História Behind the Spotlight - Taekook - Recuperar

(...)

- Familiares de Jeon Jungkook! - O médico ditou alto na sala de espera, logo fazendo Lisa e Rosé quase correrem até ele.

- Como ele está? - Lisa questionou rapidamente, vendo o olhar sério do médico que encarava a prancheta.

- Podem me dizer o que são do paciente? - perguntou de forma tranquila.

- Nós que ligamos para a emergência, somos amigas dele - Dessa vez Rosé disse, não queria ter explodido com Jungkook como fez, porém havia dito tantas vezes para ele fazer o certo que não aguentou.

- Desculpe, mas são informações particulares, somente podem ser partilhadas aos familiares ou responsáveis.

- Por favor, os familiares dele não vão poder vir agora - tentaram novamente, murchando ao ver o médico negar.

- Sinto muito... - antes que pudesse terminar a fala, foi interrompido.

- Sou noivo do Jungkook, Kim Taehyung - o ômega havia acabado de chegar, observando as amigas cabisbaixas e o negar do médico.

- Ótimo, por favor, me siga - as duas olhavam o Kim indo atrás do médico, notando que ele parecia abatido, porém ainda corado, significando que ele estava se alimentando.

Já Taehyung seguia o médico sentindo uma mistura de diversos sentimentos, com medo, angustia, impotência e insegurança. Quando o viu parar em frente a uma porta, soube que era o local que Jungkook estava, podia sentir seu cheiro fraco, o que o fez engolir o bolo que formou em sua garganta. 

- Sou o Doutor Lee, o paciente Jeon Jungkook está aqui nesse quarto, vou te passar a situação antes de poder vê-lo - analisou a prancheta - A emergência foi chamada após o paciente sofrer um desmaio que veio após expelir sangue. Nós fizemos exames comprovando anemia e desidratação, porém o que agravou o caso foi que o Sr. jeon tem utilizado de dosagens elevadas de supressores, algo que não é indicado para alfas nessa idade e em sua condição de saúde - Taehyung mordeu os lábios contendo a vontade de entrar no quarto e abraçar Jungkook, não queria perdê-lo apesar de tudo - Por isso tivemos que retirar qualquer resquício do medicamento por uma transfusão e em seguida entramos com o tratamento para desidratação e anemia. Ele não acordará hoje, pois estamos lhe dando um medicamento para mantê-lo em um estado induzido de coma, visando uma recuperação rápida. Alguma dúvida?

- A situação é muito séria? - juntou as mãos tremulas e geladas, vendo o médico lhe encarar com certa preocupação.

- É séria, mas ele ficará bem - sorriu para acalmar o ômega - Sua condição de um alfa puro vai auxiliar em uma recuperação acelerada.

- Quanto tempo ele terá que ficar aqui? - não conseguia conter suas perguntas, queria se mostrar forte, mas Jungkook se tornou a pessoa mais importante da sua vida.

- De uma semana a 10 dias no máximo, não se preocupe, ele está tendo o melhor tratamento - ergueu a mão a fim de se despedir do Kim, este que a segurou ainda trêmulo - Acho que o Senhor também precisará de medicamento na veia, pode entrar e se deitar na cadeira, pedirei para que a enfermeira venha daqui a pouco.

- Eu estou bem Doutor Lee - ditou antes que o médico saísse - não será necessário nenhum cuidado.

- Vocês se desentenderam não é? - questionou cruzando os braços - Está levemente pálido, com as mãos trêmulas e geladas. Sei como as coisas são intensas quando somos jovens, esteja bem para que possam se resolver.

- Tudo bem, eu vou esperar a enfermeira - abaixou a cabeça envergonhado.

- Fique saudável Sr. Kim, ele não se recuperará rapido se sentir que precisa dele - tocou-lhe o coração - O lobo dele sabe que está aqui, mesmo que inconsciente, sei que falou a verdade em ser noivo porque antes de te trazer aqui o cheiro dele era imperceptível. Agora está mais forte, porque ele te chama para perto, fique ao lado de Jungkook e segure suas mãos. Serão a força um do outro, certo?

- Sim, obrigado por cuidar de nós - curvou-se brevemente.

- É o meu dever, estou ao dispor. Qualquer coisa basta solicitar a enfermeira que me chame - sorriu amigável saindo em seguida.

Taehyung virou-se para a porta, colocando a mão na maçaneta, buscando respirar fundo e criar coragem para abri-la - Você consegue - repetiu a frase em sua mente. Aos poucos foi abrindo a porta, adentrando ainda de costas para a cama e voltando a fechá-la. Havia sentido saudade de sentir o cheiro amadeirado de Jungkook, que agora estava suave, seu ômega estava feliz por ficar perto do alfa. 

Não conseguia se sentir preparado para virar e encarar o noivo, era demais para si. Quando Eunwoo lhe deu a notícia não havia conseguido acreditar, porém sentiu um aperto tão doloroso no peito que o fez sair do jeito que estava para ir no hospital atrás de Jungkook. Jamais imaginou que ele ficaria nesse estado por sua causa, sempre pareceu tão racional que achou por um instante que o jogador simplesmente seguiria sua vida até que finalmente pudessem conversar. Não podia negar que também não estava se cuidando, comia o suficiente para parar em pé e no restante do dia passava dormindo, praticamente hibernando, em meio as roupas que pegou do alfa.

