História Bang The World - Parte II

“Eu acho isso realmente nojento”.

“Rumores de que a empresa não sabia disso! Provavelmente agora eles vão ter que terminar, né. Isso é bom porque não gosto de dividir meu bias com ninguém, nem com outro bias, haha”.

“Será que isso vai atrapalhar em algo? Tipo, eles acabaram de fazer comeback, isso pode diminuir os shows e entrevistas”.

“Olha, eu não tenho muito preconceito com essas coisas, mas acho que é por isso que eles estão tão, como posso dizer?, ‘frios’ com a gente”.

“Tanta fã bonita e ele escolhe um homem? Afz. Mesmo que o Zelo seja meu bias…”.

“NÃÃÃOO! Oppa é meu ;—;”

“Isso é pedofilia, não é? Digo, tem seis anos de diferença entre eles, mesmo o Junhong sendo maior de idade… ah, sei lá, é estranho!”

Junhong continuou descendo a página. Eram toneladas de comentários maldosos, criticando a tal foto e quem estava presente nela. Havia poucos comentários de fãs que apoiavam e o twitter inteiro parecia estar contra as “fãs” que postavam os comentários ruins. Na cabeça de Junhong, ele podia resumir tudo aquilo como “uma bosta”. Ele, em verdade, não se preocupava muito com os comentários. Sabia que as fãs de verdade sempre estariam com eles e que quem postava os comentários de ódio eram as que não acompanhavam o grupo sempre ou que nem mesmo gostavam deles, apenas se enfiaram na história de repente. Ou eram apenas egoístas.

Aliás, o caso da foto postada havia sido no dia anterior. Um dia que, por sinal, fora o pior da vida de Junhong em muito tempo. O pior dia até então, além do período do processo contra a TS que Junhong excluía da lista de piores dias por ser pior do que o pior (?), fora quando ele fizera 12 anos e ganhara o skate mais legal do universo; no mesmo dia ele rolara de uma ribanceira e o tal do skate fora totalmente destruído, juntamente com seus joelhos.

Mas, voltando a relatar o pior dia recente. Fora terrível porque Bang Yongguk havia passado o dia sentado no sofá, assistindo algo na TV que não fazia sentido. Não havia conversado muito com ninguém depois do café da manhã e passara muito tempo dentro do estúdio, escrevendo algumas letras. Junhong, a princípio, tentara fazer companhia ao hyung, mas depois acabou achando melhor deixá-lo sozinho. Ele era mais velho que Junhong, portanto não pensaria nenhum tipo de merda.

Era o que Zelo acreditava, ao menos.

À noite, Yongguk achou melhor todos retornarem aos seus devidos quartos. Ter Daehyun como companheiro havia sido algo entediante para Zelo, pois tudo o que queria era aninhar-se nos braços de Yongguk e dormir ao seu lado, murmurando palavras de consolo ao outro. Sabia que apesar do exterior forte, Bang era extremamente sensível e com certeza estava mais abalado que ele com essa situação.

Amanhecera com dor nas costas e olheiras gigantes debaixo dos olhos. A equipe de maquiagem havia tido um belo trabalho tentando cobrir o inchaço arroxeado e fazer com que seu rosto parecesse mais alegre e corado. Mas, agora, tudo o que fazia era sentar-se em um canto, observando enquanto seus outros hyungs estavam se maquiando e trocando de roupa. Haveria uma entrevista na data de hoje e ele não podia dizer que estava tremendamente animado, principalmente após terminar de ler a coleção de comentários maldosos que não paravam de aparecer a cada segundo.

“Zelo, meu oppa gigante <3 Espero que esteja feliz com o Yongguk-oppa. Não ligue para os comentários maldosos. Fighting!”

Com alguns comentários, pode sorrir pelo menos um pouco até que lhe fossem passadas as regras do Manual de Sobrevivência a uma Entrevista Comprometedora. A única coisa que acabou absorvendo sobreo que tinha que dizer caso o microfone fosse passado a ele – o que não seria, já que ele era o maknae – é que deveria negar veemente qualquer relacionamento com Yongguk além da amizade e do cuidado que o homem seis anos mais velho tinha por ele.

