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História Behind The Lights - Epílogo


Escrita por: queendricka

Capítulo 51 - Epílogo


Fanfic / Fanfiction Behind The Lights - Epílogo

Justin puxou a manga de sua jaqueta e deu mais uma tragada no cigarro de maconha, estava quase escurecendo e a chuva que durou toda a tarde estava começando a cessar, mas isso não impedia que relâmpagos se propagassem por todo céu, os mesmos deixava aquela tarde sombria um pouco mais iluminada. É claro que a luz era como flashes, e isso o fazia se lembrar de sua falecida esposa, na verdade desde sua morte qualquer coisa o fazia se lembrar dela, já tinham se passado dez meses, mas o homem agora com a barba crescida e o cabelo também maior que o normal, nunca pode esquecer o trauma que viveu ao assistir os últimos momentos de sua garota em um telão, para que o mundo todo pudesse ver.

Ele estava sentado em um dos degraus da calçada em frente a sua mansão, não se importava com os curiosos, e com o tempo eles tinham aprendido a respeitar seu espaço, até por que Justin não subia aos palcos há muito tempo, assim como não dava entrevistas, não gravava músicas e muito menos cantava. Ele havia se fechado em um mundo onde só existia escuridão, foi assim que ele resolveu que curaria as feridas de seu coração, aquele que ele ganhou da menina linda dos olhos grandes e castanhos.

O homem que por dentro ainda era apenas um menino assustado sentiu um arrepio nas costas e na nuca, logo em seguida um nó na garganta. Exalou fumaça pelo nariz e jogou o toquinho do cigarro no chão, teve que olhar mais de uma vez para acreditar no que seus olhos viam, lá estava Selena, um dos seus primeiros amores, talvez a única que realmente amou antes de sua esposa.

Bieber não a via há muito tempo, tinha recebido várias ligações dela logo depois da morte da Blake, mas não atendeu a nenhuma, não só a dela como de todos que tentavam falar com ele. Até seu empresário resolveu dar um tempo para que ele colocasse tudo em ordem.

Selena tinha largado sua carreira musical em 2014 e surpreendendo a todos, não se tornou só mais uma atriz adolescente esquecida com o tempo, ela tinha feito vários filmes e um deles em especial foi um sucesso de bilheteria, tanto é que ele foi indicado para oito oscars nos quais ganhou três, um deles para ela, como melhor atriz.

Durante as gravações de um desses filmes Selena conheceu o ator Nolan Gerard, com o quem se casou pouco tempo depois. Justin e Blake tinham comparecido ao casamento e se lembrar do momento em que transaram no banco de trás de sua Ferrari durante a festa só fez com que seu estômago revirasse ainda mais.

– Hey! – Selena abriu um pequeno sorriso enquanto se aproximava daquele que sempre considerou um irmão mais novo, e ele teria até reparado no quanto ela estava linda se não estivesse tão perdido em um mundo paralelo, bem distante do que ele realmente vivia.

– Oi. – ele nem se deu o trabalho de levantar a cabeça.

A garota finalmente se deu conta do que Alfredo, Pattie, Scooter e tantas outras pessoas haviam lhe dito sobre seu ex-namorado, ele não sentia mais nenhuma vontade de viver, era como se ele apenas existisse.

 Isso a deixou tão triste que ela teve que segurar as lágrimas, em vez de chorar respirou fundo e se sentou ao lado dele, puxando as mangas de seu casaco, assim como o garoto tinha feito um pouco antes.

– Está frio – ela comentou, se virando pra ele – Você não acha melhor entrar?

Silêncio.

– Quer dizer, você pode acabar pegando um resfriado.

Mais silêncio.

Selena se sentindo incomodada apenas fitou o nada, gotas de chuva caiam das telhas a sua frente fazendo tic tac na grama verde no chão. Seus olhos se arregalaram ao notar que as flores haviam morrido, mas não se deu ao trabalho de perguntar por que, no fundo ela sabia a resposta e se perguntasse não obteria nada além de silêncio em troca. O vento soprou forte e ela então abraçou seus joelhos, tentando se proteger do frio. Se fosse há um ano Justin provavelmente teria lhe dado sua blusa de frio.

Mas não era.

Ele tinha perdido a luz que havia nele.

Por isso agora era tudo escuro.

Triste.

– Sel – murmurou ele finalmente, chamando novamente a atenção dela – Você sabe me dizer se resfriado mata?

A garota engoliu em seco, e então abriu um pequeno sorriso, era bem típico de Justin fazer uma piada maldita como aquela.

– Provavelmente não. – respondeu – Não se lembra de quantas vezes cuidou de mim quando eu estava resfriada? Olha só, eu ainda estou aqui.

– Nolan é um cara de sorte.

– Blake também era.

– Só que ela não está mais aqui. – vociferou ele, como se aquelas palavras rasgassem tudo por dentro – E agora sou eu que não tenho sorte.

– Você tem a sua filha.

– Eu não preciso dela.

– Mas ela precisa de você.

– Ninguém precisa de mim.

