História BEST FRIENDS - ziam - Chapter Twenty

— Eu... — O garoto estava deitado fitando o teto daquela sala de hospital que fora sua casa por dias. Ele não sorria, não chorava, não encarava ninguém. — Eu... — Tentava dizer algo mas parecia nunca conseguir. — Cadê meu pai? — soltou por fim. Sutilmente direcionou seus olhos para a mulher que chorava a sua frente. — Mãe? — Zayn indagou em um tom carregado de receio. Sua feição inexpressiva foi, de firma singela, se tornando chorosa. E então, mais uma vez, ele indagou. — Mãe? — algumas lágrimas caíram de seus olhos dessa vez. Trisha apena chorava enquanto acariciava o rosto do filho.

Zayn havia acordado.

— Por que ninguém me responde? — no começo pareceu que seria um grito, mas Zayn se arrependeu por conta de dores por todo o corpo, causada pelo esforço.

Seus olhos, então, procuraram desesperadamente por respostas em olhares terceiros. Liam? Desviou o olhar. Niall? O encarou com olhos lacrimejados.

— Haverão muitos outros momentos para conversar, Zayn. No momento precisamos zelar pelo sua melhora. — Foi o doutor quem quebrou o silêncio.

— O que? — Zayn respondeu incrédulo e chorando um pouco mais intensamente. — Eu lembro... Do acidente... Ele.. — ele encarava Trisha nos olhos — Mãe... — sua voz era falha, as lágrimas saiam como águas de um chafariz. Ele estava sofrendo, revivendo o aquele dia como se tivesse sido na noite de ontem. — Ele estava coberto de sangue... Foi a última coisa que eu vi. Eu não pude ajudá-lo, mãe. Alguém ajudou ele? Por favor, me diz que ele está bem, mãe.

Ao fim daquela frase Liam deixou o quarto a passos apressados. Chorava com o desespero do amigo. Niall acabou por seguir seus passos.

O loiro caminhou pelos corredores em direção a área externa do hospital. Estava precisando de ar fresco e sabia que, bem provavelmente, Liam estaria na mesma situação. Em uma mureta de cimento com vista pra pequena cidade, com os ventos balançando seus cabelos desarrumados, Liam estava debruçado. Niall se aproximou gentilmente e tocou o ombro do amigo. Liam não reagiu. Ele não chorava. Olhava fixamente para o nada com um olhar apavorado, tinha um tom de pele pálido.

— Eu não consigo... ver ele daquele jeito. Ele não merece isso... — ele disse com tristeza na voz, havia um tom de indignação em sua vez. — Não merece.

— Você tá bem, cara? — Niall se aproximou um pouco mais. Liam ficava mais pálido a cada segundo. — Você tá branco.

— Eu...— tentou dizer.

Em questão de segundos Liam se distanciou um pouco de Niall e vomitou no chão do pátio do hospital. Niall o olhou assustado.

— Niall.. — Liam o encarou de longe com uma das mãos na barriga. Em seguida sentiu seu nariz molhado, ao passar a mão percebeu ser sangue. — Niall... — disse assustado dessa vez. Foi sua última palavra antes de desmaiar bem ao lado de todo aquele vômito.

Niall correu para o garoto jogado ao chão e rapidamente posicionou a cabeça dele em seu colo. Gritou por socorro. Gritou desesperadamente. Algumas enfermeiras que almoçavam no pátio correram para ajudá-lo, em seguida chegaram outros enfermeiros com uma maca. Rapidamente Liam foi levado apara dentro, Niall o acompanhando o tempo todo.

Algum tempo depois Liam acordou. Estava deitado numa maca, num quarto com outras muitas macas – muitas delas também ocupadas. Sua mãe estava no hospital justamente com Geoff. Karen vestia a mesma roupa de quando saiu para "jantar com as amigas", sugerindo que ela tinha vindo direto do compromisso.

Liam tomava soro na veia. Estava meio zonzo, sem entender o que estava acontecendo.

— Relaxa, cara. — Niall disse. — Você tá melhorando. Acho que você teve um surto nervoso, o doutor ainda não disse nada.

— Eu desmaiei? — estava desnorteado.

— Pelo visto, foi o que aconteceu. — Geoff disse, em seguida levou uma de suas mãos a testa do garoto. — Você não está quente, não deve ter sido algo grave. Fique calmo.

— Zayn... Contaram pra ele? — Liam perguntou preocupado, em seguida encarou Nial.

O loiro só assentiu.

O olhar de liam se tornou mais preocupado ainda.

— E... como ele tá? — perguntou — Ah, pelo amor de deus que pergunta. Eu preciso ve-lo. — tentou se levantar da maca, mas foi rapidamente repreendido pelo doutor que caminhava em direção deles.

