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História Beauty Cruel - Maldição erguida.


Escrita por: Sam_Corvina

Notas do Autor


Oi meu amores, queria pedir desculpa pela demora na atualização, estou passando por problemas pessoais e quem escreve sabe como isso afeta nossa criatividade.

Perdão pela demora e não desistam de mim 💚 boa leitura

Capítulo 14 - Maldição erguida.


Fanfic / Fanfiction Beauty Cruel - Maldição erguida.

 

Encarei minha imagem no espelho desejando ter alguma ideia do que fazer com metade do meu cabelo. Draco me informara através de um criado que o rei das terras Lufanas iria passar alguns dias em "nossas terras" e que pela primeira vez em muito tempo eu estava empolgada a melhorar minha imagem. Desde a morte de minha irmã tudo se tornou vago, distante e sem importância, mas agora com a volta dela e de tia Petúnia uma esperança surgiu em meu peito. Elas tinham me perdoado. Não partiram com raiva de mim, ao contrário, não carregavam culpa alguma.

 

Antes da minha vida ter virado de cabeça para baixo sempre costumava me preocupar com minha imagem. Tássia e eu sempre revezamos os penteados e todas as roupas, incluindo as jóias da família e toda aquela maquiagem que nos aproximava de certa forma. Depois que ela partiu não conseguia colocar um colar sem me sentir culpada, até mesmo um brinco simples me lembrava o quanto ela gostava de arrumar nossa caixa de jóias todas as tardes quando não tínhamos nada para fazer. Encarar meu reflexo no espelho era mais que uma autoajuda, tinha mais a ver com quem eu era e sobre o que eu estava disposta a lutar por elas, por mim. Algumas batidas na porta ecoaram pelo quarto e abri. Draco estava do lado de fora, com os olhos azuis fixos em mim. 

 

Ultimamente existia um brilho nos olhos dele sempre que encontrava pelo palácio, e esse brilho fazia com que meu coração disparasse dentro do peito, como uma imã

 

_ Não te encontrei na mesa do café da manhã. Fiquei preocupado. - Draco engoliu em seco e senti minhas mãos suarem - Aconteceu alguma coisa? 

 

Deixei um sorriso repuxar o canto dos lábios. Ele estava mesmo preocupado comigo?

 

_ Estou bem, apenas não quis descer hoje. Quer entrar? - Afastei a porta abrindo uma passagem para que ele entrasse.

 

Malfoy tinha uma mania estranha de não entrar no meu quarto caso não fosse convidado e no fundo gostava da ideia de ter minha própria privacidade. Voltei a encarar meu reflexo no espelho quando passei por ele, o rei estava atrás de mim e também me encarava.

 

_ Está usando jóias. 

 

_ Me sinto pronta para usá-las agora - Busquei um colar na caixa de jóias e entreguei a ele - Pode me ajudar com isso? 

 

Os lábios dele se repuxaram para o lado e no momento que seus dedos afastaram meu cabelo e senti seu toque na minha pele exposta, meu coração saltou para a garganta. 

 

_ Deixou de usar jóias depois do que aconteceu na corte de reis, não foi? - Disse ele distraído.

 

Minha mente não conseguia raciocinar direito, principalmente quando a respiração dele estava tão próxima a mim. Senti náuseas e pensei que fosse desmaiar. O que era aquilo?

 

_ Não me sentia no direito de usar nada, na verdade não me sentia no direito de ter nada depois daquilo…

 

_ O começo de todo luto é assim.

 

Cruzei as sobrancelhas para o reflexo dele que também me encarava.

 

_ Seus pais morreram a muito tempo? 

 

Sabia que a pergunta era invasiva e não tinha o direito de entrar na sua vida daquela forma, mas queria que ele confiasse em mim, pelo menos para compartilhar o que sentia a respeito dos pais na qual eu sabia tão pouco. Draco pensou um pouco sobre a pergunta.

 

_ Meu pai faleceu primeiro, minha mãe sofreu muito depois. Dizem que morreu de tristeza. - Sua voz era distante, como se aquilo machucasse sua alma.

