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História Ballerino (Jikook) - Capítulo 30


Escrita por: writerphoria

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 30 - Capítulo 30


Fanfic / Fanfiction Ballerino (Jikook) - Capítulo 30

JUNGKOOK BATEU A PORTA DA sala de um de seus chefes, e ouviu que poderia entrar. Seu nervosismo era tanto, que respirou fundo, abrindo a porta, e só de trocar olhares com o mais velho, sentiu uma vontade, e um arrependimento muito grande de estar ali, contudo, era necessário.

— Boa tarde, senhor Lim — disse, tentando se manter calmo.

— Boa tarde. Que milagre você por aqui, Jungkook — o cumprimentou, voltando a escrever algo em seu computador. — Por que você está tão vermelho?

— Calor — mentiu.

Já não bastava a vergonha que tinha passado com Jimin, por querer fazer uma coisa legal, e não saber se comportar diante daquela situação. Agora passaria por outra vergonha com um dos chefões da Big Hit. Se fosse humanamente possível, ele teria todas as cores existentes naquele momento.

— Claro que é. Sente-se, por favor — falou para o mais jovem.

Jungkook respirou fundo, novamente, tentando se controlar, enquanto sentava na cadeira e disse:

— Será que podemos conversar uma coisa séria?

— Qual a coisa séria que quer conversar, Jeon-ssi? — Lim deixou de fazer seu trabalho no computador, para prestar atenção no que o idol tinha a dizer.

— Sobre o disband do Lithium.

— Você sabe que o disband do Lithium veio por sua culpa, não é? — perguntou, tocando na ferida sentimental de Jungkook. — Para mim, pouco importa sua relação com os demais e me pergunto, o que custava fingir? Custava ter um bom relacionamento diante das câmeras, e brigar com eles quando chegasse em casa? Tantos grupos fazem isso,  você não poderia fazer também?

— Não, pois custava muito — respondeu, sem pensar muito.

Afinal, Jungkook estava fingindo não gostar deles, quando eles eram as pessoas que mais amava e admirava no mundo. Jungkook estava fingindo não ser uma boa pessoa, e deixar seus instintos mais primitivos de raiva tomar conta dele, apenas para machucar-se com a ilusão de que estava se protegendo. Aquilo realmente custava bastante da sua saúde emocional, quanto da mental.

— Repense sobre o disband, por favor — pediu.

— Eu pensei e repensei várias vezes até chegar em uma conclusão. Está impossível mantê-los na mídia. Ninguém quer mais conceder entrevistas para vocês, nem convidá-los para programas, pois toda vez que vão, se você não falta, você começa a falar mal dos outros, até mesmo brigou com um apresentador por causa de um namorinho com aquela garota daquele girlgroup medíocre.

— Jiah.

— Que seja — o homem sequer ligou para o que Jungkook disse. — Lithium é um grupo caro. Tem noção que tudo para vocês é extremamente caro? Um clipe, um comeback, figurinos e shows. Simplesmente, estamos gastando mais do que vocês estão dando para empresa. Estamos fechando no vermelho por conta de vocês! Nem os fãs estão interessados em irem aos shows ou comprarem os CDs, principalmente quando você faz sua própria agenda de qual show quer se apresentar ou não. Você por ser o mais novo, os fãs se conectam mais, Jungkook. Por isso, você foi escolhido para ser o center do grupo, e a sua ausência sempre prejudicava todo o resto.

— Ai, meu Deus...  — ele balançou a cabeça. 

Mesmo que quisesse se explicar, ele sabia que tudo aquilo era a verdade, seu chefe não quereria saber de suas crises existenciais e traumas. 

— E se eu ajudar a limpar a imagem do Lithium? E se a gente bater uma meta de vendas do álbum, e eu não me envolver em nenhuma polêmica, o senhor repensa o disband do grupo? Não precisa ser comigo na formação, mas com os outros. Eles não merecem ser prejudicados por mim. Eles lutaram muito para estarem aqui e... Por favor, eles merecem uma segunda chance de poder fazer aquilo que gostam.

