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História Best Friends Fucking Forever - Ajoelhou, tem que rezar


Escrita por: bmcarvalho e FreeYourSoul

Notas do Autor


E AI, SEUS LINDOS?!

Demorei muito? Acho que nem tanto. Mas dessa vez o capítulo é bem maior e bem mais impactante que o outro. Quem que tiver com raiva do outro capítulo, pode ter certeza ESSE VEIO DE COM FORÇA!
Quero agradecer a Danielle Ramos, minha putinha mais linda e amiga por ter me incentivado e influenciado ao título do capítulo. Ela vai entender. Hehe.

Ah, antes que eu esqueça! Eu tenho uma surpresa para as minhas leitoras de BFFF :D Mas só vou dizer quando tudo estiver certo. u-u

Espero que gostem, e me desculpem caso tenha alguém erro. Meu teclado e meu pc tá super coisado, então tem sinais de pontuação que não estão funcionando direito.

Até as notas finas e boa leitura.

Capítulo 6 - Ajoelhou, tem que rezar


Fanfic / Fanfiction Best Friends Fucking Forever - Ajoelhou, tem que rezar

Tracy olhava para Niall sentado no sofá assistindo pacificamente qualquer coisa no Discovery Channel e pensando no que poderia estar passando dentro de sua cabeça sórdida, depravada e ridiculamente loira tingida. Mas, bem no fundo, sabia que parte de seus pensamentos partiam da famosa Blair Green.

Blair Green. O ser repugnante no qual seu irmão havia se afeiçoado ainda mais.

Apesar de seu passado marcado, Tracy sabia que a loira não era um problema tão grande assim; ela não atrapalhava tanto seu caminho como alguns anos antes ou fazia alguma diferença na sua atual vidinha de merda, mas a irritava de uma maneira constante.

Talvez por sempre estar no meio de seu caminho, atrapalhando-a quando queria algo. Um garoto em especial, ou simplesmente a paz de um lar que fora destruído por alguém tão desatenta.

Seu telefone tocou de maneira estridente tirando a atenção de seu irmão rapidamente e seus pensamentos internos. Ao olhar a tela e ver o nome de sua atual amiga mais íntima, seus olhos apertaram um pouco curiosa e um pouco frustrada, Hillary a ligava de minuto a minuto lembrando de que teria que pegar os vestidos para a festa de Turner naquela noite. A única coisa que poderia a irritar mais naquele momento eram cobranças.

Se tem uma coisa que Tracy Horan odiava era ser cobrada por alguém mais irresponsável que ela mesma.

— Diga, Hill. Não está me ligando para perguntar dos vestidos, não é? — Tracy ironizou.

Nossa, coisa ruiva! Está petulante hoje... Por acaso Blair Green está na sua casa se comendo com seu irmão no sofá da sala e você está sendo obrigada a ouvir ela pedir para ele ir mais fundo? — a voz sagaz da amiga a irritou no mesmo instante unido ao comentário nojento. Ela revirou os olhos mesmo sabendo que amiga não veria, só pela força do hábito.

— Por favor, me poupe os comentários. Não estou afim de vomitar meu almoço.

Qual é, Tray! Nós duas sabemos que do jeito que andam as coisas ela vai largar o fortão e ficar com o seu irmão, que aliás... está muito gostosinho.

Argh!

— Por Deus, Hill! Ele é o meu irmão! — ela sussurrou para o mesmo não notar, mas ele estava tão concentrado na TV e no balde de pipocas que nem percebeu o assunto que sua irmã conversava no telefone.

Só estou sendo realista, minha cara cabeça de cenoura.

— Eu dispenso seu realismo. — disse em um tom tão sarcástico que Hillary podia sentir do outro lado da linha escorrer entre a tela quebrada do smartphone.

Então, já foi falar com o Styles sobre aquilo que conversamos?

A voz dela já não era mais perversa; estava mais lenta e com uma boa dose de ternura. Era bom saber que se preocupava com ela, mas no fundo de seu coração aquilo era o menor de suas preocupações, o que realmente a atormentava era o grande “e se”.

E se desse errado...?

De acordo com Hillary, era impossível dar errado. Mas nada é impossível no mundo.

— Ainda não.

Está precisando de coragem? Porque isso não lhe faltava na semana passada...

— Mas na semana passada tudo entre eles parecia estar aparentemente bem. Muito diferente de hoje, afinal ela saiu com outro que por acaso ele odeia. — Tracy a interrompeu enquanto massageava suas têmporas sentindo uma breve dor de cabeça a atingir.

Toda essa ansiedade estava matando-a.

Deveria adiantar. Se eu fosse você, iria agora na casa dele. Depois vem para casa resolver essa droga de vestido! — Hill esbravejou sua ordem no telefone obrigando Tracy a afastar o aparelho de suas orelhas antes que ficasse surda do ouvido esquerdo.

— Tudo bem, garota! Já estou indo. Adeus.

Adeus, mi amore.

Finalizou a ligação, vendo o olhar torto do irmão cair sobre ela enquanto se levantava da poltrona preferida de seu pai.

Maura nunca conseguiu tirá-la dali.

— O que é, moleque? — ela perguntou rude, pegando sua bolsa da Channel, com tudo que precisaria para festa, em cima da mesa de centro. Ele revirou os olhos e lhe mostrou o dedo do meio.

— Onde pensa que vai?

— Virou minha mãe agora, Niall?

— Deixa de ser ignorante, menina, só perguntei caso nossa querida mamãe se queixe que a filhinha dela está saindo com uma saia que não cobre a calcinha. Você pode ficar resfriada, irmãzinha. — disparou o gêmeo mais velho, recebendo olhares matadores da mais nova. Niall riu torto.

Gostava de exibir os oito minutos mais cedo no qual nasceu.

— Estou indo em Hillary, James. Não irei voltar. — disse Tracy, fingindo estar desinteressada.

— Não vai para festa do Matt?

Ela tentou esconder o sorriso travesso. — Para quê? Para ver você e aquela nojetinha se beijarem, e não vomitar por respeito? Sem chances, estou muito feliz com meu almoço dentro da minha barriga negativa.

Niall gargalhou com o comentário. Pensar nele beijando-a lhe causava um caos interno.

— Pelo menos ela sabe usar aquela boquinha pequena muito bem.

— Isso foi, realmente, inapropriado, oxigenado. — ela foi até um grande espelho que sua mãe emoldurou perto das fotografias de infância e afagou os cabelos ruivos recém tingidos. Era uma boa cor e parecia natural.

— Isso explica o motivo dela ser tão desejada por ele. — Niall divagou com uma expressão frustrada e Tracy rolou os olhos pela décima vez em cinco minutos. Mas a dor em seu peito por ver seu irmão em tal estado era forte, servindo para aumentar seu plano podre.

Niall podia ficar com Blair, e ela se divertiria com Harry.

Só em imaginar as possibilidades já ficava excitada.

— Ele só a deseja porque é a única que teve a vida inteira. Até você aparecer, ou melhor, reaparecer.

O mais velho suspirou.

— Ela ainda gosta dele.

— E o que importa? Eles não estão juntos, pelo menos nunca estiveram, ela é sua por direito.

— Fala isso porque se Blair decidir ficar comigo, Harry estará livre como há dez anos. E você, Tracy Lilian Horan, vai poder fisgar o que nunca foi seu. Não sou tão idiota, irmãzinha, para você estar “feliz” por eu ter saído com ela, significaria algo bom para você. — Tracy gargalhou ouvindo seu nome completo. Era triste ouvir isso, mas era a maior verdade que alguém lhe dissera depois de quando tingiu o cabelo de loiro e Hill se pronunciou com um belo “Está parecendo a Green”.

Quase raspou o cabelo na mesma hora.

— Como poderia esconder isso do meu irmão gêmeo preferido, não é?

— Você só tem a mim, Lilian.

Ela se dirigiu até porta com um andar tão confiante, fazendo Niall notar que ela não iria para casa de Hillary. Ela iria destruir a vida de alguém, isso era certo. Só não queria imaginar de quem era.

Ela deu seu último sorriso antes de sair. — Exatamente, James.

E saiu rumo ao desastre.

 

[...]

 

A casa da família Styles não era grande como a sua, mas a fachada era bonita e o bairro tão calmo que tornava a beleza do lugar evidente. Não era um lugar que ela viveria seus últimos anos de vida, mas dava para o gasto. Havia um pequena estradinha de pedras amarelas até a porta e os lados a relva aparada e verde chamava atenção, destacando a árvore quase sem folhas de setembro.

Caminhou até a porta e respirou fundo antes de tocar a campainha, sendo recebida com um grito alto proveniente dele mandando alguém vivo na residência atender a porta.

Passos rápidos foram escutados e quase desejou desesperadamente que ele atendesse sem camisa.

E sem calça.

O.K., sem cueca.

— Bla... — Gemma começou o nome da criatura indesejada com um sorriso largo, mas parou quando a viu, fazendo o sorriso murchar na mesma hora. — Tracy? O que faz aqui?

— Gemma, quanto tempo, querida. — ironizou com um sorriso falso. A mais velha revirou os olhos castanhos.

A expressão de Tracy suavizou ao ver Harry atrás da irmã, confuso.

Sem camisa. O.K., podia viver com isso. Por enquanto.

— Tracy?

— Olá, Harry. Será que tem um tempo? — perguntou vendo Gemma fita-lo de forma matadora. Ele deu os ombros para irmã com um sorriso amarelo.

— Hum, claro, entre, por favor. — ele abriu a porta dando espaço para a ruiva adentrar o espaço. Gemma se virou bufando, sussurrando algo como “Não esquece de ligar para ela. Ela precisa saber sobre aquilo” e subindo as escadas estreitas.

Tinha quase certeza de quem ela se referia.

— Me perdoe pela Gem, ela não está nos melhores dias.

— Oh, claro, acho que ela estava esperando pela sua namorada. — apesar de ser implícita, Tracy jogara a melhor maneira sarcástica que conseguia sem ofende-lo.

— Ela sente falta da Blair.

— E você também.

As bochechas dele ficaram rubras e quase teve um colapso com a cena de carinho.

— Não quero falar sobre isso. Mas, o que te trouxe aqui? — ele sentou-se no sofá de maneira desajeitada e a convidou para sentar ao seu lado.

Tracy sentou e sorriu, puxando seu celular da bolsa.

Harry a olhou confuso. Um celular?

— Quero te mostrar uma coisa que achei. Mas antes quero lembrar que eu e você sabemos a verdade sobre tudo que aconteceu há dez anos. Não essas mentiras que contaram para não causar mais problemas. — após suas palavras sussurradas, ele engoliu seco.

Ótimo.

— Então veja isso. — a ruiva desbloqueou a tela do celular e foi até a galeria, clicando no vídeo que conseguira na melhor hora.

Sorriu antes de dar play e entregar ao garoto o motivo de seu inferno.

 

[...]

 

O evento que aconteceria em menos de duas horas não era o que mais a deixava ansiosa, mas sim as presenças que ela agregaria. Pessoas como Matthew Turner — patrocinador e dono da festa —, todo o time de futebol, e a presença de Harry deixando-a mais animada que antes.

Harry Styles era um antigo colega de classe de Tracy e seu irmão, mas nunca fora muito comunicativa com o garoto, afinal ele sempre estava grudado em Blair e Laila, suas atuais amigas do peito.

Mas algo nele sempre chamou atenção da garota. Desde... sempre.

Primeiramente era seu porte físico e beleza, que foram melhorando ainda mais com o tempo. Mas, depois de algumas aulas de história que praticavam em grupo Tracy percebeu que Harry não era como os garotos estúpidos de sua escola. Ele tinha um ótimo senso de humor, mas não era apenas isso; ele pensava por si próprio, não era influenciável como os outros e a tratava bem.

Ao sair do covil que criara, a menina dos cabelos de fogo saiu rapidamente de cena antes que a outra Styles a matasse. Precisava ir até a casa da Lancaster dizer que, finalmente, a primeira parte estava concluída com êxito.

Seu sorriso maquiavélico crescia a cada segundo. Estava mais feliz do que nunca.

O carro parou em frente à casa da amiga — muito mais bonita do que a de Harry — e levantou os óculos escuros, antes de sair do conversível que seus pai lhe deram naquele mesmo ano e seguiu até a porta de vidro. Hill já estava na sala com os cabelos cheios de bobes e esponjinhas coloridas entre as unhas do pé enquanto as pintava.