 

_ Sinto muito - Foi tudo o que consegui dizer - Tenho certeza que eram pessoas maravilhosas.

 

Draco sorriu e seus olhos brilharam no reflexo.

 

_ Não poderia ter tido pais melhores - Seus olhos semicerrados focaram nos meus - E seus pais? 

 

_ Já disse uma vez, sei muito pouco sobre eles - Dei de ombros.

 

O rei curvou o pescoço e me observou por um longo momento.

 

_ Não sente… curiosidade? 

 

_ Sentia muito no começo, principalmente quando era pequena mas depois não sei, ficou uma imagem muito distante e apenas me apeguei às pessoas vivas ao meu lado.

 

_ Posso pedir uma coisa a você, Granger? 

 

Naquele momento me virei para encarar seus olhos, existia uma névoa sobre eles que não consegui adivinhar.

 

_ Claro - Cruzei as sobrancelhas ainda o encarando.

 

Draco deu um passo à frente, fechando o caminho entre nós dois.

 

_ Quero sua permissão para descobrir mais sobre seus pais.

 

Ergui as sobrancelhas sem saber o que dizer. Ele queria revirar minha história?

 

_ Qual sentido disso tudo? Estão mortos…

 

_ Curiosidade - Disse ele, sorrindo - Gosto de resolver enigmas.

 

A voz dele enfatizava que não existia nada demais na sua curiosidade repentina, mas sabia que era mais que isso. O rei queria descobrir algo que o intrigava desde o momento que lhe disse não saber nada sobre meus pais. Alguma ponta solta que eu não entendia direito o perturbava mas ele de alguma sabia de algo, só não me contava.

 

_ Permissão dada, então. - Dei de ombros, fingindo não me importar também.

 

Ficamos ali parados, um de frente para o outro sem saber o que dizer. Apenas nossa respiração emitia som naquele quarto.

 

_ Não quero sair - murmurou - Existe alguma desculpa que me prenda a você aqui dentro por mais uma hora ou acabou todas? - Draco riu baixo.

 

O suor em minhas mãos já começava incomodar junto às batidas do meu coração que parecia querer ganhar pernas próprias e pular do peito.

 

_ O que você está sentindo agora? - Engoli em seco, detestando aquela pergunta idiota que tinha feito.

 

"Burra, burra, burra. Você está dando todas as cartas para ele facilmente, Hermione!" Pensei comigo.

 

O rei exibiu um sorriso calmo e acariciou minhas bochechas.

 

_ Estou sentindo o mesmo que você - Sua mão se apoiou em meu coração - Isto. - Draco levou minha mão a apoiando em cima de seu próprio peito e percebi naquele momento que estava tão nervoso quanto eu. - Vou sentir falta de sua companhia quando partir.

 

_ Partir? - O encarei confusa - Partir para onde?

 

_ Quando tudo isso acabar você vai encontrar seu caminho nesse mundo e posso nunca mais te ver. - O sorriso de Draco vacilou.

 

Senti meu coração saltar ainda mais quando seus olhos azuis fixaram em minha boca. Eu queria. Queria o rei mais do que qualquer coisa naquele momento e tinha medo da intensidade daquele desejo. Sentia medo das sombras que se formariam nas paredes depois daquilo.

 

_ Pensei que no final de tudo isso fosse acabar morta - Ri sem animação. - Vantagem minha sair viva dessa bagunça toda, afinal.

 

Seus dedos levantaram meu rosto com delicadeza me fazendo encarar seus olhos. As pupilas dilatadas demonstravam que ele sentia o mesmo que eu naquele momento. 

 

Exatamente o mesmo.

 

_ Solto meus espinhos pelo mundo todo se for necessário - Sentia sua respiração perto demais - Mas não deixo que ninguém toque um dedo sequer em você.

 

Por mais que uma parte de mim - uma parte bastante complicada - queira permanecer aqui, parar o tempo e deixar o momento durar para sempre, sei que não é possível. Apesar de tudo o que estou sentindo agora, existe uma verdade dura por trás disso: ele está do lado errado. Prometido a outra pessoa. Me usa como isca em seus planos diabólicos.

