História Be my alpha - Royal Flush

Lauren

Já haviam se passado bons dias desde que Camila havia vindo passar meu aniversário. Nesse tempo eu decidi que não iria ter cio. Primeiro porque eu não tinha ela e segundo que uma semana em casa, queria dizer uma semana sendo descontada do meu salário.

Eu estava morrendo de saudades e cada vez que eu via aquela garota entrar na academia todas as manhãs, eu sentia um leve frio na barriga. Keana havia tentado se aproximar de mim durante esses dias. Ela vinha até o balcão e puxava algum assunto, eu não fazia desfeita. Adam sempre chegava e acabava roubando a atenção da menina.

Ela ainda não demonstrava interesse nele, mas pelo menos agora eles conversavam mais. Tudo que eu queria era que Adam a conquistasse, assim ela deixaria minha alfa em paz e eu não teria que me preocupar.

Logo Camila estaria de volta. Logo ela iria atrás da minha garota. Eu ainda não havia tido coragem de contar a respeito disso e para a minha felicidade, minha alfa não havia mais tocado nesse assunto.

Já estava voltando para casa, dessa vez tive que pegar um ônibus, havia esqueci meu cartão em casa – sim eu tinha um cartão com o meu nome agora! – e tinha pouco dinheiro na carteira, porém, meu salário cairia amanhã!

Pela primeira vez eu iria receber! Desci no ponto de ônibus e comecei a caminhar até em casa, distraída com a música em meus fones quando um cheiro forte se aproximou.

Me virei rapidamente para dar de cara com Luís. O garoto usava uma jaqueta college vermelha e preta, jeans e all star brancos. Assim que tirei meus fones ele colocou as mãos acima da cabeça em sinal de rendição.

Minha pulsação começou a acelerar, ainda faltava uns trezentos metros até minha casa, ele não teria dificuldades em me agarrar caso eu decidisse sair correndo.

- Só quero conversar. - Disse ainda com as mãos erguidas.

- Não temos nada para conversar. - Respondi áspera.

- Desculpa! - Eu segurava a alça da mochila com força, olhando para os lados. - Eu errei em ter feito aquilo com você. Não devia ter te forçado…

- Não devia mesmo. E eu sei do plano com seus amigos. Você deixou eles espancaram Camila e queria me agarrar na frente dela!

- Como sabe disso? - Perguntou curioso ao mesmo tempo em que voltava a posição dos braços.

- Foda-se como eu sei. Não te interessa e saia de perto de mim. - Lhe dei as costas, ele puxou meu braço com delicadeza, mas eu não hesitei em me livrar bruscamente. - Não encoste em mim!

- Eu estou apaixonado por você! - Fui pega de surpresa. As palavras ficaram presas em minha garganta. - Eu nunca quis apenas ficar com você, eu quero ser seu alfa, Lauren, eu... Eu amo você! Mais do que você imagina.

- Já tenho uma alfa e mesmo que não tivesse, não ficaria com você. Você me agarrou a força, você planejou com seus amigos uma forma de espancar a minha garota! Sem motivo algum!

- Ela passou um cio com você! - Usou sua voz de alfa, me fazendo encolher. - Eu tenho ciúmes, não gostei, eu te amo! Ela mereceu cada soco!

- Ama porra nenhuma! - Gritei de volta. – Camila não fez nada para merecer aquilo!

- Se afasta da garota, bro. - Um cara alto, negro e de cabelos curtos falou.

- Companheiro, ninguém está falando contigo.

- Que se foda, branquelo. Se afasta da mina ou eu te parto ao meio.

Eu não duvidei das palavras dele nem por um segundo. Ele usava uma regata preta justa, destacando os músculos de seu abdômen, acompanhado de uma calça tactel azul marinho e tênis de basquete tão brancos que reluziam.

Os dois se encararam por um tempo, até o negro dar um empurrão em Luís. O garoto rosnou e foi para cima dele, mas o outro apenas saiu da frente e passou uma rasteira no meu colega de escola.