– Você não acha que esta sendo muito orgulhoso?

– A vida me tirou tudo que eu tinha, você não pode reclamar de como eu sou.

– Isso não é verdade, você tem sua família, seu fãs, e você tem o mais importante, você tem o coração dela, e ele está batendo ai dentro, ela está com você Bieber, ela sempre está com você.

Justin riu fraco.

– É o que todos dizem. Mas não é você que está sem a porra da pessoa que você ama. Você não atende o caralho que eu sinto até você estar no meu lugar, é a pior coisa Sel, é o pior sentimento, ele te corrói, ele te deixa fraco e te impede de seguir em frente.

– Siga! – incentivou ela – Pelas pessoas que te amam.

– Eu não posso – sussurrou ele esfregando os olhos, prometendo a si mesmo que não choraria de novo.

– Justin, a Natalie precisa do pai dela, ela precisa entender por que você não da à mínima pra ela, você não percebe que ela já perdeu a mãe dela? Por que diabos ela tem que perder o pai também? Pattie me ligou, ela disse que está aqui a uma semana, ela trouxe a sua filha pra ficar com você e você nem ao mesmo olhou pra ela, eu sei que você pediu pra sua mãe cuidar dela, sei que você precisava de um tempo, mas Justin, pensa um pouco, olha só como ela deve estar se sentindo, ela é só uma criança, só mais uma vítima dessa tragédia, você não pode simplesmente esquecer que ela existe.

– Toda vez que eu olho pra ela – Justin gaguejou, fitando as pedrinhas por cima da grama – Eu só consigo ver a Blake, eu posso ver tão fodidamente claro que dói, dói pra cacete e eu não quero lidar com isso.

– Você vai acreditar se eu disser o quanto sinto muito?

– Isso não vai mudar o que aconteceu, sentir muito não vai trazer ela de volta, eu não me importo se as pessoas sentem muito, na verdade eu não me importo com nada, eu não sinto nada, eu não penso em nada. Eu só estou respirando, apenas respirando.

– Era tudo mais fácil quando você não se escondia atrás das luzes.

– Blake era a minha luz.

– E ainda é.

– Selena – ele respirou fundo – Entenda de uma vez por todas, ela se foi, ela não está mais entre nós, eu não preciso ouvir esse monte de bosta, essas coisas clichês que as pessoas dizem como consolo, eu conheço a minha realidade e nada do que você ou qualquer um dizer vai mudar as coisas. Então por que você não sai daqui e me deixa em paz?

Ela jamais ficaria magoada com ele, Justin não era responsável por nada do que dizia ou fazia. Aquilo era apenas uma consequência de uma perda inesperada e dolorosa. Era a forma que ele tinha encontrado para amenizar a dor de perder o encaixe perfeito, sua cara metade. O amor da sua vida. A garota que ele sempre, sempre amaria.

– Você acha que ela ficaria feliz de te ver assim?

– Eu estou pouco me fodendo pro que ela acharia, ela me deixou assim, a culpa é toda dela então foda-se o que ela pensa ou deixa de pensar.

– Será que você não pode parar nem por um segundo e agradecer por estar vivo?

– Eu só estou respirando, isso não significa que eu estou vivo.

– Eu sei Justin, mas significa que a vida segue e que você tem que continuar, também quer dizer que você tem que cuidar da sua filha, a Blake ia querer isso e não adianta ser estúpido por que você se importa e muito, você sente tudo ai dentro, tudo. Desculpa eu ser a que vai te dizer isso, mas uma hora você vai ter que acordar e fazer alguma coisa, ou então essa solidão pode te matar, e eu sei que você não quer isso, você não quer morrer Justin, você não quer que o que ela fez por você, por amor, tenha sido em vão. Tudo que você tem que fazer é aceitar que você ainda tem toda uma vida pela frente.

– Sabia que quando eu estou dirigindo eu consigo ver o rosto dela em cada curva? Sabia que em todos os outdoors é a imagem dela que aparece? Sabia que quando eu fecho os olhos é quase como se eu pudesse senti-la? Sabia que ás vezes o vento sopra na minha mão e eu a sinto formigando, como se nossos dedos estivessem entrelaçados? E a pior parte de tudo é ter que acordar na cama vazia, sem o cheiro dela, sem o brilho, sem a luz que ela fazia aparecer por onde passava. É abrir o guarda-roupa e ver as suas coisas, ver aquele álbum de fotos que ela deixou e chorar um oceano, é ver um blackberry e começar a se sentir idiota por que é o que mais te faz lembrar dela. É sonhar com ela todas as noites e acordar tendo que lidar com a realidade. É saber que eu deixei as luzes me cegarem e que eu se não tivesse discutido com ela, ela nunca teria saído daquele carro e eu não teria voltado, e nenhum acidente teria acontecido, e poderia ser tudo diferente.

– Eu sei, eu sei. Mas não se culpe por isso.

– Eu sinto falta da Natalie, sinto falta de brincar com ela, de cuidar dela, mas eu não posso, eu não posso fazer isso sem a Blake, eu não posso ser o pai dela por que ela não tem mais a sua mãe.

