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História Beautiful Stranger - Say Goodnight


Escrita por: pahrunag

Notas do Autor


Ayo! :D Queria tanto ter postado antes do natal, mas não consegui ~pra variar né~ :$ Mesmo assim, espero que todos vocês, meus lindos, tenham tido um ótimo natal com suas famílias e amigos! O meu não foi lá grandes coisas, como sempre. Mas desta vez, realmente não tive motivos para comemorar o natal. Sempre foi uma data muito feliz, de muita esperança nas coisas boas, principalmente no amor, e agora confesso que nunca estive tão desacreditada no mesmo como estou agora. Isso até me ajudou bastante a me conectar com esse capítulo da fic. Dói demais quando se abre mão de tudo por alguém, principalmente da confiança e da boa convivência com sua família, e essa pessoa vira pra você e diz que "foi uma fase". É amigos, vocês que tanto torceram por mim... Fui deixada da maneira mais covarde que alguém pode ser deixado. Enquanto eu lutei com todas as garras pelo o que sentia, ela simplesmente preferiu ficar de bem com todos que falavam de nós, dizendo que foi apenas uma fase e nada mais. Que não tinha dito importância nenhuma. Não sei o que doeu mais, ouvir tais palavras ou ter que ouvir os outros me chamando de burra, por ter colocado tudo em jogo por alguém assim. Mas a vida é assim. Levamos na cara, levamos rasteira dos outros, caímos ao chão, ficamos ali por um tempo, mas depois nos reerguemos. E é isso que estou fazendo agora. Ou tentando pelo menos. Trabalhando, estudando, escrevendo fanfic, me dedicando a minha família e amigos, e aqueles que merecem minha atenção, como por exemplo vocês. Por isso, aqui está mais um capítulo. Infelizmente, o penúltimo da fic! ~TODOS CHORAM INCLUSIVE EU~ BS está chegando ao fim, pessoal :/ Mas não se preocupem, logo após terminá-la, darei atenção a outra yulsic fic que já comecei e espero que também de identifiquem com ela tanto quanto eu. WOW FALEI DEMAIS. Eu e minha mania de usar vocês de meus psicólogos hahaha Espero que gostem do capítulo, apenas do drama ~que sempre acontecer k~ Grande beijo no coração de todos vocês <3
Dica rápida : Ouçam a música "Say Goodnight" da banda The Click Five. Foi minha inspiração para o cap ;)

Capítulo 29 - Say Goodnight


Medo era pouco. O que eu sentia naquele momento era algo muito maior, muito mais profundo, muito mais sério. Antes de Jessica saber do contrato, eu sentia como se toda a vez que via o Sr. Jung, minha vida poderia mudar em um instante. E agora, mesmo ela já sabendo, eu ainda tinha a mesma impressão.

— E-eu não esperava ver o senhor aqui…

— Eu sei disso, mas eu precisava vir — Ele fez uma pausa enquanto parecia me analisar, deitada sobre a cama — Mas antes de tudo, como você está?

— Melhorando aos poucos.

— Fico feliz. Mas Yuri… — Ele se sentou a beira da cama, mas ainda distante de mim — O fato de ter feito o que fez pela minha filha não muda minha opinião sobre o relacionamento de vocês.

— Fiz o que fiz porque a amo senhor, não porque esperava algum tipo de reconhecimento seu — Fui áspera, porém sincera, e meu tom o surpreendeu.

— Enfim… Apesar de não ter mudado de opinião, reconheço seu ato. Por isso, vim lhe fazer uma proposta.

— Proposta? — Perguntei claramente confusa.

— Sim. Yuri, se você ama mesma minha filha, aceitará minha proposta. Esse é o momento perfeito pra você ir embora. Sabia que eu ofereci a ela uma turnê mundial? E ela recusou, por sua causa. É isso mesmo que você quer? Que Jessica desista de cantar e se apresentar? Assim como eu, você sabe o quanto ela ama fazer isso. Você não vai querer que ela desista, vai?

            Pensei que conseguiria ser forte e não me deixar influenciar por nada que ele disesse, mas naquele momento já não tinha certeza de mais nada. Cada palavra dele era como uma pontada de culpa contra meu peito. Enquanto uma parte de mim se esforçava para acreditar que aquilo não bastava de um argumento para me fazer desistir de Jessica, a outra parte já praticamente se rendia àquelas palavras.

— Eu realmente sinto muito pelo estado em que você se encontra agora — Ele continou, dando uma olhada rápida para a cadeira de rodas parada ao lado da cama — Sinto de verdade. Mas já parou pra pensar que Jessica deixará de viver pra cuidar de você? Mesmo que você se recupere, quanto tempo ela perderá, se dedicando inteiramente a você? Adeus carreira, adeus contrato, adeus turnê mundial… Adeus sonho.

            Fechei fortemente os olhos, já sentindo algumas lágrimas caírem. Por mais que ideia de perder Jessica praticamente me tirasse o ar, seu pai tinha razão. Eu não tinha certeza nenhuma de meu estado, podendo ficar naquela cadeira para sempre. Isso seria condenar Jessica a cuidar de mim sua vida inteira e fazê-la abrir mão de muita coisa. Eu não podia fazer isso. Não me perdoaria se fizesse Jessica sofrer por deixar de fazer a coisa que mais amava.

— M-mas senhor, e-eu…

— Yuri — Ele me cortou — Se você realmente a ama como tanto diz, deve deixá-la ir. Ou melhor, deve sair da vida dela imediatamente.

            É claro que eu a amava e essa era uma das poucas, senão a única certeza que eu tinha na minha vida. Minha razão de viver era fazê-la feliz. E se para isso, eu tivesse que estar longe, era isso que eu faria.

— E eu também sinto em dizer isso, Yuri. Mas se você não se afastar da minha filha, serei obrigada a tomar minhas próprias providências.

— Você está mesmo ameaçando minha filha, Jung?!

            Sequei as lágrimas com as costas da mão antes de olhar para a porta e ver meu pai, com uma expressão fechada, enquanto minha mãe parecia surpresa, escorada atrás dele.

— Oh, Jihoo — Percebi a intimidade dos dois apenas pelo fato dele ter chamado meu pai pelo seu primeiro nome — Não espera te encontrar aqui.