Não podiam levantar suspeitas de que o relacionamento vinha de muito antes de Zelo alcançar a maioridade.

Sorriu de canto. Era verdade. Bang Yongguk havia conquistado seu coração com sua paixão pela música bem da primeira vez que se viram, tinha apenas catorze anos. Quando disseram a ele que lançaria uma música com o tal, seu coração quase não aguentou tamanha felicidade. Era com certeza seu hyung favorito, além do que Himchan havia ficado encarregado de cuidar de Jongup, portanto Yongguk deveria cuidar de Junhong.

Conforme o tempo passou, ele acabou suspeitando de que os seus sentimentos por Yongguk fossem mais do que simples carinho por um hyung. Com dezesseis anos foi quando ele suspeitou que seus sentimentos poderiam estar sendo correspondidos. Alguns toques, abraços longos demais e um olhar carinhoso que se depositava em sua figura por um tempo que parecia ser infinito. Depois de uma série de acontecimentos, incluindo a primeira vez que bebeu — coisa que realmente emputeceu Yongguk, que dissera que era uma irresponsabilidade de Himchan —, ele finalmente conseguiu se declarar para seu hyung. Foi um pouco demorado, mas algo começou a surgir, e ao completar dezessete anos eles assumiram um relacionamento, pelo menos para o grupo.

Sua história de amor era algo simples e que não causaria inveja a ninguém, mas era sua história favorita e não queria que tudo fosse estragado por causa de uma mera fotografia.

— Junhong! – o Manager Kang chamou. – O pessoal vai terminar a maquiagem do Daehyun e então vocês estão prontos pra entrar. – O tom de voz baixou quando ele se aproximou. – E cuidado com o que disser, só relembrando, o microfone provavelmente não vai passar pra você nem para Jongup, caso Himchan e Yongguk não permitam isso. Talvez você não tenha que se preocupar com nada. Mas caso alguém pergunte algo diretamente para você, não diga nada que possa comprometê-los mais.

— Manager Kang, eu… – começou a dizer, mas foi interrompido.

— Eu sei. É Yongguk e sua maneira de lidar com as coisas, não é? – Zelo assentiu e Kang suspirou. – Ele já é um homem adulto e maduro, sabe que não é ignorando que tudo passa. Vocês tem que se resolver entre vocês, só o que será exibido para o público é no que eu tenho que enfiar a colher. Seu namoro, sua responsabilidade. – e se afastou. Junhong suspirou. Sabia que o homem estava certo, mas Yongguk sempre era tão difícil quando estava bravo ou chateado com algo…

*****

— Muito bem, estamos aqui com o B.A.P que fez seu comeback recentemente e agora estão participando ativamente de entrevistas na TV. Muito obrigado por estarem aqui hoje! – a apresentadora comentou, sorrindo. – Eles voltaram após uma longa pausa e esperamos que todos os acolham com carinho!

— Vamos começar com as perguntas elaboradas por nós do programa e depois partimos para as perguntas das fãs, tudo bem? – o apresentador continuou. – Fãs! Mandem suas perguntas ou comentários para nós!

— Tudo bem! – Youngjae falou rapidamente.

— Primeira pergunta! – o homem começou. – O que vocês têm em mente com esse novo álbum?

A mente de Zelo estava completamente desligada no momento da entrevista, ele só se preocupava em acenar com a cabeça e rir na hora certa, mas em dado momento não sabia se estava rindo quando deveria estar sério ou se estava sério quando deveria estar rindo. Nem tinha mais noção de quantas perguntas já haviam sido feitas, apenas permanecia inerte aos seus arredores. Tentava olhar para Yongguk mas as câmeras estavam por todos os lados, qualquer mínimo movimento seria captado e poderia ser mal interpretado. Sentiu a mão de Himchan, que estava sentado ao seu lado, em seu joelho, apertando-o levemente em conforto e sorriu de leve.

