No relógio, ainda marcava seis e trinta e sete da manhã, quando Killian escutou baterem em sua porta. Se levantou praguejando, amaldiçoando quem quer que seja que o tirara de seu sonho. Após chegar, mais uma noite, de madrugada, sentiu sua cabeça latejar mais uma vez. Fechou os olhos com força, enquanto descia as escadas em direção a porta de entrada. Não se deu ao trabalho de olhar quem era, antes de abrir a porta com brutalidade, preparado para xingar quem quer que fosse.
— Senhor Jones? — Forçou a vista por culpa do sol, para em seguida arregalar os olhos, com o homem segurando o distintivo em sua frente.
— Si-sim? — Gaguejou, enquanto tentava se recompor.
— Sou o agente Graham Humbert. Preciso fazer algumas perguntas sobre sua esposa... Emma Swan.
— E-ela não está. — Killian estava nervoso e ficou ainda mais, após descerem quatro homens da van negra, que estava parada atrás da viatura de Humbert.
— Oh, nós sabemos disso, senhor Jones. — Graham sorriu. — Mas queremos encontra-la... e acho que o senhor poderá nos ajudar. — Os homens da van, que Killian logo identificou como sendo agentes também, pararam ao lado de Humbert, com algumas pastas e caixas em suas mãos. — Podemos entrar?
SQ
— O quê? — Swan saira do carro e agora caminhava nervosamente pela calçada, com Regina em seu encalço. — Você só pode estar louca.
— Emma... — Regina apressou o passo, para conseguir segurar no braço de Swan, a fazendo parar e olha-la.
— Regina, eu não quero falar com Killian. Não quero nunca mais ter que ouvir a voz dele. — Só de lembrar de seu marido, a loira já tinha seus olhos marejados.
— Emma, eu sei. Eu também não quero, mas é preciso meu amor. — Levou sua mão até o rosto de Emma, acariciando sua bochecha. — Só precisamos saber, se ele sabe de algo... se a policia o procurou. Pelo o quê aquele policial deu a entender, estamos sendo procuradas... precisamos saber se eles estão próximos de nós. Se não, não chegaremos na fronteira. — Swan assentiu, se dando por vencida.
Andaram por mais alguns metros, no centro da cidade de Athens, até achar uma cabine telefônica. Regina retirou uma moeda do bolso.
— Se desconfiar de algo, desligue imediatamente. — Disse, antes que a loira pegasse a moeda de sua mão.
— Ok... — Emma respirou fundo mais uma vez, e entrou na cabine, com Regina grudada na porta ao seu lado.
Na casa de Jones, os policiais já tinham montado todo o equipamento de rastreio e estavam prontos, caso Swan ligasse. Graham estranhou, quando Killian por mais de uma vez, disse ter certeza que a esposa não ligaria.
— E por que não, senhor Jones? — Questionou o moreno, arqueando suas sobrancelhas e cruzando seus braços. — Por que ela não ligaria, afinal, o senhor é marido dela, não é? — Jones engoliu em seco, e se preparou para responder, quando o telefone tocou.
TRIM TRIM
Graham deu sinal para seus homens e logo todos já estavam a postos. Killian respirou fundo e se aproximou do telefone.
— Lembre-se, senhor Jones. Aja normalmente. — Killian assentiu e respirou fundo, antes de pegar o telefone.
— Jones falando.
Emma olhou mais uma vez para Regina antes de responder, e a morena assentiu, tentando lhe passar confiança.
— Oi Kill... sou eu.
— Emma, meu amor.
Imediatamente, Swan desligou o telefone.
— Ele sabe. — Disse para Regina que suspirou.
— Emma? Emma? — Killian ainda a chamava no telefone.
— Desculpe, senhor. Não conseguimos. — Disse um dos policiais a Graham.
— Ok... — Regina andava de um lado a outro, com uma das mãos entre os cabelos. — Já sabemos que o telefone está grampeado, então a policia realmente está atrás de nós.
— E o quê faremos agora? — Swan tinha os olhos arregalados. — Eu não quero ir pra cadeia. — Disse, abaixando a cabeça, sentindo seus olhos marejarem.
— Ei, Emma? — Mills foi rapidamente para perto da loira e a segurou pelos ombros. — Olhe para mim. — Levantou o queixo de Swan con seu indicador. — Nós não vamos ser presas, está me ouvindo? — A loira assentiu, chorosa. — Nós vamos embora. Vamos atravessar a fronteira e seremos felizes. — Sorriu, tentando passar confiança para Swan. — Confia em mim?
