História Bandmates and Nothing More - Maylor - AAAAAAA!

14:10

Almoçados, empolgados, ansiosos. Deacon, May e Mercury estavam prontos para o primeiro ensaio da Smile. Embora nenhum dos três tivesse tido mais que quatro horas e meia de sono, aparentavam estar bem alerta e focados, dispostos a dar tudo de si para fazer valer a pena a correria feita durante a manhã. Já Taylor, estava no décimo sono, não levantou nem para almoçar. Estava mal mesmo e não só pela noite mal dormida ou pelo sonho "polêmico" que teve com o parceiro de banda, mas também pelos pensamentos confusos que surgiam em sua mente a todo momento em relação à Brian e Freddy, ele não conseguia evitar. 

Enquanto o loiro dormia e Brian se arrumava para buscá-lo, Freddy e John já haviam colocado a mão na massa. Foram à um mercado próximo à casa de John com a listinha de compras e os cartões de crédito dos pais, os quais não queriam de forma alguma emprestar o dinheiro, mas que de alguma forma foram convencidos pelos jovens insistentes e determinados .

4 pacotes de biscoitos de chocolate

2 pacotes de pão de forma

200 gramas de presunto e queijo

2 pizzas congeladas (calabresa e 4 queijos)

suco (uva, pêssego, abacaxi e laranja)

3 coca-cola's

café (suave e extra forte)

1 garrafa de leite

margarina, maionese, requeijão

doce de leite e doce de abóbora

— Bem específico, né?! — comentou Freddy olhando para o papelzinho com as anotações de John em suas mãos.

— Sou. Mas e aí?! Acha que é o suficiente? — perguntou o mais novo, que carregava o carrinho de compras pelo extenso corredor. 

— Pra três dias, sim. 

— Eu fiz pensando em uma semana... 

— Então você precisa pensar alto, cara. Isso não abastece a gente por uma semana não. — deu dois tapinhas no ombro de Deacon.

— Você acha? — levantou uma sobrancelha e conferiu sua anotações mais uma vez.

— Eu tenho certeza, do jeito que o Roger come vamos ter que engordar essa listinha ou alguém vai passar fome. 

— Fred, eu acho que tá bom assim, se a gente engordar a lista, a gente vai engordar junto. Somos quatro, não oito, vamos seguir a minha lista e evitar desperdícios.

— Tá legal, e sua lista tem base no quê?

— Em cálculos precisos e bem pensados pra que cada um fique satisfeito sem desperdiçar comida. E no tamanho da geladeira do Brian.

— Pelo visto vamos precisar de uma geladeira maior também. — o moreno soltou uma risadinha negando com a cabeça.

Dividiram a lista e cada um foi para um lado do mercado procurar os produtos, seguindo exatamente o que a lista de compras de John dizia. Nenhum item a mais e nenhum item a menos. Deacon estava certo de que suas anotações eram o suficiente e Mercury queria provar para ele o contrário, e mesmo com pensamentos diferentes, eles se divertiram nessa ida ao mercado; Ao contrário dos outros dois membros do quarteto, que estranhavam até a voz um do outro e tudo era motivo de discussão. John e Freddy sabiam que para Brian e Roger se abraçarem e rirem juntos precisariam estar muito bêbados, e ciêntes disso, arrumaram um jeito de deixá-los sozinhos. Se tinha uma coisa que fazia John e Freddy se darem bem era o otimismo de ambos e a vontade de participar de uma banda, acreditavam que se Taylor e May conversassem sozinhos pelo menos por uns dez minutos, poderiam se entender e dar inicio a uma amizade ou nem que seja uma relação pacífica para o bem da Smile.

— Fred...

— Fala. — disse o moreno enquanto tirava os produtos do carrinho e colocava no balcão do caixa.

— Você acha que o Roger e o Brian vão se entender hoje? — perguntou Deacon pensativo.

— Claro, eu acho que vai dar tudo certo!

— Mesmo?

— Não, tô rezando pra eles não se matarem.

[...]

