é a vida

Porque nem só de amor nem só de dor

Mas a vida é uma mistura de ilusões.

 

Feliz daquele que se diz feliz

A felicidade existe? Não sei.

Procurá-la eu sempre quis

Mas até o momento não a encontrei

 

Diz o casal que casou

“Meu bem eu já me cansei

Os anos já se passaram

Estou arrependido, porque me casei?”

 

Mas a moça está apaixonada

Parece que o rapaz também

Mas quando a ilusão se acaba

A magia foge sem avisar ninguém

 

O amor na verdade dura pouco

Os anos passam, chega a exaustão

Deixando às vezes a gente quase louco

Não há mais amor, apenas solidão.

 

A mocidade ficou na distância

Os velhos tempos não voltam mais

A saudade aperta ao lembrar da infância

O tempo é implacável aos pobres mortais.”

 

Kyungsoo levantou os olhos de seu texto e mirou o professor que o encarava orgulhoso. Toda a sala o encarou em silêncio e como se todos pensassem ao mesmo tempo, se voltaram para Jongin, fazendo o garoto sorrir sem jeito.

-Muito bom Kyungsoo, como eu esperava. Você até mesmo fez em forma de poema. – Changeui sorriu e bateu algumas palmas. –Encarou a turma que agora já havia voltado a prestar atenção em si. –Vamos ver quem será o próximo... – Brincou para assustar os alunos e pegou sua caderneta.

-Professor, eu gostaria de ler o meu texto. – Jongin se manifestou de repente, fazendo até mesmo Changeui se espantar com isso. Não era comum Jongin se oferecer para participar da aula. Aliás, não era nem mesmo comum ele ter se preocupado em fazer o texto.

-Claro! – Sorriu contente com a participação espontânea de Jongin. –Vá em frente.

Jongin pegou seu texto, mas antes de iniciar a leitura, buscou Kyungsoo com o olhar o encontrando parado, com o olhar fixo na lousa, mesmo que esta estivesse vazia. Todos encaravam Jongin, menos Kyungsoo.

- Vivo por falta de algo que nunca foi meu.

Por falta de espaço num peito que não bate sozinho.

Vivo por falta de fôlego na noite, no arrepio.

Por falta do gosto e do denso carinho.

Falta tudo.

Cansaço;

Loucura;

Tristeza;

Só não falta o teu passo,

Teu abraço;

Tua sutileza;

De conseguir com tua falta

Bagunçar o meu caos;

Desandar meus sorrisos;

Fazer de mim resto

Sem nada pedir.

Vivo de tuas faltas.

Para que pelo menos, tuas ausências

Eu tenha.

Sem esperar por isso, todos os queixos caíram, inclusive o professor que o encarou embasbacado. Era normal esperar um texto desses de Kyungsoo, porém, não de Jongin. Não tão sentimental como aquilo. Os alunos, encantados com o texto do moreno, bateram palmas junto de Changeui, contudo Jongin voltou sua atenção para Kyungsoo, o encontrando do mesmo modo que antes. Continuava sem lhe encarar, sem sorrir, e muito menos fazendo parte das palmas. Sua alegria por ter feito um texto que agradou a todos, se esvaiu no mesmo instante.

 

 

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Alguns dias se passaram e a cansativa rotina de ir a escola continuava a fazer os alunos deprimidos, por sorte o fim do ano já estava chegando. E com ele a formatura.

-E então Baekhyun... Como está indo a sua consulta? - Suho indagou de repente em meio a conversa.

Estavam sentados em uma das mesas do refeitório junto a todos os outros alunos que comiam ali normalmente. Os dias estavam sendo frios e havia previsões de neve para a próxima semana, por essa razão seria difícil continuar a passar os intervalos escondidos no beco da escola como costumavam fazer, pois acabariam congelando de frio. O melhor a se fazer era se abrigarem junto com os outros alunos no refeitório para se aquecerem do frio. Ao invés de trazer seus lanches de casa, haviam pego a comida do dia no refeitório, e que por sinal estava muito gostosa e quentinha, já que Baekhyun não parava de encher a boca com o caldo que saia até mesmo fumaça.

Baekhyun terminou de engolir a comida em sua boca e lambeu os lábios antes de responder Suho.

-Está indo bem... - Falou superficialmente. Era natural que não gostasse de tocar muito no assunto. Admitir que possuía um problema real era algo que Baekhyun ainda não sabia aceitar muito bem.

-Ela disse algo? - Suho cutucou mais um pouco. Por mais que soubesse que o amigo evitava esse assunto, não podia deixar de se preocupar.

-Disse muitas coisas. A maioria, óbvias, mas isso é porque ainda estamos no começo, não é? - Viu Kyungsoo ao seu lado, confirmar com um aceno.

-E seus pais? - Kyungsoo indagou baixo para não chamar atenção dos alunos da mesa ao lado. - Você contou? - O olhar de Suho tornou-se automaticamente preocupado e encarou Baekhyun.

-Eu não estava pensando em contar a eles. - Revelou enquanto mexia com a colher no prato. -Mas a psicóloga disse que seria melhor que eu os avisasse.

-E então? - Suho pediu por uma continuação.

-Contei. - Deu de ombros.

-Mas eles não se preocuparam? Não perguntaram o porquê? - Suho indagou apreensivo, porém ouviu um riso baixo de Baekhyun, em resposta.

-Ninguém liga, Suho. - Falou já conformado. -Meu pai já assumiu que estou louco. Minha mãe disse que se eu precisar de alguma coisa para avisa-la, e meus padrastos... Bom. Eu não tenho que esperar nada deles. -Kyungsoo e Suho trocaram olhares silenciosos sem saber o que poderiam dizer para animar Baekhyun. -Está tudo bem gente. - Mostrou um sorriso ao notar a preocupação de seus amigos. -Não é como se eu já não estivesse acostumado.

