História Beautiful Girl - Eu adoraria, Lauren.

No dia seguinte ao que falei com o Jack, Camila e eu pegamos estrada. Eu precisava pegar a rodovia de volta para Billings para mais algumas reuniões. Eu já estava muito cansada, tudo que eu mais desejava era voltar para minha casa. Eu estava na estrada há quase um mês, e isso me lembrou que logo eu teria que voltar para casa. Meu coração pesou. Eu olhei rapidamente para a garota ao meu lado que cantarolava uma música que tocava no rádio, seus lábios se movendo graciosamente enquanto seus dedos tamborilavam em sua coxa.

A minha cabeça começou a rodar. Tentei focar na estrada, mas um único pensamento vinha à minha cabeça a todo instante: o que eu faria em relação a Camila?

O caminho foi um tanto silencioso, com Camila puxando assunto uma vez ou outra. Mas eu não conseguia me concentrar em nada que pudesse prolongar a conversa. Eu só pensava em como eu faria daqui pra frente, eu não poderia continuar dando carona para Camila por muito tempo, afinal, eu só iria fazer as visitas e reuniões até daqui alguns poucos dias. Eu não sairia mais de Billings, pois pegaria um voo no aeroporto local para voltar para Miami. Então, aquele lugar seria o fim da linha para as viagens acompanhadas por Camila.

Será que eu queria que realmente fosse o fim da linha?

Chegamos à um pequeno hotel no qual reservei um quarto duplo pelo resto da semana. Camila estava meio calada agora, aparentemente ela havia desistido de puxar algum tipo de assunto comigo.

- Aqui está a sua chave, senhorita Jauregui. – A mocinha detrás do balcão, que aparentava ter uns 22 anos, falou me lançando um sorriso um tanto sugestivo.

- Muito obrigada! – Estendi minha mão para pegar as chaves de sua mão, fazendo com que a mão mulher encostasse na minha.

Dei um sorriso sem graça e peguei minha mala e a mochila de Camila, ignorando o gesto da recepcionista.

-Vamos, Camila?

Ela não falou nada, simplesmente passou por mim em direção as escadas. Ao entrarmos no quarto, Camila foi diretamente para o banheiro. Soltei um suspiro e fui me trocando, eu precisava de um banho, mas estava muito cansada para isso. Além disso, queria aproveitar esse tempo em que Camila estava no banheiro para pensar. Algo havia passado por minha mente, mas eu estava com muito medo de que a minha proposta fosse negada. E então, começou a se passar várias imagens de Camila desde que eu a conheci.

Quando me dei conta, Camila estava sentada na cama ao lado me observando. Foi aí que me questionei por quanto tempo eu havia estado aérea.

- Oi.

Me sentei na cama estranhando quando Camila desviou seu olhar do meu e vi seu rosto tomar uma coloração rosada. E então notei que eu estava somente de sutiã e calcinha box. Rapidamente puxei o cobertor cobrindo minha quase nudez.

- Oi. – Ela falou baixo.

- Ei, o que houve? – Mesmo que ela estivesse envergonhada por causa dos meus trajes, ainda assim, eu percebi tristeza em seus olhos.

Será que ela havia deduzido algo a partir do meu silêncio? Mesmo que eu já imaginasse o que estava acontecendo, eu precisa saber exatamente o que ela estava sentindo. A última coisa que queria era que ela se sentisse mal.  

- Eu... – Suspirou. – Eu fiz algo errado?

E então ela olhou diretamente em meus olhos, e então pude notar que eles estavam ficando marejados. Um aperto em meu peito se fez presente. Eu não sabia explicar o quão mal eu me sentia quando eu a via triste, e muito mesmo o porquê de sentir isso.

- Não, Camila. De maneira alguma, você não fez nada de errado! – Passei as mãos nervosamente pelos meus cabelos. – Por que acha isso?

- É que você parece que está brava comigo. Está calada o dia inteiro... Por favor, seja sincera. Eu fiz algo que te irritou? Você quer que eu vá embora? Não tem problema... Pode falar.

Soltei um longo suspiro, e desviei o meu olhar do seu. – Eu não sei como fazer isso. – Passei a mão por meus cabelos, dessa vez puxando alguns fios. Eu estava tão agoniada que eu podia sentir minhas mão tremerem enquanto apertava ainda mais o lençol contra meu corpo. Eu precisava conta-la logo o que iria acontecer, tirar o band-aid de uma só vez. – Camz, a minha viagem termina em alguns dias, e logo eu terei que voltar para Miami.

Observei o rosto de Camila atentamente tentando encontrar algo que me desse uma dica do que estivesse prestes a acontecer. Ela abaixou sua cabeça e soltou um suspiro.

- Eu já imaginei que isso fosse acontecer. É sempre assim, eu sempre vou acabar sozinha. – Vejo algumas lágrimas rolarem sobre suas bochechas, as quais ela limpa rapidamente. Isso quebrou meu coração. – Mas não há problema algum, Laur. Não precisava ficar preocupada comigo dessa maneira. Tudo o que eu tenho a dizer é que eu sou extremamente grata por você ter me cedido a carona e me dado um teto por alguns dias.

Ela me lançou um sorriso triste, e se levantou e veio em minha direção em sentou do meu lado.

- Posso te dar um abraço?   

- Claro que sim. – Falei enquanto abria meus braços para recebe-la.

Ela me abraçou com força e fechou os olhos. Retribui o abraço da forma mais sincera que pude, e sorri sentindo o cheiro dos seus cabelos, que agora tinham o mesmo cheiro que o meu xampu. Mal ela sabia que abandona-la seria a última coisa que eu queria.

- Camila... – Beijei o topo da sua cabeça. – Olha para mim?

Seu rosto se levantou e ela me encarou com aqueles olhinhos cheios de lágrimas. Analisei seu rosto em mínimos detalhes, constatando ainda mais o quanto ela era linda. Meu olhar foi para seus lábios, e uma vontade indescritível de beija-la me atingiu. Porém, fui impedida pela minha consciência de realizar tal vontade. Então, para tentar desviar esse desejo, não pude evitar deixar um beijo em sua bochecha.

- Eu tenho algo muito importante para propor à você. – Ela se afastou um pouco de mim. Decidi que não faria a proposta que eu realmente queria naquele momento. Não estava pronta ainda, mesmo que ver Camila daquela forma me dexasse com um peso enorme nas costas. – Que tal sairmos um pouco? Preciso resolver algumas coisas, será que você me daria honra de ter sua companhia?

Finalmente ela sorriu para mim. Era o primeiro sorriso relativamente verdadeiro que ela dava naquele dia. Eu sorri de volta, afaguei seus cabelos e sequei suas lagrimas com meus polegares.

- Sim! – Ela se levantou em um pulo batendo palminhas arrancando gargalhadas de ambas. Suas bochechas tomaram uma coloração rosada depois da sua reação. – Eu adoraria, Lauren.