1. Spirit Fanfics >
  2. Barcos de Papel >
  3. Fotossíntese

História Barcos de Papel - Fotossíntese


Escrita por: LenittaT

Notas do Autor


ME PERDEM, NÃO ME ODEIEM POR FAVOR! Eu sei que mereço apanhar pela demora, não nego. Eu sumi por muito tempo, não conseguia escrever e tava tudo meio horrível pra mim. Mas eu me dei uns tapas na cara e trabalhei nesse capítulo nos meus tempinhos livres desde o começo do mês. Nos vemos lá embaixo?
beijinhos beijinhos

Capítulo 5 - Fotossíntese


Fanfic / Fanfiction Barcos de Papel - Fotossíntese

Dor de cabeça.

 

Ainda sem abrir os olhos Yuri levou as mãos à cabeça, parecia que seu cérebro havia sido retirado e em seu lugar estava um enxame de abelhas, todas irritadas e zumbindo furiosamente.

 

Olhos ardendo.

 

Abrir os olhos, por mais rápido que tenha sido, foi uma decisão péssima. Havia um fino tecido sobre a parte de baixo de seu corpo, rapidamente usou-o para cobrir a cabeça.

 

Náusea.

 

O cheiro de vinho que havia ficado impregnado no tecido inundou seus sentidos. Descobriu-se rapidamente e segundos antes de gorfar no próprio tapete viu um balde preto, que deveria estar em sua lavanderia. Puxou-o e esvaziou o conteúdo de seu estômago ali.

Alguns fios de seu cabelo haviam caído em frente á seu rosto. O gosto e o cheiro de vômito estavam fortes para ele. O nojo de seu próprio cabelo só não era maior do que a necessidade de deitar novamente.

 

Sede.

 

Limpou a boca com o tecido de sua camiseta e ficou mais alguns segundos com os olhos fechados. Sua boca estava seca, a língua incomodava dentro da boca. Olhou para o teto e ficou considerando se valia a pena levantar para buscar água. Talvez um banho…

Seus olhos pousaram sobre um copo de vidro que estava na mesinha de centro. Bebeu todo seu conteúdo de uma vez, arfando em busca de ar colocou-o sobre a mesa novamente.

 

Mal estar.

 

Seu estômago doía um pouco, ele virou o corpo em uma posição mais confortável e antes de sua cabeça tocar o sofá ele já estava dormindo.



 

O cheiro de café foi a primeira coisa que percebeu. Além, claro, do fato de que estava no sofá de sua casa, cheirando a vômito e morrendo de sede.

Lembrou-se da noite anterior. Sentiu seu rosto ficar quente ao pensar no que havia feito, não imaginava que iria tão longe para apenas acabar dormindo (mesmo com todo o tesão que estava sentindo), nos braços de outra pessoa. Alguns barulhos vieram da cozinha e seu coração falhou uma batida. 

Otabek não havia ido embora?  

O balde já não estava ao lado do sofá, outro copo cheio estava no lugar do que ele já havia bebido. Seus olhos correram para a porta da cozinha mas ele não conseguiu ver ninguém.

Agradecendo por não precisar dar aula naquele dia levantou calmamente e foi em direção ao banheiro.

Depois de fechar a porta ele ligou o chuveiro, deixou a água correndo enquanto olhava por alguns segundos o vapor se formar. A luz do sol entrava pela janela e tornava visível algumas gotículas que flutuavam para longe do fluxo que caía.

Despiu-se lentamente e colocou uma pequena porção de pasta de dente em sua escova. Já escovando os dentes ele entrou debaixo da água e ficou parado ali por alguns segundos.

Apenas depois que seu vidro havia embaçado completamente ele enxaguou a boca e começou a lavar o cabelo.


 

A porta do armário tinha ficado aberta enquanto Yuri encarava as roupas de longe, sentado na cama. Ali estavam dezenas de cabides com diversos tipos diferentes de roupas. Na parte de baixo ele organizava seus sapatos. Mesmo que a maioria permanecesse jogada pelos contos do quarto quase sempre.

Por fim decidiu usar as peças que ainda estavam jogadas na cabeceira, uma calça larguinha cinza e uma regata preta.

Seu estômago reclamou de fome ao sentir o cheiro de pão sendo feito na sanduicheira, porém, toda a expectativa que estava sendo construída foi despedaçada quando, ao invés de um corpo baixo e musculoso e cabelos morenos, ele viu braços longos e cabelos platinados.

Logo Victor havia virado em sua direção e sorria estendendo-lhe um copo de café preto, na mesa estavam alguns remédios para ressaca e dor de cabeça.

 

Sem que ele percebesse, o mais velho já havia começado a falar sobre Yuuri.

“Meu Yuuri isso”, “Meu Yuuri aquilo”.