Kyungsoo sorriu e concordou em silêncio. Voltaram a comer em silêncio, pois Suho e Kyungsoo ainda estavam com receio de continuarem a fazer perguntas que pudessem ferir o amigo. A última coisa que queriam era causar uma crise de choro em Baekhyun no meio de todos aqueles alunos no refeitório.

Notando o silêncio de ambos Baekhyun suspirou, não querendo deixa-los desconfortáveis.

-Sabe, ela disse algo interessante também. - Falou chamando a atenção de seus amigos novamente. -Ela disse que o fato de eu estudar muito e ter notas excelentes, também tem relação com meus pais. -Kyungsoo franziu o cenho sem entender.

-Como assim? - Suho indagou tão confuso quanto.

-Ela disse que é bem comum pessoas que sofrem de algum transtorno, direcionarem seu foco para qualquer outra coisa que não seja o seu problema. Por essa razão acabam se dedicando em alguma coisa, mais que o comum. No meu caso, meu foco foi colocado nos estudos e essa é a razão pela qual eu passo tanto tempo estudando, como se fosse uma defesa do meu corpo. Isso também tem haver com a minha hiperatividade e por isso estou sempre arrumando alguma coisa pra ocupar o meu tempo livre. - Suho e Kyungsoo ouviam de boca aberta, interessados pelas informações. -Eu faço isso inconscientemente, mas se parar para pensar, faz sentido.

-Então se pensarmos pelo lado positivo, ao menos seus pais serviram para alguma coisa. Seu boletim é impecável desde sempre. - Suho riu junto de Baekhyun e Kyungsoo sorriu aliviado por seu amigo estar lidando bem com tudo isso.

-Ei, Baekhyun. - Kyungsoo chamou por fim, após Baekhyun e Suho voltarem a comer em um clima descontraído. -E os pais do Park?

-Ah... Sobre isso. - Baekhyun pareceu se lembrar. -Eu ia contar para vocês. Fui à casa do Chanyeol para conversar com eles.

-Chanyeol estava lá? - Suho indagou curioso.

-No horário que eu fui ele não estava.

-E o que você falou para eles? - Foi à vez de Kyungsoo questionar.

-Eu inventei uma história para eles acreditarem em mim. Disse que naquele dia da delegacia, eu e Chanyeol tínhamos ficado sozinhos na casa e acabamos bebendo para comemorar as notas dele, mas como eu não sou muito tolerante a álcool, acabei ficando bêbado e surtei. Contei que os machucados foram eu mesmo quem causou, que criei toda aquela situação e que Chanyeol não tinha culpa. Acabei contando também, que comecei um tratamento psicológico e eles acabaram não ficando com raiva de mim, porém entenderam que eu já não tenho mais nada com o filho deles.

-Melhor assim. - Suho falou e Baekhyun concordou.

-Agora não devo mais nada a ninguém. Principalmente a alguém que não gosta de mim.

Voltaram suas atenções para o prato.

-Suho! - Alguém chamou se aproximando.

Suho virou-se para trás, vendo Lay se aproximando com uma bandeja na mão.

-O que foi? - Suho indagou confuso, vendo Lay colocar a bandeja com seu prato acima da mesa e abaixando-se um pouco para selar os lábios do menor. Suho arregalou os olhos enquanto Kyungsoo e Baekhyun observavam a cena, junto de todos os outros alunos no refeitório. Kyungsoo tinha as sobrancelhas arqueadas, enquanto Baekhyun olhava pasmo com a bochecha inflada por permanecer com a comida na boca.

Lay se afastou dos lábios alheios com um sorriso arteiro e tratou de arranjar um lugar para sentar-se ao lado de Suho.

-Olá, Kyungsoo e Baekhyun. Tudo bem? - Indagou descontraído, ignorando todos os olhares do refeitório sobre si.

-Lay... O que está fazendo. Tá todo mundo olhando. - Suho sussurrou discretamente.

-E daí? Quem se importa com os outros? - Respondeu com audácia, fazendo Suho abrir um sorriso orgulhoso e roubar outro beijo do maior, dessa vez, mais longo.

Baekhyun sorriu safado para ambos, por outro lado, Kyungsoo desviou o olhar para o seu prato novamente, completamente desinteressado do romance a sua frente.

-Mas sério. O que está fazendo aqui? - Suho indagou após se afastar do maior.

-Vim almoçar com vocês. - Respondeu simplista.

-Mas e os seus amigos?

-Eles estão em outra mesa. - Explicou. - É que eu nunca vejo vocês durante os intervalos e hoje que vocês estão aqui no refeitório, eu quis aproveitar.

-Fica tranquilo, acho que vamos ter que comer aqui por uns dias até o frio acabar. - Baekhyun falou entretido com a colher, brincando de desenhar em seu prato.

 

 

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Chanyeol se encontrava sentado em sua cama enquanto ouvia música com seus fones de ouvido. Estava entediado e sem perceber, batucava seus dedos ao ritmo da música na capa de seu caderno. A intenção inicial era estudar, porém Chanyeol se distraia facilmente com qualquer coisa a sua volta. Por essa razão era péssimo em estudar sozinho, precisava de alguém para lhe fazer focar na matéria e não na vida do pobre mosquito que acabou caindo na teia da aranha.

Não é como se precisasse estudar de fato, afinal já tinha passado de ano com as notas que saíram em seu boletim, porém, ainda estava cumprindo sua punição por ter pego o carro de seu pai sem permissão. Seu pai decretara que passaria duas semana dentro de seu quarto e somente alí, claro que havia uma exceção para a escola, porém era somente ela. Sem ter o que fazer, resolveu tentar estudar, de fato uma escolha bem estranha para quem tem um notebook no quarto, contudo não vamos julgar. Mas para a surpresa de ninguém, ele não havia nem lido uma página sequer e já se encontrava entretido demais na trágica história do mosquito, enquanto continuava a batucar com seus dedos na capa do caderno.