Ficou todo o tempo na casa de Eunwoo, por ser o único lugar que não o achariam, e ele não o julgou em nenhum momento lhe dando a força que precisava. Sempre secando suas lágrimas, levando chocolate quente, sorvete, almoço e janta, mesmo que não comesse deixava lá. Ficou no quarto de hospedes, diminuindo o próprio aroma para não acabar perdendo o cheiro de Jungkook das roupas que se enrolava. E sabia que isso lhe fazia mal, porém continuou fazendo por simplesmente não conseguir se manter estável sem a mínima presença dele.

Todos os fatos demonstravam uma coisa: eram completamente dependentes um do outro. Se não o fossem, ambos não estariam em um hospital agora. Bom, se Jungkook ainda o amava porque não o assumiu para todos? Suspirou, não queria chorar agora. Então em uma faísca de coragem virou-se, sentindo-se ainda pior ao ver a condição da pessoa que amava.

Assustou-se, não havia cor em seu rosto, a boca estava completamente rachada e seca, até seus fios de cabelo agora tonalizados de preto, estavam opacos e sem vida. Havia emagrecido tanto que os ossos da bochecha estavam visíveis, e não parecia o alfa musculoso e atlético que foi a vida inteira. Sabia que havia perdido bons quilos, que não estava tão apresentável assim, mas ver Jungkook naquela situação lhe machucou profundamente. Aproximou-se beijando-lhe a bochecha, enquanto acariciava o couro cabeludo, ouvindo a respiração baixa quase imperceptível se não fosse um lupus. 

- Eu amo você Jungkook, você pode ter até se apaixonado primeiro, mas eu me apaixonei mais - segredou baixinho, ajeitou-se na maca, enquanto escondia o rosto no pescoço do alfa, juntando as mãos, cercando os dois com o seu cheiro de baunilha e cacau.

(...)

Sete dias haviam passado em um sopro, Taehyung já estava em uma condição melhor seguindo a dieta passada pelo médico. Sentia-se melhor, mas também devia parte dessa recuperação rápida a Jungkook, ficar tanto tempo longe do alfa o mostrou que ele também lhe dá vida. Jungkook estava em seu último dia, deixando o Doutor Lee otimista em acordá-lo hoje, só que havia um porém, Taehyung não se sentia pronto ainda para ter a conversa que precisavam. Por isso não queria estar presente quando ele acordasse, Jennie também costumava ir lá o visitar e pediu para que mais tarde ficasse lá com o alfa.

Tinha medo de se precipitar, acabar fazendo algo que piore ainda mais a situação ou o inverso. Também poderiam se deixar levar pela saudade, acabando por retardar a conversa importante e se entregando aos braços que tanto sentiu falta ao seu redor. Haviam muitos assuntos pendentes, a maioria deles lhe trazia um arrepio ruim na espinha, não podia continuar ali.

Sendo assim, ao longo do dia foi juntando seus pertences buscando não esquecer nada no quarto que havia passado a semana. Podiam até o chamar de fraco, mas não conseguiu resistir e acabou dormindo espremido na pequena maca com Jungkook, depois de tanto tempo pode sentir o corpo aquecido. No primeiro dia caiu no sono assim que sentiu o aroma do alfa, tanto que a enfermeira acabou por esperar ele acordar para lhe colocar o medicamento na veia, ficando envergonhado com o ato. Mas a senhorita Ah o acalmou, dizendo ser até bom que ficassem proximos, já que aceleraria a recuperação do casal incentivando-o a dormir ali se estivesse confortável com a situação.

Ao notar o relógio perto das 18 hrs, sentiu-se ansioso, Jennie chegaria a qualquer momento para ficar com o primogénito. Suas malas ainda estavam no porta malas de Eunwoo, que provavelmente já o esperava no carro para voltarem a faculdade, finalmente voltaria para o quarto deles no dormitório. Ouvir batidas na porta, antes de ir abri-la verificou Jungkook aproximando-se aos poucos, precisava se despedir dele ao menos.

- Estou voltando para o nosso lugar, espero te ver bem amanhã - proferiu acariciando a bochecha já corada - vamos conversar - sussurrou antes de lhe beijar a bochecha - tudo ficará bem - mirou o noivo mais uma vez e afastou-se indo até a porta.

- Oi Jennie, entra - abriu mais a porta, dando passagem a senhora.

- Como está querido? - abraçou o corpo magro do ômega, enquanto acariciava as costas.

- Estou melhor, vou ficar bem logo - sorriu tentando não preocupar a pessoa que mais se preocupava consigo.

- Espero que realmente se cuide melhor, vocês precisam de resolver - aconselhou vendo Taehyung encarar o chão - Jungkook deu o espaço que pediu, mesmo que estivesse quase o matando de dentro para fora, dê uma chance para que explique a situação, não fuja outra vez.

- Vou voltar para o nosso dormitório agora, aproveitar e ajeitar as coisas - apontou para suas coisas bagunçadas em duas bolsas - Só não quero ter que enfrentar isso hoje, amanhã vou o escutar.

- Sei que ele errou, que te machucou Taehyung, só não se esqueça que ele jamais faria algo com intenção de te ferir - concordou sem verbalizar nada - vá descansar querido.

- Estou indo, qualquer coisa peça para me ligarem - foi em direção a porta - tchau, até logo.

- Tchau pequeno - aproximou-se do filho assim que a porta fechou, ajeitando-lhe os fios agora escurecidos - Não sei o que aconteceu, mas agora tenho certeza que se amam, não foi um erro como fizeram parecer.