História Behind the Backstage Season 2. - Ninguém pode mudar o que estou sentindo.

Capítulo vinte e cinco – Ninguém pode mudar o que estou sentindo.
Los Angeles, CA, EUA – Quarta-feira.
12 de Julho de 2017     
POV Cheryl Scott

— Eu sei, Scooter. Estou ciente do que tenho que fazer e quando. Não se preocupe. Eu fico com os moleques no sábado por vocês. Eu sei, Scooter. Vocês não precisam contratar uma babá. Eu chamo a Hailey para me ajudar, ela pode saber mais do que eu na arte de cuidar de bebês. Sim, Scooter. Ela é tão confiável que... puta merda, Cheryl! O que você está fazendo aqui? Como você entrou aqui? Espera. Scooter, eu preciso desligar.

Sem esperar mais, Justin encerrou a ligação e colocou a mão sobre o peito, respirando fundo. Ele deixou a pasta do trabalho sobre a mesa e se aproximou do sofá. Sentando-se ao meu lado, ele solta um suspiro pesado.

— Pode não parecer, mas eu não quis te assustar. Eu só... precisava ver você.

A confissão o pega de surpresa. Justin abre a boca algumas vezes, mas não produz nenhum som de lá. O silencio que fica no ambiente dura alguns minutos.

— Que bom que me procurou. Aconteceu alguma coisa? — ele parece preocupado. Eu não sei se é o melhor momento para dizer aquilo, mas meus lábios me traem quando dizem “sim”. Justin se arruma no sofá de forma que ele vire de frente para mim e eu faço o mesmo. — Você pode me contar caso se sinta confortável?

Sem rodeios, eu pergunto.

— Eu destruí você?

Justin arregala os olhos em choque.

— O que? Por que você está me perguntando isso, Cher? Quem te disse isso?

— Ninguém, bom... eu estava conversando com a Char. E essa dúvida surgiu na minha cabeça. Você pode me responder, por favor?

— Não. — ele pausa. — Talvez, na verdade.

— Eu imaginei. — tiro os saltos e junto as pernas dobradas no sofá, encostando o rosto nos joelhos.

— Eu acho, Cher, — Justin começa. — que talvez a gente tenha se destruído juntos. Melhor ainda, eu acho que a mídia destruiu a gente. Você só deu um fim no que poderia ser a nossa ruína. Ou a nossa salvação. Não podemos dizer com certeza. Hoje, sabendo do que se passou na sua cabeça, sei que você não queria fazer aquilo, mas sabia que precisava ser feito.

Aos soluços, eu encaro Justin.

— Eu não gostaria de ter terminado tudo... Eu gostaria de ter ficado e lutado por nós. Mas você foi embora e não me procurou! — sussurro. — Eu só gostaria de ter tido a chance de esclarecer tudo naquela época, Justin.

— Eu não procurei você porque acreditei que você não queria ser procurada.

Justin parece ser sincero. Ele aproxima as mãos do meu rosto, limpando as lágrimas que borram o rímel. Eu estava uma bagunça, no fim das contas. Sem entender o que sinto em relação a Justin, sem entender o que eu quero sentir e muito menos sem entender o que ele sente por mim. A culpa, como sempre, me remoía por dentro, questionando várias vezes porque eu fui embora e deixei Justin sozinho quando eu poderia ter ficado e lutado com ele. Mas aquilo poderia ter sido nossa ruína. Eu gostaria de ter um tempo para pensar e entender o que eu sentia e a bagunça que eu havia me tornado. Mas eu não tenho.

— Eu não queria, mas era o que eu precisava. Desculpe por ter te procurado tão tarde, Justin. Eu vou continuar impondo os limites de amizade até que eu entenda o que está acontecendo aqui dentro. E eu quero que você entenda o que está acontecendo aí. — com cautela, coloco a mão sobre o coração de Justin. A velocidade com a qual ele bate, me assusta. — Antes que a gente engate em algo que pode nos destruir de vez.

Justin não diz mais nada, apenas continua com sua mão sobre a minha, acariciando-a. Seu coração ainda bate com força contra minha mão e acredito que meu coração esteja no mesmo ritmo frenético que o dele. Por fim, Justin solta minha mão e me puxa para o seu lado, abraçando-me com força o suficiente para retirar todo o sentimento ruim acumulado em meu coração.

