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História Bangtan Family - Capítulo Único


Escrita por: Jessica_Sanz

Notas do Autor


Annyeong! Espero que goste dessa fic e tenha uma boa leitura.
O capítulo é longo, mas contém toda a história.
Conforme você verá, eles possuem idades diferentes das originais. Você pode imaginá-los com as idades relatadas aqui OU com as idades originais (desde que mantenha em foco a mentalidade das novas idades).
Recomendação: Contém um trecho de música e uma música, então você pode escutá-la no momento da aparição.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Namjoon sentou-se na poltrona da biblioteca. Era uma poltrona confortável, dava para três pessoas, e ele se sentou no canto esquerdo, perto da mesinha ao lado, onde normalmente ficava o álbum que ele queria ver naquele momento. Ele pegou o álbum branco e deslizou o dedo pelo relevo em letras cursivas, que dizia Get Married. Ele o abriu e olhou as fotos, com um sorriso no rosto. Olhou para si mesmo com aquele terno branco extremamente luxuoso, com detalhes prateados. Tinha ficado mesmo um arraso naquele terno... Ele olhava cada uma das fotos com amor. Ficava louco com aquela foto que mostrava apenas sua mão sobre outra mão, as duas com lindas alianças de ouro. A mesma que estava em seu dedo esquerdo naquele...  

— NAAMJOOOOOOOOOOOOON!

Ele revirou os olhos.  

— O que foi? — gritou de volta.  

— Cadê você?  

— Biblioteca!  

Namjoon se permitiu olhar com pesar mais uma foto, pois sabia que estava encrencado. As portas da biblioteca se abriram rapidamente, revelando uma pessoa com um avental onde se lia "Kiss The Cook", batendo alguma coisa em uma tigela.  

— Você vai ficar aí lendo? Eu preciso de ajuda! Ainda mais hoje, que receberemos visita.

— Eu não tô lendo, Jin.  

O cozinheiro se aproximou da poltrona, só então conseguindo ver o objeto de interesse de Namjoon. Jin ficou sem palavras por um momento, mas voltou a falar em um tom mais calmo e baixo.  

— Muito bonito, mas eu continuo precisando de ajuda. Podemos ver isso juntos depois, ok?  

— Claro — disse Namjoon, sem interesse em deixar o companheiro sozinho com suas muitas tarefas. Ele fechou o álbum cuidadosamente e colocou no lugar onde estava antes, a mesinha ao lado da poltrona.  

Os dois foram para a cozinha, e Namjoon colocou seu avental "I Love To The Cook".  

— Só pra te lembrar... Eu não sou bom como você, mas vou tentar ajudar.  

— Bom, você não vai querer colocar as crianças na cozinha, vai?

— Claro que não.  

— Ok. Então corta isso.  

Jin entregou a Namjoon o legume e a faca, e ele fez como pôde, mas era extremamente lento na cozinha. As panelas chiavam enquanto Jin se movimentava rapidamente, fazendo várias coisas ao mesmo tempo.

— Ah, bae... Esqueci de te falar uma coisa.

— O quê?

— Meu irmão está... Vindo morar com a gente.

Jin olhou para ele, com uma calma que nenhum dos dois entendeu.

— Como assim?

— As coisas não estão fáceis. Principalmente nas últimas semanas, com aquela responsabilidade a mais...

— Nem me fale. Que coisa, não? Descobrir um filho assim, de repente... Tadinho daquele garoto... — Naquele momento, Jin entendeu o porquê de não ter ficado apavorado com a notícia. Ele já sabia das dificuldades do cunhado, e estava sentindo necessidade de fazer alguma coisa pelo novo sobrinho. — Qual é a história, mesmo?

— A menina não contou pra Yoongi que estava grávida. Os pais a expulsaram de casa quando souberam, mas mesmo assim ela não foi até ele. Cuidou sozinha do menino, mesmo quando ficou muito doente. Ela tinha dito ao filho para procurar Yoongi caso algo acontecesse a ela... E aconteceu.

— Isso é muito triste. Só tinha a mãe e... Nossa.

— Yoongi já vivia de aluguel. Agora tem mais um na casa, e ele ainda perdeu o emprego... Está impossível.

— Fico feliz que eles estejam vindo pra cá. Poderemos ajudar o Yoongi a cuidar dele, mesmo que já tenhamos gente demais nessa casa. Eu vou precisar de você, Namjoon, mais do que nunca.

Finalmente, ele olhou para Namjoon e suspirou.  

— Querido, — disse ele, tomando conta da tarefa de Namjoon e terminando-a em segundos — isso é pro almoço de hoje, não pro jantar de amanhã.  

— Eu disse que não sou bom.

— Tudo bem. Procure outra coisa pra fazer.  

Eles trabalharam mais um pouco juntos, até que Jin o deu uma nova ordem.  

— Ok, deixa que eu termino aqui. Vai chamar as crianças para almoçar. E lembre-os de ficar apresentáveis.

 

Namjoon foi para o corredor. Bateu na porta do primeiro quarto, de onde vinha uma música com uma batida interessante, que ele adorou ouvir. De repente, a música parou. Segundos depois, a porta se abriu, revelando um adolescente de 15 anos.  

— Almoçar.  

— Eu tô no meio de uma performance! — protestou.  

— Não vai querer desapontar sua Omma. E sabe que temos visita hoje.

O cabelo de Jimin voou quando jogou sua cabeça pra trás, descontente.

— Vou trocar de roupa — resmungou. Em seguida, fechou a porta.

Namjoon foi até o próximo quarto. Ele bateu algumas vezes, mas não teve resposta. Finalmente, abriu a porta. O garoto de 13 anos estava sentado de frente para o computador, com um grande fone nos ouvidos (o provável motivo de não ter respondido).  

— Taehyung — chamou Namjoon. O menino pareceu notar sua presença, virando um pouco a cabeça para ele, sem desviar os olhos da tela.  

