História Bakugo estava puto, - Consequências de um resfriado

-Eu avisei. 

-Cala a boca! 

 A situação era no mínimo cômica: um Bakugo com uma expressão repreendedora e levemente, para não dizer totalmente, irritada, observando seu namorado deitado na cama aparentemente ardendo de febre e portando uma feição emburrada no rosto.

-Não me manda calar a boca, porra! - Bakugo disse (lê-se berrou) para Kirishima de volta. Quem ele pensava que era para lhe mandar calar a boca? O.k., ele era o seu namorado, e  meio que tinha esse direito, mas ainda assim.

-A gente já não conversou sobre maneirar nos palavrões? Pelo que eu me lembre, você prometeu que iria tentar... - Kirishima disse com a voz anasalada por conta da congestão nasal causada pelo resfriado que pegou. Resfriado esse que era o motivo inicial da briga.

 -Eu por acaso sou alguma moça de família para ficar todo recatado?! - O loiro perguntou mais retoricamente do que realmente, não gostaria de ouvir a resposta, senão provavelmente iria explodir tudo que anda, fala, ou simplesmente existe naquele cômodo. - Voltando ao assunto... Você não deveria ter ficado com a roupa molhada ontem. E muito menos ficar com ela dentro de casa.

-Eu sei, amorzinho. Sei disso tudo. - o ruivo respondeu como leve ironia na voz. 

 O loiro apenas suspirou. Kirishima conseguia ser insuportável às vezes na visão de Bakugo, mas mesmo assim, o loiro não conseguia deixar de gostar da companhia do outro. Não conseguia deixar de amar a companhia do outro. Amar a voz, os dentes pontudos, os cabelos espetados do outro. Deus, ele amava muito seu namorado! E gostava de deixar isso evidente às vezes. Bakugo era, como diz Kirishima, "Um amorzinho enrustido de ódio e uma aura ameaçadora.".

-Ei... Desculpa. - O explosivo se aproximou lentamente do outro, sentando na cama. Kirishima olhou para o outro na hora. Não era todo dia que se ouvia Bakugo Katsuki pedir desculpas, e ainda por cima todo manhoso. - Eu me preocupo com você, por isso fico assim, bravo.

-Você fica bravo por qualquer coisa, Bakugo.

-Eu tô tentando pedir desculpas aqui, será que você poderia cooperar?! - Bakugo rebateu na mesma hora. Estava tentando ser fofo ali, isso era muito difícil na visão dele. Bakugo sempre foi uma peste, desde pequeno. Ele era o tipo de bebê que botava medo já no berçário. Não pelo fato de ser feio, pelo contrário, é um pedaço de mal caminho, a própria tentação as vezes. A questão é que sempre foi estressado. Bem estressado. 

-Você é um ingrato. Eu fui comprar chocolate para VOCÊ!  - Kirishima disse em um tom levemente irritado, que soou mais engraçado para o loiro.

Bakugo não tinha reparado no quanto o seu namorado ficava bonito gripado. Sua face corada contrastava com seus cabelos também vermelhos. Estava fofo. Claro que Bakugo não iria admitir isso em voz alta. Era imensamente corajoso para algumas coisas, já para outras, se sentia uma adolescente virgem viciada em yaoi e que não consegue conversar com um garoto sem desmaiar. 

-Bakugo? Psiu. Ei, para de me encarar assim. Tá parecendo até o pervertido do parque. - Kirishima disse rindo levemente, mas logo lembrou que estava com  raiva e voltou à carranca.

-Primeiro: é maníaco do parque. Segundo: me respeita, tá? EU sou o seu namorado, cace- 

-Opa!

-Cacetada! Cacetada! 

-Hm. - Kirishima resmungou em aprovação. E então o silêncio se instalou. Era aquele tipo de silêncio levemente desconfortável.

-Você... - O loiro cortou o silêncio. - Você quer que eu seja grato, não é? 

 Kirishima o olhou de soslaio. Não sentiu sarcasmo ou algum tom ameaçador em sua fala como se era de costume

-Bem, seria bom, porque eu saí e sofri como um condenado naquela chuva para ir comprar aquele chocolate, e- 

 O ruivo teve sua fala interrompida por um beijo inesperado vindo da parte do companheiro.