Swan respirou fundo, e assentiu por diversas vezes rapidamente.
— Confio com a minha vida. — Sorriu, fazendo Mills retribuir o sorriso.
— Ótimo. Agora, me passe o telefone.
SQ
— E então, Killian? — Graham continuava sentado tranquilamente no sofá, enquanto o marido de Swan parecia cada vez mais nervoso. — Por que sua esposa desligou o telefone, assim que você a chamou de "meu amor"? Tem algo que queira nos contar?
— N-não, eu...
TRIM TRIM
— Ah, deve ser ela novamente. Provavelmente a ligação deve ter caído. — Killian sorriu aliviado, ao contrário de Humbert que cerrou os olhos desconfiado.
— Atenda o telefone, senhor Jones. — Graham mandou, assim que recebeu o sinal positivo de sua equipe, que estava pronta para rastrear a ligação.
— Ok... — O moreno respirou fundo, antes de atender. — Alô? Emma?
— Passe o telefone para o responsável, Jones. — A voz de Regina soou séria e autoritária.
— Regina? Você está com a minha mulher? Cadê ela? Eu quero falar com a...
— Killian, eu não vou repetir. — Mills olhou para Emma queengoliu em seco. — Passe o telefone para a policia.
— Tudo bem... — O homem abaixou a cabeça derrotado.
— Ah, só mais uma coisa, Jones. — Regina sorriu maliciosa para a loira, que a olhou confusa. — Emma não é mais sua mulher... agora ela é minha!
Killian abriu a boca perplexo, sua vontade era gritar, xingar e ofender, tanto Regina quanto Emma, mas logo se lembrou que não estava sozinho e entregou o telefone para Graham, que estranhou.
— Ela quer falar com você. — Assim que Humbert se posiciou ao telefone, Killian foi se sentar no sofá, cruzando os braços e com uma cara emburrada.
— Agente Humbert. — A voz de Graham soou ao telefone e Emma estremeceu. A loira tinha se aproximado e agora compartilhava o telefone com Regina.
— Olá, agente.
— Pode me chamar de Graham.
— Ok, Graham. Meu nome é Regina.
— Oh, senhorita Mills.
— Pode também me chamar pelo meu nome. Então, Gaham... o quanto Emma e eu estamos ferradas?
— Bom Regina, eu gostaria de dizer que não muito, mas vocês fugirem da cena do crime e ainda assaltar um posto, não as ajudou muito. Gostaria de me contar o quê aconteceu em Towson?
— Pra quê? A policia não acreditaria mesmo.
— Quer saber o quê eu acho? Eu acho que a vitima tentou algo com uma de vocês, e vocês agiram por legitima defesa. E eu também acho, que foi você a atirar na vitima... acertei?
— Não importa quem atirou... e você pode achar isso, mas o restante na policia não irá acreditar.
— Regina, eu prometo ajudar vocês... Você não tem que passar por isso de novo.
Mills arregalou os olhos e se calou. Abriu a boca por diversas vezes mas nada saía.
— Regina? — Emma a chamou, vendo a morena ficar palida. — Ei, Regina? — Chamou mais uma vez, balançando agora, seu braço.
— Regina, eu precisei te investigar, assim como a senhorita Swan... sei pelo o quê passou. Eu juro que farei o quê puder para que a pena de vocês...
Emma conseguiu retirar o telefone da mão da morena e encerrou a ligação. Regina continuava sem reação, preocupando ainda mais a loira.
— Regina, olha pra mim. — A puxou. Conseguiu atrair o olhar de Mills para si, porém a morena parecia estar longe. — Eu desliguei, porque já estava com quase um minuto. Vem! Acho que você precisa se sentar.
— E então? — Graham perguntou, assim que desligou o telefone e respirou fundo. O policial que tentava rastrear a ligação, sorriu.
— Conseguimos!
SQ
Emma conduziu Regina novamente até o carro. A morena ainda nada dizia e aquele silêncio já estava preocupando Swan, mas a loira não forçaria Mills a dizer nada. Ela tinha ouvido o quê Graham dissera, e isso a preocupou ainda mais, afinal, Regina o quê ele quis dizer sobre a morena não precisar passar por aquilo de novo?