— E eu não esperava ouvir você ameaçando minha filha, Eric!

            Não fazia idéia de que aquele era o verdadeiro nome do Sr. Jung, mas naquele momento isso não fazia diferença. A única coisa que me chamava atenção era a expressão fechada de meu pai.

— Posso saber que providências são essas, Eric?! — Meu pai se aproximou dele

— Jihoo, é melhor que fique fora disso. Além disso, eu já estava de saída. Já disse tudo que tinha que dizer para Yuri.

— Ficar fora disso?! Eu já sei de tudo, Eric! Do contrato, do dinheiro, e também da maneira que você tratou minha filha!

            Meu pai já estava se descontrolando, cada vez mais perto do pai de Jessica. Olhei para minha mãe, como se pedisse ajuda, então ela pôs as mãos sobre os ombros de meu pai, mas ele rapidamente se desvencilhou das mesmas.

— Pai, eu também tinha minhas culpas, ok?! — Achei melhor dizer algo.

— Com você eu converso depois, Yuri! Minha conversa agora é com ele! Quem você pensa que é pra tratar minha filha como tratou e ainda vir aqui ameaçá-la?! Achei que fôssemos amigos!

— E ainda somos. Sabe o quanto eu te considero, Jihoo. Mas se você já sabe de tudo, sabe também que não aprovo nem um pouco essa relação, independente da nossa amizade.

— Que direito você tem de se meter na vida delas assim?!

— Total direito! — Agora, o Sr. Jung estava tão alterado quanto meu pai — Jessica é minha filha e eu farei tudo que puder pra que ela siga o melhor caminho possível! A culpa não é minha se você deixa sua filha viver a vida dela dessa maneira lamentável! Minha filha não vai ser assim!

— Maneira lamentável?! Ela é a minha filha e eu amo indepentende de qualquer coisa! E você deveria fazer o mesmo com sua filha! Qualquer um percebe o quanto elas se amam! Pelo amor de Deus! Minha filha se jogou na frente de um carro pra salvar sua filha, e é assim que você retribui Eric?!

— Já agradeci por isso, mas minha filha não precisaria ser salva se elas nem tivessem começado essa palhaçada que chamam de namoro! Minha filha tem coisas mais importantes para cuidar, como sua carreira. Ela não vai perder a vida dela pra cuidar da sua filha de jeito nenhum! Eu proíbo Jessica de ter qualquer contato com ela!

— Você não pode fazer isso — Meu pai disse, dando uma risada sarcástica e desacreditada.

— Ah é? Então tenta, Kwon!

— Você está me ameaçando?!

            Meu pai segurou Eric pela gola da blusa, seus olhos em fúria. Eu jamais tinha visto meu pai naquele estado. Eu chorava cada vez mais, vendo aquela cena acontecendo na minha frente e me sentindo tão impotente para fazer alguma coisa.

— Appa, solta ele! — Pedi desesperada, mas em vão.

            Os dois começaram a se empurrar, murmurando algumas coisas que eu sinceramente não entendi e nem fiz questão de entender, enquanto minha mãe estava sem reação assistindo aquela cena. Eles com certeza teriam saído no soco se o Dr. Lee não tivesse entrado no quarto acompanhado de Sooyoung e de Hyukjun.

— O que está acontecendo aqui! Pelo amor de Deus! Isso é um hospital! — Dr. Lee se fez presente entre os dois, fazendo com que eles se acalmassem.

            Desabei em choro ali mesmo, mas para minha sorte, fui logo aparada por meu irmão, que se sentou na beira da cama, abraçando-me forte.

— Fico triste que as coisas terminem assim, Jihoo. Sua amizade sempre foi muito importante pra mim, mas pensamos muito diferentes. E grave o que eu te digo: Mantenha sua filha longe da minha. Vai ser melhor pra vocês dois!

            Ele disse, antes de sair pisando forte do quarto.

— Que diabos foi isso? — Dr. Lee perguntou, mas sem obter resposta — Por favor, acalmem os ânimos. Olha o estado da Yuri! — Ele se aproximou de mim — Como você está?

— Está tudo bem, doutor — Disse, engolindo o choro

— Então vou aproveitar que toda a família está aqui para fazer um comunicado.  Infelizmente a área de fisioterapia do hospital é bem reduzida e não está especializada para atender pacientes com o seu tipo de necessidade. Eu gostaria de dar um conselho, mas não apenas como doutor, mas como alguém que realmente espera que você se recupere completamente, Yuri. Você deveria se transferir de hospital. Eu posso indicar você para alguns especialistas em outros hospitais. Especialistas que eu sei que serão capazes de te ajudar mais do que eu, mas infelizmente todos são fora do país.

— Essa é a oportunidade perfeita! — Meu pai logo disse, me deixando mais preocupada ainda — Ela vai sim doutor, pode indicar o melhor hospital que o senhor tiver.

— Tudo bem. Eu vou fazer algumas ligações e trarei notícias assim que possível.

            Assim que o doutor Lee saiu do quarto, sequei as lágrimas, desgrudando-me de meu irmão e me preparando mentalmente para enfrentar meu pai.

— Oportunidade perfeita para que? — Perguntei

— Pra você sair do país. Assim que o doutor fizer a indicação, você vai embora.

— Eu não quero ir embora! Meu lugar é aqui!

— Mas você vai, e isso já está decidido.

— Você não pode me obrigar a nada! Eu não sou mais criança, pai!

— Mas está querendo agir como uma! Você viu o que Eric disse? Ele está fora de si! Tem noção do quão perigoso pra você pode ser ficar aqui? Além disso, você precisa se cuidar Yuri! Pense em você primeiro antes de pensar na Jessica pela menos uma vez na sua vida. Você precisa de tratamento, e esse hospital não pode te oferecer isso, nem Jessica pode. E em uma coisa eu sou obrigada a concordar com Eric. Se você a ama tanto, não pode prendê-la a você. Ela teria que parar toda a vida para cuidar de você. É isso que você quer?

            Fiquei sem resposta. Meu pai havia dito a mesma coisa que o pai de Jessica, e as palavras dos dois tinham mexido comigo. Como eu podia obrigar Jessica a viver em função da minha doença? Como podia fazê-la abrir mão de tudo que ela amava, que a fazia feliz?

