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História Bad girl gone good - Temporada 2 - Home sweet home


Escrita por: FindingLauren

Notas do Autor


YO!! Tudo bom gente?!
Adivinha quem voltou com na maior cara de pau fingindo que não faz meio século desde a última atualização? Yep. Eu mesma!
Mas o importante é só aquilo que importa, ou seja, o importante é voltar.
Não sei quantas almas ainda tinham esperança de um novo capítulo, quantas ainda estão lendo a fic, não sei nem se ainda existem almas que lembram dessa fic, mas vamos lá! Capítulo novo, galera!
A fase dos dramas pesados se foi definitivamente! Boa leitura! <3

PS: Um recap rápido: Lauren foi sequestrada ---> Camila e Dinah chegam até ela ---> Ruby e Nolan morreram ---> Hospital ---> Casamento camren

Capítulo 79 - Temporada 2 - Home sweet home


Lauren's Pov 

Camila e eu éramos um poço de pura felicidade. Estava escrito em nossos sorrisos, em nossos olhares, em nossos gestos, estava em cada parte de nós duas e era visível para cada um de todos aqueles convidados.  

Camz não tinha apenas me surpreendido com a cerimônia de casamento, mas também com uma festa que perdurava animada sete horas depois de seu início. Eu já tinha dançado tanto quanto podia, já tinha comido e bebido cada líquido não alcóolico servido, já tínhamos cortado o bolo e feito um logo e açucarado discurso uma para a outra. Uma grande porção de convidados também já tinham dado seus discursos de felicitações para nós, e a hora passou voando quando de alguma forma tudo tinha se tornado uma pista de dança com boa música e todos se jogaram em um mar de diversão. 

Taylor tinha assumido o papel de fotógrafa da festa e estava jogando flashes para todos os lados, Chris e Sofia fingiam que eram DJ's trocando as playlists no Spotify quando o outro não estava olhando. 

-Veja se não encontrei a mulher mais linda da festa. - Ouvi a voz de Camila soar divertida e levemente arrastada atrás de mim. Me virei onde eu estava sentada e encontrei minha mulher – minha esposa! - me encarando com seu sorriso galante e olhos brilhantes. Olhos que me amavam. -Cansadinha, amor? - Ela perguntou se ajoelhando na minha frente, buscando em meus joelhos apoio para seu corpo que balançava por conta do álcool. 

-Não. - Eu fui pega em minha mentira com um bocejo que escapou logo em seguida. Camila gargalhou e se inclinou para me beijar, e então beijou nosso menino em meus braços. 

Theo resmungou mesmo sabendo que era a mãe, ele tinha passado horas de colo em colo e estava definitivamente irritado com isso. Demorei uma hora para acalmá-lo quando decidi me sentar com ele para descansar, mas ele ainda parecia um tantinho aborrecido. 

-Mas você tá bravo? - Camz brincou com o bebê que apenas resmungou em resposta. Eu ri para a interação dos dois, sentindo-me aquecida com o sentimento de puro alívio que eu sentia por poder estar vendo aquilo. Por poder ver minha família com os meus próprios olhos. Por longos dias eu pensei que iria morrer sem vê-los de novo.  

-É claro que eu estou bravinho, mamãe, vocês me largaram no colo de um bando de gente estranha. - Afinei minha voz para responder, fazendo graça para minha esposa que riu e engatou uma conversa unilateral onde ela pedia perdão mil vezes para nosso filho. 

-Acho que eu vou começar a mandar o pessoal ir embora. - Foi o que Camila disse assim que eu deixei escapar outro bocejo. Normalmente eu poderia dançar pela noite à dentro, mas tendo acabado de deixar minha estadia no hospital e tomando ainda alguns remédios eu me sentia fisicamente e mentalmente cansada. -Quero te levar para casa, te colocar na cama e dormir de conchinha. 

-Hmmm, tentador. - Eu gemi em satisfação com a ideia. Era nítido para Camila e eu que nós não teríamos uma noite de núpcias tão cedo, afinal de contas Camz também estava cansada. -Mas não precisa mandar ninguém embora, é rude.  

