História Beautiful Obsession - Segunda Temporada - Aquilo só podia ser um grande pesadelo...

Lauren POV

 

 Eu estava dentro do carro olhando para o nada, uma fina garoa caia na rua fazendo pequenos estalos contra a lataria do carro. Eu estava perdida em meio ao meus devaneios, Camila havia me dito que iria comigo visitar minha mãe, mas não sei se isso é o certo.

 

Não cabe a ela fazer isso, afinal, estávamos falando de minha mãe. A última vez que a vi, estava num estado depressivo. Só de rodar as memórias em minha cabeça parecia que minha visão ia ficando escura, totalmente sem cor. Na verdade, minha vida era sem cor. Sempre foi, não era novidade.

 

Só consegui enxergar a vida com tantas cores a partir o momento em que Camila estava a colorindo, era uma paz estar de bem com quem eu amo. Minha pequena então, parecia que tinha o arco-íris dentro dela, vai colorindo tudo e a todos a sua volta.

 

 Senti meu celular vibrar, era Dinah:

 

“Laur, está fazendo nada? Se não estiver, aparece aqui. No bar de sempre ;)”

 

Ponderei sobre ir até o bar, fazia um tempo que o álcool não encostava em minha boca e talvez se o fizesse… só pioraria as coisas. Depois de uma breve briga interna comigo mesma, resolvi passar lá para dar um oi para o pessoal.

 

 (...)

 

 Já conseguia ver o rústico bar de longe, era bem frequentado sempre havia clientes e em alguns dias estava lotado, porém, Dinah sempre conseguia lugares privilegiados. Ela e Mani eram amigas da dona, ela já tentaram me apresentar ela uma vez.

 

Todas as ruas estavam lotadas, infelizmente tive que estacionar um pouco longe e ir andando até o local. Entrei por uma porta do fundos que conhecia, já que a entrada principal estava totalmente lotada pela fila. Procurei a Mustafá com os olhos e logo encontrei a cabeleira loira. Coloquei minhas mãos dentro dos bolsos e caminhei até minhas amigas.

 

 Uma figura desconhecida por mim estava sentada junto a Normani e Dinah. Tinha cabelos longos, porém estavam presos em um rabo de cavalo, conseguia ver tatuagens pelo seu braço e antebraço, também possuía um leão tatuado em sua mão… ela era linda. Seus olhos eram castanhos escuros, seus olhos encontraram os meus e ela sorri.

 

Assim que chego mais perto Dinah me cumprimenta:

 

 – Eai branquela.

 

– Hey Laur... – Mani diz bebericando um pouco da sua cerveja.

 

– Oi meninas, você eu não conheço… – digo me referindo a moça com traços espanhóis.

 

– Não tivemos a oportunidade ainda, mas sou Demetria, você deve ser a famosa Lauren Jauregui… – diz ela mordendo o lábio inferior.

 

– Então você é a famosa Demi Lovato, dona disso aqui.

 

 –Exatamente.

 

– Bom, vamos deixar vocês conversando – Dinah diz.

 

– Querem algo pra beber? – Mani diz.

 

– Não! – eu e Demi falamos uníssono.

 

– Desculpa eu me esqueci…  – a mulata bate na própria testa.

 

– Sem problemas Mani –  Demetria fala calmamente.

 

 O casal sai e vai a direção a uma mesa de bilhar que havia no canto do bar, me juntei a Demetria a mesma brincava com a mão em sua garrafa d’água, seus olhos eram atentos aos meus movimentos:

 

– Por que não pediu nada para beber? – ela questiona.

 

–Ah, fiz uma promessa para mim mesma.

 

– Posso saber que promessa é? – ela pende a cabeça para o lado, adorável.

 

– Quero me livrar da bebida e do cigarro… pela minha filha.

 

– Incrível Jauregui, eu fiquei sóbria faz uns anos já – ela diz com um sorriso no rosto –  então eu sei o quanto é difícil.

 

– Imagino pelo o que tenha passado, mas faz muito tempo que você tem o bar? – digo olhando em volta.

 

– Ah sim, já passei muitas noites bebendo aqui, por agora só venho ver se está tudo em ordem.

 

Conversei durante muitas horas com Demetria, era realmente uma pessoa incrível. Conheci os significados da suas tatuagens no braço, eu só conseguia sorrir com cada uma delas. Eu mostrei a minha libélula na nuca e a mesma havia gostado.