— Está decidido, Yuri. Você vai embora.

            Foi a palavra final de meu pai, logo em seguida saindo do quarto e carregando minha mãe junto.

— Como ele descobriu? — Perguntei fitando minhas mãos que descansavam sobre o colo.

— Jessica contou tudo a eles hoje de manhã — Hyuk respondeu

— Porque ela fez isso?! — Finalmente levantei o rosto e o fitei

— Pelo o que entendi, ela estava se sentindo culpada por nossos pais não saberem o verdadeiro motivo do seu acidente. Ela queria vir aqui te contar pessoalmente que havia dito a eles, mas teve que ir até a produtora e meu pai insistiu em vir logo. Mas acho que chegamos na hora certa, não é? Há quanto tempo o pai dela estava aqui?

— Tinha chegado há pouco tempo antes de vocês entrarem, mas tempo o suficiente para dizer tudo que tinha que dizer.

— E pelo o que vi aqui, a conversa não foi nada boa, não é?

— Ele disse basicamente o que já tinha dito antes do acidente, mas desta vez me pareceu mais revoltado com o meu relacionamento com Jessica do que nunca.

— E o que você pretende fazer?

— Sinceramente? Não faço idéia… Eu não posso ficar sem ela, Hyuk. Não posso. Mas ao mesmo tempo não quero ser um peso na vida dela. Eu não sei como vou ficar, se vou melhorar, se andarei novamente algum dia. E até descobrir tudo isso, não posso atrapalhar a vida dela.

            Hyukjun não disse nada, apenas abaixou a cabeça. Provavelmente tinha ficado sem resposta ou estava tão confuso como eu, a ponto de preferir ficar calado. Poucos minutos depois, Dr. Lee voltou, dizendo já ter entregado a meu pai uma lista com as indicações de hospitais e logo me levou para uma bateria imensa de exames para testar minhas condições. Fiquei nesse vai e volta, entrando e saindo de diversas salas e de exames diferentes por pelo menos três horas. Quando finalmente voltei ao quarto, Sooyoung me fez companhia enquanto eu comia meu almoço. Após terminar o mesmo, pedi que ela caminhasse comigo pelo o hospital. Não agüentava mais ficar trancafiada naquele quarto, e quanto mais ali ficava, pior ficavam meus pensamentos e minhas confusões. Sooyoung empurrava minha cadeira pelos corredores do hospital, e até me apresentou a algumas de suas amigas enfermeiras. Estávamos voltando ao meu quarto quando alguém apareceu no corredor, chamado por sua ajuda urgente.

— Yuri, eu já volto. Fique aqui — Ela disse antes de sair andando rápido.

            Apoiei minhas mãos sobre meu colo, olhando para todos os cantos daquele corredor enquanto esperava que Sooyoung voltasse. Assustei-me ao de repente sentir um par de mãos pousarem sobre meus olhos, impedindo minha visão.

— Será que posso roubar você por alguns minutos? — Obviamente reconheci a voz que sussurrava aquela frase em meu ouvido, deixando que um sorriso se formasse em meu rosto.

— Só se prometer nunca mais me devolver — Respondi, e logo Jessica tirou suas mãos de meu rosto e veio até a minha frente.

— Acredite, isso é o que eu mais quero fazer — Ela sorriu, antes de beijar-me suavemente — Agora vou te levar a um lugar.

— Tem certeza que podemos sair do hospital? — Perguntei, enquanto ela já começava a empurrar minha cadeira.

— Não vamos sair do hospital, Baboo…

— Não?

— Não. Apenas confie em mim.

            Jessica guiou-me por alguns corredores até chegarmos a uma espécie de pátio. Um lugar grande e descoberto, onde o sol batia sobre toda a área e alguns bancos estavam espalhados. Ao analisar rapidamente, percebi a presença de vários pacientes — já que usavam o mesmo roupão do hospital que eu vestia — e algumas outras pessoas os acompanhando, até mesmo algumas enfermeiras.

— Aqui é uma espécie de pátio do hospital. Muitas pacientes passam tempo com seus familiares aqui. Pensei que gostaria de tomar um pouco de sol.

            E ela tinha acerto em cheio. Só de sentir aquela energia esquentar meus braços, já me sentia mais viva, mais forte. Jessica continou me empurrando, até que paramos em um dos bancos, onde ela se sentou, me deixando à sua frente.

— Como você está? — Ela perguntou, repousando suas mãos sobre minhas pernas.

            Fitei suas mãos, sentindo uma pontada de tristeza me abater. Queria tanto poder sentir aquele toque, e só a idéia de nunca mais senti-lo já me afligia mais ainda.

— Bem… — Foi tudo que respondi

— Certeza?

— Sim…

— Seus pais vieram aqui, não foi?

— Sim, eles vieram.

— E como foi? Espero que não tenha ficado chateada. Eu precisava contar a verdade.

— Tudo bem. Eu também não quero ter que esconder mais nada — Senti-me culpada, porque escondia algo dela. Não podia dizer a ela sobre as coisas que seu pai havia me dito. Isso só tornaria tudo mais difícil.

— Bom… amanhã pela manhã você provavelmente vai receber sua liberação do hospital, e nós temos que sair para comemorar!

            Sentia um aperto em vê-la fazendo planos para nós, mesmo que planos para o dia seguinte. Eu sentia como se o futuro estivesse em minhas mãos e eu não tivesse a mínima idéia do que fazer com ele. Eu não podia contar a ela sobre minhas confusões, minhas dúvidas, porque ela escolheria ficar comigo, mesmo que isso não fosse o melhor para ela.

— E o que você tem em mente? — Fingi entusiasmo

— Não sei. Podímos reunir alguns amigos em casa mesmo.

— É, pode ser…

— Seobang — Ela me fitou preocupada — O que houve? Você está estranha.

— Não — Tentei disfaçar melhor — Apenas quero sair logo desse hospital.

— E você vai, meu amor — Não contive um sorriso verdadeiro ao ouvi-la me chamar daquela maneira — Logo estará de volta ao nosso apartamento.

Mesmo sabendo que alguns olhares estavam direcionados para nós, provavelmente por nos reconhecerem, Jessica inclinou-se em minha direção, unindo nossos lábios e aquele mesmo sentimento de completude preencheu meu coração.