-Chanyeol! - Sua mãe falou abrindo a porta do quarto sem fazer barulho para o caso de Chanyeol estar dormindo.

Ao ver que Chanyeol estava acordado, entrou no quarto, porém sem ser notada pelo mesmo.

-Filho, preciso conversar com você. - Disse enquanto voltava a encostar a porta, no entanto, Chanyeol estava ocupado demais torcendo pela vitória do mosquito que lutava com todas as suas forças para se desgarrar da teia grudenta enquanto a aranha se aproximava para dar o bote. -Chanyeol! - Gritou cansada de ser ignorada, fazendo o outro dar um pulo onde estava e arrancar um dos lados do fone para encarar sua mãe.

-Que susto mãe! - Colocou a mão no peito. -Desde quando está aí?

-Não muito. - Respondeu indo sentar-se na beirada da cama de Chanyeol. -Estudando? - Indagou ao ver os cadernos sobre o colchão.

-Tentando. - Falou coçando a nuca. Fazia um bom tempo que sua mãe não falara com ele. Especificamente, desde o dia da delegacia.

-Hm... - Concordou. Pensou por alguns instantes enquanto era observada por Chanyeol. - Nós precisamos conversar. - Olhou para Chanyeol que arregalou os olhos.

-Mãe, sobre aquele dia, eu juro que não fiz nada. Você sabe que eu não faria uma coisa dessas, mãe, por favor, acredita em mim. - Desatou a falar sem dar tempo para sua mãe conseguir pensar em algo.

-Calma, calma...Eu acredito. - Falou tentando fazer Chanyeol parar de falar. Chanyeol se calou a olhando surpreso.

-Acredita? - A viu suspirar.

-O Baekhyun veio conversar comigo e com o seu pai essa semana. - Revelou fazendo Chanyeol ficar meio besta por alguns segundos.

-Baekhyun veio aqui? Quando? Onde eu estava? - Indagou confuso.

-Veio no começo da semana, e você estava no quarto de castigo. - Respondeu, vendo Chanyeol ficar em silêncio enquanto parecia pensar em alguma coisa. -Ele explicou tudo o que aconteceu naquele dia e me falou que você não teve culpa.

-O que ele disse? - Questionou curioso pela versão do menor.

-Disse que vocês beberam pra comemorar as suas boas notas, mas que ele acabou ficando alterado e por essa razão criou tudo aquilo. - Sorriu carinhosamente para o filho. - Me desculpe por duvidar de você. E eu entendo que você não queira mais ver o Baekhyun. - Deixou um carinho no rosto de Chanyeol.

-Tudo bem, mãe. - Chanyeol retribuiu o sorriso de sua mãe.

-Mas isso não quer dizer que o seu castigo tenha acabado. - Falou voltando a ficar séria.

-Mãe, eu não tenho mais sete anos. - Queixou-se se sentindo injustiçado.

-Mas parece. - O encarou. -Por que raios você pegou o carro do seu pai sem permissão só para ir em uma balada? Conhece táxi?

-Eu estava com pressa mãe, não tinha tempo pra pedir permissão e vocês ainda estavam bravos comigo. - Explicou-se.

-Pressa por que, criatura? A balada não ia correr de você.

-Eu sei, mas eu precisava encontrar o Baekhyun, eu estava preocupado se ele ia fazer merda, então eu corri. - Sua mãe fez uma cara surpresa.

-Você pegou o carro do seu pai porque estava preocupado com o Baekhyun? - Indagou fazendo Chanyeol ficar desconcertado.

-Ah... É que...

-E você o encontrou? Vocês conversaram?

-Não sei se podemos chamar de conversar.

-Como assim? - O olhou curiosa.

-Ele estava irritado com algo que eu tinha dito.

-O que você disse?

-Mãe, isso não vem ao caso. - Mudou de assunto. -O fato é, eu não tive culpa. - Sua mãe bufou.

-Então convença o seu pai a te tirar do castigo mais cedo. - Levantou-se da cama.

-Mãe... - Pediu manhoso, porém foi ignorado.

-Continue estudando. - Falou se dirigindo para a porta. Porém antes de sair olhou Chanyeol mais uma vez e sorriu. - Vejo que apesar de tudo, Baekhyun te influenciou de formas positivas.

-Só por que estou estudando? - Indagou sem dar créditos a sua mãe.

-Não só por isso. Você se tornou bem mais carinhoso do que era antes. - Sorriu e abandonou o quarto, deixando Chanyeol a pensar, encarando a porta recém fechada.

 

 

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-Okay, talvez mais um pouco de leite de coco... - Kyungsoo falou consigo mesmo enquanto despejava o ingrediente em uma caneca. Misturou tudo com uma colher e levou até a boca experimentando um pouco. -Acho que agora tem muito. Quase não tô sentindo o gosto do ninho. - Falou fazendo um bico. - Vou colocar mais. - Falava enquanto ia fazendo o doce em sua caneca. - Só mais um pouquinho de açúcar... Perfeito.

Sorriu e levou uma colherada a boca, saiu da cozinha indo em direção ao sofá da sala, se sentando ao lado de Haru, que ao ver seu dono se aproximar, levantou-se curioso sobre o que Kyungsoo comia na caneca.

-Haru, gatos não comem doce de leite ninho. - Afastou o doce do gato, que tentava enfiar o focinho em sua caneca. -Eu sei que você come cocada, brigadeiro e doce de leite, mas esse é o meu doce. - Haru miou. -Além disso você está muito gordo, tá na hora de começar a cuidar da sua saúde.

