(S/N)
– Será que estou esquecendo algo? – perguntei para mim mesma enquanto caminhava em direção ao meu carro. Foi impossível não olhar em direção à casa ao lado. Namjoon e Lisa provavelmente ainda estavam dormindo. Ainda era cedo, mas eu precisava passar no estúdio e pegar algumas coisas antes de ir para o evento.
Pensar nos dois automaticamente me fez lembrar da noite passada. Depois que minha mãe quase nos matou do coração, e Namjoon "se acalmou um pouco", descemos novamente. A maioria dos convidados nem notou nossa ausência, com exceção de Sally e Jimin, que soltaram alguns comentários engraçadinhos, mas pelo menos meus pais não estavam por perto. Então, Namjoon e eu fizemos o que qualquer pessoa sensata faria: simplesmente ignoramos.
Após cantarmos os parabéns, o que fez meu pai ficar um tanto envergonhado, o bolo foi cortado, e eu até perdi a conta de quantos pedaços comi. Jin realmente sabia como agradar. Como outra pessoa faria no meu lugar, quando a comemoração acabou, logo peguei uma vasilha da minha mãe e levei mais bolo e docinhos para comer em casa. E, de fato, foi o meu café da manhã.
Meus pais foram super gentis, agradecendo a todos. Hyuna e Jin me agradeceram pelo convite e fizeram-me prometer que sairíamos juntos em outra ocasião. Eu e Namjoon fomos os últimos a ir embora. Quando isso aconteceu, Lisa já estava dormindo no colo de Namjoon. Meu pai agradeceu a Namjoon pela presença e disse para ele voltar mais vezes. Fiquei feliz quando meu pai olhou para nós dois e disse: “Pelo visto, isso vai acontecer muito.” Eu sabia bem ao que ele se referia; ele já havia notado que tínhamos algo.
Em respeito aos meus pais, Namjoon e eu demos um abraço desajeitado, já que ele estava segurando Lisa no colo, e ele seguiu para o seu próprio carro, indo embora em seguida.
Sorri ao lembrar da conversa após a partida de Namjoon.
“– Então... Vocês estão namorando? – meu pai perguntou logo.
– Eu sabia! Acho que você estava querendo perguntar isso desde o momento em que chegou! – falei, revirando os olhos. – E, respondendo sua pergunta... Não estamos namorando.
– Ainda... Viu como ele olha para ela, George? – minha mãe perguntou olhando para o meu pai, com um sorriso nos lábios.
– Ele gosta de você, e tem uma filha muito adorável por sinal. – meu pai cruzou os braços.
– Agora vem a parte em que vocês me dão uma lição de moral por ter arranjado um cara que já tem uma filha e tudo mais? – fiz uma careta, antecipando a conversa.
– Pelo contrário. Como você pediu no celular, eu não disse nada e esperei para conhecê-los primeiro.
– E aí? – perguntei, curiosa.
– E aí que eu e sua mãe só queremos a sua felicidade. – meu pai respondeu, sorrindo. – Eu não conversei muito com ele, mas, pelo pouco que falei, ele parece ser um bom cara... Independente de ter ou não uma filha, o importante é que você seja feliz.
Sem saber o que dizer, apenas os abracei, em um misto de felicidade e emoção. Aquilo era exatamente o que eu precisava ouvir. Meus pais definitivamente são as duas pessoas mais importantes da minha vida, e saber que eles me apoiavam era tudo o que eu precisava.
– Espero que depois o traga novamente, para que possamos conhecê-lo melhor. – minha mãe disse quando no separamos.
– Claro! – sorri.
Quando estacionei em frente ao estúdio, percebi que já havia alguns funcionários pegando caixas e levando para seus carros. Eu precisava pegar algumas caixas com blusas, que seriam de um dos estandes nos quais eu iria ajudar.
Assim que cheguei à recepção, avistei Sally e Jimin discutindo. Admito que fiquei um pouco preocupada, mas ao me aproximar, tive que me segurar para não rir.
– Sally, eu não vou usar isso! – Jimin reclamou.
– Por favor, ChimChim! Vai ficar lindinho! – Sally praticamente implorou, segurando uma caixa.