Eu estava estática. E as coisas pioraram quando o estranho tirou uma arma prateada de dentro da calça e apontou para o garoto. Entrei em estado forte de pânico, começou a faltar ar. Queria muito sair correndo mas não conseguia me mexer.

- Vaza moleque. – Rosnou o outro alfa.

Luís o olhou assustado e saiu correndo o mais rápido que pôde. O negro se virou para mim e sorriu, mas não era um sorriso perverso, era… gentil? Ele calmamente guardou a arma de volta na parte de trás da calça e cobriu novamente com a camiseta.

- Desculpa se te assustei. - Ele sorriu mais ainda. Tinha os dentes muito brancos e bem cuidados. - Sou William Matts Parker. Ou apenas Will. - Deu de ombros.

- L-lauren. Apenas Lauren. - Falei, apertando a mão que ele estendeu para mim.

Wiiliam, ou apenas Will, já era companheiro de alguém, a julgar pelo seu cheiro. Ele sorriu mais uma vez antes de falar que me acompanharia até em casa. Fiquei receosa de levá-lo até onde eu morava, por isso passei reto pela minha residência. Ele quebrou o silêncio quando chegamos na esquina.

- Por que passou reto pela sua casa? Precisa ir ao mercado?

- S-sabe onde é a minha casa? - Ele levou a mão à testa. Como se tivesse falado algo errado.

- Sim… Eu fui contratado para te proteger… - Coçou a nuca.

Me proteger? Contratado?

- É o que? Explica isso direito.

- Eu fui contratado pelo Machine Gun Kelly para ser seu segurança.

- Espera... o amigo da minha alfa te contratou para me proteger? - Aquilo não fazia o menor sentido.

- Sim… - Ele ainda tinha a mão na nuca, olhou para o céu e depois voltou a me fitar. - Sua alfa pediu para ele contratar alguém para te proteger. - Abaixou o braço e se apressou em continuar.

Eu não sabia se ficava supresa ou aterrorizada por saber que Camila tinha colocado um desconhecido para ficar ao meu lado.

- Não brigue com ela. Na cabeça dela, nós somos amigos. Ela não queria parecer controladora agindo pelas suas costas, então pediu para eu conversar com você. Mas o Gun Kelly falou para fazer o meu estilo de trabalho e o meu estilo é esse. Você em uma esquina e eu na outra, apenas cuidando para que nada lhe aconteça, sem você saber da minha presença.

Camila iria me explicar aquela história direitinho. Se queria que eu soubesse de tudo, porque ela mesma não me contou? Afinal, estamos falando de minha vida e minha privacidade.

- Desde quando você faz isso?

- Desde que Camila deixou Miami. Olha, ela não tem culpa ok? Ela pensa que você sabe de tudo. A garota só estava preocupada com sua integridade. E estava certíssima, desde aquele dia, aquele branquelo fedido vem te vigiando. - O encarei surpresa e assustada com a informação. - É, aquele maluco sabe tudo o que você faz.

- Não é possível… - Sussurrei, olhando para o chão.

- É bem possível. Ele sabe o horário que você sai de casa, a hora que você entra e sai do trabalho e a hora que você chega. Sorte que eu estou sempre por perto. Ele não parece nem um pouco disposto a te deixar em paz.

Dei dois passos para trás e comecei a descer a rua em direção a minha casa, eu precisava digerir aquela chuva de informações e necessitava falar com Camila. Ela nunca falado nada a respeito disso.

Mas ao mesmo tempo, estava grata e confesso que meu coração aqueceu ao saber que mesmo de longe, ela se preocupava e cuidava de mim.

- Pode por favor não usar mais a arma, pelo menos? – Pedi, ver aquilo me deixou mais do que assustada.

- Não. Vou usar sempre que precisar. - Parei e o encarei. - Ei, não me encara com esse zóio verde não, me intimida.

- Sabia que ele pode te denunciar? - O homem soltou uma sonora gargalhada.

- Ele que vá. Eu fui militar. Estudei em escola militar e servi ao exército dos dezesseis até os vinte e cinco. - O fitei curiosa, eu nunca havia conhecido um militar. - Tenho licença não somente para portar arma, como também para matar se for preciso.