As duas entraram no carro e, por mais que Emma se preocupasse em Regina dirigir naquele estado, a morena assumiu o volante e elas partiram, rumo a San Antonio.
Após um pouco mais de quatro horas de viagem, com algumas paradas para que Emma fosse ao banheiro, e o silêncio permanecendo entre as duas, Regina finalmente adentrou a cidade de San Antonio.
— Chegamos? — A loira perguntou, ao acordar e ver o carro parado. Olhou para Regina e a morena permanecia do mesmo jeito, a única diferença era seus olhos marejados e seu rosto banhado em lágrimas. — Regina, meu Deus! — Swan se desesperou, se sentando direito no banco e tentando tirar as mãos, que pareciam grudadas, do volante. — Melhor pararmos um pouco... vamos procurar um lugar pra descansar, sim?
Regina nada disse, apenas voltou a ligar o carro e deu partida.
Chegaram até o Americas Best Value Inn Riverwalk Downtown Market Square, um hotel duas estrelas, mas que pra elas pouco importava, já que só iriam comer e descansar por algumas horas... bom, Swan iria comer.
— Vem, meu amor. — Emma tinha o braço envolta aos ombros de regina, a conduzindo até o quarto 402. O local era simples, porém confortável e limpo. Havia uma cama de casal, uma tv pequena e um banheiro.
Assim que entraram, Regina automaticamente se sentou na cama, ainda com o olhar perdido. Emma tirou sua jaqueta, jogando em cima de uma poltrona no canto do quarto, e se ajoelhou diante da morena, retirando seus sapatos.
— Vem, Regina. Precisamos tomar um banho. — A fez ficar em pé, começando tirar suas roupas. — Eu vou te ajudar, meu amor.
Após Emma ajudar Regina atirar sua roupa e também se despir, levou a morena para o box, entrando junto com ela. Sentia que Mills estava com as pernas amolecidas, e tinha medo que Regina caísse a qualquer momento. Swan usou o pequeno sabonete do próprio hotel, e também o shampo que vinha em um pequeno sachê, cedido também pelo hotel. Enquanto a loira lavava seu cabelo e seu corpo, Regina ainda mantinha seu olhar perdido porém, agora olhava para o corpo de Swan. A loira sorriu, apesar de saber que a morena não a estava olhando com maldade naquele momento. Emma também a ajudou a se enxugar e colocar o roupão, enquanto penteava seu cabelo.
— Espere aqui, eu já volto. — A loira disse, após colocar Regina novamente sentada na cama, enquanto corría para se enxugar e secar o banheiro.
Não demorou muito, e logo Swan retornou ao quarto, também vestida com um roupão. Mills já não estava mais sentada, ela tinha deitado de lado e se encolhido. Emma notou que a morena voltou a chorar, e se abaixou próximo a seu rosto, o acariciando e secando suas lágrimas.
— Amor, estou preocupada com você... Até agora você não disse nada. — Agora acariciava seus cabelos curtos. — Sabia que não seria uma boa ideia ligar. — Disse a si mesma. — Você quer comer alguma coisa, antes de descansar um pouco? — Regina apenas negou com a cabeça. — Amor, você tem que se alimentar. Olha, eu vejo alguma coisa leve pra você. — Sorriu. — Algo que não a faça sair da sua dieta maluca e que seja saudável. — Revirou os olhos. — O quê você acha, em? — Desceu sua mão pelo braço de Mills que se retraiu, parecendo despertar do transe em que estava.
— Não! Saí daqui. Não me toque! — Gritou, se encolhendo ainda mais e assustando Emma, que caiu para atrás.
— Meu amor, eu...
— Sai. Sai daqui! — Gritou novamente, tampando seu rosto com as mãos. Emma, que tinha os ohos arregalados e a boca aberta, se levantou ainda olhando para a morena encolhida na cama.
— Eu... vou até o restaurante do hotel. — Avisou, mas Regina não esboçou nenhuma reação. Então a loira saiu, fechando a porta e com lágrimas nos olhos.
Apesar de estar morrendo de fome, Emma resolveu não demorar muito pra não deixar Regina sozinha. O surto que Mills teve há pouco, só serviu para deixar a loira ainda mais preocupada. Então Emma pediu um x- bacon salada, um lanche natural de peito de peru, uma coca-cola e um suco de laranja para viagem, e voltou para o quarto.