— Lembre-se que eu estarei sempre você, Yuri-ah... Não importa o que aconteça.

Tudo que eu mais queria era lhe dizer que eu sentia o mesmo e que nada nem ninguém me impediriam de ficar ao seu lado, mas naquele momento, não tinha forças suficientes para isso. Eu a amava tanto, que meu coração e meu pensamente estariam sempre ao lado dela, mesmo que meu corpo não estivesse, mas não tinha certeza se ela seria capaz de entender isso.

— Eu sei disso, Sica — Dei um leve sorriso antes de beijá-la novamente.

Sentia falta de sentí-la daquela maneira. O jeito suave como seus dedos acariciavam minha nuca enquanto seus lábios me faziam cada vez mais prisioneira dos mesmos. Teríamos matado mais a saudade que sentíamos uma da outra, se um forte pigarro não tivesse nos interrompido. Rapidamente nos afastamos, logo vendo Sooyoung parada ao nosso lado, visivelmente envergonhada.

— Me perdoem, eu não queria interromper nada.

— Não há problema, Sooyoung... — Respondi, tentando deixá-la menos desconfortável.

— É bom vê-la novamente, você merece um agradecimento meu — Jessica disse, se levantando e estendendo-lhe a mão.

— Eu?!

— Claro, além de ter me ajudado ontem, eu não fazia ideia de que você era a enfermeira que cuidava de Yuri. Só quero agradecer por cuidar dela tão bem.

— Que isso, Jessica-ssi... — Sooyoung se curvou diante dela

— Ei, sem formalidades! — Sica reclamou — Me chame de Jessica, okay?

Sooyoung deu um largo sorriso. Eu sabia sobre sua admiração por Jessica e com certeza aquele gesto tinha sido importante para ela.

— Então, eu vim chamar vocês porque o Dr. Lee que falar com vocês.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei já ficando nervosa.

— Não sei, mas é melhor irmos logo.

Jessica empurrava minha cadeira enquanto Sooyoung andava ao nosso lado. Assim que entramos no quarto, encontramos o Dr. Lee, parado perto da cama, com uma expressão de poucos amigos que logo me deixou alerta.

— Queria nos ver doutor? — Jessica perguntou em tom aflito

— Sim — Ele disse sério — Eu tenho uma notícia para dar.

Pronto. Essa era a hora onde ele diria que após meus novos exames, teve certeza de que eu passaria o resto da minha vida naquela cadeira.

— Eu analisei os exames que você fez hoje e posso dizer com certeza que... Você está pronta pra ir para casa, Yuri!

Após ouvir aquelas palavras e ver o sorriso no rosto do Dr. Lee, eu esperava que um alívio crescesse dentro de mim. Mas isso não aconteceu. É claro que eu queria me ver livre daquele hospital, mas sair dali só significava que o momento onde eu teria que dar um rumo a minha vida estava cada vez mais próximo. Jessica dava alguns pulinhos de alegria enquanto Sooyoung deixava um belo sorriso a mostra.

— Eu vou assinar imediatamente sua permissão de alta. Ah, e já entreguei a lista ao seu pai, mas mesmo assim, me procure caso precise de qualquer coisa. Já volto — Dr. Lee saiu rapidamente pela porta

— Lista? Que lista? — Jessica conteve sua alegria para me fazer aquela pergunta, que me fez engolir a seco.

— Ah, é uma lista de remédios que o Dr. Lee quer que eu tome... — Respondi tentando ao máximo disfaçar o nervosismo, e por sorte fui salva pela volta do doutor, que chamou Jessica até sua sala para que ela assinasse alguns papéis. Aproveitei a ausência de Jessica e pedi que Sooyoung me ajudasse a me arrumar, afinal eu não podia ir embora vestindo aquele roupão de hospital. Ela me ajudou a subir na cama, e então me vestiu com uma das roupas que Jessica havia trazido para mim há um tempo. Assim que estava devidamente vestida, voltei para minha cadeira e logo Jessica voltou. Seguimos até o estacionamento do hospital, onde seu carro estava. Dr. Lee e Sooyoung me ajudaram a sentar no banco do carona, deixando minha cadeira no porta-malas.

— Yuri, qualquer coisa que precisar, sabe onde me encontrar — Dr. Lee disse com um sorriso no rosto.

— Eu também, qualquer coisa — Sooyoung prontamente disse.

— Eu agradeço muito pelo o que fizeram por mim. Eu sei que vocês cuidaram de mim com todo o carinho e atenção possível, por isso, obrigada.

— Que isso, Yuri. O que importa agora é que está bem. Curta bastante sua volta para casa — Dr. Lee disse antes de se afastar do carro junto com Sooyoung.

— Eu nem acredito que estamos voltando para casa juntas, Seobang — Ela disse em tom feliz, tirando uma das mãos do volante e a colocando sobre minha perna. Aquele gesto carinhoso era tão natural pra ela, que o fato de eu não sentir aquele toque nem lhe passava pela cabeça, mas me deixava cada vez mais desconfortável. Queria sentí-la e sentia meu estômago embrulhar e meu peito tremer só em saber que poderia nunca mais fazer isso.

Em poucos minutos, entramos na garagem de nosso prédio, onde meus pais e Hyukjun esperavam por nós com belos sorrisos em seus rostos.

— Liguei para eles antes de voltar ao quarto — Jessica disse, parando o carro perto deles.

— Eu nem acredito que você voltou, filha — Minha mãe tinha os olhos lacrimejantes.

— É bom estar de volta — Respondi, abrindo a porta do carro.

Hyukjun me pegou no colo, me fazendo sentir muito estranha. Eu via que estava eu sem colo, via suas mãos por baixo de minhas pernas, me segurando no ar, e nada. Não sentia absolutamente nada. Meu pai pegou a cadeira no porta-malas e colocando-a perto de nós, Hyukjun me colocou sobre a mesma. Subimos pelo elevador, enquanto Jessica trazia a bolsa com meus pertences.

— Temos que comemorar! — Jessica disse assim que entramos no apartamento. Empurrei as rodas da cadeira até que estivesse no meio da sala, analisando cada canto dali. Nada havia mudado no tempo em que fiquei fora.