Não que ele não estivesse feliz por seu amigo, mesmo que ele soubesse que eles não estavam namorando e que Victor provavelmente exagerava sobre ao menos metade daquela história toda, mas não conseguia evitar o sentimento de inveja que o percorria.

Havia sido tão rápido e suave entre os dois. Mal começaram a  conversar e já se viam todos os dias.

Enquanto ele quase não tinha tempo para investir em Otabek. Sabia que tinha chances pois sempre passava horas conversando por celular e… Aquele último encontro… “Bem”, pensou ele; “nós não demos nome nenhum a nada… Ainda. Mas era óbvio que era um encontro.”

O jeito que o moreno olhava pra ele lhe causava arrepios, as vezes, quando o outro sorria para algo no celular, ele tinha que se controlar imensamente para que não sorrir junto.

Era difícil de manter a linha. Suas reações à Otabek estavam fora de seu controle.  Ainda mais por ser algo tão novo e diferente, ele estava a tantos anos se afastando emocionalmente de todos que tivessem mais de 10 anos de idade que lidar com seu “pequeno cruch” não estava sendo fácil.

Ele não tinha certeza do que esperava do outro. Mas tinha certeza que não era isso, ser deixado em seu sofá, sozinho… Ele não estava fazendo jogo difícil, se tem uma coisa que não estava fazendo, era dar uma de difícil. Será que ele não era atraente o suficiente aos olhos do outro, não era válido nem para uma trepada?

OK. Ele sabia que não era isso. Mas sua raiva apenas ignorava o fato de que ele não lembrava exatamente o que havia acontecido. Ele só sabia que não tinha tranzado. ISSO ele saberia se tivesse acontecido.

Enquanto pensava se devia culpar o moreno por algo, se devia mandar uma mensagem de desculpas ou apenas esperar, percebeu que Victor havia parado de falar. No momento que seus olhares se encontraram o outro voltou a falar, sua expressão escondia um sorriso de quem sabe de alguma coisa.

 

_ Parece que a noite de alguém foi boa ontem… Encontrei algumas garrafas de vinho no chão da cozinha e isso aqui…

Nas mãos do mais velho estavam as chaves do estúdio de tatuagem.

_Tisc Tisc, o que meu Yuuri iria pensar se soubesse que seu funcionário anda largando as chaves de seu estúdio na casa do namorado?!

_Ele não é meu namorado…! - Queria brigar, mas depois de receber um prato com pão, queijo e presunto, limitou-se a lançar um olhar bravo enquanto mastigava. Apenas após terminar todo seu sanduíche continuou: - E você não tem nada a ver com isso, além do mais, o que pensa que está fazendo aqui essa hora da manhã?!

_Querido, você ao menos sabe que horas são? - Victor respondeu sem virar-se, estava terminando de preparar outro lanche para o loiro.- Eu cheguei pouco antes de você levantar para tomar banho. Seu porteiro me deixou subir, eu bati na porta mas você não respondeu, ela estava destrancada e eu entrei.

 

O relógio da cozinha mostrava que já passava das 15:00h.

 

_Ok, não importa que horas são. Eu vou comer e voltar a dormir. A menos que você tenha um remédio para dor de cabeça ai com você, já pode ir embora.

_Uoouch, eu também tenho um coração sabia?! Mas tudo bem. Pelo jeito que você estava cambaleando, deve precisar mesmo descansar de ontem. - Disse, erguendo e abaixando as sobrancelhas.

_Oqu- Eu. Agente nao…! VICTOR! - Depois de perceber o que o amigo estava insinuando sentiu seu rosto ficar todo vermelho, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa seu estômago reclamou e ele teve que conter a ânsia de vômito.

_Calma criança, eu tô só brincando! -- disse VIctor depois de controlar a gargalhada que dera em resposta ao afobamento do mais novo - E não faz diferença, você está cambaleando mesmo… Termina de comer isso e vai pra sua cama, chega de sofá.


 

A semana seguinte passou arrastada, ele estava evitando as mensagens de Otabek. Depois de acordar de mais algumas horas de sono havia uma chamada perdida e 3 mensagens do moreno.  

Mas seu orgulho já havia tomado conta o suficiente para que ele se convencesse que esse era o melhor. Se Otabek havia saído sem nem um bilhete...Não! Foda-se também. Ele não iria mais insistir.

Yuri era direto e tomava decisões rapidamente. Mas para sentir-se em posição de superioridade, não falou nada do que estava pensando ou sentindo. Manteve o canal de comunicação entre eles aberto mas respondia de forma vaga. Dispensou o convite para almoçar durante a semana falando que tinha que ficar na escola naquele dia, recusou o      convite para jantar no final de semana afirmando que o carro estava no mecânico e a casa bagunçada demais.

Enfim, foi dormir todos os dias pensando em como iria ignorar o moreno. Inconscientemente, refletindo sobre a forma que chamaria mais a sua atenção.