— Fim de partida — informou ele.  

Namjoon se colocou atrás do garoto e observou a partida por um momento, até que Jin apareceu na porta.  

— Pausa o jogo pra comer, Taehyung.  

— Eu já disse que jogo online não tem pause! Appa, fala pra ele!  

— Jogo online não tem pause, bae.

— Ah, não? Então tá.  

Jin foi para a tomada do computador e a puxou. Taehyung tirou o fone rapidamente, boquiaberto.  

— Estava no fim da partida! Minha equipe estava ganhando!  

— Que bom. Eles ganham sem você. Quando eu falar pra parar, é pra parar, Kim Taehyung. Anda. Trate de colocar uma roupa decente pra receber seu tio e seu primo. E você, Namjoon, nem pra chamar as crianças serve?  

— Ele realmente estava no fim da partida. Poderia ser um pouco mais compreensivo?  

— Ah, Namjoon, da última vez que ele disse que estava no fim demorou vinte minutos! Eu não vou esperar vinte minutos. Podem ir pra sala de jantar.  

— Mas faltou o...  

— Eu chamo ele. Coloque a comida na mesa.  

Jin foi para o terceiro quarto da casa, que estava de porta aberta. O menino estava sentado no chão fazendo belos desenhos... Na parede do quarto. Jin suspirou.  

— Filho, já disse pra não riscar a parede.  

— Desenho! — gritou o menino.  

— Parece até que você tem quatro anos!

— Cinco! — Disse ele, orgulhosamente erguendo sua mão aberta.  

Jin riu.  

— Isso mesmo. Meu Jungkookie tem cinco anos. Vamos lavar a mão pra comer.  

Jin pegou Jungkook no colo e o levou.  

A campainha tocou. Namjoon foi atender.

— Annyeong.

— Sejam bem-vindos. Podem deixar as coisas aqui na sala, depois vamos ajeitar tudo.

Os dois entraram na casa e fizeram o que Namjoon disse.

— Vamos almoçar? Todos já estão nos esperando.

Namjoon levou os novos hóspedes para a sala de jantar. Jin tinha acabado de colocar Jungkook em seu lugar, na cadeirinha entre ele e Jimin. Namjoon sentou-se na ponta, e Taehyung ao seu lado esquerdo. Yoongi e seu filho sentaram-se ao lado de Taehyung.

— É um prazer recebê-los — disse Jin, com um sorriso no rosto. — Avião, Kookie!

Jungkook abocanhou a comida e mastigou, satisfeito. Ele deu um oizinho para o novo primo que estava à sua frente. Conseguia manter o sorriso mesmo comendo. Já o tinha conhecido, mas não tinha gravado seu nome. O primo parecia bastante fechado, ficou um pouco sem reação, então ergueu a mão timidamente.

— Então, Hoseok, — disse Jimin, tentando puxar algum assunto com o primo — ainda não tivemos a oportunidade de conversar muito. Fale um pouco sobre você.

— Sobre mim? Ah, eu não sei…

— Ele é um excelente rapper — disse Yoongi.

— Sério? — perguntou Namjoon. — Uau. Mostre um pouco do seu talento.

— Namjoon — disse Jin, com tom de advertência. — Hora de comer não é hora de fazer rap, nem de cantar. No máximo, vamos colocar alguma música.

— Ei, estamos tentando socializar aqui. Jimin está certo, ainda não sabemos nada sobre o mais novo membro da família.

— Tudo bem — disse Jin. — Só dessa vez. Hoseok, pode nos mostrar um pouco de música, por favor?

— Assim? Tipo, agora?

— Você já fez isso antes — disse Yoongi.

— Não precisa ficar tímido — disse Taehyung. — Está em família.

— Tudo bem. Deixa um pensar um pouco… — Hoseok pigarreou. — Preciso de uma batida.

Parecendo muito orgulhoso do filho, Yoongi começou uma batida. Em seguida, Hoseok fez seu rap freestyle.

igeon uri eumak junge skit

yeogiseo boyeo junge nae han kal skill

nae nae nae nae nae ireum J-Hope

meoshisseoseo heunjeogi namji

Like that poseu

God damn gwangjuga naheun hiphop

igeon jeonlago raebye cheot shijak

modu teoreojulge geodonage

urin meotjyeobureo

because we're really...

— ...heobeonage! — Namjoon, Yoongi e Taehyung cantaram junto com Hoseok.

— Wow — disse Namjoon, impressionado. — Desde quando sabe fazer essas coisas? Não foi seu pai que te ensinou, foi?

— Não, na verdade eu sempre cantei rap.

— Exótico — comentou Jimin.

— É porque… Minha mãe sempre gostou de rap.

— Entendi tudo — murmurou Jin.

— Bom, pelo menos eu tenho um filho rapper — disse Yoongi.

— E o que você tem contra vocais, Yoongi? — provocou Jin.

— Nada. Quer dizer, Namjoon, você era um rapper excelente, e agora tem três filhos vocais. As coisas mudam, né?

— O Jungkook tem cinco anos, ninguém pode dizer que ele não será um bom rapper.

— Bom, eu sempre ouço o Kookie cantando — disse Yoongi. — Mas nunca vi ele fazer um rap.

— E se ele não fizer rap, tem algum problema? — perguntou Jimin.

— Claro que não, meu sobrinho. Eu não tenho nada contra vocais. Só prefiro rappers.

— Que bom, né — disse Hoseok. — Já que estamos sob o teto deles. Muito obrigado por nos abrigarem — Hoseok sorriu com sinceridade para Namjoon e Jin, que se sentiu derretendo por dentro, mas conseguiu não expressar.

— Como eu disse, Hoseok, — respondeu Jin —  é um prazer muito grande rebecê-lo. Nos esforçaremos para ser uma boa família, não é meninos?

— Sim! — Responderam os quatro, até mesmo o pequeno Jungkook.