— Com certeza — Minha mãe respondeu — Podíamos fazer um jantar especial.

— Sim, eu tinha pensando em chamar algumas pessoas — Jessica falava — Mas acho que por hoje, deveríamos ser apenas nós mesmos. Afinal, Yuri acabou de sair do hospital, é melhor evitar agitação.

— Concordo — Meu pai assentiu

— Jessica, vamos ao mercado comprar algumas coisas para prepararmos o jantar — Minha mão disse, já praticamente puxando Jessica — E você vem também, Hyukjun. Para carregar as sacolas.

— Eu?! Mas vocês vão de carro! — Ele reclamou, fazendo todos nos rirmos graças ao seu tom de indignação.

— Mas alguém tem que levar as sacolas até o carro! Ande, venha logo e sem reclamar!

Ele bufou antes de sair pela porta junto com minha mãe e Jessica, que me soprou um beijo antes que a porta se fechasse.

— Como você está se sentindo, filha? — Meu pai perguntou, se sentando ao sofá.

— Melhor — Respondi, empurrando-me para mais perto dele.

— Eu quero te mostrar uma coisa — Ele levou a mão até o bolso, tirando do mesmo um pedaço de papel e estendendo-o para mim.

Mesmo que hesitante, peguei o pedaço de papel e o abri, logo lendo o que nele havia escrito. A lista era enorme, mas nenhum dos lugares me atraía já que minha vontade era ficar, se nada disso estivesse acontecendo. Suécia, Austrália, França, Itália, Nova York, Espanha. Esses eram os lugares listados pelo Dr. Lee com o nome de seus respectivos hospitais.

— Nova York está fora de cogitação — Obviamente pelo fato de Jessica morar na verdade nos Estados Unidos. — Quanto aos outros, ainda estou avaliando melhor o que cada hospital oferece, mas em breve tomarei minha decisão.

— Está disposto mesmo a entrar na mesma paranóia do Sr. Jung de me separar de Jessica, não é?

— Paranóia?! Achei que já tivéssemos conversado sobre isso, Yuri. É o melhor pra você e ponto final.

— Eu sei o que é melhor pra mim!

— Sabe mesmo? Tem certeza? Porque se você realmente sabe, vai fazer o que eu digo no final. Agora eu vou pegar meu notebook e começar a procurar informações sobre esses hospitais, e eu se fosse você, começava a me acostumar com a ideia de ir embora da Coréia.

Foram suas últimas palavras antes que ele se levantasse e entrasse no meu antigo quarto, ao lado do quarto de Jessica. Tudo que consegui fazer foi levar as mãos ao rosto e deixar que todas as minhas frustações se esvaíssem de mim em forma de choro e soluços. Depois de tanta luta, tanto esforço pra ficarmos juntas, porque tínhamos que acabar assim? Eu ainda me via tão dividida entre a ideia de ir embora e de ficar. Ficar significaria passar o resto da minha vida ao lado da mulher que amo, mas ao mesmo tempo era uma suposição não tão boa assim, já que eu não sabia se melhoraria daquele estado "paralisado" e por isso poderia fazer Jessica abrir mão de tudo por mim. Além disso, ficarmos juntos significaria ir contra nossas duas famílias, que agora mais do que nunca nos querem longe. E ir embora, significaria ter um tratamento adequado, podendo me curar de vez deste mal, permitindo também que Jessica continuasse sua vida, fizesse sua turnê mundial e fizesse pelo resto da vida o que tanto amava. Mas ao mesmo tempo, seria como se eu assinasse um contrato, abrindo mão da minha felicidade até o fim de meus dias. E agora, Kwon? E agora?

 

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Após longos minutos de choro, resolvi deixar aquilo para depois. Esquecer por pelo menos uma noite aquelas minhas confusões. Consegui pegar o controle da televisão e ali fiquei assistindo alguns dramas até que Jessica, minha mãe e Hyukjun entraram pela porta com várias sacolas, rindo e conversando, e ainda acompanhados de Taeyeon e Tiffany.

As duas logo vieram ao meu encontro e Tiffany não perdeu a oportunidade de me agarrar em um forte abraço, mesmo que tivesse que se abaixar para me alcançar.

— Bestfriend, you're back! — Ela disse antes de me fazer sorrir graças ao seu lindo eye-smile.

— É bom ter você de volta, Yul — Taeyeon beijou minha bochecha — Isso aqui não tem a mesma graça sem você, com certeza!

— Obrigada meninas — Sorri — É bom estar em casa, principalmente com vocês aqui.

As duas ficaram na sala comigo e com Hyukjun, enquanto minha mãe e Jessica preparavam o jantar. O cheiro mais que agradável dos alimentos já perfumava a sala, fazendo meu estômago roncar, sentindo falta de uma comida caseira. Após alguns minutos, meu pai saiu do quarto, exibindo um olhar de satisfação. Provavelmente já teria escolhido o hospital para o qual me mandaria, mas isso não me importava agora, e não me importaria até que eu tivesse total certeza do que faria. Continuamos nossos assuntos, e eu estava realmente me distraindo e me divertindo como a muito tempo não fazia. Hyukjun nunca falhava em me fazer rir e a presença de Taeyeon e Tiffany ali só me dava mais alegria ainda. Meu pai nos chamou para o jantar, e Hyukjun me empurrou até a mesa. Não pude deixar de ficar surpresa. A mesa estava linda, nem parecia à mesa simples do nosso apartamento. Estava coberta com uma bela toalha vermelha, as refeições muito bem distribuídas pela mesa, e um lugar, sem a cadeira, guardado especialmente para mim. Tomamos nossos lugares e sem muitas delongas, começamos a comer.

— Tenho que dizer que o que comi no hospital nem merece ser chamado de comida comparado à isso aqui — Falei em tom brincalhão.

— Também comida de hospital é sempre horrível — Hyukjun afirmou

— Jessica — Taeyeon chamou — Você alguma vez já cozinhou para algum hospital?

Idiot! — Jessica disse em seu típico inglês, arrancando risos de todos nós enquanto Taeyeon recebia um belo tapa na cabeça — Eu sei que não sou lá a melhor cozinheira, mas me superei desta vez, podem assumir.

— Graças à ajuda da Sr. Kwon, aposto! — Tiffany mais uma vez fez graça com ela.