— Lithium são quatro, e não três...

— Não precisa ser com o Lithium, porém trabalhos solos? Eles são ótimos sozinhos, e cada um, além de cantar e performar, tem outros talentos, como atuar, compor e produzir músicas. Se perderem eles assim por causa de mim, vocês se arrependerão no futuro quando eles estiverem fazendo muito sucesso e dinheiro para outra empresa. É difícil achar artistas completos ultimamente, e a Big Hit tem três em um grupo.

— E o que você me propõe, Jungkook?

— Tudo o que já te falei. Me fala quantos álbuns o senhor quer vender nesse comeback, e eu vou aceitar o desafio de até o final da promoção. Se até o das promoções de comeback, eu conseguir atingir essa meta, você não os demite, e se eu não conseguir, bem, se fosse inteligente o bastante, você continuaria com eles mesmo assim, mas aí poderá fazer o que quiser.

— Não sei se é uma ideia boa.

— É uma ótima ideia! — o cantor tentou parecer animado com sua própria proposta.

— Por acaso, você sabe o que fazer ou está vindo na sorte?

— Claro que eu sei o que fazer! E se viesse na sorte, eu também conseguiria — continuou sendo convicto em suas palavras.

— Dois milhões de cópias — disse de vez, dando um susto em Jungkook por conta do número alto. — Se conseguir, eu repenso...

— Repensar não, você vai revogar a sua decisão — tentou ser firme, mesmo que não fosse lá alguém que bate de frente com as pessoas, principalmente aquelas acima dele. — Eu vou ter que limpar a imagem do grupo, conseguir esse número de cópias vendo, e depois, pode me passar a perna e demiti-los. Eu não vou acreditar nas palavras de alguém que só liga para dinheiro e lucro.

— Veja bem...

— Diga.

— Se conseguir fazer esse milagre, eu faço o que você quiser. Pode ser combinado assim?

— Claro — ele abriu um sorriso. — Eu te vejo de novo na hora que for renovar os contratos — Jungkook levantou-se. — Obrigado por me ouvir, senhor Lim.

Ele saiu da sala do chefe, ficando bem desesperado. 

Dois milhões era muita coisa!

Como ele conseguia fazer seus fãs comparem tantos álbuns, enquanto sua reputação, até com os fãs, estava uma bosta? Só se ele chegasse e prometesse uma foto dele pelado se batesse esse número.

Raivoso, ele deu um soco na parede, afastando-se do local para voltar para a sala de dança.

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SEXTA-FEIRA

Jimin estacionou o carro em uma das vagas da rua, entrando na loja onde tinha encomendado seu terno para a formatura. Ao chegar lá, só viu sua prima, Yeeun, tomando algo e sentada no sofá, e foi falar com ela.

— Cadê minha mãe? — perguntou, chamando atenção da prima.

— Oi para você também, oppa — ela sorriu. — Como você demorou muito, ela foi pegar alguma encomenda dela no shopping aqui perto. Ela pediu para esperá-la antes de provar a roupa, pois ela quer dar o palpite.

— Ela sempre quer dar o palpite em tudo — bufou, dando risada logo em seguida. — É que estava no trabalho. Eu chamei uma pessoa para vir, e ele ficou nessa de "não sei". Quando chegou quase na hora de sair, ele disse que não vinha mais. Jungkook está cada vez mais estranho, e eu já não sei o que fazer — Jimin sentou-se.

— Jungkook? Que Jungkook?

— Jeon Jungkook do Lithium — respondeu, sabendo que a prima era fã do grupo, e já tinha medo que ela gritasse em seu ouvido, como a adolescente de dezesseis anos e fangirl que era. — Eu trabalho para cuidar dele. Minha mãe não te contou?