— Não senhor, nada de se levantar ainda. Você sofreu um desmaio repentino após vomitar. Eu preciso checar pra ver se tudo está bem, ainda mais que houve sangramento nasal, segundo seu amigo. Logo ter...

— Sangramento nasal? — Karen perguntou preocupada, sem seguida encarou Geoff, que tinha o mesmo olhar preocupado.

— É, o... o nariz dele sangrou um pouco antes do desmaio. — Niall disse. Liam não parava de encarar a mãe, a forma com que ela reagiu aquela notícia o deixou intrigado.

— Bom, o jovem doutor aqui vai fazer o trabalho dele, e eu espero que muito bem, e logo vai nos dizer que tudo está bem. — Geoff disse, em seguida deu dois fracos tapas no peitoral de Liam. E então se retirou da sala com Karen em seu impasse.

— Te vejo daqui a pouco — Niall disse. — Vai ficar tudo bem, você tá ótimo!

Liam sorriu fraco e acompanhou com olhar enquanto Niall de deslocava para fora daquele grande quarto.

Ao lado de fora Geoff e Karen conversavam preocupados. Niall não pode deixar de notar suas feições.

— O que tá rolando? — perguntou, surpreendendo os dois. Eles se olharam, em seguida sorriram.

— Nosso filho tá internado no hospital, depois de desmaiar na rua. Possivelmente deve ser isso. — Geoff disse, sarcástico. Karen o repreendeu com o olhar, em seguida voltou a se dirigir a Niall.

— Preocupação! Odeio. Odiamos ver o Liam nesse estado, e isso desde quando ele era criança. Qualquer gripe era motivo de hospital, considere um trauma. — disse simpática.

Niall sorriu de lado.

— Não se preocupe, ele ficará bem. Se existe uma pessoa capaz de superar umas merdas nesse mundo essa pessoa é o Liam. Acredite. — Niall respondeu. — Se me dão licença, tenho que ver como o Zayn está.

— Vou com você, tenho que ver a Trisha. Ela deve estar precisando de um pouco de apoio nesse momento. — Karen disse, Niall assentiu e em seguida os dois caminharam em direção aos elevadores.

No andar de Zayn, Trisha conversava com um dos doutores em frente a porta do garoto. Ela estava abatida, as lágrimas em seus olhos, por mais que nem sempre precipitavam, pareciam nunca secarem.

— Ei — Karen disse ao se aproximar.

— Bom, essas são as minhas recomendações finais, vou deixar vocês a sós. Tenham uma boa noite. — o médico disse, em seguida se retirou.

— Como você tá? Como foi a conversa? — Niall quem falou dessa vez.

Trisha hesitou por algum tempo. Desviou por alguns segundos o olhar dos dois, voltando logo em seguida

— O meu filho... Eu tive de ouvir meu filho implorar pro doutor injetar anestesia nas veias dele para ele dormir e parar de sentir a dor que estava sentindo. A dor de perder o pai. A dor de se lembrar de cada momento, de cada imagem. Eu tive de ouvir meu filho pedir pra morrer. — as lágrimas começaram a cair. — Eu tô com medo do que a vida do Zayn pode se tornar daqui pra frente.

— Trisha, o Zayn é a pessoa mais forte que eu conheço. — Niall disse, confiante. — Isso tudo... Ele acabou de acordar e o pai dele morreu. A gente precisa dar um tempo pra ele. Ele vai ficar bem. É da natureza do Zayn sempre estar bem, não vai ser diferente dessa vez. — Niall sorriu ao fim da frase. Aquilo fez Trisha sorrir fraco também.

Karen também encarava Niall com um sorriso no rosto e um olhar de orgulho.

— Agora eu tenho que ver meu amigo! Posso? — Trisha assentiu. E então Niall adentrou novamente aquele quarto com onde Zayn estava.

O moreno estava dormindo. Sua feição era de uma paz profunda. Estava sem todos aqueles aparatos de antes. Só estava ali tirando uma soneca.

— Cara, esse dia tá difícil. — Niall disse voltando a sua poltrona companheira e, meio que automaticamente depois disso, pegou em uma das mãos de Zayn. — Desculpa por não conseguir dizer nada antes. Eu sei que agora você provavelmente não está escutando, é diferente de antes, eu acho. Mas eu sinto muito. Eu queria dizer alguma coisa... qualquer coisa. Eu tô cansado de ser forte por todo mundo Zayn. Tô sempre cuidando de todo mundo e ninguém de mim. Eu tô exausto, física e mentalmente. Você precisa vir cuidar de mim, cara. Por favor! Eu to te esperando, tá todo mundo te esperando. Volta pra gente.