Ela simplesmente entrou na casa, sendo recebida pela amiga.

— Finalmente Tracy, pensei que tinha se perdido no caminho para minha casa. — Hillary falou, abraçando-a calorosamente.

Tracy afagou o cabelo castanho e ondulado que cheirava a shampoo de morango.

— Não precisa fazer drama, doçura... — Tracy disse sorrindo falsamente. — Você não ia ganhar nada com a minha morte, vou deixar toda a minha herança a Boris, meu cachorro.

— Sábia você, pequeno gafanhoto, deixando os seus bens para a única coisa que te ama.

Tracy colocou a mão em seu coração fingindo estar magoada, mas logo gargalhou junto a amiga. Ela se jogou no sofá macio e manchado de esmalte de Hill e tirou o celular do bolso de sua calça, verificando as mensagens que provavelmente seu mais novo mascote teria lhe mandado.

— Sem tecnologias aqui Tray, estou me acostumando a nova rotina.

A ruiva revirou os olhos, pondo o aparelho na bolsa a tira colo.

— Você não precisa seguir o mesmo caminho hippie que seu namorado virgem. — disse ela cética, subindo as escadas para o quarto de Hill, sem demonstrar muito apreço por Ryan.

— Senti falta de sua crueldade, sabia? — a morena a seguiu até o cômodo, vendo-a se olhar no espelho com a intensidade natural que exalava.

Tracy fitava a si mesma, tentando entender o que diziam sobre ela com estereótipos nada modernos e status que ela sabia que tinha. Na escola, todos viviam uma espécie de hierarquia social como uma pirâmide e ela estava no topo. Ela e Niall, com o apelido popular de Gêmeos Confusão.

Como cadeia alimentar.

Mesmo quando era uma jovem garota de 10 anos, sempre chamou a atenção dos garotos de sua escola. Apesar de ainda estar na fase criança, aos dez os mais precoces já olhavam as meninas como objetos que tentavam conquistar. E em sua juventude, seus cabelos eram castanhos e ondulados chegavam na altura de seus seios, que começavam a crescer de uma forma natural dando indícios de puberdade.

Tinha a pele alva e as bochechas avermelhadas e avantajadas, típico de uma irlandesa autentica. Mas o que realmente chamava atenção eram seus grandes e luminosos olhos azuis. Era o que Tracy mais gostava em si.

Resolveu entrar no banheiro e tomar outro banho para retirar o peso da consciência; mesmo que estivesse satisfeita por tudo que estava acontecendo, sabia que Niall ficaria irritado no início e que talvez não a perdoasse logo de cara, mas agradeceria quando a menina dos cabelos dourados estivesse com ele em uma boa cama realizando seus desejos mais sujos.

Ao sair do banheiro, conseguia ver a amiga tentando tirar os bobes com dificuldade. Riu internamente pela amiga ser tão desastrada, porém ali estava seu encantamento onde Ryan embarcou como narguilé e músicas de Bob Marley.

Em alguns minutos estava quase pronta, com seu vestidinho vermelho e os saltos.

Até tentava prestar atenção no que sua amiga Hillary falava desenfreada como se tivessem injetado energético em sua língua. Não sabia como não dava cãibra. Ela dizia algo como "Blair vai para a festa com o seu irmão", "parece que ela está mesmo envolvida com Niall" e "tome cuidado ou daqui a pouco vai estar emprestando seus absorventes para ela".

  — Hill, você não consegue focar em uma coisa? — Tracy virou bruscamente para a amiga. — Blair e Niall é a melhor coisa que pode acontecer no momento.

A morena olhou-a confusa.

— Não estou gostando disso Horan, você é muito confusa, pensei que você não gostasse da pobre garota. — Hill disse terminando de pintar as unhas do pé. — Imagine só, acordar de manhã e encontrar seu irmão e a futura noiva sentados na mesa tomando café com pombas brancas ao redor e uma carruagem.

Tracy riu do exagero da amiga.

— Blair estar saindo com o meu irmão significa que Harry está solteiro.

— Ah, então resolveu pôr seu plano sórdido em prática, não é? Ele estar solteiro não significa que ele está sozinho.

Hillary sempre vinha com uma onda de realidade. Tracy nunca fora iludida por Harry, sabia de sua suposta fama e nunca tomou o vinho da castidade à espera do garoto, mas não podia evitar que seu coração sentisse uma pontinha de esperança ao saber que Blair estava fora da vida de Harry, ou quase.

— Garota, vá escolher seu vestido, por favor. — Tracy disse secamente. Ela era uma boa amiga, mas sabia pegar em seu ponto fraco. — Vou te esperar na sala, Ryan, seu namorado hippie, já deve estar chegando com as sandálias e os discípulos.

Hill mostrou o dedo do meio e fechou a porta na cara de Tracy que riu instantaneamente. Adorava provoca-la sempre que podia, como fazia com Niall quase todos os dias de sua vida.

Voltou para o cômodo anterior e se jogou no sofá, fitando o teto, pensativa. Estava sentindo algo crescer em suas células e sabia que isso se chamava ansiedade, e aumentava desde quando saíra do território Styles com um belo sorriso e a expressão de desespero misturada ao nojo de Harry.

Ele mudaria de opinião com o tempo.

Não demorou muito a atmosfera natural mudar para o cheiro do incenso, vendo Ryan chegar com seus dreads e o doce sorriso, que logo aumentou quando viu a namorada descendo as escadas com um belo vestido verde e os olhos castanhos brilhando com uma sombra dourada.

Tracy não conseguiu evitar sorrir também, a amiga estava realmente linda.

  — Não preciso repetir para vocês se comportarem. — Hill disse segurando na mão de Ryan, se referindo ao humor negro da amiga e do temperamento curto do namorado, e o conduzindo até o carro de Tracy.

A menina dos cabelos ruivos entrou e logo deu a partida, seguindo para festa. O caminho fora silencioso; tirando a música lenta da rádio no fundo, algumas provocações do lado de Tracy e as resposta de Ryan, ou até Hillary ameaçando sair do carro e pegar carona com qualquer estranho que aparecesse.

Tray saiu do carro sem olhar para trás. Sabia que sua amiga desapareceria com Ryan em qualquer canto da festa para fazer sabe-se lá o que, e ela estaria sozinha com vários marmanjos bêbados e problemáticos devorando-a com os olhos.

Revirou os olhos. Animais.

O saltos estalavam no piso de mármore da casa dos Turner, anunciando sua chegada para todos os seres presentes e inferiores. Poucas pessoas haviam chegado e a música ainda não estava tão alta, mas a parte boa é que o bar estava vazio e ela poderia aproveitar as delícias alcóolicas. Lembrava de outras festas que Matt havia feito e sempre contratava o mesmo barman.

Yule era ótimo no que fazia.

Sorriu ao lembrar dele na última festa.

Tracy seguiu seu caminho até o balcão ignorando os olhares masculinos que a lançavam e concentrou no moreno alto que sorria em vê-la de novo. Pobre Yule. Essa noite ela focaria só em um Deus grego, ele teria que ficar para próxima. Pediu uma vodca pura ao barman, ouvindo risinhos por parte dele, e saboreou o líquido descendo como fogo em sua garganta.

Precisaria de mais para aguentar a noite.

 

[...]

 

Depois de alguns minutos e outros copos de vodca, os sentidos começaram a ficar menos aguçados e a conversa com o belo garoto ruivo ao seu lado começou a perder o sentido. Não sabia se ele falava de sua tia avó Emilia ou se queria usar calcinha. As vozes que saiam dos fundos do salão eram cada vez mais difíceis de identificar e a visão ficando desprovida de nitidez e equilíbrio.

Estava levemente bêbada.

Ou alguém havia dado um belo soco em seu hipotálamo.

Mas isso não importava; ela obviamente preferia permanecer nas confortáveis cadeiras, tomando o líquido que estava em seu copo, do que perder seu tempo conversando com as mesmas pessoas ridículas e sem cérebro de seu colégio.

De longe avistara Hill e Ryan dançando histericamente ao som de Sia — Chandelier, visivelmente bêbados. E felizes.

Às vezes era isso o que Tracy almejava; não um namoro sério como a maioria das pessoas pensavam ou imaginavam, mas simplesmente alguém para a apoiá-la e que pudesse arrancar sorrisos sinceros.

Mas o problema é que a garota se cansava rápido de seus parceiros, sempre arranjava um jeito de estragar seus relacionamentos sérios. Como se passasse tempo demais elevando alguém, colocando-a em um pedestal, e então essa pessoa te enxerga no meio das outras e desce do altar que você a colocou. No fim, tudo aquilo era só mais um de seus joguinhos de conquista.

 — O que faz aqui, Horan?

Tracy se preparou mentalmente para uma resposta perfeita que deixaria o indivíduo sem falas — e até mesmo sem as bolas —, mas quando olhou para o garoto que a atrapalhara em seus devaneios ficou estática por alguns milésimos tentando absorver imagem e informação ao mesmo tempo.

Ele estava lindo. Simplesmente e indescritivelmente lindo.

Tudo parecia estar voltado aos seus olhos verdes luminosos por causa da bebida, mas ainda parecia que nenhuma das luzes do local poderiam competir com tamanho poder de seu olhar penetrante.

— Harry...? — Tracy disse surpresa e confusa. Depois daquela conversa nada amigável pensou que ele arrancaria seus olhos. Podia sentir seu cheiro invadir seu sistema e causando frenesi dentro de si. O maravilhoso perfume amadeirado e doce.

— Pensei que não viesse.

— Infelizmente, eu pensava da mesma forma. — ela disse sorrindo torto como criança que acabou de ganhar um presente.

— Tracy, como conseguiu... aquilo?

Ela gargalhou e balançou a cabeça em negação.

— Não posso falar. Vai estragar meu plano, querido. — viu o garoto de cabelos ondulados respirar fundo algumas vezes e ânsia de vômito dominar em seu rosto.

— Eu... aceito.

Seu mundo parou naquele segundo.

O quê?

— Ótimo!

— Mas, eu vou logo adiantando. Não pense que isso vai mudar meus sentimentos por você ou por ela. Eu ainda sou apaixonado.

Tracy revirou os olhos com a confissão romântica e clichê, mas estava acostumada a ver Greg demonstrar coisas semelhantes por Denise — namorada perfeita e futura noiva magnífica.

— Não esperava mais que isso, doçura. Então que tal me dar uma amostra grátis do que é capaz? — sussurrou em seu ouvido de maneira sugestiva. Harry a olhou surpreso e bufou ao entender o que ela queria.

— Eu preciso estar bêbado para fazer isso, Lil.

Lil. Era tão doce poder ouvi-lo chama-la dessa forma carinhosa assim como quando eram mais novos e sua atenção não estava vidrada em outra pessoa que quase chorou de animação.

Após alguns copos de tequila misturado com alguma outra bebida mais forte, Harry a levara para os quartos do primeiro andar. O garoto era charmoso ainda mais quando estava sem sentidos e Tracy não queria perder mais tempo, já tinha esperado muito.

Harry tirava a roupa da garota com agilidade demonstrando como mesmo bêbado ainda queria acelerar para tudo acabar, afinal ela arrancou seu norte junto com Niall. Mesmo seu irmão não fazendo ideia do que tramava, ainda sim contribuiu com a raiva que o outro havia guardado.

Isso ainda era ainda mais excitante.

Sentiu o garoto penetrar severamente e Tracy gritou sentindo a excitação da sua adolescência inteira ser convertida em prazer momentâneo que ficaria marcado em nos dezessete anos de sua vida. No fundo, gostaria de não ter bebido tanto, assim aproveitaria mais o seu momento de glória. Por um minuto, ele pertenceu a ela.

Apesar de estar presente, sabia que ele divagava pensando nela. Por alguns minutos ouvia sua voz pronunciar a outra e ela gritava ainda mais alto para abafar a raiva e esconder o ódio que sentia dele.

Estavam ali e ainda ousava pensar nela.

As forças de Tracy começaram a se esvair junto com o resto de sanidade que ela deixava guardada em casos de emergência, como essa. Em pouco tempo chegaria ao seu ápice e suplicava em sua mente para sair inteira, descontando suas preces nas costas de Harry.