– Isso é ridículo! Por que eu tenho que ser cachorro?
– Por favor, por mim! Não temos mais ninguém para quem pedir! E as crianças vão adorar! – Sally finalizou, dando um beijo nas bochechas gordinhas de Jimin. Mencionar as crianças era um golpe baixo, Sally sabia muito bem o quanto Jimin pensava na felicidade delas.
Dando um fim à discussão, Jimin pegou a caixa das mãos de Sally e, me dando um rápido "oi", seguiu para o banheiro.
– Pode dizer, eu sou mestre na arte de convencer as pessoas! – Sally se virou para mim, com um sorriso presunçoso.
– Só se for com o Jimin. – revirei os olhos. – Pode me ajudar a pegar umas caixas na sala dos professores?
– E o que eu vou ganhar?
– Os meus mais sinceros agradecimentos de "você não fez mais que sua obrigação"!
– Malvada! – ela reclamou, mas foi caminhando comigo até a sala. – Por que toda essa produção? – ela arqueou as sobrancelhas.
Franzi o cenho, confusa, olhando minha roupa. Será que eu exagerei? Havia colocado uma calça jeans skinny escura, calcei um par de botas de salto e, para quebrar o clima um tanto fechado demais, vesti uma blusa rosa com a frase "Let's Adopt!", personalizada especialmente para o evento.
– Está exagerado? – perguntei, mas Sally usava quase a mesma coisa, com exceção de sapatilhas. – Mas o salto nem está tão alto!
– Só estava falando para te irritar. Está muito bonita! – ela disse sorrindo. – Adorei as botas! É engraçado que, mesmo com salto, você ainda é baixinha!
– Sally, não começa. Se quer zoar a altura de alguém, por que não fala do seu namorado?!
– Mas vocês têm quase a mesma altura. – ela reprimiu um riso.
– Não importa! Aliás, por que estamos discutindo isso?
– Vocês são tão irritantes! – a voz de Jimin soou pela sala. Sally e eu nos viramos para ver Jimin parado na porta, vestindo uma fantasia de cachorro, que deixava apenas seu rosto visível.
– Ahhh, que fofinho! – falei com a voz extremamente afinada.
– Parece um filhotinho! – Sally completou, dizendo no mesmo tom.
– Adorei a cor da roupa, combina com seus olhos! – falei ironicamente, fazendo Jimin revirar os olhos. – Será que vocês podem me ajudar com isso? O evento já deve estar começando!
Com a ajuda de Jimin – ainda resmungando – conseguimos carregar as três caixas, divididas entre blusas personalizadas e bonés, tudo na cor rosa bebê. Após colocar tudo no porta-malas do meu carro, me despedi brevemente dos dois, afinal, iríamos nos ver bastante durante o dia.
No caminho até o parque Marronnier, pedi a Deus inúmeras vezes que não deixasse a chuva cair durante o evento, já que o céu estava nublado desde às 6 da manhã. A feira começaria às 9 e seguiria até as 5 da tarde.
Quando cheguei ao parque, não pude evitar abrir um largo sorriso ao ver o ambiente já cheio. Os estandes já estavam montados e as pessoas estavam animadas, observando tudo. Notei que a grande maioria, principalmente por ter muitos alunos da academia de dança, estava usando roupas claras, predominando o rosa. Assim que saí do carro, avistei Julie correndo em minha direção para me ajudar com as caixas, já que ela ficaria comigo no estande.
Graças a uma mulher que passou por nós e se ofereceu para ajudar, conseguimos levar tudo em uma só viagem. Assim que chegamos ao local, fomos rapidamente tirando tudo das caixas e colocando sobre a bancada. No mesmo minuto, algumas pessoas já se aproximaram, e a maioria que comprou, logo colocou a blusa por cima da que estavam usando.
Já eram quase 11 horas, e o evento estava acontecendo de forma animada. Minha atenção se dividia entre ajudar Julie, observar a felicidade das crianças com os animais – que, felizmente, estavam sendo adotados rapidamente – e ver Jimin, que estava se divertindo com as crianças enquanto usava a fantasia de cachorro. Sally, como sempre, estava encarregada de tirar fotos de tudo, garantindo que cada momento fosse capturado. Eu estava arrumando algumas blusas na bancada quando, de repente, senti duas mãos pousarem sobre a minha cintura. Sorri automaticamente, pois sabia exatamente de quem se tratava.