 

Algumas pessoas odiavam segundas feiras, Yuri não era uma delas. Claro que acordar cedo não era seu sonho de princesa, mas começar uma nova semana sempre o animava.  Teriam novos conteúdos para ele passar, novas brincadeiras para ensinar… E, principalmente, a energia das crianças estaria renovada. Por incrível que pareça, ele adorava aquela agitação e espontaneidade. Seu rosto quase sempre sério tornava-se suave e alegre sempre que estivesse perto dos pequenos.

 

Ele tinha que chegar antes dos alunos e acompanhar o professor(ou professora) da turma daquela semana. Como não era formado na área de educação infantil e seu trabalho oficial era o de acompanhar o lado psicológico das crianças, por meio de brincadeiras e atividades, ele não possuía uma turma específica. A cada semana mudava de grupo principal, ajudando em tudo que fosse preciso.

 

No cronograma para a turma daquela semana estava planejado que eles iriam estudar sobre plantas. Acordou mais cedo e começou a jogar em uma mochila tudo o que precisava para a atividade de hoje: copinhos de plástico, algodão e um saco de feijão pela metade.

 

Quando ele começou a explicar para as crianças o que elas fariam pode ver como algumas começaram a ficar agitadas em suas cadeiras, outras arregalaram os olhos e batiam palmas. Todas pareciam animadas com o projeto.

 

Sorrindo ele começou a entregar para cada aluno um copinho descartável e uma bolinha de algodão. Com a ajuda de outro professor organizou as crianças em um círculo no centro da sala de aula. Sentou com as pernas cruzadas junto delas e começou a contar a história do João e o pé de feijão.

 

Não podia acreditar que a maioria das crianças não conhecia aquele conto. Enquanto falava sobre a vaquinha de João elas faziam barulhos de negação e falam para ele não trocar a vaquinha. Quando ele contou sobre o imenso tronco e as folhas largas que surgiram das pequeninas sementes elas olhavam para o saco de feijão que estava apoiado em sua perna, cheias de expectativa. Algumas chegaram a pular para trás quando ele rugiu imitando o gigante do castelo nas nuvens!

 

“Tio Yurii, mas o João não pediu para pegar a harpa?!”

“Fica queto Pedro, ele não chego nessa parte ainda! Ele vai pedir sim!”

“Não vai não, Júlia, minha mãe já me conto essa história e no final……”

 

_Hey, o que eu disse sobre começar a brigar no meio das histórias? Vocês três, sentem de novo… Assim, isso. Muito bem. Onde eu estava mesmo?! Ahh, é verdade, você está certo! Ele não pediu e nem vai pedir. Ele estava roubando a harpa!

 

“A RÁ!!! EU DISSE!”

 

Depois disso todos começaram a conversar sobre como não era certo o que João estava fazendo e Yuri deixou que as crianças que sabiam (e algumas que não sabiam, mas que inventavam partes soltas) terminarem de contar a história.

 

Logo o sino do intervalo soou e todas quase que instantaneamente levantaram e foram correndo para fora da sala, copinhos e algodões esquecidos no chão.

Com um suspiro ele arrumou novamente as carteiras em filas e colocou sobre cada uma delas um copo e um algodão.

 

Sentou-se ao lado da janela com vista para a rua enquanto observava algumas pessoas caminhando do lado de fora. Era começo de primavera, os dias ainda estavam um pouco frios mas ele já podia ver as flores surgindo nas copas das árvores e o sol já esquentava cada dia mais.

 

Ele demorou para perceber que uma das crianças havia voltado e agora estava sentada no fundo da sala. As pernas na frente do peito e a cabecinha baixa nos joelhos. Quando agachou-se ao lado dela pode ouvir um “sninf”, uma tentativa de conter o choro.

 

_Matheus, o que foi, querido? - Alguns segundos depois de colocar a mão nas costas do pequeno ele foi atacado por um abraço. Agora a criança já não estava contendo o choro. Ficou alguns segundos fazendo carinho nas costas dele mas sabia que precisava fazer algo - Está tudo bem em chorar, mas você quer me falar o que aconteceu?

 

Um aceno negativo de cabeça. Enterrado em seu peito.

 

_Você quer que eu busque águ-

“NÃO, não vai!”

 

_Tá tudo bem, Math, eu to aqui.

 

Como ainda tinham cerca de 10 minutos de intervalo ele se permitiu ficar em silêncio por mais algum tempo.

 

Logo a criança havia parado de chorar e falava, ainda sem soltar o abraço.

 

“Eu não quero levar meu feijão pra casa. Minha mãe vai jogar fora de novo… Não quero, Tio! Eu sei que ela vai! Na outra escolinha eu levei, e, e… e ela disse que eu não ia saber cuidar. Ela volta muito tarde pra casa e eu não quero deixar ela brava de novo. Ela sempre grita, Tio, ela disse que não queria tralhas e, e eu tive que ficar sem nenhuma plantinha. Todo mundo riu de mim… Eles, eles, - Yuri escutava tudo em silêncio, seus braços mantinham o garoto perto, seus olhos estavam um pouco marejados.