Ele saiu de dentro dela, sério. Ele poderia se arrepender disso para sempre, mas ela estava em paz com seu ser. Como um sonho que realizava, estava com paz interior reestabelecida e nada poderia destruir. Nem mesmo o que lhe dissera antes.

Que se dane o amor! Ele havia traído o sentimento da única garota que o amava.

Mas, esse momento de paz duraria pouco.

Tracy vira uma pequena figura agachada na porta com as mãos no rosto, e Harry desesperado tentando acalmar seja lá quem estivesse no quarto chorando baixo, pois os soluços ainda podiam ser escutados se prestasse atenção.

Aproveitou o momento que a bebida estava largando-a e vestiu-se rapidamente, quando percebera o quarto estava cheio de uma atmosfera negativa, mas, ao ver o ser loiro que tanto odiava se levantar e o garoto de olhos verdes segui-la, vestido, logo percebera que seu plano tomou rumos diferentes e incrivelmente positivos. Blair havia visto tudo.

E em questão de minutos aquela se tornara uma ótima festa.

 

[...]

 

Blay?

 

Harry a fitou sentindo seu mundo cair em segundos.

E nesses segundos, ele a perdeu. 

A garota estava ajoelhada em sua frente com os olhos inundados e os soluços presos na garganta, fazendo-o rosnar de frustração. Não havia a visto a festa inteira, mas Tracy lhe contara que ela chegou com Niall ao seu encalço, e uma roupa extremamente ridícula.

Agora ele entendia. Blair estava divina. Mesmo chorando, mesmo destruída, mesmo magoada ela estava incrível.

Blair enxugou os olhos com as costas da mão, levantando-se. Notava que ela estava zonza e que, talvez, ela vomitasse tudo que havia ingerido nos seus pés junto às palavras rudes que ela iria proferir, tentando reduzir a sua dor lançando-a para ele.

Mal sabia ela que ele já estava sofrendo.

— Blair... — ele sussurrou seu nome e a viu se virar, saindo de seu campo de visão. Ele vestiu a cueca e calça deixando Tracy sozinha no quarto.

Alguns alunos olhavam para ele, e logo em seguida para Blair. Harry realmente não se importava no que pensavam, o que valia a pena era a garota que estava desesperada em sair daquele espaço.

O garoto a segurou pelo pulso, impedindo-a de seguir em frente. Blair parou bruscamente, e sem fitá-lo engoliu seco. Saberia que olhá-lo poderia ser a destruição de sua força.

— Blair, me escute. Por favor. — ele suplicou, ouvindo um suspiro entrecortado escapar. Ela estava chorando.

Chorando por causa dele.

Um soco no estômago doeria menos.

— Pode soar mentira, mas eu posso explicar. — Blair riu nasalado ironicamente, puxando o pulso com força, diante de tais palavras.

— Explicar o quê? — ela esbravejou, voltando-se para ele. Harry podia ver aqueles olhos que tanto amava cheios de fúria e dor. Isso o fez baixar a cabeça. — Explicar como Tracy Horan é gostosa? Como ela geme alto? Como você se sentiu satisfeito em um comer de um prato que todos já provaram? O que quer me explicar que eu já não saiba? Poupe-me de suas mentiras! Não acha que já as falou demais para mim?

As palavras da garota o atingiram como uma facada no peito. Ela nunca havia agido dessa forma com ele, mas sabia que merecia cada palavra que dizia ao meio do som de David Guetta. Blair estava certa, em partes.

Quando eram crianças, prometera que só falaria a verdade para garota, por mais que doesse. Nunca cumpriu sua promessa verdadeiramente. Seu instinto de protegê-la era maior do que havia prometido, era importante e sabia disso desde quando a viu deitada na maca.

Dois anos depois, Harry recebeu uma cartinha romântica de uma garota que ele julgou ser uma menina novata que vivia no canto da sala. Carmen Parker, uma novata norte-americana com quem trocava olhares durante as aulas. No fundo, ele mentia para ela e para si mesmo sobre sentimentos. Ele gostava tanto dela e camuflava de si mesmo.

Lembrava de ter visto Blair ficar brava, e que a folha do caderno da Jolie onde a carta estava escrita era igual ao da amiga, porém nada apontava para ela. Ou pelo menos ele pensava assim. Deveria ter aproveitado antes do baile da oitava série, antes que tudo isso tivesse acabado, contado a verdade naquele instante e a pedido em namoro.

Mas, a única coisa que fez foi esperar.

Esperar um ano se passar e ele provar do fruto proibido.

Blair era intensa e insana. Era o tipo de pessoa que fazia as maiores loucuras por quem amava sem pensar duas vezes nas consequências, e sempre viveu para ele. Somente para ele. Mesmo com as tentativas de Carter e qualquer outro garoto, ela só queria a ele.

Harry gemeu em frustração.

Só agora percebeu o quão ela gostava dele. Ele fora tão tolo!

— Blair! — ouviu-se o grito ecoando junto a batida da música. Harry rosnou ao ver Niall correr ao encontro da menina que chorava. — Você está bem?

Ele a viu assentir, puxando seu pulso com força, soltando-se do par de olhos verdes e segurando a mão do ser loiro. Era inacreditável como ele sempre estava perto nos momentos que Blair caía, sendo o motivo principal para sua destruição. Ela não sabia que Niall era um verdadeiro problema na vida deles?!

— Vamos sair daqui? — ele perguntou segurando-a pelos ombros, ainda receoso. Quando a garota assentiu e passou a mão por sua cintura teve certeza que ela estava ferida demais para qualquer comentário.

Harry sentiu a fúria subir por suas veias, tirando-lhes o sentido ao ver Niall abraçá-la levando-a em direção à porta da casa. Os seus punhos se fecharam e, por impulso, puxou o garoto pelo ombro e fez a maior besteira da sua vida.

Niall caiu com o soco no nariz, sentindo o sangue descer. Blair, que caíra também pois estava presa a Niall, observou estática o loiro gargalhar ironicamente enquanto levantava.

A música havia parado e os alunos bêbados que ali dançavam pararam para ver a briga.

— Styles, Styles... Como sempre impulsivo. Quando vai aprender? — as palavras audaciosas de Niall despertaram raiva nos belos olhos verdes. Ele sorriu torto. Sabia que se Harry perdesse o controle também perderia a razão.

E consequentemente... Ele perderia Blair.

— Cale a merda da boca, Horan. Não me faça perder o controle. — ele estalou a língua em negação, vendo o semblante do outro tornar-se maquiavélico.

— Ah, por favor, Styles! Não estamos falando de controle. Não é ele que você tem medo de perder. — os olhos verdes do garoto seguiram para Blair que se encontrava confusa e assustada no chão. Podia ver Laila se aproximar com Liam para perto da amiga, tentando ajudá-la. Mas ela não se movia.

— Fique longe dela. Estou avisando.

— Oh, vejo que feitiço se virou contra o feiticeiro. — o loiro dizia sarcástico enquanto Laila tentava levantar Blair, sussurrando palavras meigas em seu ouvido. — Veja agora, olhe tudo que você fez. "Acaba de perdê-la e a culpa é toda sua. Somente sua." Lembra quando me disse isso? E nós só tínhamos sete anos...

— Cale-se! — Harry esbravejou, avançando dois passos em direção ao garoto. — Não compare as situações!

— Claro que não. O que aconteceu há dez anos foi sem intenção, diferente do que aconteceu há dez minutos.

Harry rosnou avançando no loiro e, antes de disferir um tapa no rosto do garoto, Blair se levantou pondo-se na frente de Niall, recebendo o tapa em seu lugar.

A garota caiu e Harry observou, estático a menina no chão com os cabelos cobrindo-lhe a face e a mão na bochecha recém atingida.

Niall se agachou, ficando na altura de Blair, também assustado. Styles chegou a ouvir Niall pedir desculpas a menina, dando um beijo em sua testa. Era como um flashback mudando os narradores. Em um momento ele salvava Blair e em outro Niall a salvava.

Tudo isso em tempos diferentes.

— Quer sair daqui? — ele ouviu Niall perguntar a loira. Ela assentiu, sendo colocada no braço. Harry pensou em protestar, mas estava assustado demais para se mexer. — Para onde quer ir?

Blair levantou o olhar para o antigo amor, fazendo-o ver a marca vermelha de seus dedos em sua bochecha e a dor da decepção em seus olhos. Ela suspirou e voltou a encarar Niall.

— Qualquer lugar bem longe daqui.

E então eles sumiram no meio das pessoas.

 

[...]

 

Laila entrou no carro de Liam sentindo o susto dos recentes ocorridos passar aos poucos. Não era novidade que Tracy Horan podia ser tão baixa e aproveitar o momento em que tudo parecia se acabar para implantar sua discórdia, mas não tirava suas razões.

Ela e Niall tinham motivos.

Suspirou olhando para o bêbado que dormia no banco traseiro. Zayn era bonito mesmo com a boca entreaberta roncando suavemente, os cabelos negros bagunçados e tão alcoolizado que não sabia a diferença entre um balão de aniversário e uma camisinha cheia de ar.

— Que noite, não é? — Liam cortou o silencio enquanto saía da entrada, rumo a casa da família Malik.

— Eu não esperava tanta confusão. Blair é minha melhor amiga e eu sei que Harry é completamente louco por ela, faria qualquer coisa para o bem dela...

— Mas estava com Tracy. — Liam a interrompeu, e ela rolou os grandes olhos azulados.

— Por algum motivo específico. Vou pedir para Zayn conversar com ele depois. — ela redirecionou seu olhar para o garoto no banco traseiro, voltando seu olhar para Liam, que permanecia centrado na pista.

Mordeu o lábio imaginando o que quase aconteceu entre eles, de novo. Liam era sagaz e sabia usar boca e mãos, era fato comprovado, e no fim conseguiria uma boa noite se conseguisse estar com ele por mais alguns minutos do que naturalmente.

Sem interrupções, só orgasmos alegres.

Com certeza ela ligaria para ele no outro dia.

— Acha que ele está dormindo mesmo? — Payne sussurrou enquanto entrava em uma rua vazia. Laila gargalhou internamente imaginando um cenário sexual e atrativo para eles.

— Ele está apagado. Poderia gritar que os duendes estavam aqui e roubariam toda a maconha e coleção de camisinhas que ele não acordaria. — ironizou, vendo Liam reprimir a risada pressionando os lábios um no outro.

— Do jeito que você fala parece que o pobre coitado está morto.

— Claro que não. Se ele estiver morto, não temos ménage. — ele gargalhou, mas se policiou quando o viu se mexer resmungando algumas palavras inaudíveis.

Então, as mãos ásperas no qual ela tanto gostava tocou suas coxas, acariciando-as gentil e sexualmente. Isso era demais para seu autocontrole, já sentia o pulsar alimentando o seu corpo e cada centímetro de sua derme se arrepiar. Era insano, perigoso... Era excitante.

Era Liam Payne.

Ele parou o carro no meio fio da rua e Laila retirou o cinto de segurança, subindo em seu colo em seguida. Liam suspirou ao sentir aqueles lábios carnudos tocar sua boca, devorando-a com desejo como mais cedo na casa de Matt. Quase socou a cara de Zayn por ter atrapalhado mais um momento intenso entre eles, mas teria sua vingança.

Tocaria sua garota enquanto ele dormia do lado.

As mãos delicadas e ágeis escorregaram por seu tronco coberto pela camisa, descendo em direção ao cós de sua calça. Laila adentrou a peça inferior sem pensar duas vezes, ainda nervosa. Seu medo de Zayn acordar era ainda maior do que ser pega por policiais nada legais.

Já havia ido uma vez para delegacia por invasão de propriedade privada. Não estava pronta para ouvir sermões de sua mãe sobre como ela deveria entregar sua alma a Deus e a vagina a uma calcinha de castidade.

Liam suspirou profundamente quando sentia sua mão tocá-lo por cima da cueca. Queria poder fazer muito com aquele corpo antes de atingir o estágio inicial de sua loucura, então subiu a saia da garota e acariciou por cima do tecido fino vermelho que a cobria desnecessariamente, vendo-a gemer baixinho.

Ela uniu seus lábios aos dele a fim de silenciar-se e também provoca-lo ainda mais com as línguas entrelaçadas da maneira mais pornográfica que conseguia naquela posição nada vantajosa. Qualquer movimento em falso, suas costas e buzina acordaria não só Zayn, mas a vizinhança inteira.