– O que uma garota linda dessas está fazendo aqui sozinha? – a voz de Namjoon soou baixa e doce em meu ouvido, enquanto ele se aproximava por trás de mim.
Ao me virar para responder, fui tomada por uma surpresa. O visual de Namjoon estava… diferente. Ele estava vestindo roupas inteiramente pretas: calça, blusa, casaco e até os sapatos. Até o cabelo, que normalmente era um castanho suave, parecia mais escuro. Olhei para Lisa, que estava ao lado dele, e notei um grande contraste entre os dois. Lisa estava com um vestido rosa delicado, um casaco creme e sapatilhas brancas, enquanto Namjoon parecia ter saído de uma noite sombria.
– Namjoon? Quê isso? Alguém morreu? Está indo para um velório? – não consegui evitar a risada ao ver o look dele.
Lisa soltou uma risada, segurando suas mãos em uma expressão divertida.
– O quê? Não gostou? – Namjoon perguntou, arqueando as sobrancelhas, claramente surpreso com minha reação.
– Não é isso... – sorri, tentando me controlar. – Você está lindo, mas é um tanto sério para a ocasião, né? – olhei ao redor e percebi que a maioria das pessoas estava vestindo roupas claras, suaves, até alegres para o evento. Peguei um boné rosa bebê que estava sobre a bancada e coloquei na cabeça de Namjoon, tentando quebrar a seriedade do visual dele.
– É sério? – ele perguntou, com uma expressão cética, olhando para mim de forma divertida.
– Sim, nem Lisa, com todo aquele rosa, estava conseguindo te deixar mais fofo. Você estava com um ar muito ‘trevoso’ para um evento tão alegre. – soltei uma risada, olhando para ele com uma expressão zombeteira.
– E agora? Como estou? – ele sorriu, ajeitando o boné na cabeça e olhando para mim com um ar travesso.
– Agora está perfeito. – sussurrei, me aproximando para dar um leve selinho em seus lábios. Quando nos separamos, fomos surpreendidos por um flash. Olhei rapidamente para a esquerda e vi Sally, com a câmera na mão, exibindo um sorriso travesso.
– Desculpe, não consegui evitar… Vocês ficam tão lindinhos juntos! – ela disse, parecendo mais empolgada com o momento do que com a foto em si. – Oi, Lisa! Quer ir comigo ver os filhotes?
Lisa já estava correndo para o lado de Sally, animada com a ideia.
– Posso, papai? – Lisa perguntou, olhando para Namjoon com os olhinhos brilhando.
– Claro, fique com a Sally o tempo todo! – Namjoon disse, com um sorriso carinhoso, acenando para Lisa. Então, ele se virou para mim e perguntou com um sorriso ligeiramente travesso. – Então, precisa de ajuda com alguma coisa?
– Bom, ouvi por alto que estavam precisando de mais pelúcias naquela bancada ali. – apontei para um estande não muito distante, que já estava quase sem pelúcias. Algumas crianças estavam olhando as prateleiras vazias, e eu sabia que tínhamos mais para repor.
– Vamos lá! – Namjoon respondeu com entusiasmo, pegando algumas caixas de pelúcia de um canto e começando a se mover na direção do estande.
Enquanto caminhávamos, a energia ao nosso redor parecia ainda mais contagiante, e eu não pude deixar de sorrir ao ver os rostos sorridentes das crianças com seus animais, o que só fazia a atmosfera do evento mais especial.
– O que mais você acha que podemos fazer para melhorar isso aqui? – Namjoon perguntou, sua voz carregada de interesse enquanto começávamos a organizar as pelúcias.
– Acho que, por agora, o que mais precisamos é apenas continuar animando as crianças. – disse, observando as crianças que se aproximavam do estande. – Mas talvez, mais tarde, a gente possa pensar em algo para atrair mais adultos para o nosso espaço. Tem tanta gente com filhos aqui.