 

Ele não queria ser o adulto responsável. Queria apenas abraçar aquele corpo pequeno que chorava silenciosamente, nunca mais soltar.

 

Ele lembrou de como era sentir que só atrapalhava, ver seu avô sempre bravo e pensar que era por culpa dele. Não tinha conta das vezes que esperou no portão da escola até escurecer, mas seu avô não poderia ir buscá-lo. Sabia que não era por mal e que ele precisava trabalhar. Depois de algum tempo ele apenas esperava seus amigos serem pegos e ia embora andando sozinho. Algumas vezes ele gritava sozinho e corria por toda a carra, outras, quando seu avô já estava lá quando ele chegava, esperava a hora de dormir para chorar encolhido em sua cama. Ele tinha saudade dos pais, se sentia culpado por dar tanto trabalho e tinha medo de ficar sozinho.

 

Sabia o mal que aqueles pensamentos faziam na mente de alguém tão pequeno. Yuri havia feito de sua mente seu próprio castigo por muito tempo, pensava antes como os outros iriam reagir do que se fazia mal pra ele. Mas com os anos e com várias sessões com um psicólogo ajudaram.

 

Depois de passar anos consultando com um tio de um amigo ele percebeu que era isso que ele queria fazer. Tentar ajudar outras pessoas a entenderem a própria vida. Alguns dias eram piores do que os outros, ele mesmo ainda tinhas momentos nos quais era atingido por uma tristeza enorme. Mas esses dias eram menos frequentes.

 

Enxugou uma lágrima e voltou o pensamento para a realidade. Não adiantava ficar ressentido por sentimentos de quando era menor. Tinha uma criança em seus braços que precisava de sua ajuda, passou a mão nos cabelos curtos do menino e pediu que terminasse de falar o que aconteceu.

 

“Eu falei que não tinha mais a plantinha e a professora ficou brava comigo, eles acharam que eu tinha matado ela de propósito. MAS EU NÃO MATEI, TIO! Eu não fiz isso! Eu cuidei dela por um dia todinho, eu coloquei no sol e antes do jantar coloquei algumas gotinhas de água, mas, mas… Mas no outro dia ela tava no lixo. Por baixo dos restos de comida e a semente tava quebrada!

_shiu, shiu… tá tudo bem, eu sei que você não fez isso. Olha pra mim. - depois de alguns segundos de silêncio dois olhinhos vermelhos olhavam para os seus. - Quando eu era pequeno eu também não cuidei de um feijão. E se a gente cuidar desse juntos? Nós podemos até dar um nome!  Nós podemos deixar na janela da sala dos professores e todo intervalo nós aguamos ele. O que você acha?

 

Enquanto ouvia as palavras do mais velho seu rosto foi ficando cada vez mais animado. Ao final da frase ele já estava de pé e puxando Yuri pela mão.

 

Depois que todos voltaram para a sala Yuri entregou uma semente para cada um e explicou o que fariam. Eles molhariam o algodão com algumas gotinhas de água e depois de colocar no fundo do copo eles colocariam a semente como se fosse uma caminha.

 

_Cada um de vocês vai cuidar do seu feijãozinho. Eu já colei um aviso na agenda de vocês e falei que é responsabilidade de vocês. Nada de ficar pedindo pra outra pessoa colocar água ou cuidar para receber sol sem secar.  

Quando todos já haviam arrumado seus materiais e ido brincar até a hora de ir embora, ele pegou na mão de Matheus e foram juntos para a sala dos professores. No fundo da sala, do lado direito da porta, havia uma janela na qual batia sol todo dia durante a manhã. Juntos eles escreveram em um papel :

 

“Humberto, o Feijão. Não mexer!”

 

Após terem certeza de que o mini vasinho(um copo de plástico) estava em um bom lugar, os dois saíram em direção ao pátio do colégio. Yuri ficou conversando com as crianças por algum tempo, logo o último pai veio buscar sua criança e a última van terminou de colocar os pequenos pra dentro. E assim acabou seu dia, acenando da porta da escola, cansado e feliz.


 

Não é preciso dizer que ele ama seu trabalho.





 

Victor observava às folhas que voavam com o vento. Era uma manhã agradável, a brisa suave batia em seu rosto fazendo com que seus cabelos se agitassem.

Ele estava sentado em um banco de madeira ao lado da pista de caminhada de um parque no centro da cidade. Alguns casais passavam, sorrindo e de mãos dadas. Algumas crianças passavam correndo e desviando agilmente dos que caminhavam calmamente.