E aí sim eles estariam muito fodidos.

Ele puxou a calcinha para o lado e a invadiu com seus dedos, deixando-a sem ar e os olhos se fecharem rapidamente, apertados. Não imaginou que estaria tão molhada até sentir os dedos penetrá-la com tamanha facilidade. Sentiu o sorriso de Liam crescer contra seus lábios e remexeu o quadril pedindo mais contato.

Suas mãos, que ainda o acariciava por cima da cueca, segurou sua base, puxando-o para fora já ereto e movimentou-se em carícias suaves e lentas, assim como ele em sua entrada.

Os lábios dele, vermelhos e convidativos, escorregaram pelo maxilar até uma área do pescoço, sugando a pele com uma força sensual tão conhecida fazendo com que Laila não se reprimisse e um gemido escapasse em um tom bastante audível, caso o sono dele fosse mais leve.

Liam riu internamente. Queria que soubesse o que estava acontecendo entre eles bem na sua frente.

— Abra os olhos, Lay. Olhe para ele e para nós. Ele não faz ideia do que te torna viva. — Laila abriu os olhos com dificuldade, notando Zayn deitado enquanto sua respiração calma fazia seu peito subir e descer lentamente. A imagem do cenário era tão depravado, que ela se perguntou por um segundo se era certo.

Até Liam escorregar o segundo dentro dela.

Laila gemeu alto demais, sem se preocupar com a presença do terceiro ser dentro do automóvel. Liam se aproximou de seu ouvido e soprou com dificuldade: — Isso, Lay. Mostre a ele que não é um objeto. Voce não é dele.

Sentiu suas pernas amolecerem anunciando seu ápice e um último gemido cortou sua garganta. Liam sorriu sentindo seu orgasmo chegar em seguida, os sons e efeitos que a pequena Hastings causava nele era enlouquecedor. Conseguia entender a possessão de Zayn por ela. Ambos gostavam de ouvi-la gritar.

O peito ainda subia e descia, mas a menina olhou para o ser moreno que dormia inquieto mexendo-se para um lado e para outro, e logo depois sorriu cúmplice para Liam, que retribuiu. Por um lado estava mal por essa facada tão evidente e funda nas costas de Zayn, mas por outro estava feliz por sua nova companhia.

Ele era uma delícia.

Deliciosamente perigoso.

 

[...]

 

Blair fitava a pista, pensativa.

As imagens de Tracy e Harry não lhe saíam da mente, torturando-a da pior maneira. Fora a sua consciência que gritava como era hipócrita e egocêntrica, afinal ela também quase cometera o que ele havia feito.

Mas ela havia mudado de ideia, não é?

Ela bufou, piscando os olhos furtivamente, sentindo lágrimas ousadas escorrerem.

Niall a fitou, ainda sentindo raiva por ela ter se colocado na sua frente. Harry ficara assustado com sua ação, e ele também, mas aguentava. Se suportou palavras de julgamento ecoando em sua mente, um tapa não faria tanta diferença. Mas vê-la com o rosto marcado por ele foi demais.

Harry jogaria isso em sua cara quando tivesse chance.

— Para onde estamos indo? — Blair perguntou em um sussurro, abraçando o corpo por causa do frio. Niall puxou a jaqueta que emprestara a garota mais cedo do banco traseiro e entregou, fazendo-a suspirar de alívio.

— Eu não sabia exatamente onde te levar. Pensei em sua casa, mas sua mãe perguntaria e sei que não está disposta. — ela assentiu, vendo-o passar a língua pelos lábios, umedecendo-os. — Minha casa seria desconfortável, tanto para você como para a poderosa Maura Horan, que no caso é a minha mãe.

Blair riu sem humor.

Niall era ridículo, mas, felizmente, de um jeito bom.

— Finalizando, achei melhor levá-la para o apartamento do meu irmão mais velho.

— Você tem um irmão além de Tracy? — perguntou, curiosa. Ele assentiu sorrindo amarelo. Greg era mais que um irmão. Era parte dele. — E não será um incômodo aparecer por lá dessa maneira?

Niall sorriu travesso, fazendo-a enrubescer.

Não havia ninguém lá.

— Ele teve que fazer uma viagem de negócios, e deixou a chave comigo para ir lá de vez em quando dar uma olhada. Para sua sorte, deixei as chaves aqui no carro. Caso alguma coisa acontecesse e seu rumo da casa de Laila mudasse, e aqui estamos nós!

Blair foi obrigada a rir, sentindo as bochechas esquentarem ainda mais lembrando do que havia quase acontecido entre eles há alguns minutos.

Niall a fitou brevemente, sentindo-se mais confortável com a aparência atual da garota. Ela parecia estar mais leve do que há quinze minutos, porém isso não apagava o quão magoada Blair parecia estar.

Sabia que Blair nutria algo por Harry, mas talvez pudesse reverter isso.

— Você está bem? — a voz de Blair ecoou em um sussurro, fazendo a confusão nascer no rosto dele. Mas, logo suavizou ao notar que se referia ao nariz.

— Parou de sangrar, então acho que sim. — ele disse com um sorriso preguiçoso no rosto.

Silêncio logo tomou conta do espaço de maneira confortável, deixando-os refletindo sobre suas ações. Niall pensava em como Harry o acusara de medroso pelo que havia lhe ocorrido alguns anos antes.

Mas nada superava a dor de Blair.

A sensação de que algo estava prestes a morrer dentro de si a dominou enquanto cenas de sua infância e adolescência passavam simultaneamente em sua cabeça.

Lembrava de quando brincou em pé no balanço e machucou o joelho, Harry estava lá para lavar e dizer que havia avisado; lembrava de tê-lo visto dançar no baile da oitava série com Carmen Parker enquanto ela estava emburrada na pista sendo puxada por Carter, e de que nesse mesmo dia eles brigaram, e então Harry a beijou.

Lembrou de sua primeira vez; ela fora dormir na casa dele por causa de Gemma, irmã mais velha do mesmo, porém um trovão mudou tudo. Harry a fez mulher nesse dia.

Só não sabia que era a mulher de sua vida.

E, por último, lembrara de quando o viu pela primeira vez. Sua primeira e única lembrança de uma infância perdida.

O dia em que acordou em um hospital com vários aparelhos ligados. Ele estava sentado em um sofá e sorriu ao ver a menina que ele ajudara, acordar.

Blair suspirou recordando da sua voz meiga dizendo "Oi, garota. Que bom que você acordou, seus pais estão preocupados com você."

Mas, do mesmo jeito que aquelas imagens apareceram, elas se dissiparam. Matando o último fio de amor que ela guardara.

 

[...]

 

O carro parou bem na entrada da família Malik, fazendo Laila suspirar. Toda vez que chegava a essa rua, um mal estar penetrava seu corpo. Ela nunca conheceu os pais dele nem como uma amiga da escola e sua mãe nunca aprovou o contato desde o dia em que olhou nos olhos cor de caramelo que ele tinha.

Chegava a ser irritante ter passado tantos anos ouvindo ela dizer para se afastar porque o garoto era má influência.

Se ela soubesse metade das coisas que a filha fazia...

— Como vamos deixa-lo? — Liam perguntou enquanto descia do carro. Laila repetiu o ato, observando-o pegar o outro como um saco de batatas e colocar em um dos ombros.

Estava surpresa? Estava. Liam era forte? Era, até demais. E gostoso também.

— Ele sempre guarda a chaves em uma corrente no pescoço. — se esticou, ficando na altura dos rosto dele e puxou a corrente que ela mesmo tinha dado com um pingente redondo com uma moeda e azul como seus olhos. Era para ele lembrar dela e das poucas vezes que esteve na casa dele.

— Bem pensado. — Liam murmurou pegando a corrente enquanto a garota estava dispersa, observando o rosto angelical de Zayn.

A porta foi aberta e ambos entraram em silencio. Com certeza Trisha e Yasser estariam em casa, dormindo tranquilamente enquanto o filho desajeitado bebia e comia qualquer garota em uma festa cheia de aloprados e sexualmente ativos, e no fim iria atrapalhar dois adolescentes cheios de hormônios no telhado quase transando.

Merecia um troféu por seus feitos em menos de quatro horas.

Analisando esse lado, era justo ter quase se entregado a Liam. Zayn nunca estava sozinho.

— Os pais dele vão achar que somos ladrões. Ou sequestradores que vão esquartejar o filhinho metido a besta e alcoolizado. — ele murmurou, irritado. Laila quase gargalhou.

— Calado, Liam. Com sorte despejamos o corpo do bêbado e saímos daqui. Qualquer coisa eu fujo pela janela.

— E eu?

— Só lamento, babe.

Liam rolou os olhos e seguiu para escada no fim da sala. Os três chegaram ao primeiro andar em passos curtos torcendo para o assoalho de madeira não ranger e denunciá-los. Zayn já havia contado, uma vez, que Trish tinha o sono tão leve que se uma pena caísse no chão ela acordaria.

Algo relacionado aos instintos de mãe.

Ela girou a maçaneta, ouvindo um breve “click” soar. Eles entraram no quarto, notando que a grande parte da bagunça natural de seu quarto estava arrumada, sinalizando o selo de mãe super-protetora no local. Ela riria de Zayn se não estivesse em um momento particularmente estranho e, talvez, inovador.

Estrelinha dourada!

— Vamos embora daqui? Estou começando a ficar nervoso. — Liam dizia enquanto esfregava as palmas das mãos na calça, evitando o suor.

— Calma, brutamontes! Já acabamos por aqui. — Laila puxou seu braço forte e musculado para fora do cômodo, a fim de sair de lá o mais rápido possível.

Suas pernas pareciam querer vacilar, a adrenalina havia sumido e o medo a consumia cada vez mais. Estava prestes a sair da casa quando viu um ser pequeno atrás do sofá com os olhos azulados e o cabelo negro assim como de Zayn, curiosa, mas também assustada.

Laila se agachou, ficando na altura do rosto da menina. — Seu irmão está lá em cima, tudo bem?

— Ele vai ficar bem? — sua voz meiga fez o coração dela amolecer.

— Sim. Ele só está dormindo. — Laila acariciou os cabelos dela e lhes deu um beijo na testa.

— Obrigada, moça. — ela sorriu e correu para escada. Lay sentiu que desmaiaria se Liam não estivesse ao seu lado. Aquela era a primeira e única integrante da família que conhecera e não foi da melhor maneira e nem da forma que ela imaginou que seria.

Não que ela já tivesse imaginado.

Liam a envolveu em um abraço. — Acho melhor irmos, Lay.

Ela assentiu e voltou para automóvel.

Comovida e, até mesmo, triste.

 

[...]

 

Blair entrou no apartamento, com Niall ao seu encalço, observando cada detalhe do lugar. Era um ambiente confortável e moderno, espaçoso e com uma incrível vista de Londres.

O apartamento ficava no centro da cidade e as paredes eram espécies de vidros, exibindo a metrópole e um dos maiores pontos turísticos da capital do país. O London Eye.

A sala e todo resto da casa possuía tons de marrom escuro e branco, demonstrando clareza profissional. Mas, apesar de ser monocromático, possuía um ar elegante no qual a menina apreciava.

O dono tinha bom gosto.

— Legal, não é? Sempre gostei daqui; vista é incrível e compensa o quão Greg gastou. — Niall comentou referindo-se a cobertura, mas Blair estava inerte ainda impressionada.

— Seu irmão tem bom gosto. — ela disse despertando.

— Concordo. — ele suspirou, puxando a bolsa da garota que escorregava do seu ombro. — Vou levar as suas coisas lá para o quarto, qualquer coisa me avisa. Volto em um minuto.

Ele despistou um beijo na testa da menina e saiu em direção ao primeiro andar. Blair observou cada detalhe captando-os com atenção; os objetos finos e caros demonstravam a riqueza da família Horan e, com certeza, a casa de Niall não era diferente.

O olhar de Blair caiu sobre a pequena lareira abaixo da grande televisão, onde fotografias preenchiam o espaço. A garota seguiu até o local e pegou a primeira que avistara.

Eram Greg e Niall mais novos. O mais velho estava com uma guitarra de brinquedo enquanto Niall segurava o microfone. Blair sorriu ao vê-la.