— Estão todos contra mim agora?! — Jessica protestou, fazendo um bico que me derreteu por dentro.

— Claro que não, Sica — Respondi, fazendo com que ela se virasse para mim, que estava sentada ao seu lado — Seu jantar esta maravilhoso, assim como você.

— Que melação! — Hyukjun disse e eu ouvi outros burburinhos assim que Jessica sorriu para mim e beijou-me rapidamente.

Quando nos separamos e voltamos a comer, todos voltaram a conversar sobre um assunto qualquer, mas eu fiquei apenas fitando meu pai, que me fitava de volta com cara de poucos amigos. Agora, graças ao Sr. Jung, meu pai também era contra meu relacionamento com Jessica. E eu sabia que ele tinha me deixado voltar para o apartamento dela pelo simples fato de ainda não saber para onde eu iria. Mas pelo menos, ele tentava disfarçar seu descontentamento com aqui, pelo menos na frente dela. Terminado o jantar, Hyukjun e meu pai se ofereceram para lavar e guardas as coisas, já que tudo aquilo já tinha sido feito por Jessica e minha mãe, e Taeyeon e Tiffany, apesar de praticamente da família, eram visitas hoje. Depois de mais alguns minutos de conversa na sala, meu pai e Hyukjun logo apareceram na sala e logo depois Taeyeon disse que ia embora. Tinha a gravação do seu novo single no dia seguinte pela manhã, e obviamente Tiffany a acompanhou.

— Nós também já vamos — Meu pai disse, me deixando confusa.

— Já vão? — Perguntei

— Sim, agora você está de volta e não é justo que Jessica durma mais no quarto de solteiro. Apenas Hyukjun ficará, eu e sua mãe alugamos um quarto em um hotel a dois quarteirões daqui. Mas voltamos amanhã de manhã para tomarmos café juntos. Além disso, vocês merecem um tempo juntas depois disso tudo.

 Tive a forte impressão de sentir uma ironia na última frase dita por meu pai. Era como se ele estivesse deixando que eu tivesse uma última noite com ela. Seu olhar era fixo nos meus, e eram incisivos. Sim, ele estava claramente anunciando meus últimos momentos com ela. Não sabia quando ele pretendia me obrigar a partir, em um dia, uma semana ou um mês, mas ele, mesmo que disfarçadamente estava deixando claro para mim que eu deveria aproveitar meus momentos com ela, pois eles acabariam em breve. Nos despedimos deles e logo Hyukjun nos deu boa noite e entrou em meu antigo quarto. Antes que eu pudesse dizer algo, Jessica empurrou minha cadeira até nosso quarto. Estava do mesmo jeito de antes, mas percebi que os lençóis da cama eram novos, com certeza. Parei a cadeira ao lado da cama e Jessica percebeu minha intenção.

— Quer ajuda? — Perguntou ela, parada, me olhando.

— Não precisa — Foi tudo que respondi, antes de fazer tremendo esforço, mas ao final conseguir usar os braços para impulsionar meu corpo sobre a cama.

Fiquei ali, assistindo enquanto ela tirava aquela roupa e vestia seu pijama na minha frente. Em seguida, abriu os guarda-roupas e pegou um pijama meu, que eu logo reconheci. Veio até a cama e se sentou ao meu lado.

— Posso?

Ela estava pedindo para me tocar, o que só demonstrava o quão desconfortável aquela situação era para nós duas. Preferia fazer aquilo sozinha, mas tinha noção de que não o conseguiria. Apenas assenti, e ela respondeu de volta. O toque dela era delicado, carinhoso, suave. Bem, pelo menos era assim que eu me lembrava, porque naquele momento, enquanto ela tirava minha calça jeans e vestia meu short, eu nada sentia. Sentei-me, trocando minha blusa sozinha, porque pelo menos isso eu era capaz de fazer. Deitei-me novamente, mas continuei olhando para ela, que agora estava sentada à beira da cama enquanto seu olhar percorria todo meu corpo.

— Seobang-ah... — Nada respondi, apenas continuei olhando — Eu queria tentar uma coisa.

— Sica... Eu não acho que seja uma boa ideia — Logo respondi nervosa, imaginando do que se tratava — Eu não sei se eu consigo...

— Shhh — Ela subiu sobre mim, levando seu indicador até meus lábios — Não é nada disso. Eu queria testar uma coisa, mas não é isso que está pensando.

Assenti, mesmo que hesitante, dando permissão pra que ela continuasse. Jessica desceu novamente, parando perto de meus pés. Jogou o cabelo para apenas um lado, deixando-o cair sobre o ombro. Pude ver suas mãos tocarem cautelosamente meus pés, mas para minha surpresa, os toques não continuaram com suas mãos. Jessica simplesmente se inclinou e começou a distribuir beijos sobre meus pés. Pensei em dizer algo, mas ignorei a ideia quando ela foi subindo seus lábios por minhas canelas, joelhos e enfim coxas. Eu não sabia qual era a real intenção dela com aquilo, mas a minha única vontade era chorar, e eu não consegui impedir que algumas lágrimas escorressem. Eu queria tanto senti-la. Sentir aquele carinho que ela estava me oferecendo. Seus beijos chegaram em meu abdômen, onde eu finalmente passei a sentir o contato de seus lábios com minha pele, o que me arrepiou e ela percebeu, levantando o rosto e vendo que eu chorava.

— Yuri-ah — Ela deitou o corpo ao lado do meu, apenas para deixar nossos rostos próximos — Porque está chorando?

— Nada — Limpei as lágrimas, mas isso não fez com que ela desistisse.

— Me fale, por favor. Fui eu? Fiz alguma coisa?

— Não, jamais Sica. É só que... Eu te amo demais. Ás vezes nem eu mesma acredito no tamanho do meu sentimento, só a ideia de nunca mais te sentir por completa acaba comigo.

— Ei, pare com isso — Ela levou uma de suas mãos até minha bochecha, secando algumas outras lágrimas que teimavam em cair — Não dia "nunca mais". Nunca é tempo demais. E eu tenho certeza que essa sua condição é temporária. Eu tenho certeza que um dia, ainda vou te ver dançando novamente, linda como sempre. Vamos caminhar juntas pela cidade de novo, e fazer tudo que sempre fizemos. Confia em mim.