Distraiu-se por alguns minutos enquanto ouvia conversas animadas de um grupo de amigos que passava por ali, algumas risadinhas e olhares direcionados para trás de si. Algumas meninas trocavam olhares entre sí enquanto tentavam esconder o rosto. Ele não julgava o intusiasmo quase bobo e via a leveza do ato; mais do que ninguém, sabia como era desenvolver crushs repentinos e arrebatadores. Quando decidiu dar uma espiada no objeto da atenção do grupo perto de sí um arrepio correu por suas costas.

 

Caminhando calmamente em sua direção estava Yuuri. Ele estava espetacular, Victor podia entender o interesse das meninas naquele moreno.

 

O homem brincava distraidamente com o fio de seu fone de ouvido, um modelo grande que cobria suas orelhas completamente. O professor sabia que o outro não fazia de propósito, mas usar jeans tão justos deveria ser considerado crime, principalmente, se você não percebe todos os olhares que são atraídos para suas coxas e bunda.

 

O clima fresco permitia que Yuuri usasse um moletom larguinho e com aparência confortável, as mangas erguidas até a altura dos cotovelos e a gola larga deixavam sua pele tatuada a mostra.

Quando percebeu o olhar de Victor o moreno apressou o passo e sorrindo tentou colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha, porém, ele apenas conseguiu tirar a touca que usava do lugar. “fofo” O platinado não conseguia parar de pensar, sorriu diante do olhar embaraçado do outro enquanto arrumava o cabelo.

 

Ficando de pé foi encontrar com o tatuador no meio do caminho. Erguendo sua mão esquerda abaixou os fones do outro, deixando-os apoiados em seu pescoço.

 

_Oi.

_Ah, oi Victor… Espero que não tenha te deixado esperando por muito tempo. Desculpa pelo atraso.

 

_Tá tudo bem, eu gosto desse lugar. E te esperar nunca é em vão. - Sentiu-se cada vez mais feliz ao ver uma cor rosada espalhando-se pelo rosto do outro  -  Você tá muito bonito. Eu tava com saudades.

 

_Mal cheguei e você já vai começar a me cantar, meu lindo? Mas obrigado, eu tive que ir comprar coisas pro estúdio junto com o Pitch…


 

“meu lindo”

 

“meu lindo”


 

”meu lindo”


 

Victor sabia que o outro estava apenas tentando esconder o próprio embaraçamento ao chamá-lo daquela maneira. Mas foi pego de surpresa pelo elogio. Eram raras as vezes nas quais o moreno estava no estado de espírito para jogar daquela maneira. Victor, como não poderia ser diferente, amava flertar.

Mesmo que estivesse quase sempre aparentando bom humor e nunca demonstrasse suas inseguranças, esse processo de flerte melhorava muito sua autoestima. Ver pelos olhos de outra pessoa a beleza que não via em si era seu vício. Ele costumava flertar e manter contato com várias pessoas ao mesmo tempo. Nunca se apaixonando ou firmando um relacionamento sério. Mas também, nunca sendo sincero e falando para o outro o que realmente esperava do relacionamento.

 

Depois de ter algumas conversas mais profundas com Yurio, estando os dois com o estômago cheio de comida chinesa e vinho, percebeu que estava sendo extremamente egoísta. Mesmo que no final ele nunca saísse como culpado ou mau, sempre acabava manipulando emocionalmente as pessoas com quem se envolvia romanticamente e nunca era responsável com os sentimentos alheios.

 

Você pode imaginar o choque que foi para sí quando percebeu que sentia algo diferente pelo homem de óculos que teimava em fugir de seus braços. Nunca longe ou perto de mais, sempre disponível mas nunca nas regras de Victor.

 

Como não se apaixonar por alguém assim? “Eu realmente não sei”

 

Pouco tempo depois de terem começado a se ver com maior frequência ele percebeu que já era tarde demais para tentar manter o relacionamento distante que geralmente levava com as pessoas que se envolvia.

 

Para a maioria de nós a parte difícil dos sentimentos é admiti-los e demonstrá-los para a OUTRA PESSOA. Porém, Victor estava acostumado a falar e demonstrar abertamente, não necessariamente a sentir.

No caso dele, admitir para SI MESMO que havia algo de diferente ali era a pior parte. Saber que não entraria e sairia dos braços desse homem em particular ileso, como havia feito tantas vezes antes, com tantas pessoas outras.

 

Não que ele tivesse falado abertamente com Yuuri acerca de seus sentimentos. Ao contrario do que sempre fazia, havia decidido agir em silêncio, não falando palavras vazias ou sendo mais exagerado do que de costume. Yuuri era sensível e poderia fiar assustado com a intensidade de Victor.

 

Pensar nisso fazia seu peito doer um pouco, mas só de olhar para o rosto sincero e animado que o encarava já o animava, e assustava, novamente.