-"É rude". - Ela me imitou revirando os olhos. 

-Idiota.  

-Idiota sim, sua idiota oficialmente. Vê isso aqui? É a prova física da ligação das nossas almas. A minha alma idiota com a sua alma cabeça dura, certinha, chata, manhosa... 

-Hey! - Dei-lhe um tapa leve no ombro e Theo não gostou muito, o movimento repentino o tirou de seu quase sono. -Eu mereço uns elogios também, e você adora quando eu fico manhosa, Camila, não negue. 

-Gosto mesmo, vou negar pra quê? - Ela fez bico. 

-Olá, casal mais açúcar dessa América! - A voz alta e arrastada de Dinah interrompeu nossa conversa. A loira estava quase montada na cintura de Kristen – sim, minha médica - e segurava um drink azul em uma mão e um rosa na outra. -Nós estamos indo, ok? Eu adorei fazer parte desse momento e estou feliz que a enrolação para casar finalmente acabou. Espero que gostem do presentinho de casamento que eu deixei pra vocês. 

-Que presentinho? - Perguntei olhando-a desconfiada, principalmente porque ela tentava esconder um sorriso. 

-Vocês vão ver. - Ela cantarolou diabólica. -Tchau coisa gostosa e rabugenta da tia. - Ela se abaixou para implicar com meu filho enchendo-o de apertões na barriga e nas bochechas, o bebê estava dividido entre rir e choramingar. Acho que ele queria apenas dormir e não ia conseguir no meio daquela barulheira toda da festa. -Tia Dinah vai sentir saudades, sua coisinha chata. 

-Como assim? Não volta para Cambridge com a gente amanhã? - Camila perguntou franzindo o cenho. 

-Vou passar uma temporada aqui em Miami com minha família.- Por algum motivo ela jogou uma olhadela para Kristen enquanto suas bochechas pareciam tomar uma coloração avermelhada. A médica botou a mão na cintura de Jane discretamente, eu percebi o gesto e quase não consegui esconder o sorriso cheio de malícia. -Mas eu volto para atazanar vocês, você especialmente branquela. 

Revirei os olhos de forma teatral e fingi bufar. 

-Não vou sentir sua falta, desnecessária. - Resmunguei arrancando risadas de Camila e Kristen. 

Dinah se abaixou à minha altura outra vez e envolveu os braços ao redor dos meus ombros em um abraço atrapalhado já que Theo estava no meio de nós e eu não podia soltá-lo para abraçá-la de volta. 

-Eu sei que vai sentir minha falta sim, sua galinha pálida. - Ela sussurrou em meu ouvido e eu acabei rindo e concordando bem lá em meu íntimo que sim, eu iria sentir falta daquela criatura insuportável. -Promete para mim que vai se cuidar, tudo bem? Prometa que vai procurar ajuda, não pode ficar com medo para sempre, Lo. Entendeu? Faz isso pelo amor encubado que você sente por mim. - Aquele era o segundo momento mais íntimo e terno que eu já tive com Dinah em toda minha vida; o primeiro sendo no hospital quando acordei tremendo de medo e ela me acalmou. Eu podia sentir o quão sincera ela estava sendo apesar do tom brincalhão em suas palavras, Dinah se preocupava comigo verdadeiramente, e eu era eternamente grata por ela, tanto por estar em minha vida quanto na de Camila.  

-Vou me cuidar, DJ. Vou fazer o melhor. - Sussurrei em resposta e a senti apertar-me mais em seus braços. Ela se afastou deixando um beijo em minha têmpora e um beliscão doído em minha bochecha. 

Camila e Dinah se despediram brevemente, elas não eram de melação ainda mais sabendo que sempre poderiam se ver. Disseram tchau uma para outra com um abraço e uns xingamentos. 

-Hey Kristen! - A chamei antes que ela pudesse seguir atrás de Dinah. A médica parou e me encarou em expectativa. -Não quero receber outra ligação dela dizendo que vai morar na minha casa porque quebraram o coração dela, entendeu? Cuida dessa infeliz pra gente. 

