História Best Friend - Jeon Jungkook - Por que? Te incomoda?

Abro a porta do meu apartamento e jogo as chaves em cima do balcão que separa a cozinha da sala. JungKook vem logo atrás de mim, quieto desde que eu falei merda.

Vejo um bilhete colado na geladeira. Da unnie explicando que ela vai dormir na casa dos Jeon por causa de alguma coisa que tem para amanhã. Como eu disse, parece que vamos nos desencontrar muito aqui.

JungKook está parado com os braços cruzados enquanto me observa. Sua camisa está grudada em seus braços realçando seus músculos flexionados. Me belisco para voltar a realidade.

 - Bem-vindo ao meu quarto - digo assim que abro a porta. Tudo está arrumado, graças a Deus, por isso apenas dou espaço para ele observar tudo.

Fico na porta e acompanho com o olhar enquanto ele passa os dedos por alguns dos meus livros, para em frente à minha escrivaninha para observar cada detalhe. Me aproximo quando ele para em frente à cama e encara a parede preta que é onde a cabeceira de madeira rústica fica, decorada com alguns quadros. Então JungKook se vira para a janela, a encarando por tempo demais, o que quase me sufoca.

Me aproximo dele o mais silenciosamente que consigo e passo meus braços pela sua cintura, o abraçando. Apoia minha bochecha em suas costas e respiro fundo, inalando todo o cheiro do seu corpo.

 - Desculpa - peço baixinho. JungKook escuta, sei disso porque seus músculos se tencionam. - Desculpa por falar que todos os ricos são esnobes e se acham melhores que os outros. Não te inclui nisso, você sabe que não, Kookie.

 - Kookie - ele repete baixinho. Mordo meu lábio inferior com medo de ter falado alguma bobagem de novo, mas JungKook leva uma das mãos até a minha e acaricia a mesma.

 - Desculpa, hum? - peço novamente. Acabo por me aconchegar mais a ele enquanto espero sua resposta, passando a bochecha levemente pelas suas costas.

 - Eu sei - JungKook fala, por fim, em um suspiro. Ele se vira para mim, sem sair dos meus braços, e me aperta em seus braços. - Eu que fui bobo.

Balanço a cabeça freneticamente, tentando indicar que não é verdade. JungKook sempre teve essa insegurança, sempre achou que as pessoas entravam ou saiam da sua vida por causa do seu dinheiro. Ele nunca gostou disso, porque na maioria das vezes ele estava certo. Os meninos foram os únicos que ficaram independente do que ele tinha.

Passamos um tempo assim, abraçados. Eu não liguei a luz, por isso apenas a luz da lua ilumina o quarto assim como um pouco da luz de algum poste da rua. 

Meu ouvido está no seu peito, por isso eu consigo ouvir seu coração bater e isso me tranquiliza de um jeito que eu nunca achei que seria possível. Nos braços dele eu posso respirar livremente, sem me preocupar com nada.

 - To com sono, noona - JungKook fala quebrando o silêncio. Me separo dele bem a tempo de ver ele esfregar um dos seus olhinhos. Tão fofo!

 - Vamos dormir. - Vou para o banheiro me trocar enquanto espero JungKook voltar com seu pijama. Milagrosamente ele sempre anda com roupas no carro.

Me encara no espelho por alguns segundos e começo a pensar se eu devo mudar meu cabelo. No momento ele está complementarmente castanho, mas eu sempre gostei de colorir ele. Nos EUA não dava já que a cor poderia não combinar com campanha. Acho que já está na hora de mudar.

Saio quando ouço o JungKook voltar, na verdade acho que demoro um pouco para perceber que ele voltou porque quando eu saio ele já está com uma calça de moletom e sem camisa. Paro na porta do banheiro, observando suas costas, enquanto ele coloca uma das suas milhares de camisetas brancas.

 - Qual lado você quer? - pergunto parada na beirada da cama. Ele está tão confortável com isso, como se não fosse a primeira vez que ele vai dormir aqui.

JungKook senta na beirada da cama, de frente para mim, e me encara com os seus olhinhos quase fechados por causa do sono. Ele. É. Tão. Fofo! Meu Deus, alguém me segura porque eu posso ser capaz de voar em cima dele só por causa desse aegyo natural.

Seu braço rodeia minha cintura e ele me puxa para cama, ficando por cima de mim. Uma de suas mãos para ao lado da minha cabeça para apoiar seu peso. JungKook abaixa a cabeça lentamente e sela nossos lábios em um beijo casto.