— Então, seu nome é J-Hope — disse Jimin.

— O quê? Ah... é... O nome que eu uso quando faço rap.

— Seu nome de palco — disse Jin.

— É, mas eu nunca estive em um palco de verdade.

— Isso é o de menos — disse Taehyung, mastigando. — Você tem talento, cara.

— Obrigado — disse Hoseok, corando.

— Tae, — advertiu Jin — não fale enquanto mastiga. E vamos nos apressar, vocês quatro têm colégio.

— Você o transferiu, Yoongi? — perguntou Namjoon.

— Sim. Hoje é o primeiro dia no colégio novo.

— Qual colégio? — perguntou Jimin.

— O mesmo que vocês — esclareceu Namjoon. — Fizemos isso para facilitar.  

— Que legal — disse Jungkook. — O primo vai estudar com a gente!

— Isso mesmo, Kookie. Olha o avião!

— Já está arrumado, Hoseok? — perguntou Jimin. — Não vai tomar banho?

— Eu tomei banho antes de vir, na verdade.

— Jimin — disse Jin, vindo pelo corredor com Jungkook no colo. — Melhor se apressar, ou vocês vão chegar atrasados.

— Taetae está no banheiro. E ele demora muito.

— Tome banho na suíte. Você pode dar banho no seu irmão também?

— Claro, Omma Jin — disse ele, sorrindo para o irmão, que já se esticava para seu colo.

— Vem, Hoseok, —  chamou Jin — vamos arrumar sua lancheira.

— Tenho que guardar nossas coisas, ainda...

— Seu pai e seu tio podem fazer isso enquanto estiverem no colégio.

— Tudo bem...

Hoseok acompanhou Jin até a cozinha. Jin colocou as três lancheiras abertas e as encheu de coisas. Hoseok abriu sua lancheira, guardou um pequeno pacote de biscoitos e uma caixa de suco, e depois fechou.

— O quê? — perguntou Jin, incrédulo. — Você vai levar só isso? Não comeu nem metade do que tinha no seu prato no almoço, Hoseok!

— É que... Eu não como muito, não...

— Você precisa se alimentar bem. Coloque um sanduíche...

— Eu estou bem, Jin Ajussi. Estou acostumado a comer desta maneira.

Jin notou o pesar no olhar de Hoseok. Notou que esse costume só poderia ser fruto de uma vida inteira sem muitas condições. E a nova vida com o pai parecia estar sendo tão difícil quanto.

Namjoon colocou Jungkook firmemente preso na cadeirinha do carro.

— Quem vai na frente? — perguntou Taehyung, sem nenhuma expectativa, já que era o segundo mais novo.

— Quer ir na frente, Jimin? — perguntou Namjoon.

— Eu? Mas o Hoseok Hyung é mais velho.

Hoseok fez uma leve careta. Não estava acostumado a ser chamado de Hyung.

— Você quer ir na frente, Hoseok?

— Prefiro ir atrás, Namjoon Ajussi.

— Tudo bem. Jimin vai na frente.

Jin apareceu na garagem para entregar as lancheiras prontas. Entregou cada uma delas a seus respectivos donos, que as anexaram às mochilas. Ao entregar a de Taehyung, Jin sussurrou.

— Tente dividir alguma coisa com Hoseok. Mesmo que ele não queira, insista. Por favor.

Taehyung assentiu. Embora fosse uma coisa simples, ele percebeu que era muito importante. Não poderia falhar. Além disso, sabia que dividiria o quarto com Hoseok, então precisava aproximar-se para que sua convivência fosse a melhor possível.

Namjoon levou os quatro meninos para o colégio.

— Kookie, dá a mão pra atravessar — alertou ele. — Busco vocês mais tarde. Annyeong.

— Annyeong — disseram juntos.

Os três adultos trabalharam juntos na transferência das poucas bagagens para os quartos. Yoongi foi acomodado no quarto de hóspedes. Já as coisas de Hoseok foram colocadas no quarto de Taehyung, que dividiria com o primo seu espaço, ao menos no começo. Taehyung era o único que tinha uma cama auxiliar, afinal.

Enquanto isso, os quatro meninos estavam tendo uma aula normal. Quando Taehyung pediu para ir ao banheiro, passou pela sala de Hoseok, e notou que ele estava dormindo. Não pôde deixar de pensar na quantidade de motivos que poderiam estar causando aquele sono fora de hora. Ele sempre ouvia Omma Jin e Appa Namjoon conversando sobre os problemas em que o tio Yoongi se metia.

Na hora do intervalo, os três meninos mais velhos sentaram-se em uma das mesas do pátio, de onde podiam observar Jungkook se divertir no parquinho com outros meninos da sua idade. Os três abriram as lancheiras e iniciaram suas refeições.

Ao lado de Hoseok, Taehyung ficava observando. Os olhos do hyung pareciam, a todo momento, querer se fechar.

— Quantos anos você tem mesmo, J-Hope Hyung? — perguntou Taehyung. Hoseok olhou para ele com uma careta.

— J-Hope?

— Esse foi o nome que você escolheu, não foi?

— É, mas... Eu não uso esse nome. — Hoseok mordeu um biscoito.

— É normal ter um apelido. O meu é V.

— Seu apelido é Taetae — corrigiu Jimin. — Ou Tae. Ou Taehyungie. V é seu nome de palco. Eu já te disse isso.

— Por que meu apelido não pode ser V?

— Por que ninguém te chama de V.

— Então me chame de V a partir de agora.

— Tá, Taetae. — disse ele, rindo.

— Não ria do meu nome. É V de Vitória, em inglês.

— Qual é seu nome de palco? — perguntou Hoseok a Jimin.

— Jimin.

— Também? E seu apelido?

— Às vezes me chamam de Jiminie.

— Ou de Chim Chim — lembrou Taehyung, rindo.

