Point of view: Shawn Mendes
O restante do trajeto foi em silêncio, depois daquela resposta Dinah não falou mais nada, assim como Lauren, e eu também decidi me calar, não quero criar inimizade logo de cara.
Respirei fundo e tentei desviar minha atenção para o celular, abri algumas mensagens, mas não consegui ler nenhuma. Sabe quando você sente-se deslocado em algum lugar, e tenta levar sua atenção para qualquer outra coisa que não seja a situação que você está passando? Então, esse sou eu nesse exato momento.
― Mas que droga. ― resmunguei, de maneira inaudível.
Não demorou muito e senti o carro parar, não atrevi levantar a cabeça até o momento em que Lauren anunciou que havíamos chegado. Elas saíram do carro e eu ainda fiquei, respirei fundo, tomei coragem e sai.
― Dinah, vai abrindo a casa, eu ajudo o Shawn com as malas. ― Lauren propôs e a amiga foi em direção a casa.
Eu nada falei, somente fui até a traseira do carro, peguei minhas malas, com a ajuda de Lauren, e depois a segui, de cabeça baixa, de modo que nem a fachada da casa eu olhei. Eu estava me sentindo constrangido.
Chegando a soleira da porta Lauren anuncia de maneira acolhedora um “ bem-vindo ao seu novo lar”. Ri de lado, por educação, ela está tentando fazer com que eu me sinta confortável. Será que ela percebeu meu constrangimento?
Entrei na casa e logo senti a temperatura mudar, o interior estava quentinho e aconchegante. A sala era ampla e não continha uma grande quantidade de móveis, havia somente o necessário: sofás, aparador, televisão, aparelho de DVD, som, mesinha de centro e alguns vasos de flores. Tudo era bem organizado.
― Sua casa é bem bonita. ― elogiei, enquanto olhava ao meu redor.
― Obrigada. ― Dinah respondeu em um tom amigável. ― mas agora temos que mandar uma real pra você. ― se jogou em um dos sofás e me encarou.
― Sim, pode dizer. ― tirei a mochila dos ombros.
― Aqui há regras, e essas regras tende ser obedecidas. ― se ajeitou no sofá. ― aqui mantemos o lema de Vegas, o que acontece aqui, morre aqui, entendeu? ― assenti. ― Lauren, sua vez.
Lauren assentiu e se aproximou dela, dava para ver nitidamente que a mesma estava nervosa, isso é sinal de que coisa boa não vem.
―Olha, Shawn. Tem algumas coisas que você precisa saber... ― começou. Oh, Droga, lá vem merda.
― Sim. ― respondi tentando manter a calma.
― É que....
― Fala logo, merda. ― Dinah a apressou.
― É que eu não moro com a Dinah. ― disparou.
― Mas o que? ― falei surpreso. ― Então porque falou que morava? E pior, porque falou que eu moraria com vocês? ― disparei.
― Eu também quero saber isso até agora. ― Dinah bufou.
― É que eu não podia falar com a mamãe a verdade, ela piraria se soubesse. ― respondeu frustrada.
― Saber de que? ― a questionei.
― Com o tempo você saberá. ― essa foi a resposta que recebi. ― mas o negocio é que, eu não posso te abrigar lá onde eu moro, é muito pequeno, e como Dinah é minha amiga e está morando sozinha, não vi problema nenhum. ― deu de ombros.
― Mas não custava nada saber se eu queria ou não. ― ouvi Dinah resmungar.
― Então você não quer que eu fique aqui, certo? ― questionei olhando para Dinah.
― Você saca rápido, hein? ― foi irônica.
― Tá bom, eu posso arrumar outro lugar para ficar. ― ajeitei minha postura.
― Não. ― Lauren logo protestou. ― aonde você vai ficar?
― Na universidade há dormitórios, pedirei um e ficarei por lá. ― dei de ombros.
― Para de graça, vaqueiro. ― Dinah se levantou do sofá. ― você não saberia nem chegar até lá.
Disso ela tinha razão.
― Para que serve GPS mesmo? ―questionei em um tom irônico.
― Vamos parar, ninguém vai procurar nada. ― Lauren fez voz ativa. ― eu já conversei com a Dinah e ela já havia concordado em te acolher, caso você queira ir embora depois, ok, mas por enquanto vocês vão ter que se aturar. ― olhou para nós dois.