Ao chegar na porta, respirou fundo antes de entrar.
— Oi. — Regina disse, quando Swan abriu a porta com as sacolas.
— Ah, me desculpe. — Se surpreendeu vendo a morena sentada na cama, encostada na cabeçeira e abraçando as próprias pernas. — Pensei que estivesse dormindo. Só vou deixar isso aqui pra você. — Se aproximou lentamente da cama pra não assustar Regina, e deixou um dos pacotes ao pé da cama. — Eu... vou comer lá embaixo então. — Se virou, voltando para a porta.
— Emma? — Escutou a morena lhe chamar, e antes que pudesse se virar por completo, sentiu seu corpo sendo abraçado. — Por favor, me desculpe. — Regina tinha seu rosto escondido no vão do pescoço da loira, que permanecia imóvel, sem saber o quê fazer. — Eu não queria gritar com você, eu...
— Shh... está tudo bem. — Começou a acariciar o cabelo de Regina. — Eu só estava preocupada com você!
— Eu sei. — Disse, se afastando e limpando as próprias lágrimas.
— Você quer me contar o quê te deixou mal? — Swan limpava as lágrimas de Regina, enquanto acariciava seu rosto.
— Não... — A loira assentiu, não forçaria a morena e correr o risco de outro "surto". — Mas eu preciso. Vem. Senta comigo. — Pegou na mão de Swan a levando até a cama. — Vou te contar sobre o meu passado.
Regina se deitou na cama e Swan se deitou ao seu lado, ficando uma de frente para a outra. Emma esperou silênciosamente Regina, que respirou por longos minutos, esperando seu choro cessar e ela ter coragem de dizer, o quê há tempos a assombrava, e que há tempos estava esquecido em seu subconsciente mas que parecia ter retornado.
— Eu tinha doze anos quando aconteceu... — A morena começou e, apesar de estar com seu rosto próximo e de frente para Emma, seu olhar permaneceu para abaixo. Sentia que se olhasse nos olhos de Swan, não teria coragem e seu choro voltaria. — Depois da morte do meu pai, foi a primeira vez que vi a minha mãe voltar a estar feliz. — Sorriu triste, se lembrando de como sua mãe voltara a cantar e dançar pela casa, como voltou a sentir vontade de viver. — Ela conheceu Leopold, em um desses " bailes da terceira idade", que minha tia insistiu muito para ela ir. Ela também notava que minha mãe estava muito abatida e sem forças pra nada... sem forças pra viver. — Algumas lágrimas rolaram pelo rosto da morena e Swan prontamente as limpou, com o seu polegar. Regina sorriu mas manteve o seu olhar para baixo. — Ainda lembro da minha mãe dizendo que ainda não estava na terceira idade. — Riu. — E de fato não estava... ou pelo menos era uma coroa enxuta. Ela o conheceu um pouco antes de eu completar onze anos. — Seu sorriso morreu, e sua expressão se tornou séria novamente. — Ele era uns dez anos mais velho que ela, e ela parecia uma adolescente apaixonada. Ele no começo, também era legal. Vivia me trazendo presentes. — Voltou a sorrir triste. — Eu era só uma criança... não via maldade quando ele me fazia sentar em seu colo e alisava minhas pernas. — Seus olhos voltaram a marejar, mas Regina rapidamente balançou a cabeça, se negando a deixar suas lágrimas caírem. Swan também segurava o choro, já imaginando o quê viria. — Quando finalmente eu percebi, quando conheci a malicia e vi em seus olhos quando me olhava, eu tentei evitá-lo. Não sei se minha mãe percebeu, e se sim, fingiu não perceber. — Regina se rendeu ao choro e cobriu seu rosto com as mãos.
— Oh, meu amor. — Emma a puxou para seus braços e a abraçou, fazendo Mills esconder seu rosto em seu peito. — Ninguém mais irá machuca-la... eu não vou deixar. — Beijou o topo de sua cabeça, e acariciou seus fios escuros.