— Vamos parar com essa conversa — disse ele. — Afinal, Hoseok Hyung ainda não disse sua idade.

— E como você sabe que sou mais velho?

— Porque Omma Jin disse. 17 anos?

— 18.

— Uma boa idade — comentou Taehyung, sem encontrar outra coisa para introduzir seu próximo assunto. — Quer um pedaço de sanduíche?

— Eu estou bem.

— Sério? — perguntou Jimin, incrédulo. — Você quase não comeu no almoço.

— Eu sou assim mesmo.

— Mas duvido que continue — disse Taehyung. — Omma Jin leva esse negócio de comida muito a sério. Quer que fiquemos fortes.

— Eu não sou forte. E não é a comida que vai mudar isso.

Jimin e Taehyung se entreolharam.

 — Hoseok Hyung... — disse Taehyung, cuidadosamente. — Se você tiver algum problema e quiser conversar, pode falar com a gente. Somos sua família agora. Sabe disso, não sabe? — Taehyung partiu um de seus sanduíches ao meio, e colocou na lancheira aberta de Hoseok. — Coma só mais um pouquinho, por favor. — Hoseok continuou a hesitar, olhando para o sanduíche. — Pode fazer isso pelo seu irmão?

Hoseok ergueu o olhar para Taehyung.

— Irmão? Mas nós somos...

— Eu sei que somos primos, Hoseok, mas pra mim você é como um novo irmão.

Hoseok sorriu, um tanto emocionado. Sempre quisera ter um irmão. Nunca tivera uma família. Nunca pedira por uma, nem por um pai, apenas por alguém que pudesse ajudar a ele e a sua mãe, alguém que os fizesse companhia. E aquilo que ele menos desejava, a morte de sua Omma, havia lhe proporcionado aquilo: uma grande e linda família. Uma nova Omma, dois novos Appas, três irmãos incríveis.

Taehyung e Jimin também sorriram. Hoseok pegou o sanduíche.

—  Obrigado, irmão.

Jimin estava se sentindo feliz com o novo membro de sua família. Um primo que surgiu de repente, que estava cada vez mais próximo, se tornando seu novo irmão aos poucos. Mesmo com esse sentimento de felicidade, tudo mudou com uma cena. Aquela cena.

Jimin estava de frente para Taehyung e Hoseok. Entre os dois estava o ângulo perfeito por onde Jimin estivera observando o parquinho de vez em quando, de olho em Jungkook, embora não achasse que algo realmente relevante fosse acontecer. Ele não viu quando os três meninos maiores se aproximaram do lugar que deveria pertencer apenas aos pequeninos, mas viu quando o mais alto deles empurrou Jungkook na areia.  

Naquele momento, Jimin teve o que depois chamaria de flashback grandioso. Em menos de um segundo, uma série de lembranças passou pela sua mente.

Primeiro, ele se lembrou de uma mão fechada indo em direção ao seu rosto, seguida por uma dor insuportável. Com a visão embaçada, ele não conseguia ver muito dos garotos, mas mesmo se visse, sua memória não seria boa o suficiente para que ele se lembrasse de suas feições. Logo depois, estava de frente para Omma Jin, que tentava reprimir seu choro enquanto cuidava do olho roxo do filho.

O ponto de vista ficou mais alto. Alguns anos mais velho, Jimin estava no colégio quando viu dois meninos maiores empurrarem o pequeno Taehyung no chão acimentado. Lembrou-se de ouvir seu choro desesperador. Logo depois, Omma Jin mais uma vez em seu trabalho, cuidando do joelho ralado e do galo na cabeça do irmão mais novo, enquanto Appa Namjoon, com uma expressão decepcionada, lhe perguntava "Por que você não defendeu seu irmão? Poderia ter evitado que ele se machucasse assim. É dever dos mais velhos proteger os mais novos".

"Eu não sei lutar", ele tinha dito para si mesmo. Mas, depois disso, lembrou dele mesmo enfaixando suas mãos, se preparando para ir contra o saco de areia, quando decidiu investir seu tempo livre no boxe. No momento em que ele socou, piscou.

Jimin saiu do banco quase que em um pulo. Até os dois irmãos processarem, ele já estava muitos metros adiante na direção do parquinho. Os meninos mais velhos continuavam de frente para Jungkook, implicando com ele, mas não o estavam agredindo. Jungkook observava a tudo sentando no chão, completamente assustado.

— Ih, vai chorar? — falou o da esquerda, fazendo os outros rirem. Essa foi a única coisa que Jimin conseguiu ouvir antes de se colocar entre o irmão e os meninos mais velhos.

— O que vocês pensam que estão fazendo com meu irmão? — Jimin falou alto, tentando se impor. — Se afastem dele!

— Ou o quê, gracinha? — perguntou o mais alto, empurrando Jimin com as duas mãos. Por pouco, ele conseguiu se manter firme sem cair sobre o caçula. — Vai fazer o quê?

Jimin sentiu uma onda de raiva tomando conta dele. Cada um de seus dedos se encolheu lentamente enquanto seu punho fechava, seus dentes cerravam e seu olhar encarava os deles com fúria.

A mão direita deslocou-se em alta velocidade em direção ao rosto do menino mais alto, que naquele momento não pareceu muito mais alto que Jimin. O impacto fez a mão de Jimin doer, mas ele sabia que isso aconteceria. Além disso, é claro, fez o rosto do menino virar. Os outros dois recuaram apenas alguns centímetros com a surpresa pelo inesperado golpe. O mais alto voltou seu rosto para a frente, com a mão direita na boca. Um pouco de sangue escorria pelo canto. Sua expressão era furiosa. Ele se preparou para reagir, mas os sábios amigos o seguraram, pois sabiam que uma reação dentro do colégio só pioraria as coisas. Jimin também sentiu os braços de Taehyung e Hoseok se colocando na frente dos dele, mas como não tinha intenção de fazer mais nada (e também não aparentava querer continuar), não havia muito empenho em segurá-lo, apenas em ficar alerta.