— Eu ouvi seu pai reclamar de alguma coisa de você ser babá de idol, e eu nem liguei na hora.

— É minha querida, eu trabalho para um dos seus grupos favoritos.

— Não estou acreditando que você trabalha para o Jeon maravilhoso lindo talentoso gostoso pedaço de mau caminho amor da minha vida Jungkook? — Yeeun perguntou, afobada.

— Isso mesmo, eu trabalho para o amor da sua vida, mas… 

— Que demais! — ela cortou seu primo, ficando eufórica. — Melhor trabalho de todos!

— Sinto muito te decepcionar, mas não — Jimin só faltou morrer naquela hora. — Ficar cuidando de idol, não é legal!

— Eu adoraria receber para cuidar do Jungkook — ela se defendeu. — Você recebe para cuidar de um idol maravilhoso, isso não é demais? Ia ficar o tempo todo olhando para ele, admirando o quanto ele é lindo. Seria demitida por falta de produtividade no trabalho.

— Yeeun, por acaso, você já viu as polêmicas que Jungkook se meteu?

— Claro que sim, entretanto a mídia é manipuladora e aumenta as coisas — começou a "passar pano" para as besteiras do idol.

— Pode ser manipuladora, mas sobre o Jungkook, eu já não sei — ele pegou o copo da mão da prima, tomando qualquer coisa que fosse ali. — Acha que é fácil, e apenas legal? Como eu fosse o melhor amigo dele, e nós nos déssemos muito bem? Ele me jogou água na cara, ele "contratou" uma pessoa para dar em cima de mim, roubou meu carro, ficava me ofendendo o tempo todo, mesmo que tentasse fazer algo legal, ele me acusa de coisas que nunca fiz, entre outras. Ainda sou motorista particular, cozinheiro, despertador, secretário, terapeuta e tenho que levar a criatura toda semana para terapia e ajudá-lo a se dar bem com os colegas de grupo, ainda vou ajudar ele a cozinhar. Ah, eu vou passar 24 horas com ele quando o grupo for gravar um clipe, e eu tenho que ir. Claro, eu só recebo para ficar de olho nele, pois se fosse só isso, eu estava ótimo!

— Ao menos, ele é bonito — Yeeun deu de ombros. — Ele deve ser tão legal! Ele tem cara de ser uma pessoa maravilhosa para ser amiga. Quando ele dá entrevistas, e fala de seus gostos pessoais, é totalmente o que eu gosto.

— Ele é insuportável, puta que pariu! — reclamou, rolando os olhos. — Ele está melhorando bastante, entretanto, tem dias que gostaria de pular do pescoço dele e falar, "cala a boquinha, pelo amor de Deus, porque você já encheu minha paciência por hoje!", mas eu só dou risada, e bato nele na minha cabeça.

— Ele é tão implicante assim? — a garota parecia que estava caindo na realidade.

— Sim.

— Pelo menos, ele nunca mais fez nada para aparecer no jornal. Eu estava estranhando que ele não ficava nos trends do Twitter por alguma polêmica — ela deu risada. — Só não sabia que o motivo era que meu priminho trabalhando com ele. Pega um autógrafo para mim, e diz que eu amo ele, que ele é talentosíssimo, e estou esperando o comeback, e um álbum solo dele.

— Eu que não vou falar isso para ele — Jimin suspirou, cansado.

— Fala que ele é lindo também.

— Não vou.

— E para ele casar comigo.

— Não.

— E que ele é o ser mais maravilhoso que existe!

— Jamais! — negou com a cabeça.

— Você não acha que ele é lindo?

— Eu nunca disse que ele é feio, Yeeun. Eu falei que não vou falar o que você disse para ele. Vai que ele cria aquelas teorias malucas na cabeça dele, e ache que eu inventei uma Yeeun para dar em cima dele? Quer que eu apanhe? Ele já não olha mais na minha cara direito depois que perguntei se ele queria um abraço.