Ele não deixa que eu fale nada. Todas as vezes que tento dizer algo, Justin murmura apenas um “shh, está tudo bem” e continua a me abraçar forte. Por fim, eu cedo a isso, soluçando contra o ombro de Justin e marcando sua camiseta com camadas de rímel diluído em lágrimas.

— Certo, você quer tomar um banho? — ele pergunta, após um tempo em silêncio. — Ou eu posso preparar algo para você comer... São quase quatro horas, a gente vai para a casa do meu pai em uma hora no máximo. O que você prefere?

— Não é necessário. Você sabe se a Hailey tem algum tipo de maquiagem aqui? Eu preciso esconder a minha cara de choro.

Bieber estende a mão para mim com calma e paciência e entramos pelo apartamento até o quarto de hóspedes. A decoração de lá é tão bonita, que me faz querer ficar o resto do dia deitada na enorme cama no centro do quarto. Sem poder, eu abro os armários em busca de um estojo de maquiagem, enquanto Bieber procura pelo móvel em baixo da televisão.

— Encontrei. — anuncio. Justin sorri.

— Você pode usar o meu banheiro para se maquiar. A luz lá é excelente e enquanto isso, eu preparo um smoothie de frutas vermelhas como nos velhos tempos.

Não posso evitar o momento em que beijo na bochecha de Justin em sinal de agradecimento. Peço licença antes de adentrar seu quarto, intimo demais onde eu nunca estive. Reparo no quarto bem organizado. Até o criado-mudo que Justin costuma deixar sempre bagunçado, alinhava os controles perfeitamente. Há um porta-retratos ali, o qual eu me aproximo. Na fotografia, Justin carrega os dois irmãos no braço e Hailey está ao seu lado. Não consigo engolir o suspiro de frustração que escapa dos meus lábios.

Antes que mais pensamentos ruins invadam o meu coração, eu vou para o banheiro de Justin. Acendo as luzes assim que entro e ligo também as do espelho, que facilitam na hora de maquiar. Como o tom de pele de Hailey era mais claro que o meu, tomo cuidado ao aplicar a base e o corretivo, para não ficar mais branca que o normal. Mantenho em mente o tempo todo o fato de que estou indo ver os irmãos de Justin então tento não exagerar no que eu fazia.

— A vitamina está pronta. Coloquei em copos com tampa para que a gente beba durante o caminho, espero que você não se importe. Você está linda, a propósito.

Após agradecer, eu sigo Justin para fora do banheiro e coloco a nécessaire onde ela havia sido encontrada. Sigo Justin para fora do quarto, enquanto ele pega as chaves do carro que ele havia usado apenas uma vez. Até os paparazzi perceberem, nós não seriamos descobertos. Por isso, atrás de Justin eu deixo o apartamento enquanto no visor do elevador ele tranca a entrada.

— Eu deveria mudar a senha do elevador. — ele pisca para mim.

— Se você fizer isso, eu não aparecerei mais de surpresa...

Justin parece se convencer com a resposta e deixa um sorrisinho ladeado aparecer no seu rosto bonito. Quando as portas do elevador se abrem, eu saio na frente procurando pelo carro de Justin. Ele o destranca, mas quando chego perto, fecha novamente o carro. Eu olho feio para ele, que começa a rir.

— Tão lindinha estressada.

— Tão chato! — eu respondo, levando o copo até os lábios para beber um pouco da vitamina feita por Justin. Assim que nos ajeitamos dentro do carro, Justin dá partida e segue para fora do prédio.

— Eu acho que em momentos que pararmos nos semáforos, seria bom que você ficasse abaixada. — Justin murmura.

— Sim, eu concordo. — abro o porta-luvas do carro de Justin, procurando por algo que usasse de disfarce. Da bolsa, retiro um óculos escuro grande o suficiente para cobrir parte do meu rosto e com sorte, encontro um boné de baseball enfiado no fundo do porta-luvas.

— Quando eu acho que não tem como você ficar mais linda, você coloca o boné do meu time favorito.

Eu sorrio com o comentário de Justin e cruzo as pernas sobre o banco, terminando de beber a vitamina que ele havia feito. Colocando sobre o suporte do carro, pego o copo de Justin e coloco junto, quando ele diz que havia acabado de beber.