— Sica, me promete uma coisa?

— Qualquer coisa, meu amor.

— Me prometa, que não importa o que aconteça, nunca duvidará do que eu sinto por você.

— Eu sei que já te prometi isso uma vez e não cumpri. Mas fui uma tola, uma idiota. Eu te prometo, que desta vez é para sempre, Seobang. Eu te amo mais que qualquer pessoa, e sei que você sente o mesmo, afinal me deu a maior prova de amor que existe. Deu sua vida por mim. Como eu seria capaz de duvidar do que sente? — Ela acariciou meu rosto — Eu nunca duvidarei de você. Por isso, não duvide de mim. Eu tenho certeza que tudo isso vai passar. Todo esse sofrimento que você está sentindo vai passar, meu amor.

Lhe puxei para um beijo. Um beijo apaixonado e lento, onde eu tentava gravar dentro de mim todos os sentimentos que colocávamos naquele gesto. Tentava gravar nos meus próprios lábios o gosto dos seus. Gravar em mim tudo que ela era. Apartando nosso contato, ela se aconchegou contra mim, envolvendo meu tronco com um de seus braços.

— Esse sofrimento vai passar... — Murmurei para mim mesma.

Ela tinha razão. Ia passar sim. Mas naquele momento, eu só via uma maneira de isso acontecer. De não só o meu, mas também o sofrimento dela passar. Apertei os olhos, tentando juntas forças para assumir aquilo para mim mesma. Era hora de partir.

Eu sabia que não conseguiria dormir, e ali fiquei segurando os soluços de meu choro para que Jessica não acordasse. Foi ali que percebi que se não fosse embora agora, não mais teria forças para fazer isso. Estiquei a mão até a mesinha ao lado da cama, e peguei o celular, discando para Hyukjun.

Yul? — Ele respondeu depois de várias chamadas — Aconteceu alguma coisa? Quer alguma ajuda?

— Preciso que venha aqui no quarto, em silêncio, e me coloque em minha cadeira.

            Desliguei a ligação sem mais explicações. Não seria capaz de tirar Jessica de cima de mim sozinha. Em poucos segundos ele entrou no quarto, ainda piscando bastante os olhos, provavelmente cheio de sono.

— Me ajude a tirá-la daqui — Sussurrei e ele logo me ajudou.

            Jessica se mexeu um pouco, mas seu sono era pesado demais para que ela acordasse. Hyuk me ajudou a voltar para a cadeira. Ainda em tom baixo, pedi que ele pegasse uma muda de roupa em meu guarda-roupa, e logo que o fez, saímos do quarto.

— Yul, quer me dizer o que está acontecendo? — Me perguntou assim que fechou a porta do quarto.

— Eu vou embora, Hyukjun. É agora ou nunca.

— O que?! Assim?! No meio da noite?!

— Você não entende?! Eu tenho que ir embora! — Novamente, lágrimas escapavam de meus olhos e eu não tinha força alguma para contê-las — Eu não posso acabar com tudo que Jessica mais ama. Além disso, eu não sou nada. Sou só alguém presa em uma cadeira de rodas e que pode ficar assim pra sempre! Eu não posso dar nada pra ela, eu não posso proporcionar a ela a vida que ela merece. E seu pai faria nossa vida um inferno se eu insistisse nisso.

— Mas você a ama, Yul!

— Nem sempre o amor é suficiente para manter duas pessoas juntas, irmão. Por favor, tem uma mala em cima do guarda-roupa. Coloque todas as minhas roupas lá, de qualquer maneira mesmo, mas em silêncio, enquanto eu ligo para o papai.

— Yuri, mas…

— Vai Hyukjun! — Fui áspera. Nunca tinha falado com meu irmão daquela maneira, mas o momento exigia que eu fosse decidida, ou qualquer detalhe poderia me fazer mudar de ideia.

            Novamente peguei o celular, discando o número de meu pai, que também demorou a atender.

— Yuri?

— Oi pai…

— Porque está acordada?

— Pai — Ignorei sua pergunta — Preciso que venha me buscar.

— Por quê?! O que houve?

             Respirei fundo, guardando a certeza dentro de mim que fazia aquilo por amar demais. Por amar tanto aquela mulher ao ponto de aceitar ficar longe dela pra que ela pudesse viver melhor.

— Quero que me leve embora agora mesmo.

 

__________________________________________________________

Jessica’s POV

        Senti certo formigamento no braço sobre o qual estava deitada, causando-me uma sensação de desconforto que me fez acordar de meu sono. Abri os olhos, mas logo os fechei novamente. Virei o corpo, levando o braço até o outro lado da cama, esperando encontrar Yuri. Mas meu braço bateu diretamente sobre o colchão, me fazendo abrir os olhos e ver a cama vazia. Obviamente estranhei aquilo. Levantei-me da cama, vendo que a cadeira de rodas também não estava ali. Saí do quarto, logo percebendo o extremo silêncio dentro do apartamento. Abri a porta do quarto de Hyukjun e o mesmo estava arrumado demais, como se ele nunca nem tivesse dormido ali. Algo estava errado. Voltei rapidamente para o quarto e peguei meu celular, logo discando o número de Yuri. A voz eletrônica do outro lado disse que o celular se encontrava desligado ou fora da área de cobertura. Tentei mais uma vez, ouvindo novamente a mesma mensagem.

            Um aperto incomum atingiu em cheio meu peito. Não fazia ideia do que poderia ter acontecido, e isso me deixava mais aflita a cada minuto que passava. Dei uma rápida olhada pelo o quarto, e percebi que alguns pertences de Yuri que se encontravam no quarto não mais estavam ali, e senti meu corpo perder todas as forças quando percebi um dos itens que faltava. Sobre uma das nossas mesinhas, havia duas fotos nossas — Uma de nós duas juntas, durante um beijo, e uma minha sozinha — tiradas pela câmera dela quando passamos aquele tempo em sua casa. Agora, havia apenas uma foto. A minha foto sozinha havia sumido.

            Não. Ela não teria ido embora. Não. Não mesmo. Balancei minha cabeça várias vezes, como se tentasse expulsar aquela ideia absurda da minha mente. Não. Ela não teria feito isso comigo. Não mesmo. Talvez ela só tivesse precisado da foto por algum motivo, talvez tivesse saído com Hyukjun para um passeio e deixado o celular desligado. Talvez… Talvez.