- Whoa, isso é… Interessante. Nunca conheci um militar. - Voltamos a andar.

- Pois é. Mas eu cumpri meus anos de serviço e vazei. Sabe como é né, minha mulher engravidou, aí só queria saber dela e do meu garotão. William Parker Junior, tem um ano e meio. - Falou orgulhoso e me mostrou a foto de um menininho adorável.

- Ele é maravilhoso!

- Ele é! Minha nega me mandou escolher, ou eles ou a pátria. Foi fácil escolher.

Dei risada de seu jeito descontraído e chegamos novamente em minha casa. Agradeci a proteção dele e entrei. Estava contando as horas para poder falar com a minha alfa. Precisava brigar um pouco pela lerdeza dela em não desconfiar que eu não sabia de nada e dizer o quanto ela era perfeita por cuidar de mim.

Camila

- Camilk! - MGK falou ao se aproximar do balcão. Eu e ele havíamos nos aproximado bastante.

Desde que ele começamos a treinar juntos todos os dias. Ele me ensinava várias coisas novas e nesse um mês e meio, eu já tinha evoluído bem mais do que os alunos da minha própria turma. Claro que Shawn estranhou toda essa minha dedicação ao esporte, mas pouco perguntava e quando questionava algo, eu apenas dizia que estava viciada em praticar.

Apesar de ainda não ter certeza se eu daria mesmo uma surra em Luís, era bom passar tanto tempo treinando, daqui um mês eu faria meu primeiro exame de graduação, eu seria Kruang branco com ponta vermelha.

Segundo meus mestres, eu já tinha capacidade física para aguentar fazer o exame para vermelho ponta azul clara e meu nível de Muay Thai já podia ser igualado ao nível de um lutador azul claro. Uma pena não poder pular de graduação.

- Tenho uma parada pra te propor. - Falou baixo, se debruçando sobre o tampo preto.

- Pode falar. - Terminei de digitar e o olhei.

- Terá uma luta clandestina daqui três semanas. Você tem capacidade para lutar e-

- Nem pensar! Eu tenho pouco tempo de treino, vou morrer de tanto apanhar. - Surtei baixo. - Fora que minha ômega corta meu pau!

- Exagerada. Me deixe terminar. - Ele olhou para os lados. - Lá eles pagam para lutar, independentemente de você ganhar ou perder. O que importa são as apostas, eles ganham o triplo do prêmio oferecido.

- Direto ao ponto.

- Dez mil dólares para o perdedor, vinte mil para o ganhador.

Arregalei os olhos para aquilo. Céus eu ganharia para apanhar! E era muito dinheiro. Confesso que fiquei tentada, com o dinheiro, somado à quantia que eu já tinha, daria para comprar um carro excelente e ainda sobraria!

Ele pareceu perceber minha hesitação e sorriu contente. Bom, se ele dizia que eu tinha capacidade para lutar e ele era o meu mestre, talvez não seria problema. Na verdade, o maior problema seria fazer Lauren aceitar essa ideia, porque eu não iria esconder dela.

[...]

Cheguei em casa exausta, eu havia pegado mais pesado no treino hoje. Fui direto para o chuveiro e quando saí, vesti a camiseta do Bulls que Lo havia me dado. Eu estava morrendo de saudades dela.

Nos falávamos todos os dias, mas não era a mesma coisa. Eu queria tanto que ela estivesse aqui, para dormirmos juntas ou até mesmo transar a noite inteira. Como ela estava longe, preferi não ter cio essas férias, os supressores deram conta disso.

Assim que deitei na cama, meu celular tocou e eu já sabia que era a minha garota. Mal atendi e ela já despejou um rio de informações em minha orelha. Fiquei puta quando soube que MGK não havia mandado Parker falar a verdade para Laur.

No fim, nós nos resolvemos e ficou tudo bem. Ela estava animada que receberia seu primeiro salário e eu estava profundamente feliz por ela. Cada dia que passava, Lauren estava mais mudada, mas não de um jeito ruim.

