História Be Mine - Algo novo

- Com base em quê? - o primeiro-ministro indagou.

- No fato de que o príncipe Alexander não é o legítimo herdeiro do trono. - Alex levantou-se, olhando-a assustado e confuso. - Porque o sangue do último rei não corre nas veias deste príncipe.

Samantha conseguiu conquistar toda a atenção do salão para si enquanto pegava algo das mãos de Arthur que estava um pouco atrás dela.

- Este documento afirma que o príncipe é, na verdade, adotado. - a jornalista estendeu o papel aberto na frente de seu rosto para que os membros do parlamento pudessem ver.

O primeiro-ministro aproximou-se dela, pegando o documento de suas mãos.

- Vossa majestade? - chamou-a.

A rainha encarou o primeiro-ministro, que aguardava uma explicação válida para o papel que segurava em suas mãos.

- Esse documento é... Legítimo.

Alex sentiu uma dor invadir seu peito, havia sido enganado durante toda a sua vida. Sussurros podiam ser escutados entre os convidados, que permaneciam surpresos com o que havia sido revelado. O príncipe virou-se e desceu do altar com pressa, abandonando o salão.

- Alex! - a rainha o chamou, mas ele continuou seguindo.

 ...

Batidas na porta chamaram a atenção do príncipe, fazendo-o deixar seu violão de lado na cama e levantar-se para ver do que se tratava. Quando a abriu, Alex fechou os olhos, soltando um suspiro cansado ao ver a rainha parada de frente para ele.

- Eu posso entrar? - questionou e Alex assentiu. Não se passavam das 7 da manhã e sua mãe percebeu que ele havia passado a noite inteira acordado pelas olheiras quase imperceptíveis abaixo de seus olhos.

Assim que Alex fechou a porta, ela reparou no instrumento que repousava na cama de seu filho.

- Você ainda tem isso...? - franziu a testa, lembrando-se da época que o filho insistia que queria ser músico assim que aprendeu a tocar aos 16 anos. - Ainda pensa naquilo?

- Por que não me contou? - Alex mudou o assunto.

A rainha sentou-se na ponta da cama, encarando suas mãos que estavam entrelaçadas em seu colo.

- Eu queria ter dito, de verdade... Você tem todo o direito de estar bravo.

- Eu não estou. - respondeu, conquistando o olhar surpreso da mãe sobre si. - Só não entendo porque esconderam isso de mim.

- Um tempo depois que nos casamos, descobrimos que seu pai não poderia ter filhos. Nós ficamos... tristes, completamente decepcionados. - a rainha suspirou. - Mas então o seu pai colocou na cabeça a ideia de adotarmos em segredo, e acabou me convencendo também.

Alex permaneceu estático apenas escutando a explição, totalmente apático por fora mas por dentro a mistura de sentimentos rasgavam seu peito.

- Você foi o nosso sonho que se tornou real, Alex. Não foi certo não dizer, eu sei, mas quando nós te vimos... - ela fechou os olhos, deixando as lágrimas escorrerem por suas bochechas. - Você era nosso filho Alex. Nasceu nos nossos corações, e só isso importava. Nos perdoe, Alex, não tivemos coragem de contar.

- E Íris? - Alex lembrou-se da irmã, temendo que ela tivesse que passar pelo mesmo que ele. - Também a adotaram?

- A Íris foi... Algo inexplicável. - um sorriso fraco tomou conta de seus lábios finos. - Se é isso o que você quer... - a mulher passou uma de suas mãos pelo instrumento atrás de si. - Eu não vou mais ficar no seu caminho.

- A senhora é a minha mãe... - Alex encarou o chão. - E ele era o meu pai. Eu nunca deixaria de amar vocês.

A rainha levantou rapidamente e foi em direção ao filho, abraçando-o o mais forte que podia. As lágrimas desceram pelos rostos de ambos enquanto Alex retribuía o abraço, jamais poderia esquecer o amor que lhe foi dado durante toda a sua vida. Eles eram seus pais, e nada mudaria aquele fato.

- E o trono? Não podemos deixar nas mãos do meu primo. - Alex questionou se afastando de sua mãe.

- Bom, seu pai e eu fomos prevenidos quanto a isso. Imaginamos que alguém descobriria um dia... Então seu pai alterou a lei para que sua irmã pudesse ser a próxima na linha de sucessão assim que completasse 18 anos.

Alex suspirou aliviado não só por ter alguém de confiança no trono, mas também por não ter que carregar aquele peso pelo resto da sua vida.

- Você deve estar se sentindo aliviado, não é? Nunca gostou da ideia de ter que assumir a coroa.