― Nossa, você fala como se estivesse em um pé de guerra. ― Dinah revirou os olhos e saiu andando em direção do que parecia ser a cozinha.
― Fico feliz por não estarem. ― Lauren responde. ― não liga não. ― virou pra mim e cochichou. ― ela é assim, mas eu juro, ela tem bom coração. ― sorriu.
― EU OUVI, HEIN. ― Dinah gritou da cozinha.
Ela riu, me fazendo rir também. Bom, ela não pode ser tão ruim assim, tudo depende de uma convivência.
― Bom, vamos levar suas malas para o quarto? ― ela sugeriu e eu concordei. ― Dinah, em qual quarto ele vai ficar? ― olhou para a miga.
― No quarto de hóspede. ― Ela respondeu e a amiga riu.
― Bom, é por aqui. ― apontou para uma escada.
Lauren me ajudou a subir com as malas, enquanto Dinah ficou na cozinha. Subimos as escadas, que tinha cerca de dez degraus, até chegar ao segundo andar, aonde havia um pequeno corredor.
― É a segunda porta a esquerda. ― assenti. ― vamos? ― repeti o gesto.
O quarto era amplo, tinha um guarda-roupa, duas camas de solteiro, uma penteadeira e uma TV. No teto havia um ventilador e as paredes eram pintadas de um cinza escuro. O mesmo era bem aconchegante e bonito.
― Bom, pode ficar a vontade. ― Lauren largou as malas. Sorri. ― o banheiro fica ao final do corredor, pode ficar tranquilo que a Dinah não usa ele. ― riu. ― se não você nunca o usaria, porque aquela ali demora muito. ― agora foi a minha vez de rir. ― bom, você pode colocar as roupas no armário, seus pertences na penteadeira, enfim, sinta-se em casa.
― Obrigado, você não sabe o quanto eu te agradeço. ― sorri.
― Você é um bom garoto, creio que vai cooperar. ― sorriu. ― bom, eu vou descer para preparar algo de comer. ― assenti e ela me deixou só.
Assim que ouvi a porta batendo caminhei até a cama e lá sentei, olhei ao meu redor e suspirei.
― Bom, acho que Miami não é como eu pensava. ― alisei a nuca e tirei o celular do bolso. ― nossa, que dor. ― ajeitei a coluna. ― eu necessito de um descanso.
Puxei uma das malas para perto de mim, abri e comecei a procurar uma roupa. Como não ia sair de casa resolvi vesti algo leve, pois deveriam ser sete da noite e ninguém mais sairia. Peguei uma calça de moletom cinza, blusa de malha, boxer e meu par de chinelos.
Tirei meus sapatos e levantei da cama, nas mãos estava minha muda de roupa, em outra mala peguei toalha e sabonete, logo, segui até o banheiro. Como Lauren já havia me dito, o mesmo ficava no final do corredor, e pelo visto só eu o usaria, pois Dinah tem seu próprio, provavelmente. Entrei no mesmo, tranquei a porta e coloquei minha roupa em cima da pia.
O banheiro era grande, todo branco, havia um box de vidro, um vaso e um bidê, uma pia com armário em baixo e um grande espelho acima. Me despi sem presa, e entrei no box. Liguei os dois registros ao mesmo tempo, para que a agua saísse temperada, tomei um banho bem relaxante, sai, me sequei e vesti a roupa. Ao sai peguei meus pertences e caminhei até o quarto descalço e tirando o excesso de água dos cabelos, coloquei a toalha na janela, para secar, e resolvi descer.
Seguindo o trajeto de alguns minutos atrás, desci as escadas chegando a sala, a mesma estava silenciosa, deduzi que elas estariam na cozinha, então caminhei até lá.
Assim que eu ultrapassei a porta ouvi Dinah, que estava atrás do balcão cortando algo, disse:
― Que cheirinho bom, acho que o bezerrinho tomou banho. ― me olhou e sorriu.
― Ah... obrigado? ― agradeci meio sem graça.
― Gostou do quarto? ― ela voltou a atenção para o que fazia antes.
― Ah.. Sim... ele é bem bonito, e aconchegante. ― sorri sem graça. ― obrigado.
― Não há de que. ― deu de ombros. ― aceita?- ofereceu a pizza que estava no balcão.