— Jamais, meu amor — riu. — Eu pensei que vocês se davam bem.

— Jungkook é aqueles homens bonitos e insuportáveis, que a única coisa que queremos é dizer, "olha, para de gastar sua energia sendo chato, e faz um lap dance em mim, pois seria mais produtivo para nós dois".

— A última vez que falou isso para alguém, você quase apanhou.

— Foi louco esse dia — os dois riram. — No entanto, foi uma exemplificação de como ele é.

— Mas você vai pedir o lap dance para ele?

— Quando quiser morrer, sim — Jimin fechou a cara, como estivesse triste. — Imagina receber um lap dance dele, aí eu poderia alisar as pernas malhadas dele, e agarrar as tetas dele também.

— Se imaginou essas coisas, significa que reparou muito.

— Quando ele fica me enchendo o saco, eu fico viajando no espaço sideral, e um dia acabei pensando nessas coisas, porque ele estava com uma calça apertada nesse dia — admitiu. — O que ele tem de chato, ele tem de gostoso. No entanto, ele está melhorando, e espero que melhore mais até meu último dia.

— Então você pede o lap dance?

— Não, menina, eu vou embora!

— Ah... E quando é seu último dia? — perguntou curiosa.

— Depende dele. Pode ser em setembro ou em dezembro. Nós temos um trato de que se ele se comportar legal, eu saio de lá como "presente de aniversário" dele, e se ele não melhorar, eu fico.

— E se ele não melhorar, você vai ficar mesmo? — sua prima parecia bastante interessada naquele assunto.

— É claro. Eu preciso de dinheiro para me manter aqui até ir fazer minhas audições em Milão e em Paris. A de Londres nem aceitou minha inscrição.

— Por quê?

— Eu ultrapassei o limite de idade para ingressar na academia deles. O máximo é 23 anos e eu já vou fazer 25 — Jimin coçou o cabelo. — Eu estou tão desanimado que eu diminui o tempo de treino. Sempre treinei para caralho, e nunca consegui, quem sabe se treinar menos, eu consiga ou consiga me consolar melhor? Afinal, eu não estava treinando direito, deve ser isso o motivo de não ter passado. Melhor que ficar com vários pensamentos ruins de que eu não sou bom o bastante para passar em nenhuma.

— Por acaso já pensou que poderia ser dedo dos seus pais?

— Se disser que não, eu estaria mentindo — sorriu fraco. — Entretanto, não tem um motivo deles fazerem isso. Meu pai escolheu Jihyun para cuidar da empresa no futuro, minha mãe também não teria, já que ela nunca pediu para eu ir trabalhar na clínica dela. Talvez, não  seja para ser, e pronto. Destino quis que eu ficasse aqui para ser babá de idol chato.

— Jiminnie, você é maravilhoso.

— Engraçado que todos falam isso, e eu nunca passei em nada! — aquilo de falarem que ele é maravilhoso, porém nunca ter conseguido nada, deixava-o pior. — Até os jurados falam que sou ótimo, porém não são o que eles procuram ou o que me encaixe no padrão das Academias. Se eu fosse bom de verdade, tinha passado em alguma — ele cruzou os braços um pouco triste. — Eu devo ser horrível dançando, e vocês, para não me machucarem, falam que sou bom.

— Quando Seulgi manda no grupo que quer te acertar um soco na cara, eu entendo, porque quero fazer isso agora — Yeeun se irritou com o primo.

— Em quem Seulgi não quer acertar um soco? Ela é agressiva assim mesmo.

— Certa ela — defendeu a fotógrafa. — E se não conseguir passar em nenhuma?

— Montar uma academia de dança ou virar psicólogo de vez. Afinal, é nisso que sou formado, não é? Passei anos da minha vida me dedicando aos estudos para exercer essa profissão.