— É ISSO O QUE VOU FAZER SE ENCOSTAR NA MINHA FAMÍLIA DE NOVO! — gritou Jimin, sentindo com mais força a presença da barreira.

Cada vez mais alunos se juntavam ao redor da briga que não continuou. Logo em seguida, apareceu um funcionário que inspecionava o pátio no momento.

— O que está acontecendo aqui?

— Eles querem brigar — disseram alguns alunos avulsos.

— Eu não quero saber de brigas neste pátio. Os dois estão advertidos. Seus pais serão notificados. Vão para a enfermaria, os dois.

— Eu não preciso — disse Jimin, sacudindo sua mão direita. Estava internamente orgulhoso por mandar o valentão para a enfermaria e não ter que acompanhá-lo. Ele se virou para trás, segurou Jungkook pelas axilas e o levantou. — Você está bem, grandão?

Jungkook assentiu com velocidade, embora ainda estivesse boquiaberto. Em seu interior, Jungkook não sabia o que sentir. Estava impressionado pela valentia do irmão mais velho, mas ainda assustado com o que acontecera antes. Ele não conseguia compreender muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que seu irmão havia feito algo muito grande por ele.

— Então está tudo certo — disse Jimin. — Quer lanchar com seus irmãos?

Jungkook assentiu novamente, agora sorrindo. Jimin também sorriu e abaixou para que o pequenino subisse em suas costas. Ele andou em direção à mesa onde as lancheiras haviam sido abandonadas, seguido de perto por Taehyung e Hoseok.

— Uau — soltou Hoseok. — Isso foi incrível, Jimin.

Jimin só sorriu fragilmente. No fundo, desejava que aquilo não tivesse sido necessário.

— Ninguém mais vai mexer com a minha família enquanto eu estiver olhando. E você está incluso nisso, você sabe.

— Eu queria poder fazer alguma coisa assim.

—  É um bom rapper, hyung — lembrou Jimin.

—  Alguma coisa realmente útil.

—  Você pode. Só que não descobriu ainda.

Uma boa batida tocava no carro, mas o volume estava baixo. Ninguém ousava falar nada, nem mesmo o sempre-agitado Jungkookie.

— Então, Jimin, como foi o colégio? —  perguntou Namjoon, com os olhos no trânsito.

— Tudo certo.

— O que aconteceu com sua mão?

Jimin olhou para a sua mão. Não tinha reparado os círculos avermelhados que se formaram nas áreas de impacto. Ele deslizou a mão para o lado do carro para que Namjoon não pudesse ver, embora soubesse que já era tarde demais.

— Não foi nada.

— O colégio ligou lá pra casa, Park Jimin, Vai contar o que aconteceu ou não?

— Ele protegeu o Jungkook — disse Hoseok, mesmo sabendo que não era muito educado responder uma pergunta que não havia sido dirigida a ele. Ele sabia que Jimin nunca falaria com aquelas palavras. A expressão de Namjoon pareceu mudar pelo retrovisor.

— Como assim, Jimin? O que aconteceu?

— Uns idiotas empurraram o Kookie e ficaram mexendo com ele. Eu mandei eles pararem. Então, um deles me empurrou e eu dei um soco. Foi só isso.

—  Só isso? —  perguntou Namjoon, com a voz alta. Os meninos não saberiam se ele achava muito ou pouco. — Jiminie... Você defendeu o seu irmão.

— Não é isso que eu devo fazer? Vocês não vivem dizendo que é dever dos mais velhos proteger os mais novos?

— Sim. Sempre dissemos isso. Você fez o que tinha que fazer. — Namjoon deu dois tapinhas leves na coxa de Jimin, mantendo seu olhar no trânsito. — Você fez o que era certo, meu filho.

Namjoon encostou o carro próximo à calçada.

—  Não vai colocar o carro pra dentro? — perguntou Taehyung.

—  Está fazendo um barulho estranho. Vou levar ao mecânico aqui do lado. Espero que consiga pegar amanhã a tempo de levar vocês.

—  Sorte ter um mecânico aqui perto — comentou Taehyung.

—  Sim, Tae. Levem suas coisas e expliquem à Omma o que me contaram.

Os meninos tiraram Jungkook da cadeirinha, pegaram as mochilas e lancheiras e entraram na casa. Jungkook já tinha se acomodado novamente nas costas de Jimin, cuja mochila era levada por Taehyung. O irmão do meio não parava de sorrir vendo os dois.

Hoseok abriu a porta da casa para que os outros, com as mãos ocupadas, pudessem entrar. Yoongi estava dormindo no sofá maior. As malas haviam sumido do canto, e uma caixa de primeiros socorros havia surgido na mesa de centro. Hoseok fechou a porta. Eles deram poucos passos antes que Jin surgisse correndo com seu avental "Kiss The Cook".

— Crianças! — exclamou ele, não muito alto para não acordar Yoongi, enquanto andava depressa para perto deles. — O que...

— Jimin protegeu Kookie —  disse Taehyung, sem ao menos esperar que a dúvida se verbalizasse.  

Jin piscou, enquanto sua boca se mantinha ligeiramente aberta. Ele olhou de Jimin pra Jungkook e de Jungkook pra Jimin.

— O quê? Mas... Vocês estão bem?

—  Siiiiim — disse Jungkook, feliz nas costas do irmão.

— Jimin? Deixa eu ver sua mão.

Jimin deixou Jungkook descer e mostrou a mão.

— Precisa de remédio.

—  Eu tô bem, Omma...

—  Ainda precisa de remédio! Pede pro seu Ap... Ah, ele foi levar o carro. Eu só vou tirar a sobremesa do forno, antes que queime e já venho passar...

—  Posso fazer isso, Jin Ajussi — disse Hoseok. Os quatro olharam pra ele.