— Eu o matei, Emma. — Regina disse, levantando sua cabeça e olhando nos olhos de Swan pela primeira vez. — Eu o matei e não me arrependo. — Swan nada disse, afinal, se ela tivesse tido coragem, teria feito o mesmo com Killian. Agora entendia o porquê da fala de Mills há uns dias atrás: " ... Eu faria de novo, e com todos os homens que tentam abusar de uma mulher... ou uma criança". — Um dia, quando minha mãe saiu... — Voltou a contar, acalmando seu choro. — Eu estava no meu quarto. Eu sempre mantinha a porta trancada mas nesse dia, esqueci. Meu aniversário de doze anos tinha sido há menos de um mês e desde então ele tinha parado... voltado a me tratar como me tratava quando ele e minha mãe começaram a se relacionar. — Regina já não mais chorava... parecia que se lembrar da morte do homem, a fazia bem. " Eu conheço esse tipo de homem... Não poderia deixar isso acontecer com você". — Swan se lembrou das palavras da morena, quando conversaram no dia seguinte do acontecido com August. — Mas quando vi, ele já estava em cima de mim na cama. Você não imagina o nojo que eu tinha, ao sentir as mãos asperas dele me tocando. — Disse com raiva, por entre os dentes.
— Meu amor, você não precisa mais se lembrar disso. — Swan segurou o rosto de Mills com as duas mãos.
— Eu sei que não... mas preciso tirar isso de dentro de mim. — Swan assentiu, permanecendo em silencioe, por mais que doesse, ela ouviria Regina até o final. — Eu entendi muito bem, quando você me pediu pra te tocar, que queria esquecer dos toques daquele bastardo. — Swan suspirou. A sensação das mãos de August também ainda estavam em sua memória. — Eu lutei, Emma. Eu lutei com todas as minhas forças, apesar de ele ser bem maior e mais forte do quê eu. A minha sorte... — Regina sorriu, com maldade. — Foi que aquele velho, era um doente desgraçado. Eu o chutei com tanta força, que de repente ele parou, se deitando ao meu lado e me permitindo levantar rapidamente. Lembro do rosto dele, ficando sem ar, enquanto me estendia a mão. Eu sabia o quê ele queria. Corri até o quarto em que aquele infeliz dividia com a minha mãe, e peguei sua bombinha de asma, que ficava em cima do criado-mudo. — Regina voltou a sorrir. — Ele ficou ainda mais branco, enquanto me via esvaziar sua bombinha, a apertando forte... deixando todo o medicamento sair. Quando minha mãe chegou, Leopold já estava morto.
— E ela não estranhou ele estar morto em sua cama? — Emma questionou, arqueando as sobrancelhas.
— Acho que no momento, ela ficou tão desesperada que nem reparou... — Regina olhou pra cima, como se pensara. — Acho que ela se tocou mesmo, quando já estavamos na delegacia. — Emma assentiu mais uma vez, a deixando continuar. — Eu disse a verdade, Emma... Me levaram pra fazer exame de corpo de delito, mas não acharam nada... Leopold não era burro, por isso ele só me tocava. Eu não sei o quê deu nele, aquele dia... Por isso que eu disse que a policia não acreditaria em nós. — Voltou a olhar nos olhos de Swan. — Por isso, temos que fugir!
SQ
Após o desabafo de Regina, que se sentiu bem mais leve e aliviada por Emma tê-la escutado, e também não tê-la julgado, as duas finalmente comeram o lanche que Swan trouxera, para alegria da loira que não se aguentava mais de fome, e dormiram, com Swan grudada no corpo de Mills, como se quisera ser um escudo para a morena. Regina não reclamou, pelo ao contrário, dormiu com um sorriso no rosto se sentindo segura e amada nos braços da loira.
Quase três horas depois, Regina fora a primeira a despertar, com Swan na mesma posição, grudada em seu corpo. Sorriu, quando ao tentar se espreguiçar, a loira a apertou ainda mais. Com muito custo, conseguiu se virar no meio do abraço forte de Emma, ficando com seus rostos frente a frente.
— Eu te amo tanto... — Disse, enquanto alisava o rosto de Swan.
— Se me amasse mesmo, continuaríamos dormindo. — Respondeu, sem abrir os olhos, fazendo Regina rir.
— Desculpe, meu amor. Mas já está de madrugada e precisamos ir. — Disse calmamente, fazendo Emma abrir os olhos. — Temos que chegar o mais rápido possível na fronteira. — Emma respirou fundo e assentiu, se levantando... mas não antes de se jogar em cima de Regina e começar a distribuir beijinhos por todo o seu rosto, enquanto a morena ria.