Brian respirou fundo, ajeitou a gola da camisa e bateu na porta da casa de Taylor, imaginando que ele quem iria atender, mas mal sabia o moreno encaracolado de que o loiro nem havia acordado ainda.

— Boa tarde. — cumprimentou a mãe de Taylor curiosa.

— Boa tarde. Sou Brian, amigo do Roger. Eu vim buscar ele pro ensaio da banda. — seu nervosismo era quase imperceptível por conta da sua postura e educação.

— Ah, claro, entre! — deu abertura para o moreno entrar e em seguida fechou a porta. — Fique à vontade, Brian. Estou com uma panela no fogo e o Roger ainda está dormindo, pode ir acordar ele. Final do corredor à direita. 

— T-tudo bem, com licença. — morrendo de vergonha e arrependimento por ter dito ser "amigo" de Roger sendo que eles mal se conhecem e não têm essa intimidade toda, subiu degrau por degrau observando cada canto da bela e clássica casa da família do loiro. Papel de parede florido, sofá de couro marrom e cortinas de seda de um lado. Do outro, uma parede lotada de quadros de fotos em família, incluindo retratos de Roger criança. Todos em preto e branco, mas ele conseguia ver o azul dos olhos do garoto usando a imaginação. Caminhava devagar até o quarto de Taylor quando passou a se perguntar: como um garoto com uma família conservadora e aparentemente tão unida podia ser tão rebelde e desajustado?

Chegou até o quarto de Roger e bateu na porta, vendo que não teve resposta, a abriu devagar colocando apenas a cabeça para dentro do cômodo para espiar se o garoto ainda estava ali como sua mãe disse. Vendo o loiro jogado na cama roncando suavemente, soltou uma breve risadinha que foi abafada por sua mão e adentrou o quarto fechando a porta delicadamente. Deu uma boa analisada no quarto do "amigo" por alguns segundos, já que tinha a impressão que depois que o acordasse aquela seria a última vez que colocaria os pés ali.

Não havia nada demais naquela peça da casa. Na cabeça do moreno encaracolado o quarto seria sinistro, desarrumado e com uma decoração punk para combinar com a personalidade do garoto rebelde de olhos azuis, mas encontrou apenas um quarto comum, branquinho e bem iluminado por uma janela de madeira a qual tinha como vista uma árvore, um céu azulado e um pouco da casa vizinha. A mobília era composta por uma mesa de cabeceira, a cama de casal em qual Roger estava dormindo, o guarda-roupa e uma escrivaninha, que por sinal estava lotada de pastas, livros e pequenas pilhas de papéis todas bem organizadas, como se estivessem em algum tipo de ordem e só de olhar já podia perceber a disciplina de Roger com os estudos. E um pouco acima da luminária que estava sobre a escrivaninha, vários desenhos colados com fita adesiva na parede. Desenhos feitos à mão de arcadas dentárias com flechas apontando explicações e mapas mentais, podendo supor de que fosse parte dos estudos de odontologia e fora isso, rabiscos inacabados de rostos de pessoas que ele nunca tinha visto, paisagens lindas de lugares que ele não sabia quais eram, mas sabia as datas em que foram feitos. Todos os desenhos com datas e nenhum com assinatura, o que fizeram o moreno se questionar se eram mesmo feitos por Taylor e expandiu sua curiosidade naquele momento.

Assim que percebeu que estava distraído olhando curioso para as belas artes na parede do quarto do loiro, ou apenas enrolando para não acordá-lo, Brian respirou fundo mais uma vez e se aproximou da cama engolindo a seco e sentando ao lado de Roger. Segurando o ombro dele, começou a balançar devagar e a sussurrar seu nome em tentativas falhas de o acordar calmamente para que ele não fique irritado ao ver May em seu quarto.

— Roger! — sussurrou Brian e balançou o ombro do garoto devagar.

— Hum... — murmurou o loiro ainda dormindo.

— Levanta, Roger, vem, temos ensaio! 

— Uhum... 

Brian, apressado vendo os minutos passarem, sacudiu o loiro pelos ombros. — VEM, ROGER! 