—  O quê? —  Perguntou Jin, sem entender.

— Está ocupado na cozinha, pode deixar que eu cuido do Jimin,

—  Mas você sabe fazer isso?

—  Sabe — disse Yoongi, que ainda estava meio dormindo. — Ele sabe.

A expressão de Hoseok tornou-se um pouco mais triste. Ele olhou para pai deitado no sofá, porque sabia que ele estava pensando a mesma coisa. Os dois sabiam que Hoseok podia cuidar de ferimentos. Os dois se lembraram daquela madrugada, uma semana atrás, em que Yoongi chegou em casa bêbado, sangrando, com um olho roxo. Ele reclamava da vida, mas estava destruído. Só se jogou no sofá. Hoseok tinha ficado apavorado ao ver aquilo. Não podia acreditar que seu pai era um maldito bêbado. Mas sabia que teria que suportar aquele hálito horrível para fazer alguma coisa. Mesmo que Yoongi protestasse, mesmo que tentasse desviar, Hoseok fez tudo o que pôde. Cuidou do olho roxo. Limpou cada ferida. Por mais que ardesse, por mais que ele gritasse, por mais que tentasse se desvencilhar. Por mais que Hoseok chorasse. Não estava acostumado com aquilo. Aquele pai, aquela casa, aquele monte de machucados... Mas estava acostumado às feridas. Era ele o único a cuidar de sua mãe doente e, pela incapacidade dela, dele mesmo, quando era necessário. Cuidar do pai irresponsável naquela casa minúscula, escura e malcheirosa era ainda pior com a lembrança da mãe.

— Então faça isso, por favor, Hoseok. Tudo o que precisa está na maleta — disse Jin, já se afastando de volta para a cozinha.

— Sente — pediu Hoseok a Jimin. Os dois sentaram no sofá menor, perto da maleta.

— Vou levar o Kookie pro quarto — disse Taehyung, se afastando com o caçula.

Hoseok cuidou dos ferimentos de Jimin, que não eram nada comparados aos de Yoongi naquela noite. Embora não fosse preciso, ele cobriu os machucados, pois sabia que Jin iria preferir assim.  Jimin olhou para sua própria mão.

— Obrigado, hyung — disse ele, satisfeito. — Eu disse que iria descobrir, não disse?

— Foi mais rápido do que eu pensei.

Hoseok olhou de novo para Yoongi, que embora deitado, se mantinha observando seu filho. Jimin pareceu notar que precisavam conversar, pois disse:

— Vou ver se V está precisando de alguma coisa — ele pronunciou V com ênfase no novo nome, como se fosse uma piada. Hoseok sorriu, embora não tivesse olhado para ele.

— Desculpa — sussurrou Yoongi, quando Jimin foi embora.

Hoseok não sabia o motivo daquele pedido. Poderia ser qualquer coisa, desde “desculpa por te observar enquanto trabalhava” até “desculpa por ser um péssimo pai”. Ele resolveu não pensar em nada disso, pois não importava o que fosse, sua resposta seria a mesma.

— Eu estou bem.

Hoseok se levantou e foi em direção ao corredor onde todos tinham entrado. Mas parou ao ouvir nitidamente seu pai dizer.

— Você sempre fala isso. Mas eu sei que nunca está, Hoseok. Desculpa.

Hoseok olhou para o pai. Ele tinha sentado no sofá. Sua cabeça estava enterrada nas mãos. O menino aproximou-se lentamente, e ouviu murmurar.

— O que eu tô fazendo da minha vida...? — Yoongi olhou para Hoseok, parado ao lado do sofá. — O que eu tô fazendo da sua vida? Eu não... Eu não queria...

Yoongi apoiou a testa na mão direita. Hoseok percebeu que seu pai, assim como ele, queria derramar algumas lágrimas.

— Eu também não queria — disse ele, sentando-se ao lado do pai. — Mas, quando as coisas não vão como desejamos, não adianta se lamentar. Só adianta lutar para que tudo fique mais parecido com o que queremos.

Hoseok recostou no sofá e fechou os olhos.

— E o que você vai fazer? — perguntou Yoongi, com os olhos ardendo. Hoseok não abriu os seus.

— Por enquanto, só dormir. Depois eu penso em alguma coisa, Appa.

 

— Nhonhonhonhonhonhonhonho... — Hoseok acordou com a voz (barulho) de Jimin, e o sentiu fazer cócegas em seu pescoço.

— Ah! — protestou ele.  — Jiminie!

Jimin sorriu por ser chamado assim pelo primo.

— Acorde, J-Hope.  Vamos fazer alguma coisa legal!

— Tipo o quê? — disse ele, esfregando os olhos.

— V está nos chamando para jogar videogame.

— Videogame? Tá... — Hoseok estava sonolento — Eu...

Taehyung apareceu do nada e segurou os braços dele, puxando-o.

— Não existe não para essa proposta, hyung!

— Acho que ele preferia uma batalha de rap! — brincou Jimin.

— Não, nada de Rap Battle. Hoje vai ser Mortal Kombat!

— Nada disso — disse Yoongi, chegando pelo corredor com as mãos nos bolsos.

— O quê? — perguntou Taehyung. — Vai nos impedir de jogar?

— Não, não. Só mudar o jogo mesmo.  Tem uma praça aqui perto...

— O que está aprontando, tio Yoongi? — perguntou Jimin.

— Para com esse negócio de Yoongi. Agora eu sou Suga.

— Suga? Esse é seu apelido?

— Meu nome de palco, Taehyung.

— V — corrigiu.

— Vamos fazer assim: iremos todos para a praça para uma partida rápida, e na volta vocês jogam esse videogame.

— Acho uma boa proposta — disse Jimin. — NÉ, NÃO,V?

— Ô, proposta de ouro.

— Então se preparem. Coloquem umas roupas confortáveis. Eu vou pegar a bola.

— Que bola? — perguntou Taehyung.