O retorno para a estrada estava tranquilo. Regina dirigia enquanto Emma, que tinha ligado o rádio, cantava Madonna a plenos pulmões. Mesmo com o som alto, escutaram uma forte buzina e, Emma ao olhar para atrás e Mills pelo retrovisor, viram novamente um caminhão preto.
— Não é possível... será que é aquele idiota de novo? — Swan disse, já bufando.
— Eu não sei... mas vou dar passagem. — Disse Regina, já reduzindo a velocidade e dando passagem ao caminhão-tanque.
— Uhul, ei gostosas? — As duas olharam para o lado e novamente o mesmo caminhão de mais cedo, estava ao lado delas, com o motorista novamente fazendo gesto obcenos.
— Regina, quanto tempo até a fronteira?
— Hum... mais ou menos mais umas duas horas e quarenta, por quê? — Mills arqueou as sobrancelhas, estranhando a pergunta da loira naquele momento.
— Temos tempo pra uma parada rápida?
— Acho que sim, Emma. — A loira sorriu, maldosa. — Emma, o quê você pretende? — Regina arregalou os olhos, com medo do quê se passava na cabeça de Swan.
— Você vai ver. — Piscou, se levantando um pouco do banco, tentando ficar na altura da janela do caminhão. — Ei! — Gritou chamando o motorista. — Você quer brincar?
— Swan, por Deus. O quê está fazendo? — Regina tinha os olhos arregalados e tentava fazer a loira voltar a se sentar. Alternava seu olhar entre Emma e a estrada.
— Oba, hoje é meu dia de sorte. — O motorista ainda com a língua pra fora, comemorava. — Uma loira e uma morena...
— Sim, é o seu dia de sorte.— Emma sorriu, enquanto Mills ficava ainda mais perplexa. — Siga a gente. — Piscou novamente para o homem e voltou a se sentar no banco.
— Swan, o quê...
— Tenta para em algum lugar que ele consiga estacionar, não tão perto da gente. — Emma a cortou. — Vou te explicando o plano no caminho. — Regina, ainda de boca aberta, apenas assentiu, atendendo o pedido da loira.
Já quase amanhecia, quando Regina parou o carro em um posto de gasolina abandonado. Mills, já sabendo do plano de Swan, estava mais tranquila e até achava graça.
Não demorou muito para o grande caminhão tanque aparecer, e estacionar um pouco distante. Emma e Regina estavam em cima de seus bancos, sentadas no encosto, quando viu o homem descer de seu caminhão, sorridente.
— Olá, moças. — O homem cumprimentou, enquanto caminhava em suas direções.
— Qual o seu nome? — Emma gritou.
— Rust. — Sorriu, e as duas tiveram ansia, ao ver os dentes amarelos do homem.
— Ok, Rust. Então, você gosta de mexer com as mulheres? — A loira perguntou, e Rust deu de ombros, sorrindo.
— Sabe, Rust... — Foi a vez de Regina falar. — Eu não gosto de homens como você! — O homem parou no meio do caminho, sem entender.
— Ela já matou dois. — Swan sussurrou, colocando a mão ao lado da boca como se lhe contasse um segredo.
— Sim, eu matei. — Mills confirmou e Rust de um passo para atrás, arregalando seus olhos. — E quer saber de mais uma coisa? Eu sou muito ciumenta. — Sorriu para o homem. — E essa loira gostosa aqui... — Deu um tapa na coxa de Swan que sorriu. — É minha mulher!
— O quê? — Rust tinha as sombrancelhas arqueadas e uma expressão confusa.
— Olha, Rust... se eu fosse você, respeitava mais as mulheres. — Foi a vez de Swan falar.
— Vão se fuder! — Rust gritou. — Suas vagabundas. — Começou a caminhar nervoso, de volta para seu caminhão.
— É... acho que ele não entendeu. — Regina disse, derrotada.
— Realmente, uma pena. — Swan concordou. — Ei, Rust? Só mais uma coisa. — O homem voltou a olha-las e arregalou os olhos, vendo as duas mirando suas armas, Emma com a que trouxe de Killian, e Regina a que pegou do policial Tom, apontando diretamente pra ele.
Ao contrário do quê Rust imaginava, as duas começaram a disparar em seu caminhão, diretamente no tanque. Não demorou muito para que ocorresse uma enorme explosão.
— NÃO! Meu caminhão!!! — Rust se ajoelhou, olhando diretamente para o quê restara de seu veículo.