― Sim, a ultima coisa que eu comi foi em Dallas. ― ri. ― lanchinhos de avião não são muito bons.
― Realmente. ― sentou-se em uma dos bancos.
Caminhei até onde estava a pizza, peguei uma fatia e coloquei no prato.
― Tem latinhas de refrigerantes dentro da geladeira. ― me alertou enquanto comia.
― Posso? ― apontei para a geladeira. Assentiu. ― posso te perguntar uma coisa?
― Claro. ― deu de ombros.
― Onde está Lauren?
― Ela teve um imprevisto e teve que ir embora. ― me olhou. Assenti. ― mas ela desejou boa estadia.
― Obrigado. ― agradeci e sentei em outro banco.
Enquanto comíamos um o silencio reinou, até que eu decidir falar.
― Dinah. ― ela me olhou. ― eu sei que você não me quer aqui, e eu super entendo. ― sorri. ― pode ficar tranquila, assim que as aulas começarem eu vou pedir uma vaga em um dos dormitórios.
― Não, fica frio. ― balançou a cabeça. ― acho que será legal ter gente nova aqui. ― riu. ― afinal, você me parece Inofensivo. ― foi minha vez de rir.
― Mas pode deixar, vou ajudar nas contas da casa. ―falei. ― não é justo eu morar de graça e você pagar as coisas.
― Ei, fica tranquilo, vaqueiro. ― me olhou. ― meus pais pagam tudo.
― Não, eu ínsito. ― afirmei.
― Então tá bom. ― ela deu de ombros e levantou. ― faça o que achar melhor. ― sorriu e colocou as coisas na pia. ― bom, fiquei a vontade. ― disse antes de sair da cozinha. assenti.
Ela saiu e eu fiquei sozinho na cozinha, terminei de comer, lavei a louça e guardei as coisas. Eram sete e cinquenta, mamãe deveria está preocupada, então, subi para pegar o celular e entrar em contato. E foi o que eu fiz, cheguei ao quarto e a primeira coisa que fiz foi ligar para mamãe, demorou um pouco, mas ela atendeu.
― Mamãe?
― Meu filho! Como você está?
― Bem, mamãe.
― Chegou bem? Já esta na casa das meninas?
― Sim e sim. ― ri.
― E como elas são? Te trataram bem? ― perguntou curiosa.
Respirei fundo e lembrei-me do que foi me dito quando cheguei.
― Sim, elas são muito educadas. ― sorri.
― Posso falar com a Lauren? Estou com saudades.
― É.... ― gaguejei. ― ela já está dormindo. ― menti. ― sabe como é vida de estudante. ― ri sem graça.
― E a outra menina... Dinah...
― Ela também já se recolheu. ―confirmei. ― sabe como é... toque de recolher e tals.
― Nossa, elas são mesmo disciplinadas. ― elogiou.
― Sim, muito disciplinadas. ― confirmei e olhei para a porta, onde vi uma silhueta passar. Aproximei-me da mesma para poder ver o que era.
― E onde você está? ― mamãe perguntou.
Olhei para silhueta e vi que era Dinah, a mesma já estava vestida com outra roupa, uma saia curta, que aparentava ser de napa, um croppet prato e salto bem alto, também preto. Seus cabelos estavam soltos e ondulados. Para onde será que ela vai a essa hora?
― Shawn! ― ouvi minha mãe me chamando do outro lado da linha.
― Oi?
― Onde você está?
― Hã... to no quarto, oras. ― respondi.
― É espaçoso?
― Sim.. sim
Mamãe fez uma série de perguntas sobre como era Miami e blá, blá e blá. Depois de ficar quase uma hora com ela no telefone, liguei para Felicity, a mesma estava empolgada e com ciúmes por eu está morando com duas garotas, e até fez perguntas de como elas eram, se eu achei bonita e tudo mais. Respondi que ainda não tive tempo de olhar direito e que nosso contato foi muito rápido. Lógico que ela reclamou, fiz chamada de vídeo com ela para ver o quarto e aproveitei para mostrar a casa, ou melhor, meu quarto a sala e a cozinha.
Nessa de falar com Felicity fiquei até quase meia noite, meus olhos já estavam pesando, subi para meu quarto e fechei a porta, até aquela hora Dinah não havia chegado, o que era estranho, mas não fiquei com isso na cabeça, afinal, eu estava morto de sono.
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