— De basquete, ué.

O começo da noite foi muito divertido. Yoongi, Hoseok, Jimin e Taehyung foram para a praça perto de casa. Namjoon tinha voltado a pé do mecânico e estava ajudando Jin com as tarefas da casa, e também a cuidar de Jungkook. Na praça, eles jogaram bastante basquete. Por sorte, a quadra estava vazia e eles ficaram bem à vontade. Hoseok acabou fazendo alguns passos de dança para comemorar sua primeira cesta, o que chamou a atenção de Jimin.

— Então você também dança?

— Quê? Não! Isso foi só...

— Que isso, J-Hope? — perguntou Taehyung. — Pare de inibir seu talento.

—  Eu não inibo, só não exibo. Eu praticava, mas ultimamente...

—  Então vai voltar, — disse Jimin —  porque eu pratico. Podemos fazer isso juntos.

—  Acho que isso vai ser ótimo — disse Yoongi. —  Eu também gostaria muito que você praticasse rap comigo.

—  Rap? — perguntou Hoseok, receoso. —  Com você?

—  Por que não?

Hoseok sorriu.

—  Nada não, Suga. Podemos praticar juntos.

— É, tio Yoongi... — Taehyung começou um comentário, mas foi interrompido.

—  Suga!

— Ah, tá. Então, Suga... Nossa, isso é estranho... Eu não sei como você se divertia antes de ter crianças incríveis pra te fazer companhia.

Yoongi poderia ter pensado nas suas diversões das madrugadas, mas foi além disso.

—  Eu costumava jogar com seu pai, antes dele se casar. Ele nem deve praticar mais. Desde então, eu tenho jogado sozinho.

— Que triste — comentou Jimin. — Sorte sua que não vai mais precisar fazer isso. Você tem a gente, agora.

Todos voltaram para casa cobertos de suor, e entraram ainda rindo das brincadeiras vocais e rappers que fizeram no caminho.

— Videogame agora? — perguntou Taehyung.

—  Seria uma boa — disse Jimin. Eles olharam pra Hoseok.

—  Claro — disse ele ainda rindo de tudo.

—  Uau — disse Namjoon, entrando na sala e rindo ao ver o estado dos quatro.  —  Vocês estão terríveis! Vão tomar banho antes que Omma Jin...

—  Antes que eu o quê? — eles ouviram a voz de Jin vindo pelo corredor. Ao chegar, constatou o estado dos quatro. — Tomem banho logo. O videogame está esperando.

Os três meninos se entreolharam, surpresos.

Depois de todos tomarem banho, Hoseok refez o curativo de Jimin no quarto de Taehyung, onde os três ficaram jogando partidas de Mortal Kombat, revezando as manetes. De repente, Jin apareceu na porta e encostou no batente, esperando alguma coisa. Depois de um tempo, Taehyung notou a presença de Omma Jin e pausou a partida.

— O que foi, Omma?

— Ué, você pausou? Não disse que jogo online não tem pause?

— E não tem mesmo... Não estamos jogando online, Omma.

— Hum. Entendi. Vamos, o jantar está esperando.

Foi um jantar comum. Jin comeu em muitos pratos e alimentou bem seu caçula. Os outros fizeram curtas batalhas de rap e até mesmo de canto durante o divertido jantar. As crianças continuaram brincando na mesa quando os adultos tiraram as coisas para a cozinha. Depois de um tempo, Jin apareceu e ficou de pé na ponta da mesa.

— Atenção, crianças. Como hoje foi um dia muito bom e todos vocês foram maravilhosos, ganharão sobremesas especiais.

Os quatro meninos ficaram animados, rindo e batendo palmas. Os Appas observavam da porta o processo de recompensação.

—  Primeiro, Taehyung. Hoseok me contou que dividiu seu lanche hoje. Parabéns, Taehyung, você ganhou... Morangos com chocolate.

Jin entregou a recompensa.

— Uau! São muitos morangos! E muito chocolate — Taehyung riu, feliz com o presente. —   Obrigado, Omma Jin.

— Agora, Hoseok, que ajudou a cuidar de Jimin e comeu tudo no jantar. Você ganhou uma barra de chocolate.

Jin estendeu a recompensa para Hoseok, que ficou boquiaberto. Ele olhou para seu pai na porta, e depois de volta para Jin. Finalmente, para o doce em suas mãos.

— Nossa... Eu...

— Nunca comeu chocolate, Hopi? — perguntou Jungkook, que novamente estava sentado à frente dele.

— Na verdade, eu comia todo dia. Minha Omma sempre me presenteava antes de dormir. —  Ele olhou com ternura para Jin. — Obrigado, Omma Jin.

Jin virou levemente a cabeça, um pouco surpreso, enquanto um sorriso se formava em seu rosto. Ele esperava que demoraria muito tempo para que Hoseok finalmente o chamasse daquela forma. Ele demorou alguns instantes para se recuperar e prosseguir.

— Então... O próximo é o nosso Jungkookie. Hoje, você se comportou bem, filho, então vai ganhar um pirulito de tutti-fruti.

— Uou. O meu favorito!

— Sim, o seu favorito. —  disse Jin, entregando o doce já desembalado.

— Obrigado, Omma Jin.

—  Finalmente, Jimin. Hoje você fez algo muito importante, Chim Chim, e sabe disso, não sabe? Você foi um herói para seu irmão, e tenho certeza de que ele não vai esquecer isso. Já agradeceu ao seu irmão, Kookie?

— Obrigado, Chim Chim — disse ele, sorrindo, realmente muito feliz. Jimin acariciou sua cabeça.

— Jiminie, você ganhou... bolo de maçã com recheio de chocolate, cobertura de chantilly... e uma cereja, é claro.

Jimin ficou boquiaberto quando Jin mostrou o pedaço gigante de bolo que ele tinha ganhado.

— Wow. Muito obrigado, Omma Jin.