Eu percebi que agora ela controlava melhor suas emoções, sabia conversar sobre assuntos delicados sem se irritar na mesma intensidade de antes, ela também já estava começando a pensar em como administrar seu dinheiro e em como faria para conseguir uma grana durante a faculdade.

Falamos a respeito dos cursos que queríamos fazer e confesso que fiquei um pouco surpresa quando ela adivinhou que eu queria estudar na Columbia, já que eu nunca havia dado essa informação à ela. Minha ômega ainda não havia decidido qual carreira seguir, mas sabia que queria ir comigo para onde quer que eu fosse.

Eu ainda era capaz de sentir sua insegurança e seu medo. Ela não havia me contado o porquê de seu receio, mas eu tinha paciência para esperar seu tempo. Até tentei insistir um pouco, não porque eu estava curiosa, mas sim porque aquilo a estava consumindo, me causando preocupação.

- Mês que vem eu vou voltar para Miami. - Falei no celular e ela soltou um gritinho animado. - Vou sexta à noite e volto no domingo à noite também.

- Ai que bom amor, eu estou morrendo de saudades!

- Eu também amor, mas…

- Mas? - Sua voz soou incertas.

- Vou passar esse tempo com a minha família e então eu-

- Eu entendo Camz, eles também devem estar com saudades de você… - Falou baixinho e triste, sua animação se esvaindo na mesma rapidez que chegou.

- Deixe-me terminar anjo. - Sorri. - Então eu pensei que você poderia dormir em casa. Assim você os conhece e passa o fim de semana comigo.

- Sério? - Gritou. - Sério mesmo amor?

- Claro que sim, anjo… Quer dizer, se você quiser…

- Óbvio que eu quero, Camz! - Ouvi sua risada e aquilo me fez bem. - Quero muito, amor.

Eu iria pedir Lauren em namoro. Ainda não sei bem como eu farei isso, não sei se devo preparar algo bem romântico ou apenas dizer tudo o que eu sinto… Pelo menos o “sim” já estava garantido.

Talvez esse pedido a ajude se sentir mais segura com a nossa relação. Eu estou muito apaixonada por ela, oficializar o que tínhamos, era o mais correto a se fazer. Não que eu pensasse que tínhamos que tornar oficial para ser algo sério, mas… Eu queria fazer daquela forma. Lauren merecia isso e nosso amor, também.

[...]

Os dias foram passando, uns mais agitados do que outros. Na academia tudo corria muito bem, eu almoçava sempre com Sophie. A ômega era uma garota muito agradável e tinha uma boa conversa. Sempre soltava elogios que me faziam corar e depois dava risada de minhas reações.

Faltava apenas três dias para a luta e eu estava treinando arduamente. Justin havia se juntado a nós, então o treino havia se tornado ainda mais puxado. Saí do tatame e adentrei o vestiário Alpha, as gotas de suor escorriam pelo meu corpo.

Céus, Camila, os setenta por cento de água do corpo é para ficar do lado de dentro, não de fora!

Tirei a regata e o shorts, ficando apenas de top e cueca box, ambos pretos. Olhei meu reflexo no espelho e fiquei muito orgulhosa. Meu corpo não era mais tão magro, havia curvas nele, mesmo que meus seios continuassem pequenos. Olhei para a minha barriga chapada, agora com os músculos do abdômen definidos, minhas coxas mais torneadas.

Eu havia ganhado peso de forma saudável. Me sentia muito mais disposta ao acordar e até minha alimentação havia mudado. Meus hábitos, mudaram. Eu, mudei.

OLHA A MINHA BUNDA! MEU DEUS!

Minha bunda estava mais firme e talvez… um pouco… maior? Corei ao pensar isso e imediatamente pensei no quanto Dinah me deixaria embaraçada com seus comentários.

Eu e a loira havíamos conversado bastante depois que eu voltei à Los Angeles. Ela me explicou que estava envergonhada e se sentia culpada pela surra que eu tomei.