- Me perdoa, mãe.

A rainha o abraçou mais uma vez.

- Eu só quero que você seja feliz, Alex.

   ...

Ao acordar naquela manhã, Catherine tomou banho e arrumou-se para ir diretamente ao trabalho. Havia terminado a matéria e entregaria para Jessica para que enfim, fosse publicada ao vácuo da internet. A culpa ainda tomava conta de si, mas não havia nada que pudesse fazer quanto aquilo além de deixar o tempo passar e curá-la.

Assim que chegou no prédio, Catherine foi recebida com abraços sufocantes de seus amigos.

- Ei, ei, calma! Eu ainda preciso respirar! - a jornalista disse os fazendo rir.

- Cat, por que nos escondeu aquilo? - Liz questionou, deixando Catherine confusa.

- Do que está falando?

- Você não sabe? - uma expressão surpresa tomou conta do rosto dela após Catherine balançar a cabeça em negação.

Scott aproximou um celular na direção do rosto de sua amiga, a qual ficou completamente em choque ao ver do que se tratava.

- O que? Como assim Alex é adotado? - Catherine pegou o celular em suas mãos, lendo a reportagem inteira. - Eu sabia que Samantha estava planejando algo!

- Bom, parece que o príncipe não vai ser rei. - Liz deu de ombros. - E sua matéria? Conseguiu terminar?

- Sim, eu vou na sala da Jessica para que ela analise.

Liz e Scott a desejaram boa sorte antes que ela seguisse para a sala da editora-chefe. Ao bater na porta, teve permissão para entrar em poucos segundos.

- Como foi a viagem?

- Foi... boa. - Catherine respondeu, estranhando a pergunta. - Eu trouxe a matéria. - a jornalista tirou os papéis de sua bolsa, entregando-os para Jessica.

- Espero que tenha algo tão bom quanto os artigos sobre a adoção dele. - disse em um tom irritado.

Catherine mordeu o lábio inferior em nervosismo, a mulher andava de um lado para o outro enquanto lia e não tinha expressão alguma no rosto.

- E então? - Catherine perguntou após alguns minutos. A mulher jogou os papéis na mesa.

- É um artigo bem escrito, uma ótima estrutura e belíssimos tópicos... Que jamais verão a luz do dia.

- O que...? - indagou confusa.

- Essa história o exalta, Catherine. Puro sentimentalismo, que não faz nem um pouco nosso estilo.

Ela levou uma xícara de café até a boca, bebendo um gole do líquido preto.

- Mas eu fui totalmente honesta nessa matéria... É a verdade. - Catherine esperava que ela dissesse que era apenas uma pegadinha e que sua história logo seria publicada.

- Eu não ligo, não irei mudar minha opinião, ok? -  suspirou. - Bom, mas eu preciso que você melhore o artigo do Jacques.

Catherine sentiu a raiva tomar conta de si e levantou, batendo as mãos na mesa.

- Arrume outro capacho pra limpar as besteiras dele. Eu cansei! - disse e deu meia volta, saindo da sala e batendo a porta ao sair.

- Cat, tá tudo bem? - Scott aproximou-se da amiga, preocupado.

- Eu não vou mais ficar aqui. - Catherine começou a arrumar suas coisas, encontraria outro lugar ou até mesmo tornaria-se autônoma.

Despediu-se de seus amigos e seguiu de volta para sua casa. Durante todo o trajeto não conseguiu parar de pensar em como Alex deveria estar se sentindo.

   ...

Um mês havia se passado desde que Catherine havia postado sua matéria. Muitas pessoas leram e avaliaram, até que cresceu mais e assim oportunidades começaram a aparecer para ela.

Naquela noite Catherine estava arrumando-se para sair com seus amigos. Eles iriam até um bar próximo ao centro para que pudessem comemorar com ela.

Quando terminou de se maquiar e arrumar o cabelo, Catherine ajeitou a saia em seu corpo, completando com uma jaqueta de couro preta.

Catherine desceu o prédio foi a pé para o local, já que era perto de onde morava. Quando estava próxima, já podia ouvir uma música alta vinda de dentro do bar viu seus amigos a esperando na entrada.

- Aqui, Cat! - Liz a chamou, abraçando-a assim que aproximaram-se. - Como vai minha jornalista famosa?

- Para com isso. - riu da empolgação de sua amiga. Os três entraram no bar que estava bem movimentado naquela noite de sexta.

Eles pediram alguns drinques e foram para a pista de dança, onde passaram boa parte da noite.

- Você ainda pensa no príncipe? - Scott perguntou quando resolveram ir para a parte vip que era mais calma.