— Todos vocês merecem. Terminem de comer e preparem as coisas para dormir, amanhã é outro dia!

Jin levou Jungkook no colo até seu quarto de paredes rabiscadas e brinquedos espalhados pelo chão. O pianinho estava fora do lugar. Só Jin e Namjoon sabiam que Yoongi tinha tentando voltar a tocar, pois havia muito tempo que não tinha contato com seu instrumento favorito.

O pequeno Jungkook, já de pijamas, foi colocado em sua caminha. Jin o cobriu e ligou a luminária que projetava estrelas por todos os cantos.

— Boa noite, Jungkookie.

— Boa noite, Omma Jin.

Jin saiu do quarto e encostou a porta. Quando abriu a porta do quarto de Taehyung, se surpreendeu com a bagunça. Os três estavam fazendo uma guerra de travesseiros.

— Mas o que é isso?

— Guerra de travesseiro? — perguntou Jimin, como se fosse óbvio.

— Já passou da hora de dormir. Já pro seu quarto, Jimin, e trate de acordar seus irmãos com uma guerra de travesseiros amanhã.

— Sim, senhor! Tchau, meninos.

—  Tchau, Chim Chim — disseram os dois.

—  E vocês, tratem de deitar.

— Estamos tão agitados! — protestou Taehyung. — Omma... Pode...

— Claro, Taetae. Deitem-se primeiro.

Hoseok obedeceu, embora não soubesse o que iria acontecer.

Jin foi até a porta e diminuiu a intensidade da luz. Sentou-se na ponta da cama auxiliar.

— A música se chama "Acordado".

Ele cantou a música, e cada um dos dois meninos se identificou. Seus olhos pesaram aos poucos. Hoseok ouviu "Você está realmente bem? Oh não". E se lembrou do que acontecera com seu pai mais cedo. Hoseok vivia dizendo que estava bem, mas estava péssimo. Aos poucos, sua nova família o estava fazendo melhorar. A música falava tudo o que eles estavam sentindo: vontade de ficar, de correr mais um pouco, e ao mesmo tempo, a certeza de que teriam que ir. Era hora de dormir.

Quando a música terminou, Taehyung e Hoseok tinham adormecido. Jin se levantou e fechou a porta. Quando olhou para o corredor, viu algumas estrelas de brilho fraco dançando no chão. Notou que estavam sendo projetadas do quarto de Jungkook, cuja porta estava completamente aberta, e ele tinha certeza de tê-la fechado.

Ele foi até lá. A luminária estava ligada, mas Jungkook não estava no quarto. Jin franziu o cenho. Procurou na sala e na cozinha, mas não o encontrou. Finalmente, abriu com cuidado a porta do quarto de Jimin. A fresta de luz que vinha do corredor onde Jin estava iluminou a cama, e o permitiu verificar Jimin dormindo abraçado ao seu irmão mais novo. Jin teve vontade de desmoronar com tanta fofura, e claro, com a constatação de que seus dois filhos estavam realmente mais próximos com o acontecimento da tarde. Jimin não fez aquilo apenas porque era seu dever, mas porque se importava com sua família. E Jungkook, por mais novo que fosse, estava sabendo reconhecer isso. Jin deduziu isso porque sabia que o próprio Kookie tinha se levantado e migrado para o quarto ao lado, pois deixara a luminária acesa e a porta aberta.

Jin cobriu a mão com a boca e ficou observando por alguns segundos a mais pura beleza de sua família. Finalmente, fechou a porta com o mesmo cuidado. Passou no quarto de Jungkook para desligar a luminária e fechar a porta, e foi atrás de Namjoon. Passou pelo quarto de hóspedes, onde Namjoon estivera preparando a cama de Yoongi, mas a porta fechada indicava que ele já deveria estar em seu quinto sono. Também foi para a suíte, mas Namjoon não estava lá.

Então Jin tomou a decisão que mais fazia sentido, e foi para a biblioteca.

Uma música muito suave e bonita tocava baixinho no cômodo. Namjoon estava sentado no lado esquerdo da poltrona da biblioteca, próximo à mesinha que não continha mais o álbum de casamento. Jin se aproximou, e Namjoon indicou o lugar ao seu lado para que ele se sentasse. Jin sentou ao mesmo tempo em que Namjoon estendeu seu braço para abrigá-lo. Juntos eles observaram as fotos do álbum, uma por uma, durante alguns minutos. Eles dois tinham ficado lindos naquelas fotos.

— Estou tão cansado — disse Jin, cujos olhos já estavam quase fechando.

— Não se preocupe, bae. Amanhã vai ser melhor.

— Como pode ter certeza? — Jin se aconchegou um pouco mais na poltrona. — Somos sete agora, Namjoon...

Namjoon percebeu na hora que Jin havia adormecido, então teve o cuidado de sussurrar a resposta.

— Tenho certeza porque eu vou me esforçar. Mesmo que seja dever dos mais velhos cuidar dos mais novos... Alguém tem que cuidar de você, bae.

Namjoon fechou o álbum e o colocou no lugar. Como todo o cuidado possível, ele acomodou Jin em seus braços e levou-o para o quarto. Nunca tinha se empenhado tanto para fazer uma coisa sem causar nenhuma destruição, por menor que fosse. Ele arrumou Jin na cama cuidadosamente, colocando travesseiros e cobrindo-o com uma manta. Depois, ele mesmo se deitou, e deu uma última olhada para Jin. Mesmo que não fosse possível ver muito com a luz apagada, o luar que entrava pela janela era suficiente para que Namjoon observasse a beleza de Jin e sorrisse.

— Amanhã vai ser melhor, bae. Eu prometo.


Notas Finais


E então? Por favor, deixe seu comentário com sua opinião!
Infelizmente, não haverá continuação, mas você pode conferir a minha história maior sobre BTS, Bulletproof Wings.
Obrigada pela atenção!


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