O garoto abriu os lindos olhos azuis e quando deu de cara com o moreno encaracolado soltou um grito como se ele fosse o bicho papão que fica debaixo da sua cama. — AAAAAAAH! 

— AAAAAAAH! — retribuiu Brian, que com o susto se levantou da cama rapidamente com medo de levar um soco.

— AAAAAAAH! — Roger gritou mais um pouco e só parou ao cair da cama.

— POR QUE VOCÊ TÁ GRITANDO? 

— POR QUE VOCÊ TÁ AQUI? — levantou do chão e ficou encarando o moreno.

— EU TÔ AQUI PRA BUSCAR VOCÊ. POR QUE VOCÊ TÁ GRITANDO?

— O ENSAIO! Eu esqueci! — colocou as duas mãos na cabeça preocupado e correu até o guarda-roupa.

— Você quase me matou de susto! — se sentou na cama novamente e colocou a mão no peito suspirando aliviado por não ter sido nada demais.

— Que horas são? — perguntou Taylor enquanto revirava o guarda-roupa atrás de algo para vestir.

— Duas e trinta e quatro. — respondeu May que olhou em seu relógio de pulso e em seguida voltou a observar o garoto que estava extasiado por conta do horário e por ainda não ter assimilado que o moreno estava em seu quarto.

Tirou a camiseta para vestir uma camisa e quando se virou e viu Brian o olhando, corou imediatamente e cobriu o peitoral com a camiseta. — Você... Não quer ir lá embaixo tomar cházinho com a minha mãe, não?

Notando o constrangimento do loiro e suas bochechinhas rosadas de vergonha, sorriu e olhou para baixo. — Claro. — se levantou da cama e andou até a porta fitando o chão, para que o garoto não ficasse mais envergonhado do que já estava.

Assim que May saiu de seu quarto, Taylor respirou aliviado e correu até a porta para trancá-la. Vestiu a camisa rapidamente e começou a andar de um lado para o outro pelo quarto e a procurar algo que nem sabia ao certo o que era, de tão avoado que tinha ficado com a "visita" de Brian. Para quem havia planejado não olhar para o rosto do encaracolado tão cedo, ser acordado pelo mesmo foi um choque e tanto, fez os neurônios do loiro evaporarem, ele perdeu completamente a pose de durão na frente do moreno e não sabia mais o que fazer. 

Enquanto Roger se arrumava, ou pelo menos tentava se arrumar. Brian descia as escadas calmamente e com um sorriso bobo nos lábios, um tanto envergonhado também pela cena anterior. Ele não esperava ver o de olhos azuis corar tão cedo, estava surpreso e ao mesmo tempo sem graça, não sabia o que pensar e ao mesmo tempo mil e um pensamentos passavam pela sua mente. Seu momento de distração teve fim quando a mãe de Roger, que estava sentada no sofá bebendo chá, chamou sua atenção.

— Ele já está se arrumando?

— Hum?!... Ah! Sim, tá sim. — sorriu de lado se escorando no corrimão de madeira da escada.

— Eu tentei fazer com que levantasse para almoçar, mas ele não quis, estava morrendo de sono e bem no fim acabou dormindo até agora. Quer chá, meu filho?

— Aceito, obrigado. — se sentou ao lado dela, que entregou a ele a xícara de chá.

— Se eu soubesse que você viria eu teria acordado ele antes. Aliás, é a primeira vez que você vem aqui, não é?! 

— Sim, senhora. Conheci o Roger a pouco tempo. — assoprou o café suavemente, torcendo para que a moça não o fizesse perguntas complexas demais sobre a relação dos dois, cuja nem ele sabia a situação.

— Eu imaginei. Roger não trás amigos para cá além do Farrokh.

— Farrokh?

— Sim, o Freddy. Aprontam muito juntos desde pequenos!

— Ah... — ergueu as sobrancelhas e bebeu um gole do chá de maçã com canela.

— Mas e você Brian? Onde conheceu Roger?

— Através do Freddy. 

— Entendi e você estuda?

— Sim, tô no segundo ano da faculdade de astrofísica.

— Oh, que maravilha! Então você é cientista?

[...]