Depois de muitas horas, consegui enfiar naquela cabeça dura que nada daquilo havia sido sua culpa. E que ela era a minha única e melhor amiga, que eu sabia que ela não teria deixado aquilo acontecer se pudesse ter impedido.

No fim descobri que a “frieza” não era de minha amiga, mas sim de sua namorada, que pegou o celular da alfa para me responder e depois apagou.

E então tivemos mais uma longa hora de conversa, comigo tentando convencer Dinah a não brigar com Normani.

Me virei para admirar melhor o meu reflexo, constatando que eu estava muito gostosa. Nunca em toda a minha vida eu pensei que um dia fosse gostar de me ver no espelho. Eu nunca havia sido uma alfa vaidosa, que ficava horas se arrumando e se vendo.

Eu passei a evitar completamente me encarar no espelho depois de começar o ensino médio.

Corei novamente me olhando. Eu estava muito bonita. Era uma sensação totalmente diferente para mim, agora eu não tinha mais motivos para não me olhar, para não me gostar. Eu só esperava que Lauren gostasse do meu corpo e que aprovasse minhas mudanças. Tive uma pontinha de insegurança.

E se ela não gostar?

Decidi deixar de lado essas incertezas e puxei a toalha de dentro do armário. Assim que bati a porta e me virei, dei de cara com a ruiva me olhando. Assustei e levei minha mão ao peito, a garota havia despertado de seu transe e assustado também.

- D-desculpe… - Falou, olhando para a minha barriga. - Eu… Eu achei que não tinha mais ninguém… Aqui dentro… - Desviou o olhar para o chão. - Justin me pediu para pegar a mochila dele.

Fitei a garota que estava levemente corada, segurando firme a alça da mala esportiva preta e branca.

- Tudo bem. - Sorri. - Eu só me assustei, achei que estava sozinha.

A garota desceu o olhar por todo o meu corpo e mordeu o lábio inferior. Me senti sem graça diante de seus olhos famintos, não sabia direito o que fazer nem para onde olhar. Nunca havia passado por essa situação, somente com Lauren, mas com ela era fácil de resolver, eu a agarraria.

Coisa que eu não podia e nem queria fazer com a ômega que bloqueava a minha passagem.

Sophie voltou a olhar em meus olhos e suas pupilas estavam levemente dilatadas, passou a língua pelos lábios e deu alguns passos em minha direção, me fazendo recuar e bater as costas contra a superfície fria e metálica dos armários.

- E-eu acho que Justin está esperando, Sophie.

- S-sim, ele está. - Falou balançando um pouco sua cabeça. - Você é muito gostosa, Camila.

Senti minhas bochechas esquentarem e apertei a toalha em minhas mãos. Eu queria usá-la para me cobrir, mas se eu fizesse isso, ela ficaria suada e não tem sentido sair do banho e me secar com uma toalha suja.

- V-valeu Soph… Mas, você precisa ir - Levei minha mão à nuca e senti minhas bochechas arderem ainda mais - E eu preciso ir tomar banho…

- Você precisa… Tomar banho… - Suspirou e desceu mais uma vez os olhos pelo meu corpo, parando seus olhos na altura do meu quadril.

Ok, aquilo era muito desconfortável. Limpei a garganta, fazendo-a olhar para os meus olhos novamente e indiquei a porta do vestiário com a cabeça. Ela sorriu uma última vez e se retirou.

Soltei a respiração que nem sabia que prendia e fui diretamente para o chuveiro. Tentei não pensar na ruiva. Céus ela havia me devorado com os olhos, Lauren a mataria se soubesse disso.

Terminei meu divino banho, entrar debaixo do chuveiro depois de ter suado demais no treino era a segunda melhor sensação do mundo. A primeira, era a sensação de estar dentro de minha ômega. Fiquei excitada só de lembrar de nossos momentos no chuveiro, o corpo de Lauren se unindo ao meu, o encaixe perfeito que tínhamos, a sensação de sua pele sob minhas mãos...

Eu vou morrer de saudades!

[...]