-Você reclama demais... - Bakugo disse com a voz rouca.

-Há, olha só quem está falando! Você reclama até com o Miau, Katsuki. - Percebeu que tinha o chamado pelo primeiro nome e corou levemente, o que passou despercebido pelo loiro. Ou pelo menos pensou que havia passado.

 Bakugo soltou uma risada bastante sexy na visão de seu namorado e deitou-se na cama ao lado do mesmo.

-Oe, é melhor você não ficar tão perto, pode pegar minha gripe. - Kirishima disse um pouco desesperado. 

-Apenas me deixe curtir esse dia chuvoso com você. 

O.k., aquilo foi sexy. Muito sexy. Extremamente sexy. 

-A-Ah, está chovendo? - Kirishima perguntou ainda meio atordoado por causa da frase anterior. - Nem percebi.

-Kirishima, você literalmente ficou gripado por causa da chuva. Você anda muito desatento. Ou será lerdeza mesmo? 

-Por que será que eu ainda te amo? - O ruivo perguntou retoricamente junto de um suspiro. Logo, olhou para a face do outro. Bakugo estava corado. Bakugo Katsuki estava corado. O que estava acontecendo?

 "Ele tá tão fofo assim, nem parece uma besta raivosa desse jeito. Ai, meu coração chega a doer..."  Kirishima pensou com uma expressão dramática no rosto.

-Não fale essas coisas gays! - Bakugo gritou batendo levemente na testa do namorado, ainda com as bochechas coradas.

-Mas nós somos gays!

-Não importa! 

-Mas...

-Cale a boca! - Ordenou de forma séria mas logo em seguida começou a rir. - Você deve estar cansado. - Olhou no fundo dos olhos do namorado. 

-É, tô um pouco sim... - O ruivo concordou devolvendo o olhar na mesma profundidade.

-Vamos, dorme. 

-Não seja tão grosso.

-Vamos, durma meu anjinho gripadinho de cabelinhos vermelinhos. 

-Colocar as coisas no diminutivo não é ser fofo.

 Bakugo suspirou, sorrindo.

-Boa noite, Kirishima.

-Boa noite, Bakugo.

...

-Ei... Me chame de "Katsuki" mais vezes... - Bakugo sussurrou antes de cair completamente no sono.

O ruivo encarou seu namorado surpreso

-Claro. - Kirishima sorriu e logo caiu no sono também.

Naquela noite chuvosa, ambos sonharam um com o outro.

-

Omake (extra)

No meio da noite, Kirishima acorda ouvindo uma voz.  Uma voz conhecida, escandalosa, alta. Ao olhar para o lado, se depara com a figura do loiro com os cabelos mais espetados do que nunca, dormindo e conversando enquanto dorme.

-Morra... Deku... Nerd maldito...

Aquilo tinha sido estranhamente fofo. Ameaçadoramente fofo. 

-Até dormindo você briga com ele? - O loiro sussurrou e deu uma leve risada.

 O loiro se remexia levemente, com uma expressão emburrada e olhos fechados.

 E então, de repente, Kirishima teve a idéia do século. Não se sabe até hoje se foi a melhor ou a pior.

-Bakugo... Katsuki... - sussurrou no ouvido do explosivo. - Quem é a pessoa que você mais ama?

-Mo... Mo...-O loiro sssurou respondendo inconscientemente.

 "Momo... Quer dizer... A Yaomomo?! Mas... Mas... O que?" Kirishima pensou e entrou em desespero internamente.

-Quem, Bakugo? - O ruivo perguntou novamente com a voz trêmula.

-Mo... MORRA, SEU DESGRAÇADO! EU VOU SER O NÚMERO 1! - Bakugo berrou ainda dormindo virou-se, se aconchegando na cama e abraçando o travesseiro.

 Kirishima apenas soltou uma risada. Ele não tinha jeito mesmo.

  E assim seguiu a noite, tranquila e chuvosa. Exceto por uns gritos aqui e ali soltos pelo loiro.