 

 Draco é proibido.

 

Talvez a perspectiva de uma guerra próxima o bastante ou até mesmo minha proximidade, como ele mesmo disse, tenha deixado Malfoy mais ousado e imprudente, coisas que jamais foi, pelo menos comigo, não podia me deixar enganar pelas aparências.

 

Não podia enxergar rosas em um mundo completo de espinhos.

 

Seus lábios pressionaram os meus, ternos e precisos. O toque fez que uma onda elétrica me consumisse, mas diferente da vez anterior não senti vontade de desmaiar ou coisa parecida. O efeito do beijo anterior também não tinha o dominado pois agora a única coisa que impedia que fossemos para a cama era a cômoda atrás de mim, na qual estava sendo pressionada. 

 

Por mais que meu instinto dissesse para me desvencilhar dele por saber que aquela situação era errada demais, simplesmente não conseguia me afastar. 

 

Draco é um penhasco do qual me jogo alegremente e ciente de todas as consequências, ciente que existe um concreto sólido logo abaixo me esperando e mesmo assim não tenho medo. Abro os braços e recebo a morte como alguém espera o nascer do sol.

 

_ Minha nossa! - A respiração chegava com dificuldade enquanto ao lado ele também arfava. - O que foi isso? - Perguntei, sem forças para conseguir pensar direito quando nos afastamos.

 

Observei Malfoy que pelo menos parecia melhor que eu, apenas apoiado com as mãos no joelho. Seus olhos focaram em mim por um momento e depois se desviaram, como se tivesse cometido um crime na qual precisasse cobrir rapidamente as pistas. Todas as outras vezes que havíamos nos tocado tinha sido por acidente pois Draco evitava a maior parte do tempo qualquer contato comigo. Sabia mais do que ninguém que aquele beijo não devia ter acontecido, assim como o anterior na qual foi uma tragédia tanto para mim quanto para ele... um de nós dois devia ter virado as costas e se afastado, mas não aconteceu. Ninguém quis interromper aquilo.

 

Sempre senti uma sensação estranha toda vez que o rei se aproximava de mim, mas agora vez foi diferente… foi bom. Se fechasse os olhos por um segundo sequer podia sentir a onda de calor crescente que inundava aquele quarto inteiro em chamas.

 

Olhei para baixo a tempo de ver as mãos de Draco segurando rapidamente as minhas e todo meu corpo entrou em choque, uma onda elétrica pulsava acima da pele e podia jurar que o mesmo acontecia com ele também. Eu queria mais. Mais do calor, mais do formigamento, mais do choque e toda sensação que foi beijar Draco desta vez. Eu queria mais de Malfoy.

 

_ Não esperava por isso - Disse ele, fechando os olhos com um sorriso. 

 

Mal conseguia sentir meus pés se movendo, só a corrente do toque dele tomando conta de mim já conseguia prender minha atenção o suficiente… o que estava acontecendo? Por que essa onda de adrenalina por causa de um beijo? 

 

_ Sei lá, não parece certo você me beijar dentro da sua corte enquanto existe uma garota em outro reino esperando um compromisso - Senti meu coração se apertar ao dizer isso mas precisava dizer. - Pareço mais sua perdição, sei lá.

 

No fundo essa era a verdade, mesmo depois de todas as risadas e sorrisos e aquele potencial beijo que tínhamos acabado de trocar, não existia nada em comum para Draco compartilhar comigo. Ele pertencia a outra pessoa como um dia eu também pertenci e não saber a profundidade do seu interesse por ela me frustrava bastante, e se no fundo ele estivesse apaixonado e me visse apenas como uma mera diversão dentro da sua corte? A verdade é que nunca íamos ficar juntos mesmo se eu quisesse, mesmo que ele quisesse, independente de qualquer coisa.

 

Casamentos entre a realeza era um tratado de terras e não de amor.

 

Senti a rejeição me cortar tão profundamente, tão perto do coração, que tive certeza de que Draco podia olhar para mim e saber exatamente o que tinha acontecido, o que se passava na minha cabeça com apenas a intuição.