— Eu só não gosto mais ainda de você, pois você falou mal do meu bias — ela deu uns tapinhas de leve na coxa de Jimin. — Eu e nossos primos vamos para Jeju esse final de semana, não quer ir?

— Não posso, vou trabalhar — fez uma cara de choro. — Bem que eu queria, mas preciso um pouco de paz, só que não posso. Prometi para o Jungkook que eu ia aprender a fazer oragamis com ele.

— Que fofo!

— Foi o único jeito que ele parou de me encher o saco, já que comi o pedaço de pizza que era dele, porém eu não sabia que era dele e me disseram que eu podia.

— Parecem duas crianças — rolou os olhos.

— Ele implica comigo por tudo.

— É que ele está apaixonado por você.

— YEEUN! — falou alto.

— Tô brincando, para que o estresse? — ela se afastou do primo. — Chama ele para ir com a gente. Diz que ninguém vai tentar assassiná-lo ou tirar fotos ilegais para vender.

— Ele é meu trabalho, se eu viajar para me livrar do trabalho e levá-lo, eu não ia descansar, mas trabalharia em outro lugar. Trabalharia em dobro, diga-se de passagem, porque eu não vou poder devolvê-lo com um arranhão e vou ter que sair correndo atrás dele o tempo todo, pois ele vai querer pular do teto na piscina.

— Tudo bem, a gente supera que você não estará lá... De novo.

— Uma hora, eu vou com vocês, podem ficar calmos — ele sorriu.

Aliás, Jimin precisava mesmo de um descanso e pensar só nele e em sua diversão.

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Jungkook desceu para a sala onde tinha uma pequena reunião entre Namjoon, Taehyung, Jin e Yoongi. Só de ver aquela quarteto ali, ele sentiu-se arrependido de não ter aceitado sair com Jimin. Pelo menos, onde quer que ele fosse, teria a mãe dele, e ele gostava dela.

Mesmo com vontade de subir e se trancar no quarto até que todos saíssem dali, ele continuou a descer, indo até a sala e deitou-se no sofá, já ficando incomodado com o silêncio, pois eles deveriam estar falando dele.

— O que eu fiz dessa vez? — perguntou, tentando quebrar o silêncio constrangedor que ficou. — É polêmica de namoro de novo? Isso deve ser a única coisa que pode rolar, já que não estou nem saindo.

— O seu ex-professor "barra" secretário, deu uma entrevista contando tudo sobre você — Jin entregou a revista para Jungkook. — Ele contou até de nossas brigas.

— Olha que oportunista! — deu um sorriso, nervoso. — Eu falei que ele não prestava, no entanto, vocês não confiavam em mim. Não dá para processar? — Jungkook passou o olho pelas letras. — Ao menos, ele falou uma coisa certa, "parece que os pais dele não o deram educação", é não deram mesmo. Não deram nada para falar a verdade.

— Está feliz, Jungkook? — Jin perguntou, tirando a revista da mão do dongsaeng. — Isso nem era para ter acontecido.

— Demais, ganhei uma matéria solo de novo! — ele riu, debochando da situação. — Olha, eles só fazem isso por sensacionalismo. Desde o momento que o contrataram para cuidar de mim, eu sabia que ele era uma idiota! Vejam, ele se vendeu por alguns wons para contar o que sabia, e ainda inventou certas coisas. Agora eles vão atrás dos outros, certeza, avisa para o Park cobrar um cachê bem alto quando chegarem nele. Ele realmente terá informações inéditas, uma vez que descobriu várias coisas que os outros não.

— Jimin não se venderia assim, ele não precisa dessas coisas! — Yoongi defendeu o amigo. — Ele é um profissional de verdade, e não abriria isso para a mídia, apenas para ganhar cinco minutos de fama que ele nunca quis.

— Realmente, ele podia estar gastando o profissionalismo dele em algo mais interessante que eu, mas vocês o fizeram cuidar de mim.