As duas voltaram a se sentar e, gargalhando, Regina ligou o carro. A morena acelerou em direção ao Rust e, assim como fez com Ruby, passou levantando poeira em cima do homem.
— SUAS VAGABUNDAS! — Gritou, em meio a tosse causada pela poeira.
SQ
Depois de alguns minutos rindo do quê fizeram a Rust e seu caminhão, O silêncio se instalou entre as duas. Não era um silêncio desconfortável, mas as duas começaram a sentir uma sensação estranha, na estrada em que a levariam para a fronteira com o México. Swan desligou o rádio e as duas ficaram pensativas, até a loira dormir, como já era de costume. Regina continuou pensativa e com aquela sensação quase sufocante, como se algo queimasse em seu corpo.
Mais de duas horas se passaram e a cada minuto, o carro de Mills se aproximava ainda mais da fronteira. Regina também estava atenta a Swan, que há alguns minutos comecara a gemer em meio ao sonho, porém era um gemido sofrido e, por sua expressão, a loira estava tendo um pesadelo. Regina colocou a mão em sua testa, e a viu suar frio, entretanto não demorou muito para a loira despertar.
— Não, Regina! — Acordou em um grito, assustando a morena.
— Ei, meu amor? Estou aqui... está tudo bem? — Mills alternava seu olhar entre Swan e a estrada, se preocupando com a loira, que estava ofegante e tentava se lembrar de onde estava.
— Eu... tive um pesadelo. — Respondeu, ainda olhando para frente.
— Comigo? — Regina perguntou.
— Sim. — Abaixou a cabeça, tentando segurar as lágrimas, após se lembrar de seu sonho.
— Você quer me contar? — Mills colocou a mão no joelho de Swan e apertou, lhe passando segurança.
— Não foi nada demais. — Emma a olhou pela primeira vez, desde que acordara. — Deve ser por tudo o quê me contou. — Forçou um sorriso.
— Meu amor... — Pegou uma das mãos da loira que estava em seu colo. — Isso já passou... não importa mais. — Sorriu, fazendo Emma assentir. — Eu estou bem, nós estamos bem, e seremos muito felizes juntas, ok? — Esperou pela resposta de Emma que sorriu.
— Ok. — Respondeu, fazendo Regina voltar a se concentrar na estrada. Emma queria se esquecer de seu pesadelo, mas a imagem de Regina morta em seus braços, não saía de sua cabeça.
— Ainda falta muito? — Swan, cortou o silêncio.
— Não, já estamos chegando. — Regina a olhou e sorriu. — Só mais...
A voz de Mills morreu e ela arregalou os olhos. Parou o carro, fazendo Emma, que estava olhando para seu rosto, também olhar pra frente, encontrando várias viaturas de policia, em frente a fronteira com o México.
— Gina? — Swan a chamou, sem tirar os olhos dos policiais há alguns quilomêtros em suas frentes. — E agora, o quê faremos? — A morena não respondeu. Ainda tinha a mesma expressão assustada de antes.
— E-eu não sei. — Gaguejou.
As duas viram, quando um dos guardas se comunicava com alguém pelo rádio, e não demorou para que ouvisse um barulho alto atrás delas, causando uma ventânia. De cima do helicoptero, um homem na porta, as observava. Regina não o conhecia, mas já imaginara quem era.
O helicoptero pousou um pouco atrás do carro de Mills, as cercando.
— VOCÊS ESTÃO CERCADAS! — O homem disse pelo megafone, após descer do helicoptero.
— Como eles chegaram aqui tão rápido? — Swan perguntou a Regina. — Esse cara não estava em Boston, com o Killian? — A loira alternava seus olhos entre Graham e Mills que permanecia do mesmo jeito.
— De avião, são apenas 6 horas de distância. — Mills respondeu, porém parecia estar no automático.
— REGINA, POR FAVOR? — Graham começou a falar diretamente com a morena. — SE ENTREGUEM... E EU PROMETO AJUDA-LAS COMO PUDER.
— Gina... — Mills olhou para Swan, encontrando seus olhos já marejados.
— Não se preocupe, meu amor. — Levou a mão até seu rosto, o acariciando. — Eles não irão nos pegar. — A loira respirou fundo, tentando controlar o choro. — Se abaixe, Emma. Cubra sua cabeça e só levante quando eu avisar.
Mesmo sem entender, Swan fez o quê Regina mandara.
