História Bathroom - Capítulo Único.

Maldita hora em que Karin se deixara levar pelas boas intenções de Yamanaka Ino.

A loira havia ligado mais cedo, propondo que saíssem para colocar a conversa em dia, visto que não se falavam com frequência desde que Ino casara e se mudara para a cidade do seu noivo. Aproveitando que ficaria por uma semana em sua cidade-natal a fim de ficar com seu pai, a loira casualmente convidara Karin para tomar um café na esquina.

Karin deveria ter desconfiado em primeira instância. Afinal, em matéria de Ino, nunca poderia pensar na possibilidade dela ter mudado, parando de disfarçar suas segundas intenções. Karin inocentemente pensou que, com o casamento, a mente da amiga enfim se transformara.

Percebeu que estava redondamente enganada tarde demais.

Estava ali, na cafeteria, lançando seu pior olhar para Ino, que sorria descaradamente enquanto Karin tinha que aturar a pessoa por qual nutria um ódio muito especial: Hozuki Suigetsu.

Karin e ele haviam se conhecido durante uma das tentativas da ruiva de fazer o homem pelo qual ela estava apaixonada nota-lo. Na ocasião, porém, Sasuke estava acompanhado — justamente por aquela pessoa. Suigetsu. Teve que agir educadamente, até porque não era mal-educada.

Porém aquele idiota parecia ter esquecido as boas maneiras na barriga da mãe, assim que nasceu. Ele havia estragado quaisquer chances de Karin receber a atenção de Sasuke. Isso a havia deixado com tanta raiva que acabou declarando Suigetsu como seu inimigo oficial.

E Ino sabia disso, aquela maldita. Assim ela retribuiria anos de amizade, anos de apoio que Karin prestava a ela? Convidando seu arqui-inimigo para um encontro amigável? Não poderia acreditar naquilo.

Só não virava e ia embora dali porque seu orgulho era maior do que essa vontade — nada pequena, aliás.

Suigetsu parecia se divertir com o semblante evidentemente irritado da ruiva a sua frente, tanto que acabou mal prestando atenção no tagarelar da loira a seu lado. Confessava que só havia aceitado o convite da Yamanaka pelo simples prazer de ver a cara da mulher irritadiça se contorcer de raiva pela sua presença.

E claro, não poderia perder a chance de zombar dela. Prioridades sempre.

Só havia uma coisa que não tinha entendido ainda: por que Ino, durante a ligação, enfatizara o fato de ter convidado Karin também como argumento para convencê-lo de ir? Não era como se ele estivesse com vontade de vê-la ou algo do tipo. Nunca. Ela era quase uma inimiga declarada.

Só não sabia dizer por que quase. Mas era normal, não era?

— Olha, Ino, estou de saco cheio já. Você não me disse nada sobre ter que aturar esse bastardo! — exclamou Karin, ajeitando os óculos desajeitadamente em sua face.

— Ficar com uma bruxa me encarando o tempo todo também não estava nos meus planos — ele retrucou.

— Ora, seu… — Karin debruçou-se sobre a mesa, mal notando que Ino havia se posto de pé. Estava mais concentrada em preparar seu punho para o belo soco que pretendia desferir naquele petulante do Suigetsu.

Porém, mais uma vez, nada saiu como o esperado.

Notando a proximidade dos dois — e o eminente ataque físico provocado pela ruiva —, Ino fez algo que já queria ter feito havia muito tempo, por simplesmente já estar farta daqueles dois não admitirem um para o outro.

Ela via mais do que uma simples rivalidade no jeito que Suigetsu olhava para Karin. E no jeito com que Karin falava de Suigetsu.

Ela pensou estar ajudando bastante quando posicionou rapidamente suas mãos atrás da cabeça de cada um e, com certa força, impulsionou-as de encontro uma à outra, resultando num beijo meio desengonçado.

Foi um selar de lábios simples e rápido, mas o suficiente para Ino. E o suficiente também para deixar os dois desconfortáveis.

O que fora aquilo? Karin não sabia explicar, mas uma palpitação no seu peito antecedeu a veia que brotou em sua testa. E, apesar de aquilo ter acontecido por causa de Ino e sua face ainda estar corada, sua vontade de bater no Hozuki de repente triplicara.

— E-Ei, o que há com essa cara? — Suigetsu arqueou as sobrancelhas ao perceber o semblante de Karin mudar de vergonha para algo que dizia, de forma palpável, que ele estava muito ferrado.

Ino, percebendo o que estava para acontecer, disfarçadamente escondeu-se atrás do banco vazio ao lado da ruiva. E observou uma Karin raivosa levantar com tudo, e sair correndo atrás de um Suigetsu desesperado.

Sem pensar muito, ele entrou no primeiro lugar visível — o banheiro masculino daquele estabelecimento. Usou seu corpo para bloquear os eventuais murros que Karin dava na porta, suando frio.

Ino observava a cena tomada pela vergonha alheia. Não seria bem mais fácil se ambos admitissem de uma vez que gostavam um do outro? Pôs uma mão na testa. Enfim, seu trabalho ali estava acabado. Saiu de fininho enquanto observava os garçons do local indo ver por que havia uma mulher estressada esmurrando o banheiro masculino.

Pelo jeito, ela não iria sair dali tão cedo.

Ino foi embora desejando toda a sorte do mundo para Suigetsu, porque certamente ele iria precisar.