 - Calma, yaegiya - fala quase em um sussurro. Faço careta para o apelido ao que ele ri, uma risada rouca, provocando um arrepio pelo meu corpo. - Eu estou com sono, não vou fazer nada com você. Vamos apenas dormir.

Assinto. JungKook continua em cima de mim, por isso me mexo um pouco para conseguir sair. Ele me empurra de modo que eu fique com o lado da parede e cai do meu lado, ficando na beirada.

 - Esse é meu lado a partir de agora. - Então ele sorri. JungKook mostra seu sorriso de coelho, puxa o cobertor para nos cobrir e fecha olhos.

Tento dormir também, mas meu cérebro parece não conseguir absorver o que aconteceu nos últimos dez segundos. Viro de lado, de frente para ele, e o encaro.

JungKook parece um anjo dormindo. Seus olhinhos fechados, a boca um pouquinho aberta, a respiração calma e regular. Como se nada pudesse atingi-lo.

Olhando para ele assim, dormindo tão serenamente, gostaria mesmo que nada pudesse atingi-lo. Que nada pudesse nos atingir. Gostaria que pudéssemos ficar juntos para sempre, sem nada para nos impedir. Como eu queria!

Adormeço olhando para ele, sendo pega pela sua calmaria e serenidade. Adormeço com um sorriso singelo nos lábios.

 - Como se eu fosse fazer alguma coisa - ouço alguém falar. Meus sentidos ainda estão adormecidos, por isso não consigo identificar quem é. - Hyung, qual é! Então por que você beijou ela? 

Me remexo um pouco na cama, incomodada com a claridade que invade o quarto, e sinto os braços fortes de alguém me apertar. JungKook! Ele dormiu aqui, como eu pude me esquecer? 

JungKook acaricia minhas costas, um jeito de fazer com que eu volte a dormir, mas eu apenas me aconchego a ele. Seu corpo está quente, um convite para que eu fique ali para sempre.

 - Jimin-ssi, se resolva sozinho. Eu não tenho culpa de você não saber agir de maneira decente. - JungKook parece estar bravo. Seu peito vibra a cada frase pronunciada. - Quer uma solução? Ótimo, aqui vai: NÃO SAIA BEIJANDO MENINAS QUE VOCÊ ENCONTROU NA PORTA DA CASA DE UM DOS SEUS CASOS!

Não aguento e rio. Rio alto e claro, me desvencilhando do mais novo. Arqueio minhas costas enquanto tento controlar minha risada e meu fôlego. Acabo por abraçar minha barriga de tanto rir.

 - Tudo bem, noona? - Solto um suspiro depois de recuperar meu ar e me viro para o JungKook, arqueando as sobrancelhas.

 - Você me chamou de noona! - digo com um sorriso no rosto. JungKook balança a cabeça, negando, e volta a focar no menino do outro lado do telefone.

Enquanto espero ele terminar a conversa, levanto e vou para o banheiro. Pelo menos está tudo em ordem, tanto dentro quanto fora de mim, o que me deixa aliviada. Lavo o rosto, escovo os dentes e penteio meu cabelo. Pronto!

JungKook já desligou a chamada quando eu saio. Ele está sentando com as costas apoiadas na cabeceira e a cabeça na parede. Ele está tão lindo, como alguém pode ser tão lindo depois de ter acordado?

JungKook sorri quando me vê. Sua mão da leves batidinhas no local ao seu lado e eu me arrasto até lá, meu corpo ainda meio sonolento. Apoio minhas costas na cabeceira também e puxo o cobertor para mim, cobrindo meu corpo.

 - Você se tornou tão acanhada, yaegiya. - JungKook estrala a língua enquanto me observa. Seu sorriso convencido me faz querer bater sua cabeça na parede. - Por que se esconder quando eu já te vi de pijama milhões de vezes?

O encaro, indignada. JungKook faz o mesmo, mas com seu sorrisinho ainda ali. JungKook não está errado, já dormimos juntos milhões de vezes, mas eu era apenas uma adolescente na época. Faz tanto tempo que não ficamos assim, faz tanto tempo que ele não me vê assim, que meu corpo mudou. Eu não sou mais uma adolescente.

 - Sabe - começo decidida a ver ele se tornar o tímido da história -, quantos anos eu tinha quando você me viu de pijama pela última vez?

 - Sei lá. - Ele dá de ombros e pensa um pouco. - Uns 17 anos, por que?

 - Então eu ainda era adolescente - concluo. JungKook balança a cabeça concordando. - E agora eu não sou mais, o que significa que eu mudei. O que significa que eu cresci. - JungKook me encara, confuso com a minha linha de raciocínio. Tiro as cobertas de cima de mim e me aproximo dele, lentamente. - O que significa que meu corpo mudou. Que meu corpo cresceu.