— Gina, o quê vai fazer? — Perguntou assustada, ao ver a morena ligar o carro.
— Vou nos tirar daqui! — Respondeu, e pisou com tudo no acelerador, indo em direção as viaturas que estavam colocadas em frente a fronteira.
Assim que os policiais viram o carro de Mills, vindo em suas direções, abriram fogo contra o automovel.
— NÃO, NÃO ATIREM! — Graham corría atrás do carro, com as mãos erguidas, mas nada adiantou, os policiais continuaram atirando em direção as duas fugitivas.
Mills apertava o volante com força e o acelerador também, quando chegou mais perto dos policiais. Apesar de terem que desviar, saindo da frente do carro, eles continuaram a atirar. Eles tinham posicionado, duas viaturas, uma de frente para outra, tentando impedir a passagem, mas Regina não se importou... fechou seus olhos, quando seu carro passou por entre as viaturas, as fazendo girar e ao levar junto a catraca da fronteira, adentrando a cidade de Hector Calderón.
Graham chegou ofegante, perto dos outros policiais que tinham seus corações acelerados.
— E agora, senhor. — Perguntou um dos guardas, enquanto se recuperava, se apoiando em seus joelhos. — O quê faremos?
— Nada. Agora elas são responsabilidade da Policia Federal Preventiva, do México.
SQ
— Você conseguiu! — Swan disse sorrindo, ao se levantar do banco e olhar a cidade mexicana em sua frente. — Eu não acredito... você nos salvou. — Olhou sorridente para Regina.
Mills parou o carro, o desligando. Fechou seus olhos e fez uma expressão de dor que Emma não viu. Lentamente, abriu a porta do carro e tentou sair, mas não teve forças e caiu no chão.
— GINA! — Swan saiu rapidamente do carro e se aproximou da morena. — O quê você tem? Fala comigo. — Colocou Mills em seus braços que abriu os olhos com dificuldade.
— Não pensei que isso doeria tanto... — Sua voz saiu fraca. Olhou para baixo, aonde estava sua mão e Emma acompanhou o olhar, vendo a mancha de sangue, do lado esquerdo do abdômen de Mills, onde sua mão tentava segurar o ferimento em vão.
— Não, não, não, não. — Emma colocou sua mão por cima do ferimento de Regina. — Isso não pode acontecer... não agora e não com você! — As lágrimas de Emma já caíam em sua do rosto de Regina, que, com dificuldade, levou sua mão ao rosto da loira, tentando em vão, seca-las.
— Tudo bem, meu amor. — Tentou sorrir, enquanto Swan negava com a cabeça. — Pelo menos você está livre... enfim poderá ser feliz.
— Do quê me adianta isso, se eu não tiver você? — Regina sorriu fraco, Emma estava repetindo a mesma coisa que ela dissera para a loira. — Do quê me adianta ser livre, se quem eu amo não estiver ao meu lado? — Agora foi a vez de Swan acariciar os cabelos escuros de Mills. — Você também é meu tudo, Regina. — Sorriu, mesmo em meio as lágrimas.
— Eu sinto muito, meu amor. — Mills já não tinha forças pra mantr seus olhos abertos. — Eu deveria ter dito antes... confessado, que você sempre foi o amor da minha vida. — Disse, em um último fio de voz, antes de apagar completamente.
— Gina? — Emma a chamou com o coração acelerado. — Gina, por favor. — A sacudiu, mas a morena não respondeu, deixando somente seu braço cair ao lado de seu corpo. — Você não pode me deixar. — A puxou, abraçando seu corpo.
Após alguns minutos, ainda chorando e grudada no corpo de Regina, Swan levantou seu rosto e olhou em volta, procurando por alguém que pudesse ajuda-la, mas infelizmente a estrada estava vazia. Voltou o seu olhar para o carro, vendo a chave na iguinição.
" Gina, me deixa dirigir?"
" E desde quando você dirige, Swan?"
" Desde os meus dezesseis..."
Emma se levantou rapidamente. Pegou Mills nos braços e a colocou delicadamente no banco detrás. Sentou no banco do motorista e respirou fundo. Deu uma última olhada para o corpo de Regina pelo retrovisor e ligou o carro.
— Você não pode me deixar, Gina... e você não vai! — Segurou firme no volante. — Eu vou conseguir ajuda! — Disse determinada, antes de afundar o pé no acelerador.
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