A morena estava pálida de tão chocada. Gargalhei achando impressionante que ela tenha pensado que Dinah e ela estavam sendo discretas de alguma forma. Ela assentiu de boca aberta e saiu quase correndo dali. 

-Você deixou a mulher paralisada, amor. - Camz riu ao meu lado. -Coitadas, acharam mesmo que ninguém notou que estão transando.  

-Yep. Eu não esperava que Dinah fosse do nosso time.

-Eu até imaginei, meu gaydar é ótimo. - Ela se gabou. 

Ficamos pelo menos mais uma hora por ali, sentadas com nosso filho, trocando provocações e carinho e conversando com quem se aproximava para se despedir. Eu já estava quase dormindo quando Camz anunciou que íamos embora, ela já tinha tido tempo para se livrar de sua leve embriaguez, mas aceitou carona do meu pai até a casa de Sinu no meio da propriedade. Eu me lembro apenas de estar explodindo de felicidade e de ter me deitado no colo de minha esposa para dormir no carro. Eu me senti segura pela primeira vez em muito tempo. 

*** 

-Não vai dormir? Você estava cheia de sono, amor. - Camz sussurrou. Seus dedos brincavam com alguns fios de meu cabelo atrás de minha orelha, os olhos castanhos lutavam para se manterem abertos e a boca se abria o tempo todo para anunciar seu sono e cansaço. 

-Eu prefiro observar você. - Sorri. -E também estou pensando no dia de hoje, em como tudo foi perfeito, em como estamos finalmente casadas, é como se agora a vida fosse parar de tentar tirar você de mim porque somos oficialmente uma da outra. -Revirei os olhos sentindo minhas bochechas corarem. -Eu devo estar soando super cafona agora. 

Camz se moveu sobre o colchão até poder colocar seus lábios sobre os meus em um beijo terno e breve. O gosto de bebida tinha sumido e agora eu sentia o saber mentolado da pasta de dentes que Sinu comprava. 

-Eu achei bonito. - Ela sussurrou, a boca ainda contra a minha, o hálito refrescante me arrepiando. -Eu te amo, Lauren Michelle Cabello Jauregui e mesmo que a vida fique jogando desafios no nosso caminho eu prometo que vamos passar por cada um deles de mãos dadas. - Ela entrelaçou nossas mãos e beijou os nós de meus dedos, eu fechei os olhos sentindo a maciez de seus lábios cobrindo minha pele. -Se bem que agora, acho que os maiores desafios que vamos ter são nossos filhotes e coisas do tipo, sei lá, quem deixou as luzes acesas. 

-Você. - Acusei gargalhando e Camz fez uma careta. -Você sempre esquece de apagar as luzes. 

-E você não estaciona o carro direito na garagem. - Ela rebateu fazendo bico. 

-Você deixa toalha molhada encima da cama. 

-O que é isso perto da bagunça de maquiagem e creme que você deixa no banheiro toda manhã? - Ela riu com gosto da expressão contrariada em meu rosto. Eu cruzei os braços sobre o peito pensando na próxima coisa que eu jogaria bem na sua cara. 

-Isso é golpe baixo, você também deixa bagunça de maquiagem, por que só eu estou levando a culpa disso? E pelo menos eu seco o banheiro depois do banho.  

Camila logo se ergueu na cama, sentando no colchão e me olhando indignada. 

-Qual é a razão de secar o banheiro se ele vai ser molhado depois? É onde a gente toma banho, pelo amor de Deus, se fosse para ficar seco não teria chuveiro lá dentro. 

Eu desatei a rir enquanto Camz tentava se defender à todo vapor, eu calei sua boca com minha língua invadindo sua boca por entre seus lábios. Ela perdeu os sentidos por dois segundos até retomá-los e botar as mãos na base de minhas costas onde seus dedos me faziam carinho. 