            Só havia um jeito de confirmar esse “talvez”. Levantei-me, indo direto ao guarda-roupa. Em um rápido movimento, abri as duas portas do mesmo, vendo o meu lado cheio com minhas roupas, e o de Yuri completamente vazio. Não, vazio não. Havia apenas uma jaqueta preta pendurada no cabide. Uma jaqueta que ela gostava bastante de usar.

            Senti o mesmo sentimento que me abateu quando vi Yuri ser atingida por aquele carro atingir meu coração novamente. Puxei a jaqueta do cabide, a apertando contra meu corpo, sentindo imediatamente meus olhos de encheram de lágrimas, o corpo perdeu a força, caindo diretamente ao chão do quarto. Por quê? Porque ela tinha me deixado?! Não me amava mais? Havia desistido de mim? Havia outra pessoa em sua vida além de mim? Perguntas e mais perguntas, e nada além de uma jaqueta como resposta.

            Não. Eu me recusava a acreditar naquilo. Tinha que haver um por que, uma resposta para aquilo. Larguei a jaqueta ali mesmo no chão, me levantando da maneira que consegui, correndo até a sala. Tinha que haver algo ali que me disse algo. Parei com minha agitação ao reconhecer o chaveiro que ela costumava usar para entrar no apartamento sobre a mesa de centro, ao lado de uma folha de papel em branco. Arrastei-me até ali, já que força era algo que me faltava naquele momento. Ajoelhei-me em frente a mesa, analisando rapidamente o pequeno chaveiro, com um desenho do Mickey, e duas pequenas chaves penduradas. Olhei para o papel ao lado. Era uma folha em branco, porém não tão nova quanto parecia de longe. Estava ligeiramente amassada, com muitas manchas de gotas espalhadas por toda sua extensão. Passei minhas mãos, mesmo que trêmulas, pela folha, e ao levantá-la da mesa, percebi que havia outra em baixo. Logo percebi a caligrafia de Yuri, escrita por toda a folha. Apertei os olhos e respirei fundo, antes de começar a lê-la.

“Senhorita Jung, Ice princess, Jessica, Sica, Amor da minha vida…

Sinceramente, não sei do que devo te chamar agora, mas os nomes e apelidos acima formam praticamente toda nossa história. No início, não sabia nada sobre você, além de que era alguém para quem trabalharia. Depois passamos por momentos difíceis, até que finalmente os superamos, nos tornando enfim amigas. Até que me vi apaixonada por você. Ou melhor, completamente apaixonada por você. Minha Sica… Que me ensinou tanto, me mostrou tanta coisa, e me fez perceber o meu real sentindo. Amar você, o grande e único amor da minha vida. Mas com todas as coisas que aconteceram em nossa vida, durante todo esse tempo, a coisa mais importante que aprendi foi que nem minha vida nem minha felicidade valem nada para mim comparado à sua. Escolheria viver na infelicidade eterna, se isso significasse ao menos um sorriso seu. Daria minha vida por você quantas vezes fossem necessárias. E é por isso que vou embora agora. Para te dar a chance de viver melhor sem mim. Sabemos que há muita coisa na nossa relação além do nosso amor. Existem pessoas que fariam de tudo para nos separar. Pessoas que podem atrapalhar você, ou até mesmo te machucar, e eu talvez seja uma dessas pessoas. Jamais me perdoaria se fosse um peso em sua vida. Uma pedra no seu caminho para o seu sonho. Ainda mais agora. Não sei de minhas condições, não sei quanto tempo ficarei presa a essa cadeira. Por isso, o melhor a se fazer agora é acreditar que o que tiver que ser será. Saiba que nada disso é fácil para mim, e a folha vazia, repleta com minhas lágrimas está aí para provar isso. Acho que gastei pelo menos meia hora, até me recompor para começar a escrever. Na verdade, não estou recomposta. E nem sei se estarei um dia. Deixar você é deixar um pedaço de mim para trás. Mas agora, esta é minha única opção. Espero que a lembrança de mim jamais saia de seu coração, porque as marcas que deixou em mim serão eternas. Por favor, não se esqueça de mim, mas também não deixe que minha lembrança te impeça de seguir em frente. Eu sei o quanto ser cantora é importante pra você, e acredite, você nasceu para isso. Então não desista do seu sonho. Você não tem noção do quanto toca as pessoas com sua voz, e isso é um dom do qual não pode abrir mão. Saiba também que não estou indo embora por não te amar, mas estou indo por te amar mais do que a mim mesma. Por precisar lutar com todas as minhas forças para que você tenha sua chance de ser feliz, mesmo que isso signifique estar longe de você. A verdade é que nunca estarei longe de você. Ainda sou seu anjo, Sica. Não importa onde eu esteja, nem onde você esteja. Meus pensamentos, meus sentimentos, meu corpo, minha alma e principalmente meu coração estarão sempre com você. Talvez nosso tempo não seja agora. Talvez seja um dia, só não seja agora. E ele se ele um dia chegar, saiba que o que sinto por você não será a mesma coisa. Será ainda maior, porque é algo que cresce dentro de mim a cada segundo da minha vida. Perdoe-me por ter ido embora sem uma despedida, sem um último beijo, um último abraço, mas não conseguiria ir embora se visse seu rosto mais uma vez. Não existe jeito fácil de dizer adeus, e talvez nos possamos nos reencontrar outra vez e por isso dizer adeus não seja necessário. Por esse motivo, digo-te apenas um boa noite.

“Quando duas pessoas estão destinadas a estarem juntas, sempre encontram seu caminho de volta. Elas podem ter desvios na vida, mas nunca se perdem uma da outra”

            Aquela que te ama com toda sua alma, seu coração, todo seu ser.

Kwon Yuri.”

            E foi assim que descobri que Yuri tinha novamente aberto mão de tudo por mim. Foi assim que descobri que o amor da minha vida havia me deixado, talvez para sempre.


Notas Finais


Meu deus, sou uma drama queen, não é? só drama nessa historia! hahaha Não se preocupem, yulsic terá seu tão merecido final feliz! :*


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