Por morar sozinho, Kyungsoo tinha essa mania de falar sozinho e conversar com Haru. Nada muito extraordinário, vindo de Kyungsoo.

Como estava fazendo frio, Kyungsoo se encontrava de pijamas compridos e quentinhos. Com calça e blusa de moletom, também usava uma pantufa de patinhas. Podia ser infantil, no entanto, não se importava nem um pouco. Com sua caneca em mãos, sentado confortavelmente sobre o sofá, tentava esquentar-se da melhor maneira que podia, enquanto assistia algum desenho bobo que passava na TV.

Já estava na metade do doce, quando a campainha tocou, o fazendo se assustar e se perguntar quem estaria na porta da sua casa aquela hora. Levantou-se de forma preguiçosa e seguiu até a porta, arrastando os pés. Travou no mesmo instante em que abriu a porta e se deparou com Jongin parado ali, porém, diferente das outras vezes, não trazia um sorriso presunçoso no rosto, e sim um olhar desconcertado. Ficaram a se encarar por alguns segundos. Kyungsoo perplexo demais com a visita inesperada e Jongin pensando o quão fofo Kyungsoo estava, vestido daquele jeito.

-O que te trás aqui? - Indagou de repente.

-Antes de você me expulsar, por favor, me escuta. –Pediu esperançoso, porém Kyungsoo suspirou baixinho.

-Escutar mais? Eu já escutei todas as suas desculpas Jongin. – Falou, porém dessa vez Jongin não notou raiva na fala de Kyungsoo, apenas um cansaço evidente de continuarem aquela discussão sem fim.

-Eu não quero falar desculpas. Eu só quero conversar...

-Eu não quero conversar, sobre as coisas que nós passamos, embora isso me machuque, agora é passado. – Disse com sinceridade. –Eu joguei todas as minhas cartas, e foi o que você fez também. Então não há mais nada a dizer, nenhum ÁS a mais para jogar. – Viu que Jongin parecia um pouco abalado. Ambos ainda parados na porta de entrada. – Eu estava em seus braços achando que ali era o meu lugar, eu achava que fazia sentido. – Deu um sorriso triste. – Mas eu fui um tolo jogando conforme as regras. É simples e está claro, por que eu deveria me lamentar?

Ficaram num silêncio perturbador. Jongin queria pedir perdão, queria saber fazer Kyungsoo enxergar sua verdade, porém como fazê-lo, se já havia destruído a confiança que Kyungsoo havia lhe entregado? Pensava em algo que pudesse dizer, algo que pudesse fazer, para expressar seus pensamentos, enquanto Kyungsoo continuava parado a porta segurando fortemente  sua caneca em suas mãos enquanto encarava o piso com um olhar triste.

-Mas... Diga-me... Ela te beija como eu costumava te beijar? – Levantou o olhar para o maior. –É a mesma coisa quando ela chama o seu nome?

-Eu não estou com ela Kyungsoo. – Falou surpreso com a pergunta alheia. –Eu não a vi mais depois daquele dia. – Kyungsoo confirmou com um aceno. –Você... Ainda está com ciúmes dela? – Perguntou receoso de Kyungsoo se irritar com a pergunta. Porém Kyungsoo já estava exausto daquela ladainha, ele só queria resolver essa história de uma vez por todas.

-Em algum lugar bem no fundo, você deve saber que eu sinto a sua falta. – Jongin levantou o olhar para encarar Kyungsoo , surpreso pela confissão do menor. – Eu só estou sendo sincero. – Não soube o que responder. –Então é isso. –Disse por fim, cansado de ver Jongin calado. Iria terminar aquela conversa se não tivesse sido interrompido pelo outro.

-Eu sei que você não quer conversar porque isso te deixa triste e eu entendo. Eu quero pedir desculpas, mas eu não sei como fazer você acreditar que elas são sinceras... Mas, eu gostaria de tentar, uma ultima vez. – Pediu sentindo um vento frio passar por entre eles, e não pôde evitar sentir seu corpo tremer. Só não sabia se pelo frio, ou pela ânsia da resposta que demorou a vir.

-Uma ultima vez. – Falou por fim, fazendo Jongin ser obrigado a conter um sorriso.

Desde que conheceu Jongin, Kyungsoo havia dado muitas chances a ele, e mesmo que ele não tenha sabido zelar por elas, estava dando somente mais uma única chance para Jongin, na esperança de que dessa vez ele fizesse um bom uso.

- Passaram por mim, muitas pessoas, e eu sentia que você roubava minhas oportunidades mais legais, achava que você me mantinha longe do calor e da ação. Você foi o primeiro que tornou as coisas difíceis. Assim como uma criança teimosa e mimada, foi que eu comecei com tudo isso, um de nós tinha que ir embora. Então eu desisti, eu te traí. – Olhou no fundo dos olhos negros de Kyungsoo. –No começo, eu não gostava realmente de você. Seu jeito não me era atraente, muito menos as roupas que você costuma vestir. A única coisa que me chamou a atenção foi a sua aparência, principalmente quando nos encontramos na boate. Inicialmente, o meu plano foi ter uma noite com você. Não pra falar pra escola inteira, até porque isso seria terrível para a minha popularidade, se descobrissem. Mas eu queria provar para mim mesmo que até um garoto como você podia ceder pra mim, mas as coisas não foram como eu imaginei e acabou ficando mais complicado do que eu esperava. Quando eu te pedi em namoro, eu ainda não sabia sobre os meus sentimentos, eu estava tão focado com o meu plano inicial que acabei usando isso com uma desculpa na esperança de que você finalmente me deixasse avançar, mas quebrei a cara no mesmo momento em que o fiz. Os meses que ficamos juntos foram bons, mas eu me sentia preso e derrotado, foi então que na primeira oportunidade, eu te deixei. Mas a ultima coisa que queria era te magoar. Essa nunca foi a minha intenção.