Ela prendeu meu lábio entre os seus e sugou até que doesse, eu protestei manhosa quando ela se afastou sorrindo e me sentei sobre suas pernas nuas, sentindo minha calcinha se arrastar por sua coxa. Minha respiração pesou quando rebolei em sua perna e Camila me trouxe para mais perto. 

O momento poderia ter ido mais longe, mas paramos assim que o choro de Theo soou no quarto da frente, onde o bebê dormia com Penélope e Patrick. 

-Ah fala sério. - Camila resmungou bufando teatralmente e eu dei risada de sua carinha frustrada. 

Eu estava a ponto de me levantar quando Camz me segurou delicadamente pelo braço e beijou-me na bochecha.  

-Deixa que eu vejo o que é, amor. 

Pouco minutos depois ela voltou com nosso menino chorão ainda gritando em seus braços, o rosto do bebê se tornava cada vez mais vermelho enquanto ele chorava, e aquela cena, como sempre, me partiu o coração. 

-É fome isso tudo, meu anjo? - Perguntei baixinho para o pequeno quando Camila o colocou em meus braços. 

Meu primeiro e único instinto era colocá-lo em meu peito e saciar sua fome, mas eu ainda estava tomando remédios e por isso tive apenas que assistir angustiada enquanto meu filho chorava com fome. 

Eu senti uma chama de ódio queimar meu peito. Nolan e Ruby conseguiram arruinar um dos mais preciosos momentos que eu tinha com o meu filho. 

Enquanto Camila descia para esquentar o leite de Theo, eu tentava acalmá-lo e tentava manter a mim mesma tranquila, mas no fundo de minha garganta a sensação de aperto me incomodava com força, se tornando mais forte conforme minha visão se tornava mais embaçada. 

-Calma meu amor, você é muito bravo, bebê. - Ele pareceu protestar o que eu disse, diminuindo o choro para resmungar alguma coisa que só ele era capaz de entender. -É sim, você é um bebê muito bravinho. - Ele agarrou meu dedo indicador e então voltou a chorar, me arrancando um suspiro angustiado e aumentando a sensação de choro em minha garganta. -Desculpa a mamãe, amor, eu queria poder te ajudar, mas a mamãe ficou doente e agora eu não posso. Mas a mama Camz vai cuidar de nós dois, vai ajudar a mamãe ficar boa de novo, e vai matar sua fome, seu guloso. 

Com seu timing perfeito, Camila adentrou o quarto sorridente enquanto chacoalhava uma mamadeira cheia de detalhes verdes. Foi inevitável não sorrir de volta para ela mesmo que ela nem estivesse sorrindo para mim exatamente. Ela estava apenas sorrindo, estava feliz demais para manter sua cara séria e sua felicidade era contagiante, me fazia relaxar a face e rir também. 

-Você quer...? - Ela questionou, movendo a mamadeira em minha direção. 

Eu assenti rapidamente e peguei o objeto das mãos dela, ajeitei Theo encima de minhas coxas e segurei a mamadeira enquanto nosso filho sugava o leite avidamente. Camz se sentou ao meu lado, suas mãos se esticaram até o meu rosto e ela colocou meu cabelo atrás de minha orelha. 

-Que foi? - Perguntei me sentindo tímida sob o calor de seus olhos. 

-Nada. Estou aqui imaginando nossa lua de mel, porque sim, vai haver uma lua de mel. Eu só planejei para que acontecesse quando Theo já estivesse grandinho e menos fisicamente dependente de nós duas. 

-Você não vai mesmo me dizer para onde vamos? - Perguntei pela centésima vez desde que Camz tinha me revelado seus planos sobre nossa lua de mel. 

Meu coração batia mais rápido em ansiedade quando eu imaginava nós duas viajando para sei lá onde. Sozinhas. Apenas eu e ela. Honestamente, Camila e eu mal tivemos um tempo só nosso durante toda nossa vida, então eu ansiava bastante pelo momento em que eu iria estar cercada apenas por ela e seu amor. 