 

Conseguia sentir o olhar de Norminah sobre nós, ambas estavam com um sorriso no rosto. Acabei mostrando até alguma fotos de Luna para ela, seus olhos brilharam e ela ficou animada caso um dia conheça a pequena.Acabei indo embora lá pelas 3 da manhã, Demi se despediu de mim com um beijo na bochecha, talvez perto demais da minha boca, mas pela primeira vez em um bom tempo eu havia dado um sorriso que não era relacionado a Luna ou a Camila…

 

(...)

Camila POV

 

 

 Lauren estava do meu lado dirigindo, conseguia ver o nervosismo transbordando em seu rosto, batucava continuamente no volante ou o apertava com força, era sinais do quanto ela era frágil em relação à mãe. Eu levei minha mão em seu ombro, a mesma toma um pequeno susto:

 

– Tente se acalmar Laur, quer parar um pouco? – digo olhando o quanto faltava para chegar no GPS.

 

– Eu preciso comer algo, acho que minha pressão baixou –   ela toma o caminho pelo acostamento até entrar em uma pequena parada.

 

– Espere aqui, irei comprar algo para você comer –  digo saindo do carro assim que ela o estaciona.

 

 Entro no estabelecimento e pego algumas coisas que poderiam ajudar a melhorar a pressão de Lauren, assim que junto tudo vejo que talvez eu tenha pego coisas demais, mas era melhor prevenir do que remediar. Pago por tudo e faço meu caminho de volta para o carro.

 

Chego perto do vidro de Lauren e dou duas batidinhas:

 

– Eu vou dirigir agora, cai fora.

 

– Que grosseria Camila – ela diz destravando seu cinto e saindo carro.

 

 Entrego a sacola com as coisas e ela me olha espantada alegando que era muita coisa, dou de ombros e sento no banco do motorista. A morena dos olhos verdes da a volta e senta onde eu estava. Lauren começa a fuçar a sacola e logo saca o pacote de gominhas, sabia o quanto ela amava aquela penas coisas coloridas, assim dei continuidade a viagem. Às vezes a espiava com o canto dos olhos, ela mastigava as gominhas distraída com a paisagem, linda.

 

Seu celular que estava no suporte vibra, avisando que tinha uma nova mensagem. A mesma o pega e abre a mensagem, um sorriso surge em seus lábios. Que diabos tinha naquela mensagem? Ela responde logo depois e continua com o maldito sorriso no rosto.

 

Ela devolve o aparelho para o suporte e continua a comer suas gominhas:

 

– Se sente melhor? – pergunto.

 

– Sim, obrigada Camz –  ela sorri para mim.

 

– Quem era?.

 

– Onde? – eu reviro os olhos.

 

– Estava de sorrisinhos para o celular, quem era?.

 

– Ah… era apenas uma amiga Camila –  ela diz parando de comer –  Ciúmes?.

 

– Não, por que eu estaria? Eu namoro.

 

– Claro… – ela diz cabisbaixa.

 

Merda.

 

– Lauren eu… desculpa.

 

– Você não fez nada Camila, só seguiu em frente. Admiro isso.

 

 Permaneci calada, acho que era o melhor a se fazer por agora. Comecei a tomar um caminho para uma floresta, havia uma estrada meio estreia. Durante uns 25 minutos foi apenas árvores e mais árvores, paramos somente quando avistamos uma casa.

 

A construção tinha um aspecto moderno, nada que parecesse assombrado como eu estava imaginando, Lauren me deu a coordenada para que eu parasse em frente a casa mesmo, segundo ela não ficaríamos ali por muito tempo.

 

Ela respirou fundo e saiu do carro, fiz o mesmo. Lauren passou pelo belo jardim até chegar em uma grande porta marrom. A fachada da casa era decorada com grandes janelas de vidros, algumas cobertas por persianas por dentro. O contraste da cor concreto com marrom e branco dava um aspecto de novo, era uma casa linda.

 

Sabia que Lauren não deixava sua mãe na mão, sabia que ela enviava dinheiro para o conforto da mesma. Sou tirada de meus devaneios assim que a porta se abre por uma moça com cabelos longos e castanhos:

 

– Laur, até que enfim deu o ar de sua graça.

 

– Não comece Keana, não ficarei por muito tempo.

 

– Sabe que eu não teria te chamado caso não fosse urgente.

 

– Sei. Hum.. essa é Camila minha… amiga.