— Fizemos isso para o seu bem — Namjoon falou. — Ao menos, parece que um deu certo.

— Como eu já disse, vocês deram o controle da minha vida inteira para ele — Jungkook girou os olhos. — Às vezes, eu acho que me venderam para o Park e eu não estou sabendo ainda.

— Se tivéssemos, Jimin tinha te devolvido na primeira semana — Yoongi respondeu, de novo. — Ao menos, eu fico feliz que vocês estejam mais próximos. Eu posso chamá-los de amigos?

— Ele é um intrometido! — o cantor reclamou de Jimin. — Na verdade, todos vocês são!

— Uma vez que eu te tirei da rua para te dar um lar e tratá-lo como meu filho, eu tenho direito de me meter na sua vida, sim! Principalmente quando você faz coisas que prejudicam e deixam os outros tristes para seu próprio prazer, Jungkook! — Namjoon se irritou.

— Meu prazer?

— Você parece que fica bem feliz quando nos prejudica.

— Eu não fico, não — respondeu, sendo sincero, pela primeira vez com eles. — Eu fico bem triste para falar a verdade, pois eu revejo aquilo e só fico pensando que não era eu, mas uma pessoa totalmente má e diferente de mim.

— Essa pessoa é você! — o rapper olhou bem para o mais novo.

— Não é! — balançou a cabeça de um lado para o outro. — É só um personagem que criei para me proteger, e não tive controle sobre ele. Eu só queria me proteger de vocês.

— Se proteger de quê? Para quê? — Taehyung deu risada, porém triste. — Como diz que queria se proteger, uma vez que você estava atacando todos aqui das formas mais baixas possíveis? Você me falou coisas horríveis, eu fiquei noites pensando que eu não era bom o suficiente, e que não deveria estar aqui. Você quis que eu me separasse do meu namorado, e ainda falou que ele me traia, me deixando muito mal por amar alguém e ser traído. Onde que isso é uma defesa? Querer me deixar com a autoestima baixa é sua defesa?

— Sim — confirmou. — Na hora, eu tinha certeza que estava fazendo o certo. Era melhor eu atacar vocês, porque se eu deixasse, vocês me atacariam e não queria sofrer outra rejeição na minha vida. Eu não aguentaria se isso acontecesse de novo, e não estava pronto para que isso acontecesse... Eu me arrependi muito, pois nunca foi fácil para mim também porque eu não sou isso.

— Ninguém te largaria, não importava se estávamos trabalhando demais ou que eu começasse a namorar ou não.

— Eu sei, Taehyung! Só que todos estavam tendo as mesmas atitudes que meus vizinhos e meus pais tiveram. Se já tinha acontecido duas vezes, aconteceria outra — o moreno justificou-se. — Eu não sabia lidar com nada, eu não sabia o que era ser amado de verdade, eu não sabia o que era ser cuidado com amor e carinho, eu nunca tive boas experiências na minha vida... — a voz dele começou a ficar trêmula. — Todo mundo tem uma boa memória da infância, dos pais, dos avós, dos amigos, e eu não tive nada disso. Toda memória boa que consigo ter dos meus pais, não trazem mais sentimentos bons, pois sei que foi tudo falso. Enquanto todos aqui estavam brincando, estudando, tendo um pai e uma mãe, uma família e amigos, eu estava sendo humilhado por alguma coisa, pois não era bom o suficiente para nada! Eu não tinha ninguém para abraçar quando estava com medo, doente, feliz ou triste. Sempre que chegavam perto de mim, era para me agredir ou ameaçar, e eu só podia ficar calado, absorvendo tudo aquilo, ao ponto de me machucar batendo em paredes, no chão e portas, buscando alívio dos sentimentos que guardava dentro de mim. Eu queria me livrar de viver essa situação mais uma vez! Eu não aguentaria ser massacrado de novo por pessoas que eu amava. Quando meu pai voltou, foi a pior coisa que poderia acontecer na minha vida, porque eles me contaram que eles não me queriam como filho, quiseram que tivesse algo, pois queriam me abortar, que eu dava muito trabalho, fui praticamente o objeto descartável deles, que só prestou depois que conseguiu a coisa que eles mais amam na vida, o dinheiro. Meus vizinhos falaram que não seria ninguém na vida e eu morreria na rua, e durante um tempo, me parecia a única verdade. Eles falaram que ninguém ia gostar de mim ou querer ser meu amigo, pois eu era burro, feio, doente, não sabia fazer nada, e nem para limpar um chão, eu serviria. Eles falaram que ninguém nunca me amaria, que eu nunca teria uma família, pois eu era podre que nem meus pais, pois eu tinha os genes deles, que ninguém nunca me amaria como uma pessoa, e nem como um homem para construir uma família, pois ninguém ousaria a ter um filho comigo. Nesse dia que eu reencontrei meus pais, eu só precisava de alguém para conversar e todos estavam ocupados. Namjoon precisava ir para Big Hit, Yoongi estava indo para o trabalho, Jin desapareceu e Taehyung já estava começando a sair com Hoseok, e nesse dia saiu com ele. Enquanto todos estavam fazendo algo, eu estava em casa, trancado em um quarto, pensando e repensando no que tinha acabado de ouvir dos meus pais, e como conseguiria o dinheiro que eles pediram.