-Não, e nem adianta vir me fazer essa carinha de filhotinho na chuva, eu não vou ceder. - Ela disse cruzando os braços. Aumentei ainda mais o bico em minha boca e pisquei ternamente meus olhos, forçando uma expressão adorável. 

-Tem certeza? - Perguntei com minha voz afetada, soando como uma criança. 

-Ah Lauren, para! - Ela resmungou.  

-Tá bom, tá bom, não vou te obrigar a falar, não quero estragar sua surpresa. - Gargalhei e Theo resmungou porque obviamente estávamos fazendo barulho demais para o pequeno bebê faminto em minhas pernas. 

-Mas você pode dizer que me ama com essa vozinha, eu com certeza vou derreter aqui mesmo nessa cama. - Ela pediu sussurrando e se aproximando de mim com um biquinho nos lábios, pronta para me beijar. Eu aceitei prontamente sua boca sobre a minha, e o selinho terno logo virou um beijo mais intenso. 

-Eu te amo. - Eu disse e o que Camz previu realmente aconteceu; ela derreteu-se em uma poça de bochechas coradas, timidez e um sorriso enorme quando eu disse que a amo com aquele tom de voz infantil. 

-Eu também te amo, Lauren Cabello Jauregui.  

*** 

Camila's POV 

Quando pousamos em Boston chovia. Lauren logo se aconchegou colando seu corpo no meu e deitando a cabeça no meu ombro de forma um tanto desengonçada por conta dos míseros centímetros que a tornava mais alto do que eu. 

Ela estava quieta desde que entramos em nosso voo em Miami, tinha se calado quando nos sentamos no avião e por vezes parecia apreensiva. Nem mesmo a presença de Theo, Penélope e Patrick foi capaz de arrancar de minha esposa um sorriso que durasse mais do que um flash de segundo.  

E ela estava manhosa também. Grudou em mim a viajem toda como um coala gruda em um tronco – E Jesus! Eu não estou reclamando, estava mais do que feliz em dar a minha esposa o colo que ela queria – e me pediu até mesmo para ir ao banheiro com ela quando precisou. Foi então que eu percebi que ela estava com medo, o mesmo medo que sentiu no hospital e me obrigou a dar nela um banho demorado. 

-Está com frio, amor? - Sussurrei a pergunta, minha voz soava bem baixinho em contraste com a bagunça que nossos filhos faziam caminhando atrás de nós no aeroporto. Pê carregava Theo, e o bebê estava soltando gritinhos de animação sabe lá Deus pelo quê, mas era bom ouvir nosso bebê tão feliz, eu senti falta daquilo durante os dias de caos. E Pat caminhava ao lado da irmã mais velha, tagarelando e provocando Penélope como era de costume. A relação dos dois demandava paciência para quem assistia, era fácil se irritar com as brigas que eles facilmente iniciavam. 

-Um pouquinho. - Lo resmungou apertando mais minha cintura. Eu senti sua aliança tocando minha pele por baixo de minha roupa e então sorri. Eu ainda mal acreditava que tínhamos nos casado ontem, e logo estaríamos voltando ao aeroporto para partirmos em lua de mel. Tudo bem, talvez não tão logo, mas em alguns meses com certeza, eu tinha cada mínimo detalhe planejado. 

-Aqui, toma. - Eu disse tirando meu moletom e envolvendo seus ombros com ele. 

-Hmm. - Ela gemeu em deleite, cobrindo o rosto com uma das mangas. -Tem seu cheiro. 

Eu sorri ternamente para a minha esposa – eu gosto de reafirmar que ela é minha esposa – e voltei a envolver seu corpo com meu braço. 

No táxi á caminho de Cambridge tudo era festa para as crianças enquanto Lo dormia ao meu lado, Penélope puxava uma música e Patrick continuava, Theo soltava suas sílabas desconexas para acompanhar, enquanto eu tentava ficar brava pela bagunça. Mas eu não conseguia, tinha sentido tanta falta de ouvir o gargalhar dos três, de ver os olhos deles brilhando, de ouvir suas vozes altas e alegres, tudo o que eu mais queria era que eles fizessem bagunça, que cantassem alto o quanto quisessem, que importunassem minha esposa até ela brigar com eles daquele jeito bem irritado, que faz com que seu sotaque venha à tona. 