Catherine suspirou enquanto deixava seu corpo descansar no pequeno sofá que havia ali. As lágrimas surgiram em seus olhos.

- Sim, muito. - limpou o rosto rapidamente, não queria chamar a atenção de outras pessoas. - Eu só queria saber como ele está...

No final da noite, Catherine recebeu uma mensagem de seu pai pedindo para ie vê-lo na lanchonete, e ela foi. Quando passou pela porta da frente o sininho tocou, chamando a atenção dele e de um outro cliente que ele conversava animado.

- Filha! - o homem de cabelos grisalhos foi até a jornalista, abraçandoa. - Você tem esquecido muito do seu velho, não acha? 

- Desculpa, pai. - Catherine tirou seus saltos, carregando-os nas mãos até chegar na bancada. Sentou-se ao lado do homem que seu pai estava conversando antes de ela chegar. - Eu acho que vou precisar de uma cerveja e muitas batatas fritas.

O pai de Catherine assentiu e foi para a cozinha preparar o pedido da filha.

- Não acha que já bebeu demais por hoje? Nem precisei te olhar andando para ver que estava cambaleando. - o homem disse para ela, chamando sua atenção.

- Escuta aqui... - ela olhou para o cliente, mas parou de falar assim que ele virou o rosto em sua direção. Catherine engoliu seco e sentiu um forte arrepio passar por todo o seu corpo acompanhado de um frio na barriga.

Alex abriu um sorriso ladino ao perceber a reação da jornalista, que permanecia parada como uma estátua diante dele.

- Alex... O que você tá fazendo aqui...? - Catherine franziu a testa, tinha medo de que ela estivesse imaginando-o ali.

- Eu estou morando por aqui agora. - Catherine o olhou confusa, até que se lembrou do que havia acontecido.

- Ah, Alex... Como você está? - suas mãos foram de encontro com as dele sem que ela percebesse. Alex havia sentido tanta falta de seus toques que sequer ousou reclamar.

- Eu estou bem. Minha irmã que vai cuidar de tudo quando ficar mais velha, ela está muito feliz. - disse fazendo a jornalista rir.

- Então resolveu abandonar de vez a realeza senhor Turner? - Catherine arqueou uma sobrancelha.

Alex queria contar a ela tudo o que havia planejado não só para ele, mas para os dois. Queria mais que tudo aquela mulher que em tão pouco tempo havia mexido com sua cabeça e roubado seu coração. Ele podia dizer com toda a certeza que a amava, e faria de tudo para que ficassem juntos.

Mas ele queria fazer isso aos poucos, não queria assustá-la.

- Sim, eu pretendo ficar aqui, dizem que é um ótimo lugar para quem quer começar na música.

- Eu não sabia que gostava dessas coisas... - Catherine franziu a testa, ele nunca havia contado isso a ela.

- Pode ter certeza que teremos tempo suficiente para nos conhecermos melhor.

Os dois se olharam e sorriram um para o outro. Ele havia lido o artigo que foi publicado por ela, e ficou feliz por ver que ela não era como os outros. Ela foi honesta.

Ficaram por mais algum tempo na lanchonete, até o pai de Catherine fechar as portas e ir para casa descansar de mais um longo dia de trabalho. Alex acompanhou Catherine até seu prédio e após alguns minutos de caminhada, pararam em frente ao mesmo.

Alex aproximou-se da jornalista, pegando em sua cintura e puxando-a para mais perto com delicadeza. Ambos haviam sentido falta do calor que sentiam quando seus corpos ficavam próximos um do outro e também das respirações quentes contra suas peles.

Catherine fechou os olhos diante daquela sensação tão boa. Alex também fechou os dele, percorrendo toda a distância que separava seus lábios dos dela, a beijando lentamente. A jornalista entregou-se de imediato àquele misto de sentimentos que os rondavam e os mantinham aquecidos e apaixonados, sentindo suas línguas dançarem em perfeita sincronia enquanto exploravam a boca um do outro.

A mão livre de Alex subiu até o rosto de Catherine, que ansiava cada vez mais por seus toques.

- Que tal um jantar na minha casa amanhã? Quero que conheça meu novo lar. - Alex disse assim que separaram os lábios devido a falta de ar que se fez presente entre os dois. - Eu posso te pegar aqui às nove.

- Eu aceito. - ela abriu um sorriso doce enquanto abria os olhos, encarando as íris castanhas de Alex.

- Nos vemos amanhã, então?

Catherine deu mais um beijo no moreno, afastando-se completamente para que pudesse subir até seu apartamento.

- Nos vemos amanhã, Alex.