 

Quando antes havia considerado tanto uma outra pessoa? Mas não, não era “outra pesso”, era seu Yuuri, e ele tinha ficado muito tempo imaginando como seria poder conversar com esta pessoa novamente. Não desperdiçaria sua chance.

 

-... ele sempre me faz ficar esperando enquanto olha todas as novas joias, quando no final nós dois sabemos que ele vai comprar quase tudo nas versões mais comuns e -






 

Depois de ter contado boa parte de como havia sido seu dia até aquele momento Yuuri, que estava gesticulando e olhando para frente(tentando evitar as crianças que corriam e bicicletas que cruzavam entre pedestres), perdeu a linha de raciocínio ao olhar para Victor e perceber que não estava sendo escutado. A quanto tempo estaria ele falando sozinho? Sabia que o outro deveria ter mil coisas melhores para fazer e tagarelar sobre alguns piercings talvez não fosse sua melhor decisão. Mas o outro tinha parecido tao interessado no começo… Essa inconstância de Victor confundia e frustrava-o. Ele odiava isso.

 

Naquelas ultimas semanas os dois pareciam cada vez mais íntimos e Yuuri desejava cada vez mais passar um tempo maior com o professor.

 

Mas eram em momentos como esses que sua insegurança tomava conta de si. Em momentos nos quais os dois estavam em algum encontro e alguem do passado de victor aparecia para cumprimentar. Sempre muito amigaveis e cheios de toques com Victor, porém, ele nao podia deixar de sentir o olhar de dó que alguns lhe lançavam…

 

Victor parecia ter percebido sua pausa repentina e olhava-o com uma sobrancelha erguida.

 

_desculpa, eu estava falando sem parar sobre coisas que nem devem te interessar. - antes que Victor pudesse responder, coisa que ele percebeu que o outro iria fazer, continuou - mas enfim, você disse que hoje queria fazer algo diferente. O que tinha em mente?

 

Victor parecia inquieto e tentado a contradizer o início de sua fala, porém, assim que ouviu a continuação seu rosto ficou iluminado.

 

_Hoje eu queria que você conhecesse alguém muito importante pra mim, nós estamos juntos a muito tempo e, bem… Eu não sabia como voce iria reagir ou se ele iria gostar de você. Eu nao o apresento pra muita gente, entao ele é um pouco tímido. Mas ultimamente… Acho que está mais do que na hora de voces se conhecerem!

 

Espera, o que? Quem? COMO ASSIM?!

 

A mente de Yuuri estava dando voltas. Sem conseguir pensar em uma resposta ele se deixou puxar pela mão por um Victor extremamente animado.





 

Assim que Victor abriu a porta de seu apartamento Yuuri pode ver como este era lindamente decorado, vários objetos de decoração podiam ser vistos mesmo da porta. Victor olhou para ele sorrindo por alguns segundos e depois assoviou.

 

Não era um homem barbudo de meia idade vestindo um robe de seda.

Não era uma senhora de idade com os mesmos olhos de Victor.

Não era uma criança com o cabelo platinado que corria em sua direção.

Não.

 

Era um grande, bege acinzentado, com pelo enrolado e a língua de fora, cachorro.

E um cachorro que vinha correndo em direção a ele. Ou melhor, em direção a Victor, que agora estava agachado e assim que pode começou a fazer festinha para o animal.

 

Ver o outro homem agachado, com um sorriso enorme dos lábios e com os olhos brilhando, olhando entre ele e o cachorro em seus braços fez horrores com seu coração. Ignorando as o pulsar que agora parecia estar em sua garganta agachou-se também e esticou a mão para que pudesser ser cheirada e lambida.

 

_Como ele ainda não aprendeu a falar nosso idioma, vou fazer as honras e apresentá-lo. - Ele não podia deixar de notar como Victor parecia aliviado por o cachorro estar agora apertando a cabeça na barriga dele, Isso fez com que perdesse o equilíbrio. Caiu de bunda no chão para fora do apartamento. - Makkachin!!!! Oh meu deus!

 

Os dois estavam rindo quando Victor ajudou-o a ficar em pé novamente. Juntos entraram no apartamento e fecharam a porta.

 

_Bem, esse é meu cachorro e melhor amigo há anos! - Victor havia sentado em um sofa e fazia carinho na cabeça de Makkachin - Achei que você fosse gostar de conhecê-lo… Eu nâo tenho um pai ou uma mãe real que morem neste continente que você possa conversar… Bem, eu também não falo com eles na verdade! - Yuuri havia caminhado até o assento ao lado e ouvia em silência. Depois de rir sobre o que havia dito, Victor continuou - Mas enfim. Yuuri Katsuki, esse é o Makkachin. Makkachin, esse é o Yuuri.

 

Ao ouvir seu nome o cachorro ergueu a cabeça e latiu. Animado levantou-se e foi em direção a cozinha.