-Não foi? E quando você me mandou aquela mensagem? Aquilo era um novo método para me fazer sentir melhor? – Indagou profundamente magoado ao lembrar-se das frases escritas naquela mensagem. -Pois fique sabendo que não funcionou, muito pelo contrario. Destruiu-me completamente.

-Eu sei que fui idiota, mas eu queria ser sincero pelo menos uma vez. Você nunca mentiu pra mim então...

-Na verdade, foi o peso da consciência. – Corrigiu. O maior calou-se analisando a face alheia. –Jongin... Todos os meus sentidos me dizem para não voltar pra você, porque tudo o que me espera é arrependimento. Você perdeu o amor que eu mais amei e agora você me quer mais uma vez. – Jongin pode notar vestígios de lágrimas acumuladas no canto dos olhos de Kyungsoo, porém ele continuava firme, sem deixar que nada caísse de seus olhos ou que sua voz falhasse. –Quem você pensa que é? Correndo por aí deixando cicatrizes, coletando um pote de corações, rasgando o amor no meio. Você nunca se envolveu com ninguém além de mim, mas já parou para pensar em quantas outras pessoas você deve ter machucado em suas noitadas?  Você vai ficar resfriado com todo esse gelo dentro da sua alma. – Jongin abriu a boca para respondê-lo, porém nada saiu. Sabia que sempre esteve errado. – Não se preocupe comigo, Jongin. Não precisa tentar me consolar. Você deve saber que eu cresci aprendendo a ser forte e não preciso me afugentar nos braços de ninguém.

-Mas agora eu mudei e quero que você saiba. –Gaguejou, envergonhado de si mesmo. -Um de nós estava mentindo... Um de nós estava chorando, solitário em sua cama, olhando para o teto e desejando que o seu amor estivesse ali. Um de nós está só, agora. Com pena de si mesmo, se sentindo estupido, se sentindo pequeno. Desejando que o outro nunca tivesse partido. Um de nós... Finalmente acordou.

-Q-Quando... Quando eu li a sua mensagem naquele dia, eu já estava pronto, prestes a sair de casa pra te encontrar. –Sentiu um nó se formando em sua garganta, tentou engoli-lo, porém era doloroso. -Por eu ter feito você desistir da balada pra passar o dia no boliche comigo...  – Kyungsoo sentiu finalmente algo escorrer por sua bochecha, porém não se constrangeu e continuou, mesmo que o olhar fixo de Jongin sobre o seu rosto lhe incomodasse um pouco. –Eu tinha passado a noite toda planejando o nosso dia para te deixar feliz. Mas eu não estava esperando por aquilo. Não esperava por aquela mensagem. - Continuava a chorar. Um choro sem soluços e sem som, somente lágrimas escorrendo uma atrás da outra. –Eu fiquei a tarde toda pensando em o que você estava fazendo. Se você ainda estava com ela. Como tinha sido. – Desviou o olhar para a rua deserta, atrás de Jongin. -Foi isso que eu fiz a tarde toda.

-Soo... V-Você está chorando. – Era para ter saído como pergunta, mas estava mais que na cara que o menor chorava, por essa razão apenas afirmou inutilmente.

-Baekhyun disse que chorar alivia a dor. Eu espero que seja verdade. – Falou enquanto enxugava o queixo com a manga do moletom.

-Me perdoa, Soo, se eu tivesse percebido antes, que na verdade toda aquela atração que eu sentia era porque eu já gostava de você, eu não teria feito isso. Mas talvez, se eu não tivesse quebrado a cara eu ainda estaria agindo feito um otário. Agora eu estou sendo sincero quando digo que não irei te machucar de novo. – Disse com certo tom de desespero, assistindo o choro silencioso do outro.

Kyungsoo não foi capaz de responder, então apenas tentou secar seu rosto com sua manga, sem perceber que Jongin estendia uma folha em sua direção. Nem havia reparado que ele esteve segurando isso o tempo todo.

-O que é...? – Calou-se ao notar o desenho na mão de Jongin. Era o desenho do trabalho da professora Minji, onde Kyungsoo tinha uma rosa em seu cabelo e um rouxinol pousado em seu dedo.

-Estava arrumando o meu quarto, depois de apagar o fogo naquele dia, e o encontrei junto com alguns papeis. Me achei sortudo por não ter queimado. – Disse abrindo um sorriso bonito. Um daqueles sorrisos que Kyungsoo dizia amar.

-Seu quarto... Está bem? – Indagou curioso.

-Está sim, não queimou muito, mas queimou alguns papeis, minha escrivaninha, fora as cortinas.

-Hm... Eu estava com muita raiva. –Explicou-se

-Eu sei. Mas está tudo bem agora.

-Isso não foi um pedido de desculpas. Ainda não me arrependo do que fiz. – O encarou com o rosto molhado, porém com as lagrimas sobre controle. Jongin coçou a nuca.

-Eu finalmente entendi, a moral da história. – Kyungsoo o encarou confuso. –“Cada um dá o que tem no coração. Cada um recebe com o coração que tem.”. Nós já fizemos isso uma vez. Mas eu gostaria de tentar de novo, como uma ultima tentativa. Me dê o que você tem no coração mais uma vez, e eu receberei com um novo coração. – Pediu sincero, fazendo Kyungsoo desviar o olhar e tentar secar novamente os finos caminhos úmidos em seu rosto.

-Eu não sei se eu consigo fazer isso de novo. – Respondeu.

-Kyungsoo, por favor, me diz o que eu tenho que fazer pra você me aceitar mais uma vez? – Questionou angustiado. Kyungsoo negou, também sem saber o que dizer. Jongin encarou o céu por alguns instantes antes de voltar-se para o menor. –Me bata.