-Fique com o troco, pela bagunça deles. - Eu disse ao jovem motorista barbudo no banco da frente. Ele sorriu largamente com a generosidade antes de se despedir e ir embora. 

-Lar doce lar. - Patrick gritou correndo pelo jardim da frente, tendo cuidado para não pisar nas plantinhas que Clara e minha mãe plantavam sempre que vinham. 

Do lado de dentro Peixe uivava, saltava, latia, fazia de tudo que um cão poderia fazer para expressar animação à nível máximo. Quando abrimos a porta ele mal sabia para quem dar atenção, mas inevitavelmente escolheu Pat que pegou o cachorro no colo e o abraçou com força. 

-É quase hora do almoço, o que vamos fazer? - Nossa filha mais velha perguntou, se sentando no sofá com Theo. 

-Eu vou sair e ir até o italiano perto da M.I.T comprar uma lasanha pra gente. - Anunciei e gritos animados se fizeram presentes para concordar com o plano. 

Menos Lauren. A cubana-americana – e minha esposa! – apenas deu um pequeno sorriso. 

Subimos juntas para o quarto, em silêncio. Ao pé da escada eu senti Lauren se encolher e sua respiração perdeu o ritmo por um momento, ela olhou rapidamente em direção a cozinha e suspirou, escondendo o rosto em meu ombro enquanto subíamos. 

-Meu amor, você está estranha. - Fui logo ao ponto assim que entramos em nosso quarto, Lauren se sentou na cama e demorou a me encarar depois que quebrei o silêncio. 

-Eu estou?  

-Está amor, está calada desde Miami.  

-Devem... - Ela suspirou, mexendo nos cabelos. -Devem ser os remédios que eu tomei. E fomos dormir bem tarde ontem, acordamos cedo... 

-Lo, não está sentindo algo que não queira me contar, está? - Ela desviou o olhar rapidamente. -Sem mais segredos, não foi o que a gente combinou? Sem tirar da outra o direito de participar. 

-Eu não consigo parar, Camz. - Sua voz veio á tona embargada, foi o suficiente para meu peito se apertar. -Não consigo parar de sentir medo. Eu estou tão feliz que a gente se casou, sabe? Feliz que nossos filhos estão aqui com a gente, mas o medo está... Bloqueando tudo isso, e eu só consigo pensar que estou de volta na casa de onde ele me levou. Ele entrou aqui e me levou, amor. Pela porta da frente ou pela de trás, com qual das duas eu devo tomar mais cuidado? Em qual das duas devo colocar mais trancas? Ou ele entrou pelas janelas? Eu tenho que colocar barras de ferro nas janelas? E as fotos que ele te mandou, eu vou sair na rua agora e quem vai estar me fotografando? Quem vai tirar fotos dos nossos filhos sem que a gente saiba, Camila? Quem... 

-Ninguém, Lauren! - Eu a interrompi porque Lo começou a falar freneticamente, cada suposição deixando-a mais apavorada. Eu voei para perto dela, me sentando ao seu lado e colocando minhas mãos de cada lado de seu rosto. As pupilas em seus olhos estavam dilatadas e eu pude perceber uma fina camada de suor em sua testa. -Ninguém mais vai tirar fotos nossas sem que a gente perceba, ninguém vai entrar aqui, nem pelas janelas ou pela porta, ninguém mais vai te machucar, cariño. 

Eu me peguei sem saber o que dizer exatamente para ela. Eu estava temendo mais do que tudo que Lauren estivesse perdendo sua paz, que estivesse vendo nossa casa agora como o lugar de onde ela foi levada. 

Eu detestava Nolan e Ruby naquele momento mais do que em qualquer outro. Eles estavam mortos e ainda assim continuavam machucando minha esposa. 