O caminho, felizmente não demora e logo Justin está adentrando o condomínio de Chelsey e Jeremy. Justin dirige por mais alguns momentos e buzina na frente da garagem, observando Chelsea abrir a portão da garagem para que a gente descesse sem que ninguém visse. Quando eu desço, Jazmyn, Jaxon e uma garotinha estão parados na porta de acesso para a casa.

A garotinha, que eu deduzi ser a Allie, irmã postiça das crianças está de boca aberta quando eu fecho a porta do carro e parece receosa em falar alguma coisa. Quando Bieber dá a volta no carro e aparece do meu lado, sua expressão de choque parece aumentar mais ainda. Não demora nem dois segundos para que Jazmyn e Jaxon estejam envolvendo Justin em um abraço apertado, o qual está de joelhos para ficar na altura das crianças. Quando eles o soltam, alguns minutos depois, as duas crianças juntam no meu corpo, apertando-o fortemente.

— Tia Cheryl! — a voz de Jazmyn preenche a garagem. — Eu senti sua falta. — ela sorri de um modo meigo, enquanto eu a pego no colo. Justin, já com Jaxon envolvendo seu pescoço abre caminho para dentro da casa. Ao chegarmos na sala, Bieber joga Jaxon contra o sofá e eu coloco Jazmyn delicadamente ali. É o momento em que Chelsey se aproxima com Allie em seu colo, mantendo o rosto contra o pescoço da mãe.

— Justin, que prazer revê-lo. — ela sorri, envolvendo-o em um abraço desajeitado.

— É bom te encontrar novamente. — Justin sorri. — Oi, Allie. Você lembra de mim?

Receosa, ela vira o rosto para Justin e sorri de uma forma simpática. Em seguida, Justin vira para me apresentar a elas.

— Essa é a Cheryl, nós somos amigos.

Eu sorrio, abraçando Chelsey e em seguida, Allie.

— É um prazer conhecer vocês duas.

— Digo o mesmo! — Chelsey sorri. — Allie e eu vamos ter um programa mãe e filha para deixar vocês e as crianças mais à vontade. Vocês se importariam de tirar uma foto com a Allie? Eu prometo que não vamos publicar em lugar algum.

— É claro que não nos importamos. — respondo por Justin. Chelsey pega o telefone no bolso e abre a câmera enquanto Justin segura Allie em seus braços e eu a abraço de lado. Nós sorrimos para a câmera e a garota envolve nossos corpos em um abraço.

— Vamos, filha. — Chelsey a chama e em questão de minutos, estamos apenas Jazzy, Jaxon, eu e Justin. O Bieber mais velho e eu seguimos para a sala e encontramos as crianças sentadas vendo televisão.

— E aí, o que vocês querem fazer primeiro?

— Você pode entrar com a gente na piscina. O papai tem alguma coisa para você vestir e a Chelsey tem mais biquínis que camisetas. — Jazmyn murmura. — Vem, Cheryl, eu levo você para pegar um biquíni emprestado e você me ajuda a vestir o meu, tá bom?

Eu apenas sigo Jazzy para dentro da casa, subindo as escadas com ela. Quando a porta de uma suíte é aberta, eu entro com cautela, mas Jazmyn adentra o quarto já abrindo as gavetas do móvel.

— É só escolher, Cher. — eu passo a mão por cima de alguns, mas opto por um branco sem nenhum detalhe. Em seguida, Jazmyn pega o biquíni de minha mão e me puxa para fora do quarto de Jeremy, até entrarmos no quarto dela e de Allie. Há um lado rosa e um lado roxo, com camas de princesas e um banheiro no canto do quarto.

— É um quarto lindo. O seu lado é o roxo, não é?

— Como você sabe? — Jazmyn caminha até o móvel branco e abre a primeira gaveta. De lá, ela tira um maiô de princesa.

— Palpite. — eu sorrio para ela. Conforme Jazmyn tira a roupa que usava, eu a ajudo a colocar o maiô, desenrolando onde era necessário e amarrando por fim. Sobre a pia do banheiro, nós encontramos um tubo de protetor solar. — Leva para o seu irmão e pede para ele passar em você. Eu vou trocar de roupa aqui e já desço.

Jazmyn sai do quarto saltitante e eu visto o biquíni, me preparando mentalmente para o resto do dia que teremos.