-Como? – O olhou em confusão.

-Me bata. Desconte a sua raiva em mim. Faça isso até sentir que estou sendo sincero. – Mal teve tempo para raciocinar, logo já sentia um ardor terrível em sua face. Não esperava que Kyungsoo fosse realmente aceitar essa ideia. Mas o que poderia se esperar de Kyungsoo?

Encarou o menor que agora o encarava serio, como se não tivesse acabado de deixar a marca de seus cinco dedos na face alheia. Sorriu fingindo não estar doendo como o inferno e voltou a sua postura.

-De novo. – Pediu, já fechando os olhos em seguida, se preparando para o próximo tapa. Porém dessa vez fora surpreendido por um abraço. Kyungsoo rodeou seus ombros e afundou o rosto em seu peito, o deixando paralisado.

-Por favor, só me prometa que não vai me deixar novamente. Seja sincero. – Sussurrou no abraço o apertando ainda mais forte.

Ainda atônito, Jongin não pode deixar de envolver Kyungsoo possessivamente. Seu coração saltou em felicidade quando o entendimento caiu sobre si. Kyungsoo estava realmente lhe dando uma ultima chance. Sorriu ao perceber que o menor o amava tanto que foi capaz de confiar em si novamente. Jurou internamente, jamais o faria sofrer novamente. Fechou os olhos e afundou o nariz nos cabelos do outro e inspirou o perfume de talco, característico de Kyungsoo. Como sentia falta daquilo.

-Eu prometo que irei te fazer feliz todos os dias que estivermos juntos e nunca mais te trocarei por qualquer outra pessoa. Estou sendo o mais sincero que um dia já fui. – Sussurrou contra os cabelos alheios e Kyungsoo o apertou com mais força, querendo fundir-se naquele abraço.

-Será ainda mais difícil de me ter. Acha que pode lidar com isso? –Indagou abafado.

-Eu posso lidar com isso. Mesmo que eu nunca te tenha dessa forma, eu irei aceitar se eu estiver com você. – Disse por fim, após uma conversa interna. É claro que seria difícil. Mas se não fosse Kyungsoo, não seria mais ninguém.

Estava frio e tudo o que Kyungsoo queria naquele momento era que Jongin o esquentasse. Jongin afastou o rosto do topo da cabeça do menor e dirigiu seus lábios para a bochecha de Kyungsoo, em um pedido mudo para que afastasse o rosto de seu peito e o olhasse diretamente nos olhos. Quando levantou seu olhar para o maior, pôde ver os olhos alheios lhe encarando.

-Eu te amo, Kyungsoo. Eu finalmente descobri isso. – Falou sendo sincero, e vendo o menor dar um sorriso pequeno em resposta.

Ambos os lábios se encontraram após tantos dias sem contato, fazendo Kyungsoo fechar os olhos para poder sentir mais daquela sensação boa que era beijar Jongin. O moreno não perdeu tempo em segurar com firmeza a cintura de Kyungsoo o trazendo para bem perto e acariciando a língua alheia com a sua própria, sentindo um gosto doce invadir seu paladar. Suspirou satisfeito, pois há dias estava sentindo falta do beijo do menor, do abraço, de seu carinho. Kyungsoo era tudo o que Jongin precisava.

-Está doce. – Falou sorrindo, vendo Kyungsoo lhe olhar interrogativo. –O seu beijo está doce.

-Ah... – Sorriu. –Eu fiz doce. –Mostrou a caneca que ainda segurava. –Quer? –Ofereceu.

-Quero! – Aceitou e deu um sorriso, levantando o rosto alheio pelo queixo, e o beijando mais uma vez, sentindo o sabor do doce na saliva de Kyungsoo.

 

 

*•♫•*¨`*•.¸♥✰♥¸.•*¨`*•♫•*

 

 

Kyungsoo, Suho e Baekhyun entraram no refeitório carregando suas bandejas. Suho e Baekhyun vinham conversando na frente enquanto riam de algo idiota, Kyungsoo vinha logo atrás ouvindo as baboseiras dos amigos. Roubavam olhares dos outros alunos que pareciam incrivelmente interessados em algo.

-Isso está me incomodando, Suho, sério. - Kyungsoo reclamou.

-O que está te incomodando? - O olhou confuso.

-Esses olhares todos... Saia de perto. -Brincou fazendo o outro rir.

-O que isso tem haver comigo? Endoidou? Desde quando me tornei interessante? - Falou achando graça.

-Desde quando aquilo aconteceu. - Apontou para frente indicando Lay que vinha com um sorriso evidentemente animado no rosto.

-Ah... - Suho gargalhou. -Entendi.

- Bom dia! - Lay cumprimentou a todos e inclinou-se um pouco para tomar os lábios do outro. -Onde querem sentar hoje? -Indagou.

-Num lugar onde ninguém fique me encarando, não vou conseguir comer direito com tanto olhar em cima de nós. – Kyungsoo falou sem paciência com a curiosidade alheia.

-Desculpe dizer, mas acho que só tem aquelas mesas vagas. - Baekhyun apontou para as mesas que cercavam o largo corredor do refeitório. Kyungsoo fez uma careta.

Kyungsoo surpreendeu-se quando de repente duas mãos surgiram ao seu lado e tomaram a bandeja de suas mãos. Olhou para o lado e viu Jongin ali com um sorriso no rosto.

-Vamos sentar, eu estou naquela mesa. - Indicou uma das mesas que Baekhyun falara anteriormente. Kyungsoo sorriu e se deixou ser beijado pelo maior.

-Sinceramente, ainda não acredito que vocês voltaram. - Suho exclamou fazendo Lay lhe encarar e Baekhyun lhe dar uma cotovelada.

-Suho! - Baekhyun o reprendeu pela fala.