*** 

-PENÉLOPE ESTÁ ROUBANDO, QUE DROGA! - Patrick berrou afoito, o rosto vermelho e as expressões enraivecidas. Tudo isso porque a irmã estava lhe vencendo pela sétima vez em um jogo de luta. 

-Patrick, olha a boca! Mais uma dessas e eu vou desligar esse vídeo game. - Foi a voz de Lauren que soou reprovadora ao meu lado, causando em Patrick uma reação típica; os ombros se encolheram, ele fez bico e bufou mantendo a cara de bravo. 

Eu não concordava com sua reação um tanto mal criada ao ter Lauren chamando sua atenção, mas nós duas concordávamos que não iríamos reprimir nossos filhos por sentir coisas, contanto que eles não estivessem xingando antes da idade ou passando dos limites. Então se ele estava bravo por ter tomado uma bronca que tivesse o direito de expressar isso de alguma forma. 

E também estávamos tentando pegar leve com ele, depois que finalizei minha conversa com minha esposa – de um jeito não muito satisfatório - nós almoçamos todos juntos e foi logo depois, enquanto eu lavava a louça e Lauren secava, que eu finalmente contei sobre os problemas de Patrick na escola. O bullying e tudo o mais. Eu fiquei feliz com a reação dela, Lauren disse que juntas nós iríamos imediatamente até a escola conversar "até mesmo com o capeta se for pra deixarem meu filho em paz". Eu não esperava que com "imediatamente" ela quisesse dizer assim que terminarmos com a louça, mas foi exatamente o que aconteceu, sem nem mesmo se arrumar como sempre fazia, Lauren me arrastou até o carro apenas gritando para Penélope que cuidasse da casa. Eu dirigi até a escola do nosso filho enquanto minha esposa rosnava algo sobre "botar aquela escola no chão" para encontrar o tal Bruno ou Breno. 

Eu estava um pouco temerosa por conta da reação da morena, quando resolvi contar sobre a situação com Pat foi apenas para tirar sua cabeça dos medos que a deixavam em pânico, pensando que seria bom se ela focasse em outra coisa. Mas vê-la tão vermelha de raiva ainda era melhor do que vê-la encolhida de medo. 

Assim que pisamos na escola de ensino primário, Lauren marchou raivosa até a diretoria e a partir desse momento eu fiquei ao seu lado me esforçando para não morrer de rir. A diretora estava com tanto medo do sotaque latino, da cara branquela toda vermelha, das mãos gesticulando sem parar, dos palavrões em espanhol ocasionalmente ditos, que bastou cinco minutos para ela pegar o telefone, ligar para os pais do tal Bruno e resolver a situação ali mesmo, na nossa frente. 

Foi ainda mais engraçado quando minha esposa se despediu com uma ameaça, deixando em entrelinhas que se a situação com o bullying voltasse a acontecer aquele colégio seria fechado. Eu não sei se Lauren tinha mesmo poder de cumprir com sua ameaça, mas se eu fosse a diretora não iria querer descobrir. 

-Tá rindo do que, mãe? - A pergunta de Penélope me trouxe de volta para o momento presente, bem na hora em que ela parecia ganhar a oitava partida. 

-Da sua mãe hoje no colégio do Pat. 

-Ah! Você achou engraçado, é? - Lo perguntou, erguendo sua cabeça que descansava em meu ombro. 

-Um pouquinho? - Respondi incerta, engolindo em seco sob o olhar esverdeado e ranzinza de minha esposa. -Sua TPM chegou? - Perguntei em um riso nervoso e ela revirou os olhos. 

-Talvez, idiota.  

-Eu não quero nem ver. - Penélope resmungou baixo, talvez não esperasse que Lauren ouvisse. Eu segurei a risada sabendo dos riscos que o mau humor de minha esposa trazia. 

-Vocês são tão irritantes. - Ela bufou ao se levantar bruscamente. -Eu vou subir, quero esse vídeo game desligado antes das oito da noite e o Patrick na cama as nove. Aula normal amanhã. 