Vejo a compreensão passar pelos seus olhos. Por um breve momento ele encara meu corpo, mas logo em seguida desvia o olhar. JungKook cora, suas bochechas começam a ficar vermelhinhas, o que o deixa muito fofo. 

Sorrio para o menino inocente que ele continua sendo. JungKook pode ter crescido, mas ainda continua um bebê para certas coisas. Depósito um leve beijo em sua bochecha e me levanto.

 - Quer tomar banho? - Paro em frente ao meu armário e começo a escolher alguma coisa para usar.

JungKook não me responde, o que me faz pensar que ele ainda pode estar envergonhado, mas antes que eu possa me virar para conferir seus braços rodeiam minha cintura. Fico parada devido a surpresa.

 - O que você está fazendo? - pergunto ainda surpresa. JungKook não falada nada, apenas continua me abraçando. Seu corpo ainda está quente, um convite para me amolecer. - JungKook.

 - Eu não sou mais tão jovem assim, Han Na-ya - fala no meu ouvido. Sua voz está rouca, me arrepiando. - Não pense que eu sou inocente.

E então ele me solta. JungKook simplesmente tira seus braços de mim. Escuto uma porta ser fechada e o chuveiro ligar alguns segundos depois, mas continuo parada no mesmo lugar. O que foi que ele acabou de fazer? Meu cérebro não entendeu muito bem, então alguém me explica.

Balanço a cabeça, pego minha roupa e vou para o banheiro do corredor. Esse menino é louco! Não é nada demais dormirmos na mesma cama, mas ele falar essas coisas. Qual é, ele ainda é um bebê. Certo?

Errado! Sabe como eu sei? Seu corpo. Meu Deus, que corpo! Não é como se eu nunca tivesse visto ele sem camisa, mas desse jeito, com as costas ainda um pouco molhadas e o sua franja caindo nos seus olhos, é outra coisa.

Sinto minhas bochechas esquentarem e levo minhas mãos até elas, tentando esconder o rubor que está nelas. Pigarreio para que ele possa saber que eu estou no quarto e paro na minha escrivaninha.

JungKook não fala nada, apenas observa e espera enquanto eu faço minha maquiagem. Termino de arrumar meu cabelo e o encaro pelo espelho, indignada. Por que ele ainda está sem camisa?

 - Não tem roupa? - pergunto com a sobrancelha arqueada.

 - Por que? Te incomoda? - Ele apoia suas mãos atrás dele na cama e me encara, seus músculos se flexionando por conta da posição. JungKook arqueia uma sobrancelha, me desafiando.

Tudo bem, você que pediu idiota! Levanto e nego com a cabeça, o que faz um ponta de supresa passar pelos seus olhos, mas ele não deixa transparecer. Me aproximo lentamente dele e sorrio, um sorriso calmo e inocente.

 - O que você está fazendo? - pergunta quando paro a sua frente.

 - Por que? Te incomoda? - Me abaixo para poder beija-lo, mas ele não me deixa tomar a iniciativa. JungKook gosta de estar no controle da situação, por isso ele me puxa até ele e cola nossos lábios.

Ele é gentil, apesar de tudo. Sua língua reivindica a minha com calma e sutileza, me envolvendo aos poucos. Ele me vira devagar e me deita mais devagar ainda, de modo que eu só perceba que ele está em cima de mim quando paramos para respirar.

 - Yah, seu coelho safado! - falo. Minha voz sai em um sussurro por conta da minha respiração ainda estar escassa. JungKook ri e seu corpo vibra. 

 - Você ainda é virgem, noona? - Seu tom é de piada, mas eu sinto meu corpo inteiro esquentar. Escondo o rosto no seu peito e tento me lembrar que não é vergonha nenhuma. - Você é mesmo virgem!

 - Hey. - Bato em seu peito ofendida pelo seu tom de surpresa. - Não é crime nunca ter dormido com alguém.

 - Claro que não. - Ele ri, o que me faz esconder ainda mais o rosto. Sinto seu corpo de afastar de mim e sua mão em meu rosto logo sem seguida, me forçando a encara-lo. - Hey, você sabe que eu nunca irei te forçar a nada, certo? 

Balanço a cabeça, porque eu sei que sim. JungKook não é esse tipo de cara. Ele nunca forçaria nenhuma garota, fosse qual fosse, a fazer nada que ela não quisesse. 

 - Mas, sério, por que? - Pergunta.

 - Aish! - reclamo. JungKook volta a rir quando eu escondo meu rosto, mas eu também estou escondendo um sorriso. Um sorriso causado por ele.