Logo depois, segurou uma em que se encontrava os garotos e Tracy no seu aniversário de 16 anos. Os três faziam poses engraçadas com óculos em formatos diferentes e plumas envolta do pescoço. Olhando por esse ângulo, Tracy parecia ser doce e amigável.

Blair fez uma careta e puxou outro quadro onde ela supôs ser bem antiga. Niall segurava um ursinho marrom, Greg e Tracy estavam sentados à direita, e à sua esquerda uma menina loira de olhos azuis sorria largamente com o braço envolta do pescoço do menino.

Suas feições eram familiares, fazendo Blair apertar os olhos forçando sua memória, mas ninguém lhe vinha em mente. A menina usava um vestido azul claro, o cabelo estava solto com uma franja cobrindo a testa e os pés descalços. Niall também sorria com as bochechas levemente coradas.

Uma pontada de ciúmes se formou, fazendo-a guinchar. Ele parecia gostar muito da menina.

Um último olhar recaiu sobre a garota e uma imagem se formou em sua mente. Niall abraçando a garota fortemente depois de um trovão.

Blair afastou o pensamento e se perguntou quantas bebidas havia ingerido, pois sua cabeça estava girando e formava imagens de uma menina que ela nem sequer conhecia.

— Blay? — a voz de Niall ecoou em um grito pelo lugar. A garota soltou a imagem e suspirou. Talvez perguntasse depois para Niall quem era e talvez explicasse o motivo dela ser tão familiar.

— Sim? — ela gritou de volta subindo as escadas, tentando seguir o som da voz do menino.

— Será que pode me ajudar? — ele gritou um pouco mais baixo que antes, em tom envergonhado. — Segunda porta à esquerda.

Blair o entrou no espaço e viu uma cena que não devia deixá-la sem ar. Niall estava sentado na cama de casal, na qual ela julgou que seria do irmão dele, sem camisa e com curativos em cima da cama. O nariz dele sangrava e ele estava vermelho de vergonha.

— O que aconteceu? — perguntou nervosa, seguindo até sua cama. Ele encolheu os ombros e suspirou.

— Bati na quina da pia quando me abaixei para pegar a caixa de primeiro socorros. — Niall dizia com as bochechas coradas. Blair reprimiu a risada e ele a olhou, entediado. — Vai me ajudar ou ficar só rindo de mim, Green?

— Calma, garotão! — ela ergueu as mãos em sinal de rendição. — Deixa que eu cuido disso.

Ela pegou um algodão e limpou a área, depois aplicou o remédio fazendo-o gemer de dor. Blair sorriu ao finalizar com pequeno curativo na ponte do nariz onde possuía um pequeno corte do soco que Harry havia lhe dado.

As feições de Blair enrijeceram ao lembrar do garoto. Niall estava com ferida no nariz e ela no coração.

— Niall? — ela o chamou, fazendo-o erguer o olhar. — Me desculpe pelo Harry. Ele é meio temperamental.

— Tudo bem, loira. Meus problemas com Styles são mais antigos do que se possa imaginar. Acho que desde o berçário já trocávamos tapas. — ele riu fraco, sentindo a menina acariciar seus cabelos de maneira suave.

— Notei. — Niall bateu no colo, indicando-a para sentar. — Eu só não entendo por que a Tracy? Harry nunca gostou dela. Na verdade, ele nunca gostou da família Horan.

— Eu também não entendo, Blay. Se for analisar o lado da depravada da minha irmã Tracy, eu entendo, afinal todo mundo sabia que ela era louca por ele, mas Harry se tornou novidade. — ele bufou envolvendo-a em uma abraço enquanto estava em seu colo por livre e espontânea vontade sem reclamar. — De qualquer forma não vamos falar sobre isso agora.

Ele acariciou o rosto da menina em seu colo, tentando mudar de assunto; Blair fitou grande janela do cômodo recordando como isso tudo tinha começado. Talvez se fosse mais cuidadosa, Niall nunca teria a visto de calcinha.

Mas, olhando pelo lado positivo, isso serviu para mostrar que estava transando com alguém sem caráter.

Seus olhos migraram para o garoto abaixo de si, vendo seu rosto incrivelmente esculpido ser iluminado pela pouca luz que emanava de fora. Niall era como um anjo e sua perfeição estava longe de ser implícita.

Blair deslizou o polegar desde a têmpora até o maxilar, fazendo-o erguer o olhar com um leve sorriso brincando em sua pele alva. Os seus olhos se fecharam e sua mente se conectou ao notar o quão ele era familiar.

Mas, a imagem não se formava da maneira que ela desejava, mostrando apenas duas esmeraldas preocupadas em um hospital. Foram as duas piores semanas de sua vida.

Suas pálpebras se abriram, e logo ela firmou a decisão que mudaria sua vida.

Ela lutaria com unhas e dentes, mas Niall seria seu. E Harry seria apenas uma mancha vazia e obscura no fundo do seu coração.

Sem dor, sem lembranças... Sem amor.

 

 

 

A luz loira e aura alegre emanava da criança que estava sentada na cama fez sua mãe sorrir alegremente. A menina era a única filha que tinha e a prova que duas pessoas totalmente diferentes e defeituosas poderiam colocar um anjo no mundo.

— Mamãe, por que eu não posso brincar na chuva? — a garotinha perguntou enquanto mexia nos pelos do ursinho que ganhara de seu melhor amigo.

— Você pode ficar resfriada, Sunshine. Ou pode se machucar; a rua está escorregadia e você pode cair. — a mulher de longos cabelos louros acariciou a filha, que repousava a cabeça no peito da mãe. A menina suspirou olhando a paisagem de sua janela.

— Mas, mamãe, eu posso usar a capa de chuva e as botas. E eu prometo que não vou me machucar, Ursinho vai me proteger. — a menina dizia enquanto mexia nas orelhas do brinquedo. A mulher sorriu ao ver o jeito meigo que a menina de sete anos falava do melhor amigo.

— Vamos entrar em um acordo? Amanhã nós vamos ao parque com o papai, e todos os seus amiguinhos...

— Ursinho e Tio Bobby podem vão também?

— Sim, eles podem ir. Então? O que acha? — ela sugeriu e viu a filha colocar o indicador no queixo, pensativa. Logo em seguida a menina riu e assentiu para a mãe.

A garota se levantou a cama e seguiu para seu banheiro com velocidade, puxou o banquinho rosa e subiu, ficando na altura do espelho. Jay fitou a menina, confusa.

— O que está fazendo, Sunshine?

— Escovando os dentes. Quero dormir logo para amanhã chegar mais rápido e poder brincar com Ursinho.

Ela riu nasalado. Era tão fofo vê-la, inocentemente, se apegar a outra pessoa.

Despertada por um cabelo loiro correndo para cama, Jay se levantou e deu um beijo de boa noite na menina, desejando que seus sonhos se realizassem. A filha abraçou o urso e a mulher teve certeza.

Niall e Blair estavam destinados.

 

 

Os olhos azuis celeste abriram furtivamente, nervosos e atentos. O coração palpitava de emoção em seu peito, sua respiração desregulada e pesada fazia com que os pulmões doessem, o suor escorria por sua têmpora, palmas das mãos e nuca, fora a sensação de frio na barriga que crescia.

Ela lembrava do dia anterior ao acidente que quase tirava-lhe a vida.

Blair suspirou, controlando os batimentos cardíacos e a respiração que pareciam quer sair da caixa torácica de tão forte. Niall dormia ao seu lado, inerte ao que acontecia fora de seus sonhos.

O cabelo loiro tingido estava bagunçado, as bochechas irlandesas ostentavam um tom rosado e a boca fina estava fechada formando uma linha única. O peito nu mostrava as poucas idas à academia e falta de tatuagens.

Então a garota notara que adormeceu sobre seu corpo e a vergonha preencheu seu rosto livremente.

Ela levantou-se, fitando o relógio na escrivaninha. Eram duas da manhã e ela sentia a cabeça latejar por causa da bebida e da lembrança.

Ela ficara adormecida por quase duas semana.

Suspirou mais uma vez, saindo do quarto o mais rápido que podia. Precisava pensar e pôr as ideias em ordem, talvez conseguisse recuperar outra lembrança perdida se forçasse mais um pouco a memória.

Seguiu para cozinha onde pegou um copo de vidro no armário e encheu de água, umedecendo a garganta que ardia. O local estava escuro e a pouca luz que iluminava era proveniente da geladeira aberta, deixando o espaço calmo e silencioso. Só ouvia a sua respiração.

Repousou o copo na pia e, em passos lentos, se dirigiu a sala onde as imagens da infância de Niall assombraram o seu sonho. Ao segurar a fotografia, a sensação de conforto a atingia; seus olhos seguiram para a menina de longos cabelos loiros e para o ursinho de pelúcia que esta segurava.

Era idêntico ao que segurava em seu sonho.

O medo a aplacara. Como podiam ter tanto em comum?

Tentou lembrar onde conseguira o brinquedo e nada lhe veio em mente, fazendo-a rosnar de frustração. Mas o que prendeu sua atenção foi que nunca mais brincara com ele. Nem sequer o vira depois do acidente.

Ela balançou a cabeça, confusa e seu olhar prendeu-se ao sorriso que Niall esbanjava para menina. Era tão familiar, tão inocente, tão meigo, tão carinhoso, tão... Apaixonado. Sem dúvidas alguma, aquela era a garota por quem ele era completamente louco quando criança.

— Blay? — a voz rouca de Niall a surpreendeu, fazendo-a se assustar.

A garota rapidamente tentou pôr o quadro em seu devido lugar, mas falhou ao tentar ser discreta.

Niall seguiu o olhar até onde ela mexera e seu coração falhou quando a viu, sem sucesso, colocar a fotografia no lugar. Suspirou pesadamente, ainda sonolento e aproximou-se de Blair segurando suas mãos nervosas.

— Acalme-se. — ele pediu suavemente, mas seus olhos azuis estavam escuros de medo e confusão. — Aconteceu alguma coisa?

Ela piscou duas vezes, voltando sua atenção para o ser em sua frente. — Quem é ela, Niall? A menina loira ao seu lado, quem é?

Ele suspirou. Não queria contar sobre isso, mas era necessário.

— Ela era a minha melhor amiga.

Blair aguçou os ouvidos para não perder cada detalhe; precisava de cada doce informação, talvez servisse como conectores para sua memória voltar a funcionar como antes e mais uma lembrança de sua infância a invadir.

Niall a puxou para o sofá, vendo o seu rosto tornar-se curioso e astuto. Estava proibido de contar tudo de uma vez, mas se contasse uma parte, as memórias voltariam naturalmente.

— Como se conheceram? — perguntou, umedecendo os lábios secos de excitação.

— De acordo com a minha mãe, meus pais conheciam a família dela desde a faculdade, mas eu lembro quando a vi pela primeira vez. Foi em uma festa da empresa; todos estavam alegres, dançavam e comemoravam, eu tinha cinco anos, e quando a vi entrar tive certeza que os anjos existiam.

Blair sorriu com o comentário. Um sentimento puro e inocente.

— Cabelo loiro longo, vestido azul combinando com os olhos celeste. Sempre amei os seus olhos. Não pela cor, mas pelo que transmitia. Ela sempre trouxe calma. — Niall disse fitando-a profundamente. Blair segurou sua mão e a apertou para que prosseguisse, mas isso o fez bufar, frustrado. — Uma dia, ela se machucou por minha causa e eu não nunca mais a vi.

— Não sabe onde ela está? — Green sussurrou, sentindo a dor que Niall sentia. Eles eram bem novos, aparentemente, e sentia falta dela.

— Sei, pior que sei. Ela está mais perto do que se possa imaginar. — Niall dizia, olhando-a com tanta intensidade fazendo-a desabar em lágrimas.

— Ela... morreu?

Niall riu nasalado.

— Não, ainda bem. Não saberia o que fazer sem ela. — ele respondeu, puxando Blair para perto, sentindo sua pulsação acelerada. A menina deitou em seu peito e aninhou-se embaixo do seu braço. Naquele momento, Niall era seu cobertor que protegia dos monstros e perigos.

O olhar se elevou, flagrando o garoto que a encarava com dor e sentimento. A loira esticou-se, ficando na altura de seu rosto e depositou um beijo suave em seus lábios.