– Sim você pode. – ela disse firme pousando sua mão em cima da dele, que estava quente apesar do clima gélido – E o que acha de começar hoje? Você poderia fazer algo que apenas vocês dois entenderiam, vocês poderiam passar por isso juntos, tudo vai ficar mais fácil Justin, mais suportável.

– Por que você está se preocupando comigo? – ele quis saber, se virando pra ela com um sorriso fraco, finalmente podendo ver os olhos que tanto amou, no rosto que sempre admirou, sentindo a mão dela apertar a sua.

– Por que – explicou ela – Eu te amo. – ela fechou os olhos e se aproximou, depositando um beijo estalado no rosto dele – E também por que ela era um dos seres humanos mais incríveis que eu já conheci.

Justin riu, agora verdadeiramente, pela primeira vez em meses.

– Ela era uma peça.

– Sim, ela era. – concordou Selena se sentindo emocionada e tomada pelas lágrimas – E você era outra peça. Vocês se completavam.

...

Era de madrugada quando Justin finalmente saiu da calçada, tinha pensado por um longo tempo em tudo que Selena havia dito. Logo também chegou a conclusão de que estava sendo o maior babaca de todos os tempos e que se a Blake estivesse ali provavelmente ele levaria uma surra, talvez ele tentasse resolver isso mais tarde, na cama.

Sentiu as lágrimas quentes pesarem suas pálpebras enquanto corria escada à cima, até chegar ao seu quarto. Entrou no banheiro e continuou a chorar enquanto tomava banho, lavando seu cabelo, ainda aos prantos ele tirou sua barba, olhando pro espelho, vendo aos poucos sua velha imagem aparecer, como se ele estivesse finalmente voltando a ser quem ele era, quem sempre foi. Quem ela o ensinou a ser.

Nesse momento sentiu que iria vomitar, mas em vez disso correu de volta ao quarto e vestiu a harem pants que Blake tinha dado a ele, não a usava a um bom tempo, e pra completar vestiu o blusão do Bob Sponja que ela tinha usado na noite anterior a sua morte. Nunca tinha sido tocado desde então. Respirou fundo e pegou a chave de sua Range Rover, Bels sempre preferiu ela do que a Ferrari. Puxou o ar mais uma vez enquanto se direcionava ao quarto onde sua filha dormia, ou pelo menos deveria estar dormindo.

Em vez disso, já do corredor pode ouvir a melodia surgindo dos lábios da doce menina de tão pouca idade, ao abrir à porta a melodia cessou por completo, tendo em visão apenas a imagem dela, de olhos arregalados abraçando seu ursinho, sempre com o ursinho. É claro que ela achou que seu pai iria brigar com ela, era tudo que ele fazia desde que sua mãe tinha morrido. Mas não dessa vez, ele se aproximou e a colocou sentada na cama, ficando de joelhos na sua frente.

– Natalie – exclamou ele com os olhos embaçados pelas lágrimas – Bebê, você me perdoa?

– Papai!

– Você sabe que eu te amo muito, não sabe?

– Ama?

– Sim minha princesa – ele a puxou para um abraço apertado – Eu te amo muito, te amo demais, muito mesmo.

– Eu também te amo papai.

– Ah, é? De montão?

– De montão. – garantiu ela sorrindo.

– Hum e vem cá, me diz uma coisa, o que você estava cantando?

– É uma música pra mamãe. – respondeu ela – Eu aprendi a cantar lá no coral que a vovó me levou.

– Você vai ser uma cantora muito conhecida no mundo todo, vai vender muitos CDs, eu quero só ver.

– Que nem o senhor?

– Muito mais que eu.

– Nem tem como.

Dei risada.

– Por isso você é minha fã número um. – ele a colocou no chão – Agora veste o seu casaquinho por que nós vamos sair.

– Tá frio papai. – ela fez beicinho.

– Eu sei, mas você precisa vir comigo princesa.

– Onde é que nos vamos?

Justin encarou a noite do lado de fora, as estrelas brilhavam como nunca haviam brilhado, talvez elas estivessem anunciando ao mundo que o astro mundial estava de volta e que ele nunca mais se esconderia atrás das luzes.

Por que a luz que sua garota transmitia nunca deixaria de brilhar, e a maior prova disso eram as batidas aceleradas de seu coração, pulsando descontroladamente no canto esquerdo de seu peito.

Em cinco horas estaria em Nova Iorque e uma nova jornada daria início a um futuro diferente, não como ele imaginava, mas ainda assim, um futuro.

Justin sabia que tinha perdido o amor de sua vida, mas também nunca se esqueceria que tinha ganhado o coração dela.

Essa é a maior prova de amor que um ser humano poderia dar.

Isso é Blake e Justin.

Justin e Blake.

Indescritível.

Olhando pro céu ele sorriu, e sem desviar os olhos das estrelas pegou sua filha no colo, sorrindo abobalhadamente por se sentir vivo pela primeira vez.

– Nós vamos visitar a mamãe.

FIM...?



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