Observava como seus hyung se divertiam. Youngjae e Himchan sempre com o microfone, cuidando minuciosamente de tudo para que Zelo nunca recebesse nada para responder, principalmente porque sabiam que ele não estava com cabeça para uma entrevista naquela hora. Mas foi de repente que sentiu uma tensão se instalar no ar e o microfone passou rapidamente para Yongguk, que estava do seu outro lado. Franziu a testa sem entender o porquê da mudança de clima, mas com a resposta de seu líder, engoliu em seco e fez a melhor cara de paisagem que pode.

— Ficamos sabendo. Mas queremos que todo mundo fique tranquilo porque aquilo não é real, ainda estamos tentando descobrir se foi montagem ou é um simples fake com pessoas parecidas conosco.

— Mas há comentários de que é realmente o dormitório de vocês. – a apresentadora pressionou, interrompendo, e Zelo pode sentir o ar de irritação vindo de Yongguk, mas manteve a cabeça erguida e sem expressão olhando para as câmeras. Sabia que Bang conseguia se controlar muito bem na frente de todos, mas não era exatamente sua reação com os outros que o preocupava…

Bang cobrava muito de si mesmo.

— Ainda não mostramos o interior de nosso novo dormitório, na verdade. Não tem como estarem falando isso. – o líder continuou, com a voz calma.

— Já que ninguém nunca viu seu quarto, então provavelmente o quarto da foto não é o certo. Mas ninguém da empresa pronunciou-se sobre o cenário até agora, ou seja, isso é suspeito… Como se o quarto estivesse certo e por isso vocês não falaram sobre ele antes…

Himchan virou o rosto com força, uma expressão de incredulidade dominando o rosto bonito. Já Yongguk apenas ergueu a sobrancelha, claramente confuso. Junhong já tinha entendido a que ponto o apresentador queria chegar.

— Pode ser uma coincidência, na verdade, nosso quarto é bem simples e… - tentou explicar.

— Mas quais as chances dessa coincidência acontecer?

Zelo apertou os dedos, fechando-os com força até os nós ficarem brancos. Sentiu a mão de Himchan apertando-lhe o joelho com força, para acalmá-lo, e agradeceu mentalmente por essa fama de grudento que Himchan tinha, assim nada pareceria estranho às câmeras. Já bastava o que estava acontecendo. Sentiu-se culpado por Bang ter que se virar com a bomba.

— Olhem bem. – Yongguk começou após respirar fundo. – Eu vou ser bem direto e espero que entendam que respeito muito o meu grupo, as minhas fãs e aos senhores apresentadores, mas isso que está acontecendo, independente de ser montagem, similaridade ou realidade, não cabe a ninguém que não seja eu ou Junhong, pois somos nós que estamos envolvidos nessa polêmica. Junhong e eu queremos pedir pra que parem de tocar no assunto porque não é isso que estamos tentando promover com nossos shows e nosso comeback. Isso é algo que não cabe a quem não está envolvido.

Junhong engoliu em seco. Seu hyung havia dado um corte de certa forma mal educado no apresentador, que agora olhava de cara feira para eles.

— Sendo você um idol, acho que deveria tomar mais cuidado com as fotos privadas e coisas que fala ao vivo, isso pode acabar mal não só para você, porém também para seu grupo. – o apresentador continuou, mas de alguma forma a moça que apresentava o programa ao lado do homem conseguiu, com uma risada sem graça, pedir desculpas e mudar o assunto para algo como o cabelo de Jongup. Zelo sentiu-se soltando a respiração.

Arriscou olhar de canto para Bang Yongguk, analisando sua expressão, mas ele parecia extremamente calmo e não abalado. Era admirável. Só que o problema é que Junhong sabia que não era isso que acontecia na cabeça de seu hyung.

Respirou fundo. Tentaria resolver as coisas essa noite.

*****

Zelo saiu do chuveiro com a toalha enrolada na cintura, escassas trilhas de água escorriam por seu peito até seu abdome. O cabelo estava úmido leve úmido pois já havia secado ao máximo com a própria toalha; não estava com paciência de secá-lo com secador como Himchan fazia.