 

_Hey! Eu não quiz diser que era sua hora de comer! - Victo levantou rindo - Yuuri, já volto. Vou servir esse garoto impaciente. Você quer algo para beber?

 

_Ah, sim. Uma água ou suco, por favor.

 

Com um acena Victor deixou o ambiente. A cabeça de Yuuri estava confusa e ele não queria deduzir mais do que seria o ideal. Não queria pensar no que aquilo significava. “Conhecer os pais dele? Isso é para coisas sérias e , bem, pelo que me contaram sobre o Victor, não é assim que funciona.

 

Depois de semanas evitando ter encontros tanto em sua casa como na de Victor, ali estava ele. Sentado no sofá esperando por ele. Quantos antes estiveram ali antes dele? Quantos estiveram em seu lugar, felizes por conhecer um homem quase perfeito como Victor porém, evitando pensar no medo de serem apenas usados e descartados?

 

Ele se sentia como uma presa, burra e inocente, que havia entrado de bom grado na armadilha preparada.

 

Seus olhos pousaram sobre alguns porta retratos em cima de uma mesinha encostada à parede. Caminhou até lá e observou algumas das fotos. Diferente da maioria dos ítens que pode observar naquela casa, as fotos pareciam fora de lugar, uma completamente diferente da outra. Quase tudo ali era impecável, porém, não transmitia pessoalidade. Parecia uma casa saída de alguma revista de móveis, porém, quase não parecia que alguém vivia ali.

 

Algumas das fotos eram de Victor com Makkachin, outras com Yuri e mais algumas com  pessoas que ele não conhecia. Todos sorrindo em frente a uma escola. Na verdade, haviam quase nove fotos daquele jeito. Todas com pessoas diferentes. Várias eram com crianças, essas seguravam uma placa com o ano e a respectiva turma. Victor ao canto sorrindo e usando um jaleco. Entre elas havia algumas com outros professores, deduziu ele, quase todos de jaleco e em poses engraçadas.

 

Enquanto sorria para as poses ridículas que Victor fazia em algumas delas, ouviu os passos do outro homem e logo havia braços em volta de sua cintura. Um hálito quente sendo soprado em seu ouvido quando o outro falou;

 

_Olha só quem está bisbilhotando... E ainda por cima, rindo! eu sei que 2013 não foi meu melhor ano, mas ainda sim dói! hahaha - os dois estavam rindo. Diante do calor emanado por Victor, Yuuri relaxou contra seu peito.

 

Logo beijos calmas e lentos estavam sendo plantados em seus ombros, pescoço e orelha. A sensação era ótima e fazia com que o tatuador apenas quisesse fechar os olhos e aproveitar. Deitou a cabeça de lado para dar mais acesso ao homem atrás de si.

 

Ele não pensou em nada além dos lábios de Victor em sua pele por um bom tempo. Logo mãos ágeis estavam passeando por seu abdome e encontraram o caminho para debaixo de seu suéter.

 

Porém, quando as mãos do outro tocaram a pele logo abaixo ao elástico de sua cueca, o som de seu próprio suspiro baixo o tirou do transe que havia entrado.

 

_Victor… - Disse ele, abrindo os olhos e colocando as mãos sobre as do outro.

 

_Huuuum?

 

_Eu não… Não quero que seja assim…

 

Entendimento logo caiu sobre o professor. Retirando suas mãos de debaixo das roupas do outro ele virou Yuuri até que eles estivessem se encarando.

 

_Quer que seja, assim? - Yuuri conteu o arrepio que passou por seu corpo ao sentir as pontas dos dedos de Victor passarem por seu pescoço e irem em direção ao seu cabelo. Uma das mãos do outro guiava a sua para o próprio peito. Ele pode sentir os músculos, mesmo por cima da camiseta, que desenhavam o corpo de Victor. Sozinha sua mão passeou um pouco, seus olhos abaixados para onde as mãos dos dois estavam conectadas sobre a cintura de Victor.

 

Quando ergueu seu olhar não conseguiu reconhecer a expressão no rosto do outro. Apreensão? Dúvida? Felicidade? Uma mistura das três e mais algumas coisas que não conseguiu nomear.

 

Logo os lábios de Victor estavam sobre os seus e nada mais restava em sua mente. A não ser, claro, o próprio Victor.

 

Por que ele tinha que ser tão inebriante e atrativo?

 

O beijo era suave e sem língua. Vários selinhos se seguiram até que ele sentisse a boca do outro abrir-se um pouco mais, tentando aprofundar o beijo. Quando Victor, segurando-o pelo ombro, caminhou de costas até estar encostado na parede, agora sendo prensado por Yuuri, é que ele percebeu que o outro não havia entendido.

 

Novamente mãos estavam passeando por todo seu corpo, suas pernas um pouco bambas e o rosto quente. Mas ele sentia-se  manipulado. Fora guiado novamente para os braços do outro. Talvez não na posição de submissão, mas ainda sim, sentia-se sob o domínio dos lábios e mãos ágeis de Victor.