 

A moça que se chamava Keana me deu um aceno alegre e deu passagem para que nós duas passassem. Avistei a grande sala milimetricamente decorada com sofás e algumas estantes de livros, havia uma parede que separava a cozinha e a sala, Lauren e Keana foram em direção a cozinha, me sentei no grande sofá branco e admirei como aquilo era fofo e macio:

 

– Quem é você? – uma voz doce ecoou pelo cômodo.

 

Voltei meu olhar para a senhora de meia idade que usava uma cadeira de rodas elétrica, ela veio até mim e eu simplesmente não soube como reagir, essa era Clara? Alguns traços de Lauren eram idênticos aos dela, é uma mulher linda:

 

– E-eu sou Camila, amiga de Lauren – digo nervosa.

 

– Laur? Minha pequena Michele está aqui? Mike também?! –  ela diz afobada.

 

– Não, senhora Clara! Apenas eu, Lauren e Keana. Não farei mal a você… – digo me abaixando em frente a cadeira de rodas.

 

– Você é um moça bonita, certeza que Lauren te conquistou? Ela é bruta – Dei uma risada com o comentário da senhora.

 

– Conquistou, mas não conte isso a ela –  digo colocando a mão sobre a boca e rindo junto com a mais velha.

 

 Passo os olhos pelo cômodo, vejo Lauren e Keana paradas na divisa entre a sala e a cozinha, o olhar da enfermeira era de aprovação, já o olhar da mais velha não era de desaprovação nem de aprovação. Só não conseguia decifrar seu olhar, a mesma se aproximou e colocou as mãos sobre o ombro da mãe:

 

– Hey mama.

 

– Minha pequena Lauren!

 

 

A morena abraça sua mãe fortemente como se fosse fundir as duas em uma só, consegui ouvir um sussurro de Lauren, “senti sua falta”, sorri com a pequena frase. Decidi deixar ambas sozinhas aproveitando somente a companhia uma da outra, assim fui até Keana:

 

– Você é a primeira.

 

– Primeira o que? – digo confusa.

 

– Primeira a vir aqui… somente Dinah havia vindo aqui –  Keana segue o caminho de volta a cozinha.

 

– Sou apenas uma amiga…

 

– Sei quem você é Camila, sei a sua importância na vida de Lauren e sei da pequena Luna. Por alguns momentos acho que a Clara devia conhecer sua neta, antes que seja tarde.

 

– Tarde? – digo aflita.

 

– O estado dela só vem piorando, ela parece bem fisicamente, eu sei. Mas o câncer está tomando conta dela, não tem mais volta, ela se recusa a tomar os que a ajudam com a consciência e as outras coisas, vê como ela ainda acha que Lauren é uma criança e a ainda pergunta de Mike?. Lauren fez de tudo para curar, mas apenas não tem como… melhores médicos, melhores tratamentos. A pequena Lauren lutou muito pela saúde da mãe.

 

– Eu sei…

 

Continuei conversando com a enfermeira, segundo ela, Lauren sempre fugia porque sabia o quanto a mãe mexia com ela, e tinha a história de Mike também, não sabia se ela conhecia o que realmente aconteceu naquela noite, nem sobre o real trabalho de Lauren, me dei por quieta. Apenas escutando o que a mais nova dizia.

 

Comecei a ouvir uma melodia doce ecoar pela cozinha, Keana bateu uma palma em animação e saiu disparada da cozinha, a segui e só parei quando vi a figura de Lauren sentada no grande piano que havia no canto da sala, como eu não o tinha reparado?

 

Os dedos de Lauren deslizavam com maestria sobre as teclas brancas, voltei meu olhar para Clara e a mesma estava com os olhos fechados balançando a melodia da música. Foquei na dona dos olhos verdes e não consegui piscar um segundo sequer. Nunca soube que Lauren tocava, ela também, não havia me dito nada sobre o assunto… mas eu também não procurei saber…

 

Me senti um pouco culpada por não saber esses detalhes pequenos, que no final podem fazer qualquer diferença. A morena parou a melodia doce e se levantou do pequeno banco, assim que me viu deu um sorriso tímido e suas bochechas ruborizaram um pouco, linda.

 

 

(…)

 

 Lauren POV

 

 

Hoje foi um dia que meus sentimentos se misturaram de uma forma inexplicável. Passei um dia bom com a minha mãe, mas eu sabia que ela não estava numa condição muito boa, também sabia que ela não iria durar muito tempo, seu câncer estava aumentando e isso me deixava com medo. Mesmo eu não sendo uma filha ideal tinha medo de perder minha mãe, sei que não fui e nem estou sendo presente, mas é complicado demais para mim.