– A ideia é boa. Quem sabe a gente não consegue montar algo mais interativo para eles. – Namjoon sugeriu, sorrindo enquanto organizava as pelúcias nas prateleiras. Ele parecia estar se divertindo tanto quanto eu, o que me deixava ainda mais feliz por tê-lo ali.
– Sim, exatamente! – concordei, sentindo uma onda de gratidão por ele estar tão presente e interessado no que estávamos fazendo. Afinal, o apoio dele fazia tudo parecer ainda mais fácil.
***
A feira superou todas as minhas expectativas. Namjoon foi um verdadeiro cavalheiro, ajudando não apenas a mim, mas também outras pessoas. Lisa, por sua vez, ficou encantada com os filhotes e passou o tempo todo brincando alegremente ao redor deles. Eu, por outro lado, mal parei por um segundo, andando de um lado para o outro para garantir que tudo estivesse correndo bem. Paramos apenas para um rápido lanche na hora do almoço.
Quando o evento começou a se encerrar, todos já estavam organizando as coisas e recolhendo a bagunça. Apesar do cansaço, ainda era visível o sorriso no rosto de cada um pelo sucesso que foi o dia. No meio da movimentação, eu congelei ao avistar uma figura familiar caminhando tranquilamente entre as poucas pessoas que ainda restavam no parque.
— Estou vendo coisas ou aquele é o seu irmão? — perguntei a Namjoon, que estava organizando algumas caixas vazias.
— O que ele está fazendo aqui? — ele respondeu, franzindo o cenho, claramente surpreso.
Taehyung se aproximou com passos confiantes, e quando finalmente nos avistou, abriu um sorriso divertido.
— Por que não avisaram? Eu teria adorado vir fotografar. — ele disse, assim que chegou mais perto.
— E o que você está fazendo aqui? — Namjoon perguntou direto, sem dar espaço para cumprimentos formais.
— Oi para você também, Namjoon. — Taehyung respondeu com um tom irônico antes de se virar para mim. — (S/N), como você está? — Ele me abraçou brevemente, completando com um sorriso travesso. — Está cada dia mais linda! — piscou para mim, claramente provocando o irmão.
Antes que eu pudesse responder, senti Namjoon me puxar de leve para mais perto, colocando sua mão gentilmente na minha cintura.
— Que tal fazer um favor? — Namjoon sugeriu, com uma calma que não mascarava completamente o ciúme em sua voz. — Pode buscar a Lisa perto das pelúcias? E, por favor, não deixe ela pegar mais nenhuma para levar pra casa.
Taehyung apenas riu, lançando um olhar de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
— Tudo bem, chefão. — respondeu, caminhando em direção ao local indicado.
Assim que ele se afastou, não perdi a chance de provocar Namjoon.
— Está com ciúmes? — perguntei, tentando conter um sorriso.
— Não. — respondeu ele rapidamente, mas a expressão em seu rosto entregava outra coisa.
— Sério? Porque não foi isso que me pareceu. — disse, divertida, enquanto cruzava os braços. — Mas relaxa, você não tem com o que se preocupar. Ele não é muito o meu tipo.
Namjoon arqueou uma sobrancelha, inclinando-se ligeiramente para mais perto.
— Ah, é? E qual é o seu tipo, então?
Fiz uma expressão pensativa, fingindo considerar a resposta.
— Bom, um cara alto, bonito... — comecei, olhando para ele de soslaio. — Cabelo escuro, incrivelmente cheiroso... E, na maioria das vezes, ele usa roupas escuras. — acrescentei, sorrindo. Namjoon riu baixo, puxando-me para um abraço.
— Parece ser um cara bem interessante. Ele usa boné rosa também?
— Usa. — respondi rindo, enquanto ele deixava um beijo estalado na minha bochecha.
Nos separamos rapidamente quando Taehyung voltou, mas Namjoon manteve sua mão firme na minha cintura, como se quisesse deixar algo muito claro.
— Lisa pegou mais uma pelúcia, mas eu só percebi quando já estávamos voltando. — Taehyung disse, entregando a pequena para Namjoon, que sorriu com um misto de diversão e derrota.
— O que posso fazer? — Namjoon brincou. — Parece que tenho duas pessoas aqui que sabem exatamente como me convencer.