— Não se preocupe, sei que nunca me machucaria. — com testas coladas, a garota anunciou com um sorriso, fazendo-o retribuir.

Niall a segurou pela nuca, tomando seus lábios cálidos para si, mergulhando em um mundo pelo qual gravidade era a última de suas preocupações. O que lhe importava era o quão doce a sua boca se tornava a cada toque mais profundo.

Ela era seu bote ao meio de um oceano de problemas.

A cada segundo que se passava se deleitando com a menina dos cabelos dourados, Horan sentia a luxúria corroer seus sentidos e a ânsia de possuí-la aumentar a todo instante.

Lentamente, as costas de Blair tocaram o tecido suave do sofá fazendo-a gemer de ansiedade. Nada a impediria, nem alarmes, muito menos pessoas indesejadas. Harry não era mais seu, e Tracy estava a quilômetros de distância. Celulares desligados, problemas afundados. Eram apenas eles dois.

Os toques quentes de sua boca percorriam queixo, maxilar, orelha respectivamente até atingir o ombro que ficara nu pela camisola fina. Blair arfou quando o sentiu em seu pescoço, sugando-o sem dó. Ficaria uma incrível marca roxa e, provavelmente, Laila ou sua mãe notaria por baixo dos quilos de base que usaria, mas, naquele momento, nada importava.

Somente o quão excitante ele se tornara.

Em um movimento rápido, ela prendeu-o envolta de suas pernas e forçou a troca de posições sem esforço. Já havia feito outras vezes quando queria tomar o controle da situação.

Niall a fitou, assustado, mas o brilho de excitação e a elevação em sua calça moletom era mais forte. A garota sorriu sentindo o membro entrando em contato com sua intimidade ainda coberta, e pôs as ancas em movimento vendo uma expressão de prazer invadir o rosto do garoto – olhos fechados e apertados, boca entreaberta e a respiração entrecortada.

Blair voltou sua atenção para o pescoço pálido do garoto e sugou todo centímetros de pele que conseguiu, recendo murmúrios como resposta. Sua língua passeava pelo ombro e tronco nu, assoprando onde deixara uma rastro molhado e um arrepio percorreu o corpo.

Ela iria matá-lo antes do orgasmo.

As unhas de Blair arranhavam lentamente o corpo dele, e ao alcançar o elástico da calça, ela o beijou rude, deixando levar-se pela excitação. Os olhos de Niall se fecharam brevemente, mas voltou abri-lo ao sentir a mão da loira invadir suas calças, massageando-o por cima da cueca.

Ela riu nasalado, vendo a surpresa em sua face. — Só aproveite. Quero fazê-lo se sentir bem.

— Por mais tentador que possa parecer, eu não sei se é a hora certa, Blay.

Ela revirou os olhos, sem parar os movimentos sutis em suas mãos.

— Só me responde... Você quer que eu continue?

— Sim, mas...

— Mas nada! — ela esbravejou, invadindo a cueca do garoto e segurando a base de seu membro, iniciando o que ele tanto ansiava.

— Droga! — murmurou sentindo uma pressão crescer dentro do seu corpo. A área sensível estava sendo tocada da melhor maneira que havia provado. Blair era boa no que fazia.

O lábio inferior foi preso ao dente, contendo sons presos na sua garganta, mas falhara catastroficamente, libertando um arquejo profundo e um nível sexual que jamais havia provado. Ele se sentia mais vivo do que nunca e o rosto de satisfação dava mais ímpeto a Blair continuar o que fazia em outro estágio.

As peças de roupa foram abaixadas e jogadas em algum canto escuro e desconhecido, exibindo o que ela tanto almejava ver de perto quando estava na janela do seu quarto. Blair sorriu ao lembrar das palavras que Matt dissera eram parcialmente verdade.

Ele observava atento a cada movimento da garota entre suas pernas, ansioso. Os dedos da garota o envolviam onde os fios mais espessos cresciam livremente, escorregando lentamente do fim até o topo. Analisando esse momento, ele nunca imaginou que teria a menina em uma posição sexualmente atrativa.

E, antes de voltar a sua realidade, os lábios da menina se fecharam envolta do pênis, fazendo-o arfar alto.

Blair largou-o fitando a bela íris azul, maliciosa recebendo como resposta uma expressão confusa. Ela não iria larga-lo daquela maneira, não era? O pensamento o fez se remexer no sofá enquanto a via ajoelhar entre suas pernas encarando-o com um sorriso que julgou ser travesso.

— Algum problema? — indagou, sendo surpreendido por uma breve risada proveniente da garota.

— Só estou observando como você me deixa excitada sem muito esforço.

Blair 1 X Niall 0

Ou, a bebida possui um efeito retardo e só agora ela se encontrava mais bêbada que o professor Oliver depois da mulher tê-lo trocado por Juliette, a professora de educação sexual.

— Vai continuar assim?

— Estou apreciando a vista. — disse ela, perversa, sentindo uma pressão no ponto de prazer, sucumbindo-a para o mundo da luxúria atenuada. Niall sorriu de canto.

— Não demora muito, loirinha. — sussurrou rouco. — Ajoelhou... — abaixou a cabeça, nivelando os olhares sedentos. — Tem que rezar.

— Coitada de mim, uma pobre ovelha que desviou seu caminho. Perdoe-me por ter sido tão má. — a voz inocente que ela forçou o fez rosnar baixo. Era um pecado não tê-la possuído antes.

— Somente depois de uma longa reza com penitência.

Blair gargalhou enquanto o via apontar para o membro ereto. Ela voltou a segurar a base e o pôs na boca, sugando o órgão enquanto ouvia arquejos profundos. Aquilo era seu combustível, o que a fazia continuar com orgulho.

Sem pudor ou vergonha, sua língua deslizou sutil e sexualmente iniciando na glande, percorrendo sua extensão até chegar nos testículos.

Com os olhos bem astutos, Blair buscou seu olhar no meio da atmosfera erótica ali presente, achando-o no meio dos gemidos que tentava reprimir. Voltou a sua atenção no pênis, e focou no topo masturbando-o com a mão direita. Sua intimidade pulsava pedindo para ser tocada, e não perdeu tempo usando a mão esquerda livre para saciar seu desejo. Por enquanto.

Os dedos de Niall envolveram seus longos fios dourados forçando uma maior entrada. Blair o olhou por cima dos longos cílios espessos pela camada grossa de rímel que sobrara da maquiagem e piscou levemente. Era como um pornô que ele mais amava assistir e com a sua atriz pessoal.

Murmúrios prazerosos explodiam na cabeça de Blair, que sentia uma estranha tensão correr por seus músculos. Era diferente e novo para ela transar com alguém que não fosse Harry, e isso a deixava agitada.

Niall entrelaçou os dedos no cabelo e os bagunçou, esfregando os olhos em seguida. A pressão que seus músculos exerciam em relação ao seu membro o indicavam que o orgasmo estava mais próximo do que ele imaginava.

Um gosto familiar escorreu pela sua língua, enquanto usava as mãos e a boca para melhor ênfase no que fazia, indicando o quão perto ele estava. Blair se remexeu inquieta pela ansiedade.

O contato da língua com o órgão foi desfeita, fazendo-o fitar a menina, confuso. Estava tão excitado que chegava a doer, mas antes que pudesse protestar Blair voltou a masturba-lo e tocar-se.

Niall se remexeu, irritado. Ela podia toca-lo e ele não podia encostar um dedo nela. Tentou avançar um pouco para tocar seus seios cobertos pela camisa que lhe emprestara, porém fora em vão. Blair foi rápida e esquivou do contato.

— Se eu permitir que me toque, não vamos parar. E eu quero brincar um pouquinho. — ela sorriu travessa, alterando a velocidade em sua mão. Niall arfou, ansioso.

Um gemido cortou o silêncio da noite, anunciando o orgasmo. Seus membros afrouxaram e a menina observou o rosto dele ser preenchido pelo seu ápice. Era tão encorajador saber que tinha esse poder sobre alguém naquele momento, que quase se entregou correndo para os braços do loiro. Mas logo voltou a realidade, quando notou o olhar envergonhado de Niall para sua mão suja com sêmen.

Seria fofo senão estivessem em um momento pós-semi-transa.

— Acho que esse seria o momento que eu te pegaria no braço e a levaria para o quarto para terminar o serviço. — Niall deu os ombros despreocupado, arrancando gargalhadas da menina. Blair se levantou e limpou ligeiramente a mão na camisa que ele emprestara.

— Essa parte podemos deixar para outro dia, loirinho. — Blair ironizou usando o apelido ridículo que ele lhe dera ao seu favor, piscando divertida e saindo do cômodo em direção ao quarto que estavam antes de tudo acontecer.

— Não mesmo. — ele correu até a menina, que ao ouvir os passos apressados subirem a escada adiantou-se, mas já era tarde. Niall a alcançou, abraçando seu corpo contra o dele a fim de pará-la.

Blair fitou seus olhos profundamente e depositou um selinho em seus lábios, sem malícia, sem erotismo, apenas o que ela sentia naquele momento. Conforto.

As dores não haviam sumido como ela desejava, mas talvez fosse seu início.

Niall sempre fora seu princípio. Só não lembrara disso.

— Gosto quando me beija. Mas não quando faz as coisas pela metade.

Blair riu nasalado.

— Não era você que dizia não ser a hora certa como uma menininha virgem? — a menina indagou com os braços cruzados na altura dos seios. Niall riu ao ver a expressão estampada no rosto dela.

Era tudo que ele queria. Bem ali.

— Lembre-me de ser incompreensível, então.

— Mais?

— Às vezes eu acho que ainda não me suporta, Green.

Blair gargalhou abraçando-o com força. Sua mente estava uma bagunça; em um momento pensava em Harry e tudo que passaram, mas ao lembrar do que vira sentiu a repulsa invadi-la novamente e cortar todo e qualquer sentimento que viesse a perdoa-lo. Sabia que tempos melhores viriam levando tudo que ela jogou ao vento.

Inclusive seu amor.

 

[...]

 

Laila deitou-se na cama e fitou o teto branco de seu quarto, pensativa. A imagem da menina preocupada com os seres estranhos e o irmão inconsciente não lhe saia da mente, fazendo-a suspirar pesadamente. Nunca se imaginou em uma cena tão delicada como essa.

Claro que seu temperamento com Perce, seu irmão mais novo, não era um dos melhores. Mas sabia que no fundo, o amava bastante. Ninguém podia chegar perto dele que seu lado super-protetor armava contra todo e qualquer um.

Virou para o lado e se deparou com o quadro emoldurado na parede do cômodo. Lá estava ela, como sempre a menina desprovida de paciência para fotos, com um sorrisinho sarcástico, ao lado de Perce, que segurava a bola de futebol, e Annie ao lado de John, seu padrasto sorridente e de bem-com-a-vida.

Um suspiro pesado escapou de seus lábios e notou que estava frustrada. No fundo, sua família era tudo, sua barreira, e Zayn conhecia cada pedaço dela. Sabia como Perce amava esportes, as exigências de sua mãe, as piadas sem graça de John e verdadeira Laila. Aquela que poucos pessoas já viram e muitos nem desconfiam.

Mas, e ela? Realmente conhecia Zayn?

A resposta era óbvia antes, mas a cada dia que passava seus olhos parecem se abrir ainda mais. Ela não o conhecia verdadeiramente. O que adianta saber que a cor favorita dele é roxo, que ela ama frango e que adora assistir programas infantis aos domingos, se não sabia ao menos qual era o tom de voz de seu pai, ou as súplicas de sua mãe.

Caramba, ela nem sabia que ele tinha uma irmã!

O caminho de volta no carro de Liam foi silencioso, um respeitando o espaço do outro, fazendo-a divagar em questões como “Ela é irmã dele?”, “Quantos anos ela tem?”, “Qual era seu nome?”, “Será que ele tem mais irmãos?” ou “Por que nunca me falou dela?”.

A menina esticou-se alcançando o celular em cima do criado mudo e desbloqueou a tela. A foto do fundo era bonita, Laila olhava para a paisagem naquele instante em que ele tirou a foto e com o efeito preto e branco a imagem ainda pareceu mais melancólica que seu rosto em si. Adorava pensar que sua vida era assim, preto e branco, mas sabia que ele, querendo ou não dava cor ao mundo que ela conhecia.