-Eu não tô brincando, se você não cuidar do Soo, sou em quem vai cuidar de você. - Falou com um semblante sério deixando Jongin assustado. -Vamos comer, então? -Sorriu de repente, fazendo Lay e Jongin relaxarem. Baekhyun e Kyungsoo já estavam acostumados com a bipolaridade de Suho.

-Ouviu bem, Jongin? Espero que sim. - Kyungsoo falou divertido, seguindo Jongin até a mesa.

-Recebi a mensagem. - Confirmou.

Todos se sentaram ao redor da mesa, sendo observados a todo o momento. De um lado da mesa, Suho sentou-se ao lado de Lay, enquanto do outro lado sentaram-se, Jongin, Kyungsoo e Baekhyun.

-E o Chanyeol, ele também vai sentar aqui? - Kyungsoo sussurrou no ouvido de Jongin para que Baekhyun não o ouvisse.

-O Chanyeol está vindo, ele só está pegando a comida... - Jongin falou despreocupadamente, não sendo nada discreto, fazendo Baekhyun o ouvir. Kyungsoo o olhou irritado fazendo Jongin finalmente entender.

-O que foi? - Baekhyun indagou diante dos olhares de seus amigos. - Eu estou comendo rápido, quando ele chegar eu irei embora. - Falou e todos da mesa se entreolharam.

Voltaram a comer sem nada a dizer. Kyungsoo continuava a se sentir incomodado com os outros alunos curiosos, enquanto isso Jongin ria da cara emburrada que o menor fazia. Porém o silêncio não durou muito, pois logo Suho começou com seus assuntos irrelevantes, porém fazendo todos rirem.

No entanto todos pareceram entrar em estado de alerta ao verem Chanyeol entrar no refeitório segurando sua bandeja, procurando por seus amigos entre as mesas. Paralisou ao os avistar junto com os outros três garotos. Ao notar que Chanyeol havia parado no meio do caminho, Lay fez um sinal chamando pelo outro, que logo voltou a andar, meio desconcertado.

Chanyeol se aproximou da mesa e colocou sua bandeja ao lado de Lay, de frente para Baekhyun que terminou de engolir sua comida com rapidez para poder ir embora. Contudo, antes que Chanyeol pudesse se sentar a mesa, Jimin que se encontrava sentada na mesa ao lado, junto de Feifei e Hani, se colocou de pé ouvindo os gritinhos animados de suas amigas e indo até Chanyeol lhe agarrando o braço o fazendo se assustar por sua aproximação repentina.

-Chanyeol! Posso me sentar com você? - Pediu na maior cara de pau, fazendo Baekhyun levantar o olhar para a garota atrevida.

-Ah... - Chanyeol pareceu meio perdido. - Sim? -Indagou confuso, porém Jimin acabou entendendo aquilo como uma confirmação para o seu pedido.

-Chegou a minha hora de brilhar. - Exibiu-se para as outras duas, com sua voz fanhosa.

-Não é porque a sua cara é oleosa que quer dizer que chegou a sua hora de brilhar. - Baekhyun falou seriamente, fazendo todos lhe encararem, inclusive Chanyeol. Jimin o olhou de cima a baixo com um quê de deboche.

-Não é porque você não consegue fazer as pessoas gostarem de você, que precisa sair atacando as que conseguem. - Falou de forma venenosa, fazendo Baekhyun ser atingido por suas palavras. - Não é minha culpa se ninguém te ama.

Sem dizer mais nada, Baekhyun se colocou de pé dando as costas para todos os outros e saiu andando para fora do refeitório, antes que arrancasse os cabelos daquela garota, sentindo malditas lágrimas começarem a acumular-se em seus olhos. Chanyeol ficou paralisado por alguns segundos, pasmo com as palavras de Jimin ao seu lado. Viu Baekhyun se afastar e antes que o menor saísse do refeitório tentou ir até ele, porém Jimin o segurou com mais força, o prendendo ali.

-Me solta. - Pediu irritado. Jimin o olhou assustada, mas permaneceu grudada em seu braço. Sem um pingo de delicadeza, empurrou a garota para longe se soltando finalmente.

-Baekhyun! - Chamou e tentou alcançar o garoto, porém Baekhyun apertou o passo para sair do refeitório o mais rápido possível. -Ei, Baekhyun, estou falando com você. - Gritou, fazendo todos os alunos do refeitório olhar pra eles. Já esperando por uma briga em público como há tempos não tinham. - Se você não vier aqui, eu vou gritar pra todo mundo ouvir. - Ameaçou, no entanto aquilo somente fez Baekhyun parar no local em que estava, a vários metros de distância do maior, o desafiando a fazer o que havia dito. Chanyeol pareceu ficar constrangido ao notar que todos esperavam para ouvi-lo.

-Sabe por que eu fiquei tão receoso em aceitar o seu pedido? - Indagou, mas não obteve resposta. Baekhyun continuava de costas para si. -Antes da gente começar a conversar, eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade. Nunca entendi como eu podia ser tão escravo de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava. Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo. - Deu uma pausa, no entanto ninguém deu nenhum piu. Continuou. -Mas agora, que você foi embora e continua a me evitar, isso me incomoda. Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda agora, continuo sendo inundado diariamente por um sentimento trezentas vezes maior que eu. Eu te amo por causa da vida e não por minha causa. Simplesmente isso. Você uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para aguentar o silêncio, sem alma para aguentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo pare. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs solitárias, noites sem aconchego, tardes sem beleza. Sinto falta até mesmo do tempo em que nós nos odiávamos, onde, pelo menos, a imensa distancia ainda me deixava te ver do outro lado da sala, concentrado em desenhar em sua apostila. Sinto falta ao lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinto falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter. - Suspirou e engoliu em seco. -Por isso, prometi a mim mesmo, não tentar entender e apenas sentir. Pois sinto falta do mistério que era amar a ultima pessoa do mundo que eu amaria.