-Mas mamãe... - Pat ousou abrir a boca para contrariar, bastou um olhar, no entanto, um único olhar daquelas esferas esverdeadas da morena para o garoto se calar e assentir obediente. 

-Eu ouvi alguma coisa? - Ela perguntou, a sobrancelha erguida a deixava um tantinho mais brava. 

Negamos todos com a cabeça veementemente, certos de que era melhor concordar do que provocar o humor instável de minha esposa. A morena então saiu com passos brutos, arrastando os chinelos mais do que o necessário. 

Era uma gracinha vê-la irritada, mas ao mesmo tempo era melhor observar de longe. 

Penélope e Patrick continuaram se enfrentando em um jogo sangrento em que alguns personagens tinham uma variação de super poderes. A mais velha começou a perder e por esse motivo o humor de Pat melhorou consideravelmente. Quando tive certeza de que os dois não iriam se enfrentar usando os controles como armas, decidi deixá-los sozinhos e subi as escadas até o quarto de Theo. 

Eu gargalhei assim que olhei para dentro do berço, os poucos fios de cabelo do bebê estavam meio organizados para o lado, sinal claro de que Lauren esteve ali antes de mim. Por implicância baguncei cuidadosamente o penteado, rindo como uma criança que faz arte. Meu filho somente suspirou contente em seu sono, alheio às minhas mãos lhe tocando. Eu ajeitei sua chupeta e verifiquei a babá eletrônica antes de sair e fechar a porta. 

O quarto ao lado estava quieto, me perguntei se Lo tinha ido se deitar e percebi que não quando entrei e nossa cama estava vazia. A luz no banheiro estava apagada e alguns sons vinham de lá. Algo como água e murmúrios. 

Com o cenho franzido e com a maior cara de curiosidade do planeta, eu fui até lá. Apenas empurrei levemente a porta entreaberta e encontrei uma visão... Extremamente interessante. Minha esposa estava na banheira, recostada tranquilamente, o cabelo preso em um coque, as bochechas coradas, os olhos fechados, os lábios pouco separados por onde saiam gemidos tímidos. E suas mãos embaixo d'água pareciam estar trabalhando afoitas entre suas pernas. Isso ou ela estava tendo um sonho muito bom. 

Eu sorri como uma devassa vendo aquilo, mordi meu lábio para conter um suspiro. Aquela mulher era mesmo toda minha? Céus, eu precisava me acostumar todos os dias com isso. 

Seu coro de "Ah's" e "Hm's" tornou-se mais frequente e mais alto, eu a vi arquear as costas o bastante para que seus seios de bicos rijos e róseos fossem descobertos pela água. A imagem da espuma escorrendo por seu busto, de suas costas arqueadas, de seus olhos fechados em oposição à boca aberta gemendo como estava fazendo... Aquele conjunto todo me deixou estática, respirando pesado e com tesão. 

-Camila... Isso... Ah! 

-Oh meu Deus do céu! - Gemi logos depois dela, pedindo para as forças divinas que me dessem força para fazer a coisa certa: sair e deixar minha esposa em paz para terminar o que tinha começado. Mas eu acabei falando alto demais e logo depois que todo seu corpo relaxou, ela abriu os olhos e me encarou. Não estava surpresa, não estava chocada, não estava com cara de "acabo de ser flagrada enquanto me masturbo". Nada disso, ela me olhava sorrindo de canto, os olhos me analisando e a língua molhando seus lábios vermelhos. 

-Sabia que vinha. - Ela ofegou. -Vai ficar aí só olhando? 

Ah! Mas nem fodendo. 


Notas Finais


É isso! Eu tô de férias então decidi aproveitar o tempo. Tava com saudades enormes de escrever, dessa fic e de vocês.
Esse capítulo estava escrito desde o ano passado, eu só finalizei e revisei, então podem me matar pela demora. Ah! Enquanto mexia nas minhas fics acabei encontrando outras que eu tinha começado e nunca cheguei à postar. Quando eu terminar essa quem sabe né u.u
Espero que tenham gostado xoxo


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