Ela digitou o número pouco conhecido e levou ao ouvido. A chamada atendeu no terceiro toque e voz rouca a fez perder a linha de raciocínio.

— Oi, Liam. Já chegou em casa?

Sim, na verdade ainda estou no carro. Acabei de estacionar. Algum problema? — ele perguntou, preocupado. A voz dela não era a mesma, estava em um tom de dor.

— Eu queria saber se poderia dormir aqui, hoje.

Posso, mas aconteceu alguma coisa?

— Não, fique tranquilo. Só quero companhia. — Laila sussurrou enquanto saía da cama e abria a janela, sentindo a brisa fria beijar seu rosto. — E talvez um pouco de vodca.

Liam gargalhou, desligando a ligação.

Refazendo o trajeto para as portas do inferno.

 

[...]

 

Dez, onze, doze, treze, quatorze...

Harry suspirou enquanto contava os segundos do relógio, tentando inutilmente esquecer tudo que havia acontecido nas últimas horas em que esteve sob o comando de Tracy Horan. Nunca imaginou que diria isso, mas ela era um inferno.

Suspirou novamente, fitando a tela do celular observando a imagem da garota loira com sorriso largo e cabelos esvoaçantes, os óculos escuros lhe tapavam olhos mais belos que já vira, mas não diminuía a beleza da felicidade momentânea.

Ele a tinha. E a perdeu.

Lágrimas grossas e o seu orgulho brigavam dentro dele para saber qual era o mais forte vendo aquela expressão de dor estampada em Blair e o sorriso meigo nas fotos espalhadas por todo seu quarto. Todos os seus momentos felizes estavam ali, assim como o princípio das memórias dela. Cada imagem, cada machucado, cada brincadeira, cada derrota, cada conquista... Tudo ali parecia um santuário para suas lembranças ganharem forma dançando ao redor da razão e da emoção.

Blair amava dançar.

Sabia que era tudo sua culpa e devia ter percebido os sinais de que ele estava próximo; perto demais de maneira ofensiva. Mas, ao meio da raiva, ele o entendia. Harry a roubara primeiro, só estava pegando o que era seu por direito.

Ele bufou, bagunçando o cabelos e esfregando os olhos em seguida. Queria gritar, livrar-se da dor, porém permanecia incógnito ao meio da escuridão noturna de setembro, apenas apreciando seus erros como uma bela miragem azul de seus olhos.

— Hazza? — Harry fitou a entrada de seu quarto e sobre a penumbra da noite pode ver Gemma com feições preocupadas. Harry esfregou os olhos e lançou meio sorriso para irmã.

— Oi Gem. O que faz acordada? — perguntou em um tom curioso. Lembrava da conversa que tivera com ela antes de sair de casa, e naquele momento era para a garota estar décimo sono.

— Não consigo dormir sabendo que o nojento do Chad deve estar em algum pub comendo alguma vadia. — ela sussurrou em tom de indignação. Harry revirou os olhos.

Chad era o ex-namorado pelo qual a irmã sentia mais nojo.

Harry a chamou com o indicador e bateu no colchão da cama, chamando para sentar ali e compartilhar as dores. Gemma reproduziu o que ele tinha pedido, abraçando o irmão mais novo com força, descontando sua dor no amontoado de músculos repletos de tatuagens espalhadas de maneira desorganizada.

— E você? Não devia estar com a Blay agora? — a garota de cabelos loiros indagou, observando os olhos magoados e levemente úmidos.

Ele negou com a cabeça, fazendo deus cachos mexerem e suspirou. — Eu bem que queria. Mas não sei se ela quer olhar na minha cara.

— O que houve? Ainda não se resolveram?

— Não, muito pior que isso... — suspirou, tentando controlar as lágrimas que provavelmente cairiam quando começasse a falar. — Ela me viu com Tracy hoje e...

— Não acredito que você cedeu a essa menina de novo, Harry! — Gemma gritou indignada interrompendo-o subitamente. Saber que Blair, uma amiga da sua infância que confiou contar seus segredos, poderia ter visto algo tão macabro e podre. — Como isso aconteceu? Ela viu vocês se beijando?

— Não, ela nos viu na cama...

— É ainda pior! Não era para isso acontecer! Era para vocês conversarem e se resolverem, você a pedia em namoro e fim! Mas não, você tinha que se deixar levar por uma...

— Eu já entendi, Gemma! — Harry esbravejou, sentindo uma dor aguda em seu peito, fazendo a irmã de calar ao notar o que passava dentro dele refletido em seus olhos. Ninguém, nem mesmo ele, havia soltado tantas verdades dolorosas em tão pouco tempo e isso o deteriorava, o que fez suas ações, novamente.

— Eu só queria te ver feliz.

— Eu sei, Gem, mas Blair não sabe que eu fiz isso com um propósito. Talvez nunca saiba já que o Horan está no seu encalço agora.

— Niall está no ataque? — ela perguntou, surpresa. Não tinha notícias dele há tanto tempo. Principalmente se relacionado com a menina de cabelos dourados.

Harry suspirou e assentiu. — Estou tão irritado que quero gritar. Quero gritar para o mundo inteiro que eu sou idiota por ter feito o que fiz, por magoar alguém tão importante feito ela, por deixá-la escapar. Eu quero tanto poder abraçá-la agora é dizer que vai passar, era só uma tempestade; poder beija-la, dizer como ela é gostosa na cama e linda sem toda aquela maquiagem, eu quero... Eu só quero minha garota de volta.

Com lágrimas nos olhos, Gemma abraçou o irmão mais novo que estava sentado ao pé da cama com os dedos entrelaçados no cabelo. Doía vê-lo daquela forma e imaginar que Blair estava da mesma maneira, afinal ela devia estar em uma confusão mental naquele instante; odiando-o e amando-o. Dois sentimentos contraditórios e de mesma intensidade.

Mas a mágoa era maior.

Harry se deixou divagar pelas lembranças, recordando da face perolada da menina sobre a luz da lua no dia em que perdeu o controle. Aquele baile era inesquecível para ambos, mesmo só tendo quatorze anos naquela época.

Eram tempos felizes.

 

***

— Por Deus, Green! Será que pode adiantar? — Harry sussurrava na porta do quarto pintada de vermelho da melhor amiga, impaciente.

Finalmente, depois de meses, conseguiu com que Carmen Parker — a menina mais bonita da sala e novata — revelasse que mandava cartinhas românticas para ele. No fundo se achava o tal por ela, a garota de cabelos chocolate e olhos caramelados, estar apaixonada por ele.

Blair bufou atrás da porta, tentando ajustar o vestido em frente ao espelho.

— Deixe de ser tão ranzinza! Até parece que vai perder a virgindade! — ela dizia irritada por não conseguir subir o zíper. Harry revirou os olhos.

— Talvez eu consiga, mas só se você adiantar. — as palavras soaram baixas e o corpo da menina enrijeceu, receosa. Não podia ser verdade.

Não! Não! Não!

Em um instante a imagem do amigo beijando-a e tocando-a veio a sua mente, junto com ânsia de vômito. Ele só podia estar brincando. Mas, depois de alguns minutos de silêncio, percebeu que era verdade.

Se perguntou quantas vezes eles poderiam ter se beijado sem ela saber, ou alguma mão boba pelo corpo da menina que Blair desconhecia.

Afinal, nem seu primeiro beijo tinha acontecido.

— Blay?

— Sim? — disse ela despertando com algumas lágrimas nos olhos.

— Está bem? De repente você ficou em silêncio.

— Não, é só que... — Blair buscou no fim de sua mente, e sentiu o zíper subir. Sorriu satisfeita, mas logo sumiu ao lembrar do garoto. — Estou pronta.

— Finalmente! — ele gritou em resposta enquanto erguia as mãos para o teto, como se agradecesse. — Já estava invadindo seu quarto; não entendo a demo...

Então sua visão o respondeu.

Blair trajava um vestido preto, deixando-a com ar de mais velha, que seguia até metade de suas coxas, tomara-que-caia encaixado perfeitamente em seu corpo bem esculpido, que até então as calças escondiam e o deixava frágil e inofensiva para todas as meninas. Parecia que todas sabiam da beleza de Blair e adoravam por se vestir de maneira despojada. Agora, todas morreriam com essa visão.

Pela primeira vez a viu de salto, o que a deixava quase de sua altura. Os cabelos que viviam presos estavam soltos e a maquiagem lhe caia bem. Ela estava encantadora e, no fundo, saiba que pensaria gostosa encabeçando a lista de qualidades.

Desde quando sua amiga tinha seios? E bunda?

Desde quando ela ficou tão sexy?

— Algum problema, Harry? — disse ela, desconfortável. Faziam cinco minutos que aquelas duas esmeraldas analisavam-na, assustado. Nunca se sentiu tão nua em sua vida.

— Eu... Nossa. Vamos? — ele falou desconcertado. Blair encolheu os ombros e assentiu.

Já eram sete e meia e, com certeza, Carter estava esperando-a na porta do ginásio junto com a novata Carmen. Ficou alguns minutos pensando em como ela estaria vestida. Talvez vermelho ou azul, até mesmo rosa. Mas ela com certeza era a menina que mais ousara nos últimos tempos. Sabia que era a única a usar preto.

Ouviu no vestiário feminino as meninas comentarem sobre os vestidos.

Tracy Horan também estaria lá ao lado de seu irmão repugnante, Niall Horan.

Blair revirou os olhos ao lembrar do menino de cabelos tingidos. Ele era grosso e egocêntrico.

Harry entrou no carro de seus pais com Gemma no volante. Ela tinha dezessete anos e era a motorista mais perigosa que a cidade já vira. O garoto a olhou torto quando a irmã arregalou os olhos para Blair. Mesmo com três anos de diferença, Blair e ela também eram grandes amigas.

— Gemma, lembre-se, não estamos em Holmes Chapel e isso não é uma pista de racha. Então eu agradeceria se me deixasse vivo na entrada. — ele alertou-a, que revirou os olhos para o irmão. Ele era insuportável. Não sabia como alguém como a loirinha havia se apaixonado por alguém como ele.

— Você está linda, Blay. Para quem meu irmão te perdeu?

Harry se remexeu no banco, desconfortável ao lembrar do outro.

Blair dançaria a noite inteira com Carter Cole e, pelo que sabia, ele iria tentar, no mínimo, beijá-la.

— Meu par é o Carter, Gem. E para com essas coisas. Seu irmão e eu somos somente amigos.

— Eu também era amiga do Chad, lembra?

Blair corou e a confusão invadiu o rosto de Harry.

Mas, ela ficava linda corada. Já havia notado.

— Gemma, por favor, sem comentários. — disse ele levemente arrependido de ter chamado Carmen para o baile. Não iria conseguir se concentrar com Blair tão perto do Cole.

— Idiota. — Gemma murmurou antes de dar a partida.

Porém, Harry ouvira atentamente o que ela disse e no fundo sabia que era verdade.

Ele era um idiota.

 

[...]

 

As luzes piscavam intensamente ainda mesmo na entrada, fazendo Harry pôr a mão na frente do rosto para protegê-lo da luz cegante das câmeras e dos refletores. Blair estava atrás dele, encolhida como uma sombra e envergonhada com seus trajes.

Onde ela estava com a cabeça mesmo?

— Blair! — a voz de Carter, levemente rouca por causa da puberdade, foi escurada mesmo estando há poucos metros. Harry ousou olhar para o garoto notando a expressão encantado do menino.

Sentiu nojo.

— Menina Carmen. — a chamou, saindo do alcance dos dois. Não queria estar lá para vê-lo beijar as costas de suas mãos macias e dizer palavras bonitas.

— Harry. — ela sussurrou sentindo os olhos verdes passear por seu corpo.

O vestido verde musgo lhe dava um ar de conforto sem fazer seu corpo um objeto exposto para olhares de terceiros. Não estava como Blair, roubando atenção, mas ainda era bonita com cabelo preso em um coque. 

— Blair está muito bonita hoje. — ela afirmou, observando a menina que entrava no ginásio ao lado Carter, fazendo os outros garotos babassem. Harry olhou torto. — Um milagre você não estar no encalço dela.

— E por que acha que viria com ela? Posso ao menos saber?