Lisa riu, segurando firme sua nova pelúcia, enquanto Taehyung apenas deu de ombros, lançando um último olhar provocador antes de mudar de assunto.
A caminhada até os carros foi interrompida por um pequeno grupo de garotas que trabalhavam no estúdio. Elas conversavam entre si, e uma delas segurava um filhote enrolado em uma manta, claramente preocupada.
— (S/N)! Você sabe onde estão as garotas que cuidaram das adoções? — uma delas perguntou. O jeito como ela me chamou pelo nome me deixou levemente desconfortável; elas me conheciam, mas eu nem sequer sabia os nomes delas. Apenas tinha certeza de que trabalhavam na academia.
— O pessoal dos pet shops ficou responsável pelas adoções, mas acho que já foram embora. Algum problema? — perguntei, olhando para o filhote.
— A Yuri estava indo embora e encontrou esse filhote perto do carro dela. — explicou a garota que o segurava. — O problema é que a maioria de nós já tem um animal em casa e não pode ficar com ele. Como todos os outros animais foram adotados, achamos que ele poderia ser também, mesmo estando assim...
Ela olhou para o filhote com pena, e eu me aproximei, pegando-o cuidadosamente nos braços. Ele estava enrolado em uma manta que já acumulava sujeira pelos pelos desgrenhados. Apesar disso, pude notar que o filhote tinha algo especial: uma pelagem branca com manchas de pelos mais escuros, e olhos de um azul cristalino, hipnotizante.
— Parece ser um husky... Talvez tenha fugido. — comentei, acariciando o pelo dele, que estava ligeiramente emaranhado. Assim que fiz isso, o filhote parou de tremer, como se minha presença lhe desse algum conforto.
Uma ideia inesperada passou pela minha cabeça. Sempre tive vontade de ter um animal de estimação, mas nunca achei que seria capaz de cuidar de um. Ainda assim, olhando para aquele serzinho frágil, algo em mim não conseguiu dizer "não".
— Eu vou ficar com ele! — anunciei, com um sorriso decidido.
As garotas soltaram exclamações de alegria e agradeceram pelo gesto. Quando me virei, Namjoon, Taehyung e Lisa já estavam me observando de longe, com expressões que misturavam surpresa e curiosidade.
— Vai ficar mesmo com ele? — Taehyung perguntou assim que me aproximei. — É ele ou ela?
Afastei o pano para verificar e sorri.
— É fêmea!
— Tem certeza disso? — Namjoon perguntou, ainda analisando a situação.
— Posso tocar nela? — Lisa perguntou, seus olhos brilhando de empolgação. Agachei para que ela pudesse acariciar o pequeno animal, que parecia relaxar ainda mais com o toque gentil.
— Acho que vai ser uma experiência nova. — respondi, olhando para Namjoon. — Sempre quis ter um animal, mas minha mãe era alérgica. Agora que moro sozinha, vai ser bom ter uma companhia.
— Já pensou em um nome? — Lisa perguntou, sorrindo.
— Quer sugerir algum? — perguntei.
— Que tal Arya? — Taehyung sugeriu, com um sorriso satisfeito consigo mesmo.
Olhei bem para a filhote, analisando sua carinha delicada.
— É... Arya combina! Acho que ela tem mesmo cara de Arya.
— Você deveria levá-la ao veterinário. — Namjoon sugeriu, acariciando o pelo de Arya também. — Jungkook pode atender a essa hora.
— Será? — perguntei, um pouco hesitante.
— Se preferir, eu e Lisa podemos levá-la. — Taehyung se ofereceu com um sorriso travesso. — Aí vocês aproveitam para passar um tempo juntos. Não é todo dia que eu sou tão bonzinho assim!
— Não te conheço tão bem, mas por que tenho a sensação de que vai pedir algo em troca? — perguntei, desconfiada.
— Porque eu vou mesmo! Pode ser uma dança erótica? — respondeu, rindo descaradamente.
Olhei para Namjoon ao meu lado, que respirou fundo, claramente tentando manter a calma. Minha vontade era de gargalhar, mas consegui segurar.
— Lisa, cuida dela com cuidado, tá bom? — falei, entregando Arya nos braços da menina, que segurou a filhote como se fosse o maior tesouro do mundo. — Vou pegar minha carteira.