 

Não éramos compatíveis. A realidade nua e crua de qualquer interesse físico ou emocional que nutrimos um pelo outro despencou da mais alta árvore naquele momento. Já conseguia sentir o concreto se chocando contra meu rosto e quebrando meus ossos.

 

Senti as mãos de Malfoy segurarem meu rosto e quando olhei para cima ele apenas sorria, um sorriso tão aberto e sincero que nunca o vi transmitir. A alegria alcançava seus olhos e só pude sorrir junto também, não entendendo o motivo daquela felicidade se nossa história era triste no fim das contas.

 

_ Ao contrário - Senti quando o dorso da sua mão acariciou minha bochecha de leve - Você é minha salvação, Granger.

 

Meu coração disparou dentro do peito quando Draco deixou um beijo breve nos meus lábios, sorrindo em seguida, colocando ambas as mãos em meus ombros. Seus dedões cabiam perfeitamente nas ranhuras de minha clavícula exposta pelo vestido. Consegui sentir seu hálito em meu rosto, o aroma adocicado que ele tinha e me deixava entorpecida...

 

_ Salvação - Repeti as palavras lentamente processando tudo aquilo.

 

Na minha frente Draco apenas sorriu como nunca havia sorrido antes.

 

(...)

 

Felizmente estava desviando dos ataques planejados de Pansy com cautela e precisão, percebi naquele treinamento que ela não notou minha mudança de ataque e esperava algo parecido com a performance de Draco, mas para sua derrota agora eu tinha minha própria forma de defesa e proteção.

 

Pansy ergueu a espada para um ataque mais preciso e consegui derrubar o ferro de suas mãos tão rápido que seu queixo caiu, abismada.

 

_ Andou treinando - não foi uma pergunta e percebi isso no mesmo instante.

 

Puxei um lenço preso a minha calça e limpei um pouco do suor que escorria em minha testa. Meus cabelos grudavam uns nos outros de tão úmidos, podia sentir o gosto do suor toda vez que as gotas escorriam na pele. Dessa vez treinamos por três horas e não resmunguei ou pedi um descanso a ela.

 

Meu corpo já ganhava resistência para aguentar muito, muito mais daquilo.

 

_ Treino sozinha todas as noites - Disse, me sentando em um banco de pedra com Pansy ao meu lado - Não quero depender somente das aulas que vocês dois me oferecem, sem ofensa. 

 

_ Não ofendeu - Pansy ergueu as sobrancelhas puxando uma garrafa de água ao lado.

 

Ficamos ali sentadas em silêncio, o suor também escorria dos cabelos curtos de Pansy mas ela não demonstrava se incomodar, assim como não demonstrava que sua roupa de treino onde todo corpo ficava coberto, incomodava também. Olhar para ela agora se tornou algo diferente pois sabia o que existia embaixo daquele uniforme, assim como sabia o significado das cicatrizes. 

 

_ Será que você pode parar de me encarar como se eu fosse um inseto, garota? - Os olhos azuis fuzilaram na minha direção.

 

Engoli em seco.

 

_ Draco me contou sua história - Me arrependi de dizer isso no mesmo instante que as palavras saíram da boca.

 

O que estava pensando? Aquilo era pessoal demais e não éramos próximas o bastante para dividir segredinhos ou torturas pessoais, mesmo que minhas costas também estivessem cheias de marcas como as dela.

 

_ Meu irmão sempre teve a mania de ser intrometido demais.

 

_ Tenho certeza que teve a melhor das intenções quando contou… - Observei o pátio de treino sem saber para onde olhar.

 

_ As piores coisas foram feitas com a melhor das intenções, até mesmo a piedade que ele teve sobre você. - Um sorriso demoníaco dominou seu rosto.

 

_ Você me acha um peso aqui dentro… - Sussurrei.

 

_ Quem está dizendo isso é você mesma - O tom irônico em sua voz me deixou enjoada.

 

Toda vez que Pansy me olhava era como se eu fosse uma formiga, um inseto que precisava ser esmagado a todo custo. Ela sempre gostava de esfregar na minha cara meu lugar no mundo e como éramos diferentes em todos os aspectos. 