Havia sido o último a tomar banho devido à – merda da – organização que eles tinham na hora de usar o chuveiro. Olhou em volta no dormitório. Himchan conversava com Youngjae enquanto acariciava os cabelos de Jongup, deitado em seu colo. Daehyun não estava à vista, provavelmente já estava dormindo no quarto que dividia com Zelo.

— Ah, Himchan-hyung. – Zelo chamou e Himchan virou a cabeça para ele. Junhong acenou com a cabeça, apontando para o quarto de Himchan e Bang; seu hyung apenas assentiu em resposta, compreendendo.

Zelo foi em direção ao quarto e colocou a mão na maçaneta com cuidado, girando-a e empurrando a porta. Espiou o quarto escuro, percebendo o vulto deitado na cama sem cobertor algum. Passou a mão pelos cabelos levemente molhados e fechou a porta atrás de si.

— Gukkie? – chamou. Achou por um instante que Yongguk estivesse dormindo, mas logo percebeu que não quando o viu virando o corpo. Sorriu de canto, até um pouco melancólico, e largou a toalha em uma cadeira, caminhando até seu namorado e deitando-se ao lado dele. Colocou a mão no rosto de Yongguk, acariciando seu rosto cansado, e aproximou-se até seus narizes se tocarem.

— Hyung… não fique assim.

— Assim como? – perguntou, sorrindo levemente e colocando a mão na cintura de Junhong, puxando-o um pouco para que seu corpo nu encostasse ao seu. Mesmo que Yongguk estivesse cansado, apenas ter Junhong ao seu lado já melhorava seu humor sem ele nem precisar fazer nada.

— Não pense que me faz de idiota, eu te conheço muito bem. Sei que você está muito chateado com o lance da foto, mas isso não quer dizer que a gente tem que agir de forma fria um com o outro. – desceu a mão do rosto para o peito de Guk, fazendo movimentos circulares com a ponta dos dedos. – Não tem nenhum urso de pelúcia aqui com a gente agora…

— Junhong…

Zelo inclinou-se o mordeu o lábio inferior de Yongguk, fazendo-o interromper seja lá o que tinha pensado em dizer. Sorriu para seu hyung, lançando um olhar sugestivo e descendo mais sua mão até parar na barra da calça dele.

— Junhong… Os outros estão logo ali. – disse erguendo a sobrancelha, mas o olhar havia mudado. Zelo sorriu mais abertamente.

— Eles estão acostumados… Passamos por isso com eles também.

— Você sabe… - ele falou, erguendo-se e inclinando-se sobre o corpo de Junhong que estava totalmente deitado na cama agora, sua mão apertou levemente a cintura de Zelo enquanto a outra sustentava seu próprio peso. –… que eu não gosto da ideia de que qualquer um deles possa te ver sem roupa.

Junhong sentiu os arrepios subindo por sua coluna e não parou de sorrir.

— Eles não vão entrar aqui… Himchan-hyung sabe que eu vim te ver…

Bang calou-o com um beijo bem em cheio nos lábios, breve, porém tentador. Quando se separou de Zelo, ele ainda o seguiu, querendo continuar o beijo. Yongguk deu uma risada baixa e negou o que Junhong queria. Sentiu as mãos de Zelo, que estavam na barra de sua calça, começarem a se remexer inquietas. Ele mordeu o próprio lábio e ergueu a sobrancelha.

— Então… vamos fazer com que todos eles saibam por que você está aqui pra me ver. –

E se inclinou para continuar o beijo que havia começado, sentindo Zelo quase tremendo em seus braços com os lábios afoitos e quentes. Estava com saudade de seu toque e nem mesmo havia percebido. Era extremamente reconfortante ter Junhong em seus braços, sentia sua tristeza e desmotivação esvaindo-se como se não fossem nada, simplesmente. Sentiu a mão de Junhong atravessando as barreiras que sua calça impunha e gemeu contra seus lábios, sentindo os do outro se curvando em um sorriso.

Sentia-se completo novamente.