 

_Victor! - Desprendeu-se e caminhando para longe passou uma mão tentando arrumar os fios de seu cabelo. - Eu não quis dizer isso. Eu não ligo muito para quem… Enfim, o que tentei falar, foi: Eu não sei se é esse tipo de relacionamento que eu quero agora. Eu estou amando sair com você, mas para tranzar hoje e depois nos afastarmos, prefiro que nem tenha isso… Entende?

 

Havia considerado não jogar essa informação tão crua, mas achou melhor ser sincero. Mesmo que não tivesse sido rude, pode ver o rosto paralisado do outro. Os olhos focados em algo que ele não podia enxergar.

 

Depois de alguns segundos esperando por uma resposta soltou um suspiro longo e começou a ir em direção a porta.

 

_Espera. E-eu não quero que você vá embora assim. Bem, se você QUISER ir, eu não vou te obrigar a nada. Mas eu acho que preciso te falar algumas coisas e… - o professor não estava nada articulado enquanto falava, seus olhos pareciam buscar nos de Yuuri a resposta para alguna pergunta não feita. Por fim, gesticulou em direção ao sofa- Senta aqui comigo?

 

Acomodaram-se no sofá e Yuuri esperou que o outro falasse.

 

_Yuuri, eu mesmo fiquei chocado quando percebi, então não te julgo se duvidar… Eu acho que estou gostando de você, de verdade. Eu posso não ter agido da melhor maneira e ter mandado sinais errados sobre o que estou esperando de nós dois... Não sei como é ter um namorado ou como é me preocupar com as necessidades outra pessoa antes das minhas. - Os olhos do moreno estavam coladas no rosto de Victor, ele tentava ler a verdade de suas palavras por meio do que seu rosto transparecia - Mas eu me vi pensando cada vez mais em como você estaria, o que você pensa de mim e como eu não quero te decepcionar. Hey, olha pra mim….

 

_Victor… - O tatuador havia colocado o rosto entre as mãos, ele esperava que em algum momento eles tivessem uma conversa séria, mas não que ela acabaria com o outro homem sendo tão delicado. Ele imaginava o que estava por vir e não tinha certeza de saberia como reagir.

_Eu sei que não sou a melhor pessoa para pedir uma chance baseada em sentimentos, eu mesmo nunca dei esse tipo de oportunidade… Mas eu gosto de você, não sei se do “jeito certo” - disse ele enquanto erguia as mãos em sinal de aspas, quando as abaixou, estas recaíram sobre as de Yuuri. - Mas eu sinto algo, é diferente do que eu já senti por todos com quem eu já sai. Nem sempre é bom, as vezes meu peito doí só de pensar que você não vai mais me responder ou que tem pensamentos ruins contra mim. - O platinado havia começado a falar quase sem pausas, fazendo com que a informação fosse assimilada com alguns momentos de demora por Yuuri. Ele piscava rápido e logo um sorriso de compreensão surgiu no canto de seu lábio - Desculpa se eu sumo as vezes, eu nunca sei quando estou te pressionando demais ou dando muito espaço…  Eu tentei mostrar agora pouco, talvez não do jeito certo, que eu te quero e que gosto de você…

 

O corpo de Yuuri havia movido para mais perto, os olhos de Victor estavam presos nos do outro. O moreno ergueu uma mão e traçou a linha da maçã do rosto do outro e unindo as testas dos dois sussurrou, antes de terminar de selar seus lábios nos de Victor.

 

_Eu não sei você, mas eu estou com medo de estar apaixonado.

 

O beijo foi calmo, apenas um toque dos lábios a princípio. A resposta de Yuuri havia tido o efeito de paralisar Victor. Os olhos deste permaneceram abertos ainda por alguns segundos antes de se entregar à situação. Logo seus braços envolveram o moreno. Permaneceram abraçados por alguns segundos, Yuuri podia praticamente ouvir enquanto o outro pensava.

 

_Medo?! - Ainda com uma mão sobre o peito dele, Victor sussurrou - Yuuri... Você não sabe o quanto essa certeza me aterroriza.

 

Yuuri sabia que não seria fácil, ele entendia as limitações e dificuldades de Victor. Mas olhando seu reflexo no brilho azul daqueles olhos ele teve a certeza de que valeria a pena


Notas Finais


Me perdoem se existir algum erro muito grosseiro, eu tentei dar uma corrigida por cima, mas assim que eu terminei a última cena não consegui mais pensar em anda além de postar hahahaha
Para aqueles que ainda estão vivos e acompanhando essa fic, OBRIGADA MESMO!
Espero que esse capítulo tenha valido a pena pelo menos....
beijinhos beijinhos




descuuuulpa


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...