Todos se encontravam de boca aberta e queixo caído. Quando foi que pensaram que iriam presenciar isso? Chanyeol se declarando a Baekhyun em público, dessa forma? Jamais. Baekhyun virou-se finalmente para encarar Chanyeol. Parecia tão surpreso quanto os outros alunos.

-Baekhyun, quer namorar comigo? - Um coro de "Uow", ecoou pelo refeitório.

Chanyeol esperava por uma resposta, porém, se surpreendeu ao ver Baekhyun começar a correr em sua direção. Automaticamente abriu um pouco os braços para envolvê-lo, mas sem esperar, o menor pulou sobre ele, pendurando-se em seu pescoço, rodeando suas pernas em torno de sua cintura. Fazendo Chanyeol quase cair no chão.

-Idiota. – Falou emocionado, afundando seu rosto no pescoço de Chanyeol. –Você pediu.

-Eu sabia! – Uma garota levantou-se de repente de uma das mesas do refeitório, esticando o braço e apontando o dedo para Chanyeol e Baekhyun. –Eu disse! Eu sempre disse, mas vocês não acreditavam em mim.

-Jinjoo! – Reprendeu a amiga por estar chamando atenção e a puxou de volta para sentar.

-Mina, mas eu estava certa o tempo todo. – Virou-se para Semin e Yoonhye que também estavam sentadas a mesa. –Vocês são da mesma sala que eles, como podem não ter notado? E ainda disseram que eu estava inventando.

-Eu estou chocada. – Semin falou de boca aberta.

-Senta logo, está nos fazendo passar vergonha. – Yoonhye, junto de Mina a puxaram com força, fazendo-a cair sentada em sua cadeira.

Chanyeol e Baekhyun que observavam a cena, voltaram a se encarar. Baekhyun ainda no colo do maior, o beijou com afinco, fazendo todos ficarem ainda mais boquiabertos com a cena. Chanyeol retribuiu de bom grado, ambos quase se comendo em público, quando Chanyeol afastou as bocas novamente.

-Você me odeia realmente? – Indagou, vendo Baekhyun estreitar os olhos.

-Por que você sempre faz perguntas tão óbvias? – Reclamou com a burrice do outro. –Eu também... T-Te amo. – Falou fazendo um biquinho e desviando o olhar.

Chanyeol riu, voltado a beijar Baekhyun sem se importar com os outros alunos, porém logo ouviram um pigarrear propositalmente alto. Buscaram a origem do som, encontrando seus amigos sentados na mesa ao lado. Suho com uma cara impaciente.

-Será que dá pra acabar com essa seção melação? – Fez uma careta desgostosa, tendo Lay a rir ao seu lado.

-Eu concordo, mais um pouco e irei botar tudo pra fora. – Jongin brincou.

-Já estou sentindo os refluxos. – Kyungsoo também falou, segurando a barriga e fingindo gorfar.

-Desculpe, esperem só mais dois minutinhos. – Baekhyun voltou a puxar Chanyeol pela nuca e atacar seus lábios. Logo sendo correspondido.

Todos no refeitório tiveram de aturar aqueles dois e voltar para suas refeições, mesmo que vezes ou outras, tornavam a encara-los.

 

Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo... E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio. - KIERKGAARD

 


Notas Finais


Poxa todo mundo já conhecia a piada do titulo do capitulo passado T-T MinaMaluka, eu também já conhecia a tempos mas eu costumo rir das mesmas piadas várias vezes lkkkkkkkk

Minha mãe disse que essa fanfic não faz sentido, e que o trio bbc também não faz sentido, mas como a Yu sempre me diz que eu sou a pessoa mais estranha que ela já conheceu, então me sinto normal em dizer que pra mim faz sentido. Todo o sentido. Mamãe disse que eu sou muito problemática. Mamãe estava brincando (Eu espero) kkklkkkkk
Qual é? Só porque eu disse que botaria fogo no quarto de alguém? O que é tão estranho? Huahuahua Minha mãe nunca mais vai me deixar pegar num fosforo. Tadinha, acho que ela tá um pouco assustada. É brincadeira, mãe, eu sou um amorzinho.

Desculpem o horário! Esse capitulo já estava quase inteirinho escrito, desde que postei o 18, mas eu ainda não tinha finalizado. Eu gostaria de ter postado alguns dias antes. Eu também poderia ter postado mais cedo, já que finalizei a fic durante a tarde, mas eu estava na minha aula de filosofia e meu professor quando começa a falar, vai longe... Muito longe. Foram três horas de Maquiavel. Uma das melhores aulas até hoje... Enfim, porque estou falando isso? Que seja!
O capitulo ficou imenso, não é? Sorry! Eu até poderia dividi-lo no meio, mas eu quero muito que essa fic termine com 20 capítulos exatamente, por isso está grande. Sim, sim, estamos rumo ao final, então guardem a emoção, pois aposto que tem algo que vocês estão esperando por 19 capítulos e até agora nada, não é? Esse algo se começa com Kai e termina com Soo? kkkkkkk
Só pra avisar que os poemas de Kyungsoo e Jongin no capítulo, são de minha autoria. Vocês não irão encontrar por ai na internet. Só falando por que tem leitoras que gostam de procurar os poemas das fanfics na internet pra achar o autor ou a poesia inteira, então resolvi avisar que sou só eu mesmo.
De qualquer forma espero que tenham gostado do capitulo. Não percam o ultimo, porque além do capitulo, ele terá uma nota final bem especial e importante para entender toda a fanfic. Obrigada a todos que leram até aqui.
Chu~*3* e até o próximo!

Pra gente se amar um pouquinho mais!
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