 

Camila toca minha coxa me fazendo despertar dos meus pensamentos, ela dirigia porque sabia que eu não estava em condições adequadas para me focar na estrada. Senti um formigamento se estendendo pelo meu corpo com o seu toque, olhei para ela e a mesma continuava focada na estrada, apenas sua mão repousada sobre minha coxa: .

 

– Pode pegar minha bolsa, por favor? – a latina diz suavemente.

 

Olhei para o banco de trás e vi a bolsa grande e preta.  

 

– Procure meu celular e mande uma mensagem para Ariana – dessa vez ela dirige seu olhar para mim.

 

– Sério? – digo inconformada.

 

– Por favor, só quero saber como Luna está.

 

Pego sua bolsa e começo a mexer nela, vejo algo no fundo dela brilhar. Levo minha mão até o brilho e sinto a constituição metálica, era uma arma? Seguro no objeto e o trago para minha vista.

 

 Eu conhecia mais do que ninguém aquela arma, os detalhes em dourado ainda estavam impecáveis. Extremamente limpa e bem cuidada, sorri pelo fato de Camila ainda guardar meu presente, volto a arma para o lugar e assim pego o aparelho de Camila e faço o que ela tinha me dito.

 

(…)

 

 Parei em frente ao apartamento de Demi e a mesma sai já estava saindo da portaria, sorrio assim que a vejo. Assim que entra no carro ela me abraça forte e me dá um beijo na bochecha, já era um costume dela fazer isso comigo:

 

– Está bem? – digo dando partida no carro.

 

– Melhor agora eu diria.

 

– Então vamos buscar minha pequena.

 

Ela balança a cabeça animada, a morena cantava algumas músicas que tocavam no rádio e a voz dela realmente é muito boa. Foi um trajeto tranquilo até o colégio de Luna, já havia vindo aqui algumas vezes para buscá-la.

 

 Assim que estacionei eu e Demi descemos do carro, a morena chegou perto de mim e entrelaçou nossos dedos. Sorri com o ato e dei um leve aperto em sua mão, caminhamos pela calçada atraindo alguns olhares de mães:

 

– Não ligue para elas… – foi o que Demi sussurrou em meu ouvido enquanto andávamos.

 

Sorri para ela, vi minha pequena vindo correndo em minha direção. Ela se joga em meus braços e eu a carrego a dando um abraço bem forte. Logo ela percebe a presença de Demi e sussurra no meu ouvido:

 

– Mommy quem é? –  diz a pequena tímida.

 

– Lua, essa aqui é uma amiga muito importante da Mommy. Demi essa é Luna.

 

– Oi anjo, como foi a aula? –  Demi diz afagando as costas da criança.

 

– Hum.. foi legal, só estou com muita fome, tia Demi!! –  pequena faz um pequeno charme se amolecendo em meus braços.

 

– A pois eu também estou, pequena! –  Demi fala arrancando uma risada da garota.

 

– Então vamos jantar em algum lugar, só preciso avisar sua mama.

 

Coloquei Luna no chão e logo a mesma segura a minha mão, olha para a Demi como se pedisse permissão para que fizesse o mesmo com ela. A morena estende a mão para a pequena e a menina a agarra, sorrio com a cena. Assim que voltei minha visão para a calçada pude ver uma pessoa… ela usava uma blusa azul marinho acompanhada com uma calça preta. Não podia ser ela, eu estava me negando que isso estava acontecendo, acompanhei todos os seus movimentos, ela acenava para nossa direção. Olho para baixo e vejo Luna acenando para a mesmo, as duas sorriam, ate ela se virar e entrar na escola, sumindo de minha vista...

Aquilo só podia ser um grande pesadelo.

– Laur, esta tudo bem? – sinto uma mão em meu ombro e saio imediatamente de meus devaneios.

 

–  S-sim esta – passo a mãos por meus cabelos e tento raciocinar tudo aquilo que havia acabado de ver.

 

– vamos embora então – Demi me puxa ate o carro.

 

 

Assim que entramos no carro, Luna pediu para que eu colocasse o CD de músicas que ela tanto amava:

 

– Não acredito que sua filha é viciada em Justin Bieber, Lauren – Demi falava ao meio de uma risada gostosa.

 

 – É...Pelo menos ela tem um bom gosto que nem a mãe dela.

 

 Demi sorriu comigo e logo acompanhou a pequena nos vocais do cantor no carro, nós fomos até uma lanchonete que era próxima a escola de Luna.