— Você deveria ter falado com a gente de novo, invés de uma semana depois, fechar a cara para todo mundo — Namjoon falou. — Cada um tem seus problemas, cada um tem suas atividades para fazer. Infelizmente, não tem como toda hora a gente prestar atenção 100% nas pessoas e nas coisas que estão acontecendo ao nosso redor. Você sabia que poderia falar comigo sobre qualquer coisa, mas escolheu não fazer.

— Sim, eu pensava nisso, entretanto, era tarde demais para me redimir. Eu já tinha feito a merda — Jungkook começou a chorar. — Eu já tinha feito todo mundo começar a me detestar, ao menos, recebia atenção de vocês e eu não ficava para escanteio. Na minha cabeça estava certo, eu já tinha sido machucado, então poderia machucar os outros, porque se eu fosse bonzinho como fui um dia, eu voltaria a ser aquela criança que só apanhava e era humilhado! Aquele Jungkook é a coisa que eu mais detesto no mundo! Ele é fraco, ele é burro, problemático, ninguém o ama e é feio. Eu não queria mais ser ele, pois eu queria ser forte, pelo menos, corporalmente, as pessoas me achavam inteligente, eu era lindo e todos me amavam. Eu me culpo a todo momento por essa minha escolha — ele secou as lágrimas que caíam de seus olhos. — No final, eu querendo me proteger, eu só me joguei mais na sarjeta e mesmo sabendo que era errado, eu não conseguia parar, pois eu cairia em crises quando visse algo de ruim outra vez. Quando meu pai ameaçou o Namjoon e Yoongi, foi a certeza de que nunca poderia ser feliz, pois até quem tinha me criado, estava sofrendo as consequências? Para mim, se não estavam arrependidos, se arrependeriam de ter me tirado da rua naquele momento.

— Em nenhum momento, ninguém se arrependeu de nada! — Yoongi disse, porém em um tom de voz um pouco alto para o seu normal. — Se tivéssemos, não teríamos ido atrás de tudo e todos para te ajudar, e tentar trazer o Jungkook de volta. Nós queríamos você de volta, queríamos ter momentos felizes contigo de novo, e poder fazer todas as coisas que te fizessem feliz. Só que não sabíamos mais.