 

_ Não sei porque me odeia tanto… 

 

Novamente senti o peso daquelas palavras somente quando saiu. Minha boca parecia gostar da tortura que ela emitia.

 

_ Não a odeio. - Pansy virou a garrafa na boca sem me dar atenção - Tenho inveja de você.

 

Arregalei os olhos na direção dela sem entender o caminho daquela conversa.

 

_ Inveja? - Balancei a cabeça confusa - Não existe nada em mim para você sentir inveja, Pansy.

 

_ Você teve tudo o que eu e meus irmãos não tivemos. - O sorriso frio vacilou em seus lábios - Meus pais tinham o discurso bonito de reunir forças e lutar contras os bruxos, por um tempo acreditei nisso e realmente me voltei contra eles porém me voltei contra a pessoa errada - Seus olhos agora ganhavam uma névoa sombria - Eu era tão pequena, não entendia as consequências dos meus atos até ser marcada e ter uma família toda queimada viva na minha frente.

 

Estremeci quando sua voz vacilou.

 

_ Somos iguais em certos pontos. Também confiei na pessoa errada. - Novamente ela não me olhou quando disse aquilo.

 

_ A princesa - Murmurei, entendendo onde ela queria chegar com aquilo - Não entendo… vocês duas eram crianças…

 

Pansy riu alto passando as mãos pelo cabelo.

 

_ Não tem noção de quanto um adulto pode influenciar uma criança, não mesmo. 

 

Por algum motivo um vento frio congelou minha espinha, como se aquela frase estivesse escrita dentro de meus próprios ossos. 

 

Pansy virou o rosto na minha direção.

 

_ Não gosto de você e eu estar contando tudo isso não muda nada, mas acho válido que saiba que eu… gostei, antes. 

 

_ Como? - Balancei a cabeça confusa. - Você gostou de mim?

 

_ Na corte de reis. Venha - Pansy se levantou puxando a varinha do uniforme - Venha logo antes que me arrependa de entregar minhas memórias a você. 

 

Não esperei ela revirar os olhos de novo assim como também não esperei ela me puxar a força, levantei e a segui para mais dentro do pátio onde uma fonte de mármore brilhava intensamente. O formato de uma serpente enrolada em um tronco com dois pares de olhos amarelos me encarando fez meu corpo estremecer. Pansy indicou com o queixo a água logo abaixo presa em um tipo de prato dourado sem bordas. Encarei seus olhos, confusa, até ela apontar a varinha para as têmporas e puxar delas um fio prateado de lembranças.

 

Sabia exatamente o que era aquilo pois vi Tássia fazer isso muitas vezes quando queria esquecer um garoto. Observei acima dos ombros de Pansy minha irmã sentada no muro do castelo nos olhando curiosa, apenas sorri e ela retribuiu.

 

_ Por que está rindo? 

 

Encarei o rosto de Pansy e balancei a cabeça, como se dissesse " não foi nada " mas ela apenas me olhou pelo canto dos olhos como se fosse louca. Ignorei essa parte. 

 

Assim que sua memória foi dissolvida na água, levantei os olhos para ela uma última vez antes de afundar o rosto, torcendo para Pansy não me afogar bem ali. Fui sugada logo em seguida por um furacão cinza que me atirou contra os lençóis de uma cama bastante macia. Tudo tinha a cor sépia como se estivesse vendo tudo através de um espelho. Reconheci o quarto assim como reconheci a garota que perambulava de um lado para o outro, nervosa.

 

Pansy estava tensa de uma forma que nunca vi antes, o vestido escuro arrastando no chão enquanto roía as próprias unhas. O que ela estava esperando ali, afinal? 

 

O clic da fechadura se abrindo me fez virar o rosto na direção da porta. Malfoy estava do lado de fora, esperando autorização para entrar.

 

_ Por Merlim, onde elas estão? - Pansy balançava as mãos apressadas enquanto fazia um sinal para ele entrar.

 

A serpente rastejou a seus pés enquanto Draco alargava a gravata, o pescoço estalando como se estivesse cansado demais.