— Não precisa, (S/N). — Taehyung disse, balançando a mão. — Depois você me paga... Senão vai ficar muito tarde!
— Maninho, me empresta seu carro? — Taehyung completou, jogando o braço ao redor dos ombros de Namjoon, que apenas suspirou antes de entregar as chaves.
— Cuida bem dela. — Namjoon disse, olhando para Arya com um sorriso sutil, antes de se voltar para mim. — E da Lisa também.
— Relaxa, vou cuidar de tudo. — Taehyung respondeu, rindo enquanto se afastava com Lisa e Arya.
– Vamos ficar aqui parados feito idiotas? – perguntei, observando Taehyung e Lisa se afastarem até sumirem de vista. Antes que eu pudesse dar o primeiro passo, Namjoon estendeu a mão na minha direção. – O que foi?
– As chaves. Eu vou dirigir. – ele afirmou como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Soltei uma risada sarcástica, cruzando os braços.
– Isso é brincadeira, né? Meu carro, eu dirijo! – declarei, passando por ele e atravessando a rua com confiança.
– Eu amo o seu jeito de andar. – ouvi sua voz atrás de mim, baixa, mas suficientemente clara para que eu percebesse o tom provocador. – Me deixa louco!
– Pervertido! – revirei os olhos, tentando não sorrir, enquanto apertava o botão para destrancar o carro.
– Não vai mesmo me deixar dirigir? – Namjoon tentou de novo, agora apoiando o braço na janela do meu lado.
– Namjoon, entra nesse carro!
– (S/N)...
– Entra nesse carro agora! Ou vou deixar você aqui! – finalizei, tentando manter um tom firme, mas me divertindo internamente.
Namjoon deu a volta no carro, resignado, e se acomodou no banco do passageiro.
– Está pensando que vou fazer o quê? Bater no poste mais próximo? – perguntei, ligando o carro.
– Você não vai, né? – ele provocou, os olhos brilhando com humor.
– O máximo que eu poderia fazer é te jogar para fora com o carro em movimento. – dei de ombros, acompanhando o sarcasmo.
No caminho, Namjoon encontrou maneiras de criticar – e brincar – com meu jeito de dirigir. Eu sabia que ele fazia aquilo apenas para me irritar, mas admito que sua insistência arrancava sorrisos.
Ao chegarmos, ele desceu primeiro para abrir a casa, enquanto eu estacionava meu carro na garagem ao lado. Caminhei em direção à entrada, e lá estava ele, me esperando na porta, com um sorriso sereno no rosto.
Enquanto subia os degraus, não pude deixar de pensar em como estávamos ficando cada vez mais próximos. Era algo que me aquecia o coração, mas ao mesmo tempo me fazia refletir.
– Por que está com essa cara tão pensativa? – Namjoon perguntou, inclinando a cabeça levemente, como se estivesse me estudando.
– Nada... Só estava pensando. Acho que estamos ficando muito próximos. – admiti, parando à sua frente.
– E isso é ruim para você? – ele perguntou, fechando a porta atrás de mim com cuidado.
– Não, é um tanto surreal, na verdade. Mas é bom.
Ele suspirou, aliviado, com um sorriso que quase me fez rir.
– Que ótimo, porque achei que íamos brigar. – brincou. – E se isso acontecesse, eu não poderia fazer o que eu tanto quero agora.
– E o que seria? – perguntei, franzindo o cenho, tentando decifrá-lo.
Antes que eu pudesse reagir, senti seus braços firmes ao meu redor, me puxando para um abraço por trás. Sua proximidade era calorosa e reconfortante, e quando ele depositou um beijo suave no meu pescoço, meu coração acelerou.
Esbocei um sorriso, aproveitando aquele momento que parecia tão natural, mas ao mesmo tempo tão especial.
– Aceita alguma coisa? – ele perguntou, me puxando gentilmente para a cozinha. Namjoon abriu a geladeira, vasculhando seu interior. – Tem suco, torta gelada, morangos...
– Morangos! – respondi animada, pegando a pequena vasilha que ele estendeu para mim. Encostei-me à bancada, mordendo o terceiro morango. – Quer um? – ofereci, com um sorriso travesso.