Eram onze horas da noite quando eu desliguei o celular. A conversa com Lauren foi extremamente desgastante. Como eu já esperava, ela não gostou nem um pouco quando a comuniquei que iria participar de uma luta clandestina. E o fato de eu ter demorado para contar a ela, também não me ajudou.

Ameaçou contar para Shawn e Cameron, chorou, fez todo um teatro típico de sua espécie, mas eu já havia tomado a minha decisão. Eu iria participar. Disse que não me importaria se ela contasse ao meu melhor amigo, porque a vida é minha e se eu quisesse lutar, ele não me impediria.

Minha ômega estava profundamente chateada comigo, estava preocupada e com medo do que poderia acontecer. Eu também estava, mas era algo que eu queria experimentar e além disso, com a grana que eu receberia, poderia comprar um anel para ela, para entregar quando a pedisse em namoro.

Laur foi dormir magoada e aquilo acabou comigo. Cheguei a pensar em ligar novamente e falar que eu não iria, só que MGK já havia feito a minha inscrição e a essa altura, ele não conseguiria arranjar outro atleta para colocar no meu lugar.

Fora toda a minha dedicação e tempo que eu levei me aprimorando ao máximo para aquela luta. Mas a minha maior motivação era que se eu precisasse bater em alguém para defender a minha garota, eu precisava saber lutar com tipo de gente que não tinha escrúpulos.

Luís não tocaria luvas comigo se caso saíssemos no soco. Keaton muito menos.

Eu estava deitada na cama, jogando uma bola de tênis para cima. Pensava no que fazer para Lauren não ficar daquela forma, mas nenhuma ideia me vinha à cabeça. Uma sensação de vazio se instalava em mim. Porra eu detestava ficar assim com ela.

Ouvi meu celular tocar. Coloquei a bolinha em cima de um travesseiro e andei até a tomada em que meu aparelho estava plugado.

“Austin”

Reparei que o visor marcava meia noite e vinte. Puxei meu aparelho do carregador, me perguntando o que de errado havia acontecido para ele me ligar a essa hora da noite. Minha vó sempre dizia que ligação depois das onze, nunca trazia notícia boa.

- Camilk!!! - Falou, a música do outro lado estava alta. - Estamos na Royal Flush! Já falei com o Cam e o Shawn, eles virão! Pega uma carona com eles. - Desligou.

Fiquei um tempo encarando o celular, sem entender absolutamente nada. Foi tempo suficiente para Cameron adentrar meu quarto.

- Se apronta, vamos nos divertir! Seu tempo aqui tá acabando e você nem conheceu os lugares mais legais. - Falou rapidamente e saiu.

- Camila, você quer ir? Claro que sim, obrigada pelo convite, Austin. Camila, você vai com a gente? Vou sim, Cameron. - Resmunguei para mim mesma enquanto adentrava o closet.

Eu não sabia do que se tratava a Royal Flush, mas pelo nome, julguei ser alguma boate. Me perguntei o que Lauren acharia se eu ligasse dizendo que iria à uma boate.

Que droga, Camila. Você não tem que ficar pedindo permissão pra Lauren para cada passo que você quiser dar.

Respirei fundo e vesti uma calça com estampa militar, um cropped preto que deixava um pouco da minha barriga à mostra… Olhei para um par de botas pretas com salto que eu usei uma única vez na vida.

Eu não era de me arrumar assim, então depois do evento da Medicine Science of Miami que eu tive que comparecer com meus pais, nunca mais havia colocado aquele sapato em meus pés.

Calcei as botas pretas e coloquei uma gargantilha preta com um pequeno pingente branco. Estava calor, então fiz duas tranças em meus cabelos, uma de cada lado, ficou com alguns fios soltos, mas eu estava… Linda.

Pedi para que Shawn tirasse uma foto, eu iria mandar para Lo, espero que ela goste do meu estilo.

Olhei para a foto que meu amigo havia acabado de tirar e pensei em como eu mudei em tão pouco tempo. Me senti feliz ao me dar conta do quanto eu havia evoluído. Meus amigos me elogiaram e me apressaram. Cam praticamente me jogou dentro do carro.