— Por favor, Harry, não se faça de idiota. — Carmen dizia enquanto entravam no ginásio. Alguns garotos olhavam-na, mas a atenção estava praticamente toda voltada para Blair. — Todos sabem que ela é apaixonada por você e que aquelas cartas românticas foram todas escritas por ela.

Os olhos de Harry quase saltaram das órbitas.

Como assim?!

— O quê? Você está dizendo que não foi você que as escreveu? — Harry a olhou, assustado. Era impossível Blair nutrir algo por ele. Ela vivia dizendo que eram só amigos e que nunca em um milhão de anos ia olhá-lo com outros olhos.

Parecia gozação com sua cara.

— Óbvio que não.

— Droga. — ele murmurou, vendo a mais nova dançar com um belo sorriso direcionado a Carter, que falava algo interessante, pois os olhos azuis celeste brilhavam intensamente.

Talvez ele falasse como ela estava linda.

Harry rosnou de raiva. Carter era um idiota que vivia no encalço da menina tentando uma suposta sorte que aparentemente só ele possuía. Isso o irritava ainda mais. Todos sabiam o que estava acontecendo com Blair e as cartas que enviaram para ele, mas nunca o avisaram para desviá-lo do erro.

Todos eram ridículos.

As luzes abaixaram, com apenas uma luz no centro da pista. Harry puxou Carmen até o local, vendo Carter fazer o mesmo com sua melhor amiga. A raiva consumiu suas veias, mas o autocontrole ainda estava cuidando do comando de seu sistema. Era isso que ele precisava. Se controlar.

As batidas lentas de You And Me começaram preencher todo espaço, fazendo o menino de cabelos encaracolados praguejar baixinho. Lembrava de quando Blair lhe mostrou essa música pela primeira vez, ao invés de lerem Orgulho e Preconceito no quarto dela. Ela estava linda com aqueles short florido e a blusa amarela, mas tudo mudou quando ela pôs a música no seu rádio em forma de porquinho rosa.

Carter a girava na pista e ela sorria largamente para o menino, sentindo-se confortável. Ou pelo menos era isso que ela demonstrava quando gargalhava ou sorria para o outro. Toda a possível intimidade entre lhe dava náuseas.

Mas, quando Carter pousou uma mão no rosto de Blair e inclinou-se para beija-la, a irritação se transformou em ódio transbordando o copo do bom senso; Harry largou Carmen na pista e avançou até o "casal" que mais chamava atenção na pista.

Ridículo.

Ele a puxou pelo braço com força impedindo o ato, fazendo Carter desequilibrar quase indo ao chão. Ele quase riu do menino e sua queda, mas não esboçou nenhuma expressão além de ira.

Blair soltou o pulso do menino, olhando-o confusa. Ele estava com Carmen, mas parecia não querer largar do seu pé.

— O que está fazendo, Styles? — Blair perguntou, fazendo o garoto redirecionar o olhar para o azul celeste que tanto amava. Mas só percebera agora.

— Esse idiota ia te beijar! — ele gritou não se importando com as outras pessoas olhando. Blair se encolheu com vergonha. Ele estava expondo algo natural dos adolescentes, mas mesmo assim não se sentia confortável.

— E...? — Blair disse sentindo a confiança preenche-la suavemente. Harry a viu elevar a voz e logo o bom senso voltou a reinar. O que ele estava fazendo?

— E que ele é um ridículo! Você não pode beijá-lo, Green!

— Por que eu não deveria? — ela indagou avançando dois passos. — Não era você que ia perder a virgindade? Por que você não vai lá e faz o que queria? Me deixe em paz! — Blair empurrava-o pelos ombros enquanto ele a encarava assustado. Os olhos verdes fitaram os azuis e viram tudo que necessitavam ver naquele momento. Carter podia fazer o que bem entendia com ela, mas nunca sentiria firmeza. Ela não gostava do menino de cabelos negros. Ela gostava dele.

Harry voltou a segurar seu pulso, puxando-a para fora do ginásio. Podia ouvi-la praguejar palavrões em francês e em qualquer outra língua que a mãe obrigava a praticar desde sempre. Apesar de achar irrelevante, naquela hora parecia ser um pró xinga-lo de qualquer coisa no qual ele não saberia.

Odiava Blair Green por ser tão... Culta.

— Caralho, Green! — Harry a olhou torto enquanto a via se debater tentando soltar o pulso. Se ele não a conhecesse, acharia que ela arrancaria a mão somente para se ver livre dele.

A noite estava bem estrelada, coisa que naturalmente não se via por aí. Revirou os olhos com o belo cenário que teriam para uma briga.

Lua minguante e estrelas.

— Será que pode pelo menos dizer onde está me levando, ignorante?

— Será que pode ficar cinco minutos sem falar qualquer merda? — ele gritou, impaciente. A garota revirou os olhos exasperada.

Ele? Ridículo? Nossa, nenhum pouco.

— Talvez eu ficasse cinco minutos calada se você não fosse babaca e não atrapalhasse o beijo que ele ia me dar. — ela disse maldosa, sentindo Harry apertar mais seu pulso. Não estava doendo, mas saber que outro garoto o deixava dessa maneira alimentou uma suposta esperança de contornar a atual situação.

— Você não ia querer beijá-lo.

— Por que não? Você já o beijou para saber? Talvez ele tenha uma bela pegada, sabe? Daquelas que...

Ele freou bruscamente e virou-se para garota, sentindo aquele sentimento de raiva invadi-lo. — Calada.

Blair riu internamente.

— Ah, Styles... — ela ronronou em seu ouvido, vendo os pelos do braço dele eriçarem. Sorriu satisfeita. — Imagine, ele segura pela nuca, me prende na parede, vai beijando meu pesco...

— Eu disse para você calar a boca, porra! — Harry gritou, vendo a menina sorrir torto. O pulso dela soltou do seu aperto quando eles pararam em frente à uma árvore velha nos fundos do ginásio.

Conhecia bem aquela árvore. Eles iam para lá juntos quando estudavam para prova, intervalos, e até mesmo quando matavam aulas, principalmente as de geografia. A senhora Fitz nunca deu por falta deles.

Na verdade, mesmo que ninguém fosse para aula ela não perceberia.

— Então, Harry... — ela começou se encostando no troco largo. O garoto a fitou por um segundo e se perdeu no meio daquela imagem. Não era sua amiga que estava ali, era um ser incrivelmente sensual e erótica.

Ele coçou os olhos e entrelaçou os dedos nos cabelos encaracolados. — Você não pode dar o seu primeiro beijo com ele.

— Pode me dizer o porquê? — Blair passou a língua no lábio inferior, umedecendo-o. Os olhos verdes dele seguiam os movimentos sutis de sua boca entrando em uma espécie de transe.

— Porque não. — a sobrancelha dela arqueou, confusa. — Eu não acho que ele seja merecedor.

— Do mesmo jeito que Carmen merece sua virgindade?

— Por favor, estamos falando de você, não dela!

— Não vejo diferença. — disse Green dando os ombros. Harry revirou os olhos, entediado.

Por que ela era tão teimosa?

Harry avançou alguns passos até ela, apoiando cada braço nos troncos das árvores deixando-a entre eles. Os olhos azuis da menina quase saltavam das órbitas, levemente assustados.

— Quer mesmo saber? Foda-se! Quero fazer isso desde quando te vi. — Harry murmurou encostando os lábios carnudos nos dela.

A primeira reação foi arregalar os olhos, surpresa, e em seguida fecha-los, sentindo a maciez de seus lábios vermelhos levá-la até o pico da loucura com um pequeno toque. Tão pequeno, porém tão significativo. Era melhor do que imaginava em seus sonhos.

Blair gemeu de alívio quando sentiu a língua dele a invadir; por um segundo pensou que suas pernas vacilariam e ela cairia com todo aquele frio na barriga, mas Harry a segurava pela cintura e nuca, impedindo-a de se mover. Não queria que ela saísse de perto dele por nenhum segundo.

As mãos dela percorreram os braços cobertos pelo blazer chegando a barra da camisa branca que ele usava, adentrando-a. Harry suspirou ao sentir os dedos gélidos da garota tocarem sua barriga fazendo-o procurar o controle. Mas ele estava bem longe.

Longe suficiente para mudar suas mãos de lugar, indo até as coxas inferiores, abaixo de suas nádegas, dando impulso para menina erguer o corpo, ficando entre as pernas dela.

— Harry! — ela arfou em surpresa, sentindo o garoto sorrir contra seus lábios.

— Relaxe, miúda, não vou deixar você cair. — ele sugou o lábio inferior da garota, fazendo-a arfar prazerosa em resposta. Estava passando a amar o jeito no qual ele tocava suas curvas enquanto pressionava as costas dela no tronco em busca de apoio. — Enrole suas pernas na minha cintura, Green, agora.

Ele ordenou e Blair não hesitou em reproduzir rapidamente seu pedido; ou melhor, sua imposição. As mãos novas e ágeis do garoto seguiam para suas coxas para ajudar a mantê-la naquela posição. Não sabia como ou o porquê dos lábios de sua melhor amiga parecerem tão doces na sua boca, mas se martirizava por não ter feito isso antes.

Apesar de ser desajeitada por causa da falta de experiência, estava sendo bom. Bom de um jeito que ele nunca imaginou ser.

Ele praguejava enquanto sentia os hormônios masculinos aflorarem. Parecia que o primeiro beijo era seu, e o corpo entre o meio termo da puberdade de Blair não ajudava em nada naquele momento. Só o fazia parecer mesmo com uma menininha virgem como ela mesmo dissera algumas horas antes.

E ela só tinha quatorze anos! Imagine o que ela poderia fazer aos dezessete.

Só em imaginar seu corpo entrava em frenesi.

As mãos de Blair seguraram seus ombros, fazendo-o se afastar e notando a aparência em que ela se encontrava. Os lábios normalmente rosados ostentavam um tom rubro e o batom rosa que ela colocou antes de sair havia sumido, seu peito subia e descia freneticamente e os olhos dela pareciam estar escuros com as pupilas incrivelmente dilatadas, deixando Blair com um ar mais... Sensual.

Quem dera estar da mesma forma. 

— Eu acho melhor... — Blair fazia gestos intuitivos com as mãos para o ginásio. Harry suspirou e a desceu de seus braços, frustrado. Não queria voltar para lá, nem encarar os rostos de Carmen e Carter.

A menina de cabelos loiros fitou Harry com intensidade, tentando processar o que havia acontecido. Por um segundo quase implorou misericórdia porque aqueles toques eram demais para ela e sua sanidade mental ainda bruta. Ela suspirou e depositou um beijo rápido no garoto antes correr de volta para o ginásio com um sorriso decorando a expressão de felicidade.

Harry a observou sumir de seu campo de visão graciosamente como uma borboleta em pleno voo.

Linda e delicada, mas também o motivo de seu maior pecado.

***

 

Com certeza Gemma notara o olhar vago do irmão, mas não fez comentários. Ele estava em um estado deplorável e não era boa com palavras de conforto. O que ele precisava era de alguns minutos sozinho para refletir e tomar decisões inteligentes. Sabia o que ele sentia pela amiga e que correria até ela para contornar sua situação.

A mais velha saiu do quarto, deixando-o sozinho com a dor da perda.

Tentou memorizar a imagem dela correndo naquela noite. Em como estava feliz por seu primeiro beijo ter sido com ele. Era drástico saber que aqueles sorriso meigos e piadinhas com duplo sentindo estavam, neste momento, sendo direcionadas a outro homem. Um qualquer que aproveitou o momento mais frágil de seu relacionamento com Blair para se infiltrar e lançar uma praga.

Rezou para que o amor fosse algum tipo de super anticorpo.

Ele elevou o olhar e fitou o criado mudo ao lado da cama com o um som. Ligou o aparelho e correu para a música que ele ouviu quando dançaram no baile. Lifehouse era pior que bebida.

As frases começaram a tocar-lhe cada vez mais e ele deixou o orgulho perder a batalha, afundando-se em lágrimas.


Notas Finais


Antes de qualquer coisa eu quero dizer que: 15 MIL PALAVRAS!
Palmas para nós. u-u

Então, espero que tenham gostado. Blair e Niall são meu casal favorito, ainda. Tracy para mim é puta mais vida louca. Laila é gostosona. Liam e Zayn também...

Até o próximo capítulo.

Beijinhos e tapiocas,
Barbie e Lais


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