— Isso se eu fui feliz algum dia... — Jungkook olhou para todos. — Eu tenho momentos de alegria e que consigo me divertir, mas eu não sou feliz! A verdade é que eu sou muito triste, e preferia que não existisse. A única coisa que talvez não tenha me tornado um suicida ou começar a ter pensamentos compulsivos com a morte, é que eu tenho esperança que as coisas possam melhorar para mim, e eu possa encontrar a felicidade, que eu possa ser pai, como sempre sonhei, que possa ter uma família, ter alguém ao meu lado que me ame de verdade, e que possa até reconhecer onde que vocês estão na minha felicidade. Vocês acham que eu sou feliz com a vida que estou levando? No momento em qual estava descobrindo a felicidade ao lado de vocês, ela foi destruída de novo, e quem prova que agora não vai voltar a se repetir de novo e de novo?

— Você não deveria ter guardado isso somente para você — Jin entrou na conversa. — Se tivesse contado, nós teríamos te ajudado, e possivelmente nada disso teria acontecido.

— Gente... — Jungkook só conseguia ficar mais afobado, sem controlar nenhuma das lágrimas. — E-eu nunca quis ter dito aquilo. Eu fiquei dias imaginando como poderia fazer alguma coisa para afastá-los de mim, e acabei eu peguei pesado, mas não queria. Taehyung, você é ótimo em tudo, e não queria ter tentado acabar com seu relacionamento, eu só não queria aceitar que você estava feliz com uma pessoa que não era eu. Que estava dando atenção para outro, e nunca mais seria apenas você e eu, porque sempre teria outra pessoa no meio. Namjoon, você também é ótimo em tudo, e eu sinto muito ter destruído seu sonho de ser um artista famoso, e se eu puder arrumar, eu vou, sem me importar o quanto eu tenha que lutar por isso. Jin, eu não falei nada sobre você, porém se falei alguma coisa que te ofendeu em algum momento, me desculpa. Namjoon e Yoongi, me desculpem quando disse que vocês não eram nada meus, não mandam em mim e descartei tudo o que fizeram por mim. Provavelmente, sem vocês, eu não estaria aqui e sequer teria conseguido completar o ensino médio. Eu não quero mais carregar culpa — ele levantou-se do sofá, e Namjoon tentou chegar perto, mas Jungkook o impediu. — Eu, por algum motivo, não sou forte o suficiente para ir contra meus pais. Por favor, falem para o Jimin não se meter mais nesse assunto, pois quem sabe com vocês, ele escute. Eu não posso carregar a culpa que sentiria se meu pai fizesse algo com ele. Taehyung, proteja Hoseok, eu não sei até onde vai essa obsessão do meu pai por mim e não quero que ele faça nada para ele ou para vocês.

— Jungkook... — Namjoon o chamou, porém ele subiu correndo. — Você sabe que todo mundo aqui te ama, não é?

Ele entrou em seu quarto, trancando-se lá e voltou a chorar agora sem vergonha nenhuma por estar sozinho, e deitado em sua cama, abraçando o seu travesseiro, como sempre fazia quando estava se sentindo mal e sozinho.

Jungkook não soube como teve coragem de falar tudo aquilo, ele realmente não sabia. Ao mesmo tempo que ele se sentia leve, ele sentia uma angústia muito grande, e apenas queria gritar. Era ambíguo seu sentimento.


 

Após um tempo, Jungkook parecia um pouco mais calmo. Ao menos, ele já tinha parado de chorar e os nós em sua garganta pareciam ter sumido. Ele pegou seu celular, abrindo suas mensagens, procurando o contato de Jimin, pois mesmo que brigassem muito, ele seria a única pessoa que poderia escutá-lo sem levar para o lado pessoal as coisas, um pouco diferente de Seulgi que ele podia falar as coisas, porém ela era amiga de todos e levava as coisas para o pessoal, mesmo que não fosse na maldade. 

Depois de escrever que precisava falar com o mais velho, Jungkook deletou a mensagem, desistindo de mandar o texto, e bloqueou o celular.

Ele não ia dar mais um gostinho para o Park amaciar o ego dele pela segunda vez na semana.



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