Dessa vez Shawn havia fechado o capô de seu camaro - que aqui era vermelho - então o vento não bagunçou o cabelo de seu precioso ômega que havia feito um discurso sobre como ele chegaria esculhambado se tomasse vento no maravilhoso penteado.

Não entendi muito bem o que ele queria dizer, já que seu penteado não passava de uma pomada para arrepiar um pouco os cabelos.

A viagem até o local durou apenas vinte minutos. As ruas estavam desertas e a noite estava quente e bela. Como minha ômega. Eu queria tanto que ela estivesse aqui comigo, principalmente agora que estávamos desentendidas.

Passamos pela longa fila e paramos na entrada. Meu amigo apenas disse seu nome e nos foi concedida a passagem. Só então me dei conta do que realmente era aquilo, um Strip Club. Muito sofisticado, por sinal.

As luzes rosas e roxas faziam um contraste com o escuro do lugar. Luzes neon contornavam o palco principal e tinha outros pequenos palanques com o pole, onde ômegas mulheres dançavam usando nada mais que uma minúscula lingerie.

Eu olhava para todos os cantos como um turista recém chegado em um país desconhecido. Nunca em minha vida me vi entrando em um lugar desses. Pouco mais à frente, encontramos a mesa em que Austin, Bieber e MGK estavam.

Engatamos em uma conversa divertida enquanto pedíamos bebidas. Eu nunca havia bebido algo alcoólico, então eles pediram alguns shots de tequila para que eu começasse. Uma ômega com o corpo escultural caminhou até nós e parou entre Austin e MGK.

O loiro colocou umas notas na calcinha dela e cochichou algo em seu ouvido. A garota sorriu e olhou diretamente para mim. Ela piscou pra ele piscou, e se retirou. Fiquei ligeiramente corada com aquele olhar e agradeci por ter um ambiente escuro ao redor, impossibilitando meus amigos de verem minha reação.

Os shots chegaram e junto deles uma garrafa vazia. O ômega que nos atendeu usava uma calça justa de látex e uma gravatinha borboleta, apenas.

- Camilk. - Bieber falou. - Presta atenção.

Em seguida ele passou sal nas costas da mão, lambeu, virou o pequeno copo e chupou uma das pequenas fatias de limão que estavam sobre uma pequena bandejinha. Logo Cameron se animou e olhou para Shawn.  

Meu amigo lhe deu um sorriso malicioso e seu ômega passou sal em seu pescoço. Lambeu o tempero naquela região, virou o shot e pegou o limão que estava na boca de Shawn. A mesa gritou em divertimento e todos olharam para mim.

E então eu fiz como Bieber havia feito, mas quando virei o shot engasguei. O líquido desceu queimando e foi impossível não fazer uma careta, causando risada em todos. Mesmo a contragosto, peguei o limão e chupei.

No fim, não havia sido tão ruim.

MGK então pegou a garrafa vazia e girou em cima da mesa, droga, eu sabia muito bem o que aquilo significava. Olhei para Shawn que parecia muito tranquilo, então relaxei. Sei que ele não deixaria os demais me sacanearam.

Com toda a sorte que eu não tenho, a ponta caiu em mim.

- Verdade ou desafio, Camilk? - Machine deu um sorriso malicioso que foi acompanhado pelos demais.

Claro que eles perguntariam coisas sobre minha ômega e eu não queria expô-la, uma vez que ela não estava ali para dizer se queria ou não falar sobre nossa intimidade. Então, fui a única opção que me restou.

- Desafio. - Todos olharam surpresos para mim, até Shawn e isso me preocupou.

- Muito bem. - Machine falou e fez um sinal com a mão. - Aqui está seu desafio. - A mulher que havia desaparecido antes, voltou usando um pouco mais de roupas dessa vez, ela estava de secretária.  - Eu te desafio a não ficar de pau duro.

Encarei meu melhor amigo que tinha um sorriso tranquilo e um pouco divertido. Shawn cruzou as mãos atrás da nuca e recostou sobre elas, em uma expressão totalmente relaxada.

Céus, Lauren vai me castrar!