Namjoon inclinou-se levemente para frente, seus olhos brilhando com diversão.
– Você quer me enlouquecer, não é? – ele perguntou, sua voz mais rouca do que o normal. Antes que eu pudesse responder, ele mordeu o pedaço do morango que restava na minha mão.
O jeito como ele passou a língua pelos lábios para limpar o suco da fruta era quase hipnotizante.
– Está começando a me assustar, você me olhando assim. – comentei, rindo baixinho.
Namjoon colocou as mãos ao lado do meu corpo, apoiando-se na bancada e me prendendo entre seus braços. Ele se aproximou lentamente, até que seus lábios encontraram os meus em um beijo suave. Quando tentei aprofundar o contato, ele sorriu contra meus lábios e desceu para o meu pescoço, provocando arrepios pelo meu corpo.
Sem conseguir resistir, puxei-o de volta para mim, aprofundando o beijo com toda a intensidade que aquele momento pedia. Ele me levantou com facilidade, colocando-me sobre a bancada e posicionando-se entre minhas pernas.
Voltamos a nos beijar, e minhas mãos logo encontraram o casaco de Namjoon. Retirei-o de seus ombros, revelando a camisa social preta que ele vestia por baixo. Suas mãos desceram até minhas coxas, apertando com firmeza antes de seguirem para minha cintura. Ele parou o movimento na barra da minha blusa e, por um breve momento, seus olhos encontraram os meus, como se pedisse permissão. Sem hesitar, retirei a peça por conta própria, deixando-o com um sorriso satisfeito.
Namjoon passou a língua pelos lábios enquanto seus olhos percorriam meu corpo, detendo-se nos meus seios, cobertos por uma lingerie azul-marinho. Ele começou a beijar meu pescoço novamente, seus lábios descendo lentamente até o colo dos meus seios. Quando sua mão direita apertou levemente meu seio esquerdo, um gemido baixo escapou dos meus lábios.
Ele continuou distribuindo beijos e mordidas provocantes, deixando marcas sutis na minha pele enquanto suas mãos exploravam meu corpo. Meus dedos, que antes puxavam levemente os fios de seu cabelo, deslizaram até seu peitoral, começando a desabotoar os primeiros botões da sua camisa. Assim que vislumbrei parte de seu abdômen definido, passei a ponta das minhas unhas suavemente pela pele exposta, arrancando um leve tremor de Namjoon.
Ele voltou sua atenção para minha boca, selando nossos lábios em um beijo intenso. Seu corpo pressionava-se contra o meu, provocando arrepios em cada contato. Minhas pernas já envolviam sua cintura, puxando-o para mais perto, em um misto de desejo e urgência.
Foi quando o som da porta da frente se abrindo nos congelou no lugar.
– Namjoon? – ouvimos uma voz chamar.
Nos afastamos rapidamente, ambos assustados. Eu desci da bancada às pressas, pegando minha blusa do chão e vestindo-a apressadamente.
– Imagina a mamãe aqui agora! – A voz sarcástica de Taehyung ecoou pela cozinha. Ele estava parado na soleira da porta, os braços cruzados e um sorriso debochado no rosto.
Namjoon tentou desesperadamente se recompor, segurando o casaco na frente do corpo, enquanto eu lutava para arrumar minha blusa, que percebi estar no avesso.
– Um pouco diferente esse detalhe na sua calça, Namjoon! – Taehyung comentou, olhando diretamente para o volume óbvio, o que fez meu rosto queimar de vergonha.
– E (S/N), gostei da sua blusa, mas acho que está no avesso. – completou, apontando casualmente para mim, antes de balançar a cabeça em falsa reprovação. – Ainda bem que Lisa vai vir com o Jungkook. Imagina o trauma dela se visse isso!
E com isso, ele saiu da cozinha, nos deixando sozinhos em meio a uma mistura de vergonha e constrangimento.
– Será que algum dia vamos conseguir um momento sem interrupções? – Namjoon perguntou, soltando um suspiro frustrado enquanto tentava organizar a situação.
Apesar do desconforto, não consegui segurar um sorriso, pensando no quão caótica, mas estranhamente divertida, a situação havia sido.
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