 

_ Pelo que soube é uma família. Duas irmãs e uma tia. 

 

_ Vão mata-las? - O desespero na voz de Pansy era inevitável.

 

_ Provavelmente. - Draco se sentou ao meu lado na cama.

 

Tentei passar a mão em seus ombros largos, mas foi como tentar tocar fumaça com as mãos. Era só uma lembrança.

 

_ Não vai fazer nada para impedir, irmão? - Seu tom de voz era de desespero. - Vai deixar que matem pessoas na sua frente? 

 

Draco apertou as têmporas, cansado.

 

_ Ainda estou pensando em alguma coisa… - Suspirou, se deitando na cama - … todos os olhos ficarão concentrados em mim ali dentro, não é como se tivesse muitas opções.

 

Minha atenção se voltou à forma relaxada como Draco estava naquela cama, de um jeito que nunca vi antes.. à vontade. Queria tocar os cabelos bagunçados dele e dizer que os preferia daquela forma.

 

_ Harry me disse que uma delas é um aborto…

 

_ E não mentiu - Os olhos do rei focaram na irmã - São gêmeas porém bem diferentes uma da outra.

 

_ Você as viu? - Pansy agora se sentou na ponta da cama também. 

 

_ Desci até a prisão enquanto as três dormiam. Queria saber onde Lunna estava me enfiando - Os olhos de Draco se abriram naquele momento - Uma delas estava chorando, eu acho.

 

_ Se estivesse prestes a morrer também iria chorar.

 

_ Não acho que ela chorava por estar perto da morte, não - Draco soltou um sorriso sombrio para o teto - Conheço as lágrimas. Era culpa. Culpa por ter colocado a família nessa confusão. 

 

_ Sinto que vão fazer com ela o mesmo que fizeram comigo - Pansy engoliu em seco.

 

Queria continuar prestando atenção na conversa, mas tudo o que meus olhos focaram foi o jeito relaxado de Malfoy.

 

_ Outra razão para você acolher as garotas.

 

_ Por que acha que não acolheria? São pessoas inocentes passando o inferno na terra!

 

Draco encarou os olhos da irmã e depois segurou sua mão, como se soubesse o temperamento dela.

 

_ Não sei qual a razão dessa máscara fria se você possui um coração que bate mais que o meu, irmã. 

 

Não consegui enxergar mais nada depois disso, o furacão de fumaça cinza dominou meus olhos e depois senti mãos em meus ombros, me puxando para a superfície. As garras de Pansy apertavam minha pele. 

 

Afastei a água do rosto observando sua expressão fria na minha direção.

 

_ Você se importou comigo…

 

_ Isso foi antes de saber quem você era. O que faziam.

 

_ E mesmo assim ainda está aqui, me ajudando.

 

Silêncio.

 

_ Posso fazer uma pergunta? 

 

Suas sobrancelhas se ergueram, mas Pansy não recuou, apertou os braços contra o corpo e assentiu.

 

_ Outro dia a rainha das terras Lufanas me disse que enxergava rosas espalhadas pelo palácio, mas não enxergo flor alguma, apenas espinhos. Você os vê também, disse para mim assim que chegamos. - Pansy apenas assentiu a minha pergunta - Por que enxergamos os espinhos espalhados por toda parte e as outras pessoas não? 

 

_ Somente as pessoas desta terra conseguem vê-los. É uma maldição. Minha mãe nasceu nessas terras, por isso consigo enxergá-los, está conectado comigo de alguma forma.

 

Balancei a cabeça em confusão sem entender muito bem onde ela queria chegar.

 

_ Draco sabe que suas terras são amaldiçoadas? 

 

_ Sabe. E não tenho permissão para falar mais nada, garota. 

 

Pansy já tinha se virado quando toquei seu ombro a alcançando.

 

_ Espere - Pisquei algumas vezes - Não nasci aqui. Minha família pertence às terras Corvinas, não entendo…

 

Pansy sorriu diabolicamente em minha direção acariciando meu rosto sem nenhum afeto, apenas ironia.

 

_ E quem disse isso a você?

 



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