Perto das nove da noite, Jazmyn está cochilando encostada em mim e Jaxon está esparramado sobre o sofá completamente apagado. Justin e eu estamos assistindo alguns episódios de brooklyn nine-nine, minha série favorita no ano. Há apenas alguns pedaços de pizza dentro da caixa na mesa central e peço para Justin alcançar para mim.

— O que temos para amanhã? — pergunto, ainda mastigando.

— Não vou te contar, mas precisamos sair cedo para que não haja fotógrafos no lugar.

— Você me assusta com essas coisas... Estou ansiosa para saber o que você planejou para o último dia.

— Você vai gostar, eu sei.

Justin e eu continuamos a conversar, enquanto as crianças dormiam pela sala. Lá pelas tantas, ajudei ele a levar os dois para o andar de cima, até suas respectivas camas, o que levou mais de dez minutos. Felizmente, havíamos levado eles para o banho assim que saímos da piscina, o que resultou em crianças limpas na hora de dormir.

Saindo do quarto, encontramos Chelsey voltando com Allie dormindo em seu ombro. Dou passagem para que ela coloque a menina na cama dela e quando ela volta para o corredor, sua expressão não é das melhores.

— O que aconteceu? — Bieber é o primeiro a perguntar.

— Fora do condomínio está cheio de fotógrafos. Eu não sei como está o seu apartamento, mas aparenta ter uns cinquenta aqui. Parece que vazou a informação de que Cheryl estava aqui também e eles vieram conferir.

— O que? Como isso é possível?

Chelsey tira o telefone do bolso, desbloqueado. Há uma matéria, onde na fotografia principal há o meu carro. Do modo que a fotografia foi tirada, parece que há mesmo alguém junto comigo.

— O que vamos fazer?

— Vocês podem dormir aqui. Cheryl pode sair amanhã cedo com o carro do Jeremy. Scooter pode buscar no apartamento dela.

— Seria pior se dormíssemos aqui. Aumentaria os rumores...

Eu retiro o celular do meu bolso, discando o número de Zachary. No quinto toque, ele atende.

— Uau, eu sei. O que vocês farão?

— Eu não tenho ideia. Você precisa do carro com urgência?

— Não. — ele responde. — Posso usar o da Charlotte amanhã. Precisamos dar um jeito de devolver seu carro sem levantar suspeitas e a madrugada é o melhor momento. Vocês vão sair da casa do Jeremy?

Eu coloco o telefone no viva-voz.

— Oi, Zac. É o Bieber. Acho que vamos embora daqui. Podemos colocar Cheryl dentro do porta-malas, se ela não se importar. É mais fácil e eu posso parar na entrada do condomínio para dar uma declaração e dizer que eu estou sozinho. Amanhã, eu e ela saímos cedo para o encontro do dia, levo ela para minha casa novamente, você dá um jeito de ir discretamente para meu apartamento, pega seu carro lá, Cheryl vai embora com você no porta-malas, pega o carro dela na sua casa e fingimos que ela passou os dois dias aí com Charlotte.

— Eu acho que vai ser a única solução plausível.

— Parece que você vai passar a noite fora, Cher...

Eu fecho os olhos, contando até dez. O nervosismo virava meu estomago ao avesso.

— É melhor irmos agora.

Nos despedimos de Chelsey rapidamente. Eu digo que devolverei o biquíni limpo assim que fosse possível, mas ela diz que posso pegar para mim. Não é tempo de discutir, então em questão de minutos, estou dentro do porta-malas do carro de Justin, esmagada pelo pouco espaço do carro esportivo. Consigo ouvir sua voz conversar com os fotógrafos e os flashes que eles disparam.

— Eu vim passar uma tarde com os meus irmãos. Até onde sei, porque conversei com Zachary, Cheryl está na casa de Charlotte e Zac está no meu apartamento. As meninas tiraram um dia de mocinhas e Zachary precisava trabalhar, então ele foi para a minha casa. Não devo mais explicações a vocês, mas não queremos notícias erradas sendo espalhadas pela mídia.

Sem dizer mais nada, Justin acelera tão rapidamente o carro para fora da entrada do condomínio, que sinto a pancada que minha cabeça dá contra os bancos traseiros. Justin murmura alto um pedido de desculpas e o caminho passa voando, apesar das minhas súplicas para que ele vá mais devagar. Se ele bater o carro, estaremos ferrados.

Mas logo entramos em seu prédio e eu sou obrigada a me preparar psicologicamente para uma noite na casa de Bieber.